DISCURSO
DE POSSE DOS NOVOS SÓCIOS DO IHGRN – 29/03/2016
Senhor
Presidente,
Senhores
Diretores,
Cidadãos
e cidadãs presentes a esta solenidade.
Várias são as linguagens
do aprendizado existencial. E algumas frases trazem o efeito dessa ilustração:
“A história é a mestra da vida” (Cícero); “A filosofia é uma preparação para a
morte” (Sócrates); “A arte justifica o sofrimento da vida” (Schopenhauer).
Ocorre que fui designado
para falar, neste evento, em nome dos onze novos sócios deste importante,
tradicional e secular Instituto - “Casa da Memória” de nosso Estado.
Missão honrosa, pois
tratam-se de pessoas de alto valor e muito queridas em nosso meio social.
E de repente, não uma
frase, mas versos vêm ilustrar essa unidade paradoxalmente plural e que, por
ação do imaginário em nosso inconsciente, faz-nos pressentir, em determinados
momentos, que somos mais que um. E os versos, belos versos de nosso Mário de
Andrade, que julgava sepultados na estância da memória de meus vinte anos,
eclodem sem licença e quase sem aparente explicação:
“Eu
sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas
um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos
paciência, andorinhas curtas,
Só
o esquecimento é que condensa,
E
então minha alma servirá de abrigo.”
Talvez porque hoje
condensados na memória de quem avança na idade, de quem se desprende e abre o
coração além de sua própria individualidade e compreende o outro - o
semelhante, o próximo - em sua essencialidade de igual, de amigo, de
irmão. Como os trezentos do imaginário de Mário de Andrade, ou como os
trezentos espartanos históricos de Leônidas.
Dessa forma, e neste
sentido de união e irmandade, a minha voz faz-se voz e saudação destes doze novos sócios do Instituto Histórico e Geográfico do Rio
Grande do Norte, que chegam com o propósito de integração, de solidariedade, de
ajuda na preservação e ampliação de tão importante acervo de nossa memória coletiva.
Portanto, aqui nos
fazemos presentes, eu,
HORÁCIO DE PAIVA OLIVEIRA, e meus colegas e amigos
ALBERTO
GONDIM DE FREITAS
ANTONIA
ALVES DE AMORIM MORAIS
EULÁLIA
DUARTE BARROS
FRANCISCO
DE SALES FELIPE
HÉLIO
FERNANDES SILVA
HENRIQUE
EDUARDO DE OLIVEIRA
JOSÉ
CLAUDINO LEITE FILHO
LUIZ
GONZAGA DE MEDEIROS BEZERRA DA CUNHA DE ALBUQUERQUE
MESQUITA
MARCOS
ANTONIO CAMPOS
RENAN
II DE PINHEIRO E PEREIRA
OSWALDO
JOSÉ DE PAULA BARBOSA
Nesta oportunidade,
queremos demonstrar a nossa gratidão àqueles que nos convidaram ao honroso
convívio associativo nesta egrégia entidade.
E dizemos de nosso
agrado, de nosso olhar elogioso e afirmativo que se dirige à administração que
hoje encerra seu mandato, responsável não apenas pelas obras físicas de
conservação, restauração e reformulação da Casa, mas ainda - e
quiçá, sobretudo - pelo chamamento à participação daqueles que
em nosso Estado amam a história e guardam, em profundidade, o sentimento de sua
importância e de seus ensinamentos, como templários da memória.
E podemos dizer-nos
também felizes porque, conhecendo os componentes da nova diretoria - a
quem expressamos nossos parabéns, porquanto hoje empossados - e
seu inegável potencial de criatividade,
temos a clara expectativa da magnitude do trabalho que desenvolverão.
Finalmente, seguindo o
otimismo que anima o trabalho desenvolvido nesta Casa, não encerrarei minhas
palavras com o desespero expresso naqueles trágicos e belos versos de Camões no
final d’Os Lusíadas, quando lamentava o declínio de Portugal (“No mais, Musa, no mais, que a Lira tenho/
Destemperada e a voz enrouquecida (...)”, não obstante também viver nossa
Pátria momentos de grande turbulência econômica e política.
Ao contrário, formulo o
convite da esperança, aquela esperança que jorra e corre da eterna fonte, de
Deus e do amor, nunca esquecida ou desprezada, e com sensibilidade celebrada
pelo santo e grande poeta espanhol San Juan de la Cruz, em versos inolvidáveis,
de beleza excelsa e pureza visionária, aqui destacados:
“Que bien sé yo la fuente que mana y
corre
aunque
es de noche.
Aquella eterna fuente está ascondida,
que bien sé yo do tiene su manida,
aunque
es de noche.”
(...)
“Aquesta viva fuente que deseo,
en este pan de vida yo la veo,
aunque
es de noche.”
Façamos, pois, deste
momento de integração e fraternidade, nesta Casa onde se preservam a memória e
o passado, um compromisso com o futuro e com a esperança!
Horácio Paiva
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