10/07/2017
Leitor amigo, o perfilado de hoje é o nosso amigo Paulo. Moreno,
olhos pequenos e castanhos, cabelos anelados e partido ao meio, estatura
mediana, andar vagaroso e balançado, atitudes decididas, alma generosa e
sentimentos louváveis, são em síntese, características de sua
personalidade. Filho do bem aventurado rincão potiguar, céu estremecido
do aeronauta Augusto Severo, do mártir Frei Miguelinho e do Padre João
Maria, filho do prospero e feliz vale do Ceará-Mirim. Concluindo o curso
de humanidade no Atheneu Norte-rio-grandense lá um dia em fevereiro de
1928 entre meigos abraços e ternas recordações do rincão natal, rumou
diretamente à terra de Rio Branco e Nabuco em busca da realização do seu
grande sonho, ser médico. Acadêmico de medicina, na mais formosa
capital do Norte as fantasias e quimeras da vida cedo lhe sorriram, a
música e a poesia passaram a ser assunto de suas cogitações... e foi
poeta, amou... e ficou noivo. Destarte, o limiar do curso superior, a
aurora dos primeiros dias da academia, foi o marco que assinalou o
entusiasmo pelos livros e a coragem desassombrada pelos estudos. Já
terceiro anista, quis conhecer a boa terra de Ruy, a Mulata Velha de
Seabra e em março de 30, na secular faculdade de medicina da Bahia
continuou seu curso médico. Pelo seu grande amor às nossas tradições e à
nossa gente, certa vez jurou, pelo Senhor do Bonfim, que pertencia ao
ninho de Moema e, filho que é, do pedaço do mar de Poti, não deixou de
ser jamais da terra de Zumbi – pequenina terra da bem amada noiva. Não
fora o adiantado da hora e eu te contaria, ainda aqui, a mais
interessante história de Paulinho – a história do trem, da caixa dos
Ponhos e do apito da fábrica – muito conhecida de todos os seus colegas
de pensão... e tem-se assim, caro leitor, em ligeiros traços, o que te
pode dizer de um moço às direitas, um observador imparcial. Assinado,
Neiva.
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