08/08/2017


O ALECRIM FC QUE CONVIVI 

Berilo de Castro


O Alecrim FC comemora os seus 102 anos no dia 15 de agosto de 2017. Anos de resistência e heroísmo.
No ano de 1961, atleta na categoria juvenil da equipe do Riachuelo Atlético Clube (RAC), fui convidado pelo treinador do  Alecrim FC, Pedro Teixeira – o Pedrinho Quarenta -, para assinar contrato profissional com o Alecrim FC. Um susto! Um coisa nova! Uma supresa agradável e desafiadora.
Com o conhecimento e o aval do meu pai, assinei o meu primeiro contrato como profissional de futebol com apenas dezoito anos de idade.
Iniciava, naquele momento, a minha  curta e memorável trajetória vestindo a camisa esmeraldina.
Encontrei uma geração de veteranos bons de bola, já em fim de carreira – pendurando as chuteiras. Recordo muito bem de: Beú, Petit, Mangueira, Monteiro, Jair, Chiquinho, Petita, o seu irmão Canindé, muito bom jogador.
Os primeiros anos da década de  1960 foram  praticamente de renovação, de muito empenho, com um objetivo único e sonhador: chegar a disputar o título oficial  do campeonato da cidade, uma vez que o América FC estava afastado da competição.
Contava a sua diretoria com um grupo de  abnegados alecrinenses, à  frente um baiano que passou a gostar e amar Natal como poucos: João Bastos Santana –  Seu Bastos, uma grande e inesquecível figura.
No ano de 1962, muda o comando técnico,  sai Pedrinho Quarenta e entra Geraldo (Geleia), um conhecido e experiente treinador de equipes amadoras do bairro do Alecrim; alfaiate de ofício.
Em 1963, a equipe se alinha e parte para o sonho desejado. Reúne e forma uma jovem e  competente equipe.
Faço parte do elenco em uma posição nova, a de quarto-zagueiro, uma vez que comecei no futebol atuando como meio-campista.
A equipe contava com: Manuelzinho, Miltinho, Orlando, Berilo e Miro, Ilo e Caranga; Zezé, Osiel, Galdino ( Paulo) e Ferreira.
Na época, apesar de o futebol ser praticado de forma mais dura, mais ríspida; sem cartões disciplinares; de atuar em um campo sem condições para a prática do bom futebol, com muito desníveis (buracos) sujeitos a contusões fáceis; mesmo assim, a equipe dificilmente sofria baixas na sua formação; fato que muito contribuiu para sua trajetória vitoriosa.
Assim sendo, a mesma formação que iniciou o certame foi  a mesma que concluiu, levantando oficialmente o primeiro título oficial de futebol da cidade. Uma apoteose! E ainda mais: em cima do ABC FC, o papão de títulos do Estado.
No ano seguinte (1964), muda a direção técnica, volta Pedrinho Quarenta. A equipe sofre  poucas mudanças. No meio-de campo, entram João Paulo (João Porquinho) e Hélio Carioca, saindo Caranga e Ilo.
      Foi um campeonato tranquilo. Fizemos excelente campanha e novamente chegamos sem maiores dificuldades ao bicampeonato, novamente diante do nosso maior rival, o ABC FC, com uma vitória por 3X1, com o velho Estádio Juvenal Lamartine, lotado e vibrante.
Em 1965, continuamos como o melhor time da cidade. Aí, chega a soberba. Entra o relaxamento. Disputamos o campeonato em três turnos, ganhamos dois; precisávamos somente de uma simples vitória sobre o nosso maior adversário – o ABC FC – para  levantar o almejado e importante terceiro título consecutivo.
As coisas começaram a dar para trás. Jogos e mais jogos e derrotas e mais derrotas. Nada dava certo. Uma  época de final do ano, período de festas, com longas e cansativas concentrações, sem nenhuma  motivação e estímulo por parte dos dirigentes.
Fizemos uma série interminável de partidas, com derrotas injustificáveis e deprimentes.
Enfim, perdemos o título, aquele que a princípio nos parecia o mais fácil de todos; aquele que nos deixaria em uma condição privilegiada, com a conquista do primeiro tricampeonato da cidade, fato inédito e histórico.
Ano de 1966, encerro a minha curta, aproveitável  e honrosa convivência com o clube Alecrim FC. Time que  me consagrou como atleta e que levarei para sempre na lembrança e no coração, com muita saudade, muito orgulho e muito carinho.
Parabéns,  Alecrim FC, pelos seus 102 anos de existência e heroísmo.
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Berilo de Castro – Médico, escritor, membro do IHGRN  – berilodecastro@hotmail.com.br

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