Os antigos remédios caseiros
Elísio Augusto de Medeiros e Silva
Empresário,
escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br
Antigamente,
as pessoas que moravam em pequenas cidades ou sítios não dispunham de médicos
ou farmácias por perto. A solução era utilizarem-se dos recursos caseiros que conheciam.
Se
alguém se cortasse colocava um pouco de pó de café em cima do ferimento. Caso estivesse
no mato usava um pouco de leite de pinhão. Alguns até colocavam esterco de
cavalo ou burro. Qualquer dessas medidas fazia o sangramento parar.
No
caso de furúnculos (tumores), botavam uma cebola roxa com rapadura raspada, num
paninho amarrado em cima do tumor.
Para
doenças da pele, raspa de casca de cajueiro cozida.
Em
caso de dor de ouvido usavam um chumaço de arruda ou um pouco de óleo quente no
canal auditivo.
Na
hora de escovar os dentes usavam pó de casca de juazeiro. Em caso de fraturas
na perna ou no braço tomavam suco de mastruz e chá de vassourinha.
Como
expectorante em gripes usava-se a banha de galinha e o óleo de coco. A banha do
tejo e do cágado serviam para curar a dor de garganta.
Para
catarro preso no peito a solução era usar mauá com sena.
No
caso de argueiro nos olhos (cisco), colocava-se a semente de alfavaca.
Os
lambedores de romã, mangará de bananeira, ipepaconha, casca de angico, hortelã
da folha larga e miúda eram usados contra as gripes e resfriados.
Dores
musculares e reumatismo eram curados com banha de carneiro capado.
Tosses
e bronquites eram combatidas com mastruz com leite, que era bebido de manhã
cedo, em jejum.
Em
caso de panarício, colocava-se sobre ele um tomate vermelho amarrado.
As
dores de cabeça eram combatidas com óleo de mocotó no café amargo. Se a dor não
passasse, faziam compressas com as folhas de mamona. Segundo afirmavam a dor
sumia na hora.
Para
intestino preso (prisão de ventre) usava-se um purgante de óleo de rícino ou
azeite preto. Para disenteria, chá de folhas de goiabeira ou pitanga.
Para
catapora usavam um banho quente com esterco de vaca.
As
micoses (frieiras nos pés) eram curadas com a urina das vacas.
Para
o sarampo sair logo, banho quente com caroços de milho.
Na
dor de dente, retirava-se o borralho do fogão para colocá-lo em um copo com
água e depois se bochechava essa mistura várias vezes. Como prevenção à dor de
dente, tomava-se leite de burra.
Para
os rins indicava-se o chá de quebra-pedra. Nos males do fígado tomavam chá de
boldo.
O
leite de mamão verde com água servia para expulsar lombrigas do intestino.
Para
gases intestinais dos recém-nascidos utilizavam o chá de erva-doce. Os adultos
mascavam casca de laranja da terra.
Para
as doenças das mulheres eram usadas as garrafadas com várias ervas medicinais
na cachaça ou cerveja preta, que, depois de prontas, eram enterradas ou ficavam
ao pé do pote. Essas infusões só eram consumidas curtidas, depois de alguns
dias. As mulheres bebiam um cálice por dia, período em que não podiam tomar sol
nem sereno.
Nas
cólicas menstruais colocava-se um pano quente com sal na barriga das moças. No
caso de hemorragia intensa algumas tinham até uma “reza especial”, mantida em
segredo pelas famílias.
Aos
que eram acometidos de hemorroidas passavam o sumo de melão São Caetano no
local ou sentavam-se sobre uma “pedra da lua” dormida no sereno.
Em
cabelos ressecados usavam banha de porco e óleo de coco. Também serviam para
estirar os fios rebeldes.
No
caso de desmaios, colocavam um pedaço de fumo de rolo nas narinas das pessoas.
Esses
recursos, mesmo sem sua eficácia comprovada, eram do que se valiam os antigos. E,
segundo eles, curavam realmente!