Por Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo, Sábado, 13 de Outubro de 2012 às 10:20 •
DESPEDIDA/ Camilo Barreto, ex-diretor do DNER, morre de câncer aos 71 anos; casado com a escritora Anna Maria Cascudo, ele foi um dos entusiastas do Instituto Ludovicus, que preserva a memória do historiador potiguar.
O Engenheiro Civil e presidente do conselho do Instituto Ludovicus, Camilo de Freitas Barreto, 71, morreu ontem vítima de um câncer no intestino. Ex-presidente do antigo DNER, hoje DNIT, Camilo era casado com a escritora Anna Maria Cascudo há 43 anos e tratava o câncer há um ano e meio. Genro de Câmara Cascudo, ele foi um dos idealizadores e entusiastas do instituto que preserva a memória do historiador.
Natural de Martins, mas morando em Natal desde a década de 1950, Camilo Barreto casou com Anna Maria Cascudo em 1969. Juntos tiveram uma filha, Camilla Cascudo Barreto, hoje presidente da Fundação Capitania das Artes. Os outros dois filhos do primeiro casamento da escritora, Daliana e Newton Cascudo, também foram criados como se fossem seus. Além dos três filhos, o engenheiro deixa três netos.
Barreto descobriu o câncer no intestino por acaso, depois de fazer um exame de colonoscopia, pressionado pela esposa. Quando soube do diagnóstico, um ano e meio atrás, a doença já tinha chegado ao fígado e pulmões. No dia 22 de setembro, depois de sentir fortes dores no intestino, foi internado na UTI do São Lucas. Nos últimos dias, Barreto teve problemas de falta de ar e precisou tomar remédios que lhe deram sonolência, como um dos efeitos colaterais. Foi durante o sono que o engenheiro faleceu, por volta de 1h40 de ontem.
O corpo foi velado durante todo o dia de ontem no Centro de Velório São José, no bairro Barro Vermelho. Anna Maria Cascudo, visivelmente emocionada pela perda, contou que o marido sempre foi como um filho para seu pai, que costumava dizer que as quartas-feiras eram dias abençoados. “Ele nos deixou exatamente numa quarta-feira”, disse.
A escritora lembrou que Barreto sempre foi um de seus maiores incentivadores e um dos que mais batalharam pela consolidação do Instituto Ludovicus, construído com recursos próprios dos dois.
Para ela, o marido deixa uma herança de muita luz e solidariedade. “Camilo foi um verdadeiro companheiro, de uma presença constante. Precisava de um companheiro que me incentivasse e me valorizasse por causa do meu trabalho e ele foi exatamente essa pessoa”, elogia.
TRABALHOU ATÉ SER HOSPITALIZADO
Mesmo aos 71 anos, Camilo Barreto ainda trabalhava todos os dias. Diretor da construtora CFB Engenharia, exercia a administração da empresa diariamente e fiscalizava desde a execução de obras até os assuntos financeiros. Trabalhou até um mês atrás, quando a doença lhe levou ao hospital. O irmão e advogado Cleto Barreto, 63, lembra da trajetória de Camilo como engenheiro, profissão que exerceu por 44 anos.
“Ele foi um profissional exemplar, austero e muito honesto. Era dedicado ao que fazia e se destacou durante o tempo que foi presidente do DNER”, conta. Segundo Cleto, o irmão ficou no cargo de 1985 a 1992, quando decidiu se aposentar. Foi ainda secretário municipal de Obras de Natal, na época em que Jorge Ivan Cascudo foi prefeito da cidade (1972-1975).
Segundo ele, Camilo tinha uma ótima relação com a família e com o sogro Câmara Cascudo, mas os caminhos profissionais distintos impediam os dois de terem uma relação mais cotidiana. Porém, isso não impediu que Camilo fosse um dos grandes entusiastas do Instituto Ludovicus. “O instituto foi feito a quatro mãos e duas cabeças, ele e Anna Maria, com total apoio dos filhos”, lembra.
Camilo Barreto era o mais velho de um grupo de 12 irmãos e foi o terceiro da família a falecer. Na opinião de Cleto, Natal e o Rio Grande do Norte perdem um grande representante, mas a perda para a família e os amigos é muito maior. “Ele não bebia, não fumava, nunca provou uma cachaça. Era um grande conversador quando estava entre amigos, ria e brincava muito. Mas também era dono de um temperamento forte”, disse.
O irmão ainda lamentou a perda de Barreto para o câncer, que vinha sendo tratado com quimioterapia há um ano e meio. O sepultamento aconteceu no final da tarde de ontem no cemitério Morada da Paz, em Emaús.
FONTE: NOVO JORNAL, Natal, Quinta-Feira, 11 de Outubro de 2012.
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