Luís,
o paladino da desesperança
Tomislav R. Femenick – Membro da
diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN
Luís
Carlos Prestes (1898-1990) foi um militar
e político brasileiro. Formou-se em engenharia pela Escola Militar do Rio de
Janeiro e serviu como tenente-engenheiro na Companhia Ferroviária de Deodoro,
até ser transferido para o Rio Grande do Sul.
Foi
um dos mais destacados lideres do “movimento tenentista”, uma série de rebeliões político-militar,
deflagrada por oficiais de baixa e média patente das forças armadas brasileiras,
acontecida na década de 1920. Os jovens militares se posicionavam contra
o sistema político nacional de então, dominado pelas oligarquias estaduais. Em
1924, militares rebelados de São Paulo, comandado por Miguel Costa, partiram em
direção ao sul do país. O capitão Prestes aderiu à revolta e, liderando um
grupo de Santo Ângelo-RS, se dirigiu ao Paraná, onde se juntou aos paulistas,
formando um contingente de cerca de 1.500 homens.
A
Coluna Prestes (como o contingente passou a ser conhecido) percorreu 25.000km
pelo interior do Brasil, em um período de 29 meses, promovendo uma “guerra de
movimentos” contra as forças do governo, num episódio idealístico e romântico,
porém sem qualquer possibilidade de êxito. No final de 1926, sem condições de
continuar a luta, a coluna se refugiou na Bolívia, de onde o seu líder – já
conhecido como o “Cavaleiro da Esperança” – foi para a Argentina, onde se
dedicou ao estudo do marxismo.
Em
1930 Prestes se posicionou contra a revolução getulista e no ano seguinte foi
para a União Soviética, onde foi eleito membro da comissão executiva da
Internacional Comunista. Quatro anos depois voltou ao Brasil acompanhado da
mulher, a comunista alemã Olga Benário, e comandou a Aliança Nacional
Libertadora. Em 1935 dirigiu o episódio conhecido como a “insurreição
comunista”. Com a derrota da intentona, Prestes perdeu a patente de capitão e
foi preso durante nove anos. Sua mulher, mesmo grávida, foi deportada para a
Alemanha nazista e morreu no campo de concentração de Ravensbrück.
Todavia a história
de Prestes tem muitas facetas, como o caso de Elvira Cupello Colônio (Elza
Fernandes ou Garota), uma moça semianalfabeta, que não sabia o que era
comunismo ou revolução, doméstica, irmã de um membro do Partido Comunista
Brasileiro e amante de Antonio Maciel Bonfim (Miranda ou Alberto Fernandes),
secretário-geral do partido. Quando os líderes da insurreição de 1935 começaram
a ser presos, recaíram sobre o casal suspeitas de que um ou outro (ou os dois)
tinha fornecido à polícia nomes de militantes comunistas. Elza foi julgada e
condenada à morte em 16/17 de janeiro de 1936, por um tribunal revolucionário
do partido. Como a decisão não foi unânime, Prestes escreveu aos julgadores
chamando-os de medrosos e exigindo que Elvira fosse executada. A carta diz: “Fui dolorosamente surpreendido pela falta
de resolução e vacilação de vocês. [...]
Por que modificar a decisão a respeito da ‘garota’? [...] Com plena consciência de minha responsabilidade,
desde os primeiros instantes tenho dado a vocês minha opinião quanto ao que
fazer com ela”. Elvira, com apenas 16 anos, foi estrangulada com um fio de
varal.
Com
o fim do Estado Novo, em 1945, Prestes assumiu o cargo de secretário-geral do PCB
e manifestou apoio a Getúlio Vargas, defendendo a sua permanência na
presidência; o mesmo Getúlio que o prendera e que deportara sua esposa para a
Alemanha nazista. Naquele ano elegeu-se senador, porém seu mandato foi cassado
dois anos depois, passando a viver na clandestinidade em virtude de um mandato
de prisão que somente foi suspenso em 1958. Em 1964, com a ditadura militar,
teve seus direitos políticos suspensos por dez anos e novamente foi moram na
União Soviética. Em 1979 regressou ao Brasil, em função de decretação da
anistia, todavia as novas lideranças do partido o destituíram do comando do
PCB. Em 1982 foi expulso do partido.
Gazeta do
Oeste. Mossoró, 08 nov. 20113
O Jornal de
Hoje. Natal, 12 nov. 2013
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