RESTAUREM O ENGENHO DOS GUARAPES!
Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com
O chamado Engenho dos
Guarapes foi o marco expressivo do desenvolvimento econômico dos Séculos XVIII
e XIX, através da comercialização de produtos agrícolas exportados para outros
Estados e para o Exterior. Viveu o seu apogeu ao tempo de Fabrício Gomes
Pedroza, rico comerciante, até chegar o seu declínio econômico no inicio deste
século. O prédio situado no alto de uma colina, próximo a divisa dos municípios
de Natal e Macaíba, embora em péssimo estado de conservação, a ele podem ser
aplicadas as técnicas arquitetônicas utilizadas na reconstrução do Solar do
Ferreiro Torto em Macaíba, cuja situação física era semelhante ou pior que o
Casarão dos Guarapes, mas que para a sua consecução, houve empenho e verbas do
Governo do Estado e Patrimônio Histórico da União.
A Arquiteta Jeanne
Fonsêca Nesi na sua análise técnica, assim se expressou:
“Edificação majestosa e
imponente, construída em alvenaria de tijolos, dentro das técnicas e padrões do
século passado. Por volta de 1861, Guarapes era o centro comercial de
repercussão, conhecimento, fama e poder. O seu proprietário e administrador era
Fabrício Pedroza, o mais rico, mais poderoso e mais influente negociante da região.
Exportava milhares de cargas de algodão, açúcar, sal, couros, peles, etc.”
Tarcísio Medeiros, no seu
livro – Aspecto Geopolíticos e Antropológicos da História do Rio Grande do
Norte – descreve: “... De lá, galeras, briques, caravelões, uma quantidade enorme
e variada de embarcações a vela, transportava mercadorias para o estrangeiro.
Somente no ano de 1869/70, vinte e duas ganharam o mar alto, pejadas em busca da
Inglaterra. De Natal, apenas 09.”
Em 1989, propus ao
Conselho Estadual de Cultura o seu tombamento, tendo merecido o parecer
favorável do então Conselheiro Otto Guerra, o qual opinou também que fosse
ouvido o proprietário atual do imóvel. O Secretário de Estado da Educação e
Cultura, por ofício, consultou o Sr. Gerold Gerppert que respondeu por carta,
datada de 02 de abril de 1990, a sua anuência ponderando a realização do
levantamento topográfico a ser efetuado pela Fundação José Augusto e o desmembramento
legal do terreno para a sua averbação em cartório. Em 18 de dezembro de 1990, o
Casarão dos Guarapes foi finalmente tombado pelo Governo do Estado através da
Portaria nº 456/90.
E agora? Passados tanto
tempo, de concreto, nenhuma medida foi tomada. Sei do interesse da Fundação
José Augusto em restaurar esse sítio histórico. E daqui, renovo o meu apelo ao
novo presidente da Fundação José Augusto Crispiniano Neto que já visitou a área
e ficou entusiasmado com a beleza da vista que se descortina do alto do
Casarão, para que juntos, possamos dá a largada sensibilizando a governadora
Fátima Bezerra. É o resgate de uma etapa importante da vida econômica do Rio
Grande do Norte, para a qual, o Governo, a FIERN, a Fecomércio avancem para o
futuro e que não esqueçam que existiu um passado. Infeliz é o Estado que não tem
memória, nem uma história pra contar.
Os apelos em favor da
restauração através da imprensa, televisão e rede social foram intensos desde
os governos de Vilma de Faria (8 anos), Rosalba Ciarlini (4 anos) e Robinson
Faria (4 anos). O último gestor (R.F.) chegou a devolver uma dotação de hum
milhão de reais enviados pelo Ministério do Turismo (governo Michel Temer).
(*) Escritor.
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