APITO FINAL – Berilo de Castro
APITO FINAL –
No apagar das luzes do ano de 2018,
perdemos o nosso divulgador maior, a fonte, o arquivo imensurável e
inesgotável do esporte potiguar —, Everaldo Lopes (1930- 2018) —, o
“Professor”, como era tratado carinhosamente pelos seus colegas
jornalistas.
Pernambucano de nascimento, natalense por adoção. Formado em Administração pela UFRN, jornalista, escritor e pesquisador.
Iniciou sua vida profissional na crônica
esportiva no final da década de 1950, como repórter de campo pela Rádio
Poti, no Estádio Juvenal Lamartine (JL), em sua época de ouro.
Logo, logo passou para a imprensa, registrando com propriedade e muito conhecimento tudo o que acontecia no esporte potiguar.
Escreveu, inicialmente, suas colunas no
Diário de Natal. A primeira nominada de “Sal…Picos”, depois passou a se
chamar de “Galho de Urtiga” e finalmente, “Cartão Amarelo”, aí já com
charges de Edmar Viana. Em 1988, atuando na Tribuna do Norte, surgiu a
coluna “Numeradas”, que anos depois ganhou um novo formado e novo nome —
“Apito Final”, que permaneceu até o ano de 2015, quando Everaldo
afastou-se definitivamente do jornalismo esportivo.
Paralelo ao jornalismo, e com uma visão
de grande futurista do futebol, criou e organizou o Torneio Matutão, a
maior competição futebolística do Estado; a vitrine maior de futuros
craques, chegando a revelar alguns que foram exportados para os grandes
times do Sudeste, inclusive, chegando à Seleção Brasileira.
Foi também inspiração sua, a ideia da
criação e formação da Seleção de Futebol do Século XX, escolhendo as
três maiores equipes de futebol da cidade: ABC, América e Alecrim
Futebol Clube, feito inusitado em toda história do futebol potiguar.
Eu o conheci no início da década de
1960, quando estava iniciando a minha carreira como atleta profissional
de futebol, em competições oficiais da Cidade. Construímos uma grande e
sólida amizade dentro e fora do futebol.
Quando escrevi o meu primeiro livro —
“Do futebol à medicina”, em 2012 —, o convidei para que desse o seu
testemunho da convivência que tivemos juntos no período que atuei no
futebol. Assim escreveu ele: “Meu começo foi no rádio — na Poti, era um
afoito repórter de campo, usando aqueles microfones horríveis,
pesadões, com um linguajar bem diferente do utilizado pela turma de
hoje. Momento que entrevistei o jovem “cabeça de área”, que logo cedo
mostrou a que veio”.
Estive sempre presente em todos os seus
lançamentos de livros: “Cartão Amarelo 30 Anos” em 2003, “Da Bola de
Pito ao Apito Final” em 2006 e “100 Anos de Bola Rolando” em 2017, que
se tornaram minhas fontes perenes de consultas sobre o esporte potiguar.
Seguirá caminho por uma estrada
infinita, quem sabe, aportará um velho campo de futebol, com rudes
arquibancadas de madeira, diante de uma peleja acirrada, e com aquele
pesado e horrível microfone à beira do gramado, aguardará o APITO FINAL
para tudo começar de novo.
Berilo de Castro – Médico e Escritor – berilodecastro@hotmail.com.br
Parabéns pelo artigo, Dr. Berilo. Sem dúvida uma grande contribuição para a história da Comunicação do RN.
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