Elísio Augusto de Medeiros e Silva
Empresário,
escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br
Na
década de 1960, começaram todas as revoluções jovens nos Estados Unidos: Guerra
do Vietnã, liberação sexual, liberação feminina, black power, minissaia e o
jeans. Isso influenciaria o mundo todo.
Naquele
tempo, as calças de índigo blue começaram a se popularizar em Natal – era a
onda do rock’n’roll e do movimento hippie.
A
juventude da época dava preferência à marca Lee, com seu tom desbotado, embora
já existissem similares nos Estados Unidos há décadas, como a Levi’s e a
Wrangler.
Talvez
a razão dessa preferência fosse o fato de a Lee ter sido a pioneira no uso do
zíper, bem mais aceito pelos jovens que os botões metálicos difíceis de abrir.
A
calça Lee virou uma febre. Todos nós, garotos da época, sonhávamos em ter nossa
calça Lee importada, o que não era fácil. Importada e sobretaxada custava muito
caro. Mas, esse não era o principal problema. Como ela era produzida nos moldes
americanos tinha que ser reformulada (recortada) para cair bem no nosso corpo.
Vocês
devem lembrar de Chiquinho Alfaiate, que funcionou inicialmente na Rua General
Osório, e depois mudou-se para cima da Casa Rio. Vivia lotado!
Muitos
cantores usavam o tema em suas músicas. Wilson Simonal gravou em 1965 Garota Moderna: “Tão bonita que ela é;
cabelos lindos como eu nunca vi; camisa esporte e calça Lee”.
Roberto
Carlos lançou em 1971 I love you: “Uma
calça Lee agora vou comprar; vou ficar moderninho para chuchu”.
Chico
Buarque gravou em 1979: “No Tocantins, o chefe dos Parintintis vidrou na minha
calça Lee”.
Surgiram
então vários acessórios Lee – do cinturão largo, estilo “caubói americano”, aos
blusões feitos do mesmo material – sarja de algodão cru, tingido de índigo,
corante natural de azul intenso, extraído da raiz de uma planta indiana
(índigo).
Até
o início da década de 1970 para nós o bom era a calça Lee, embora no Brasil já
houvessem alguns modelos lançados que não foram bem aceitos. Uma das razões
principais era que não desbotavam como a Lee.
Muitos
ainda traziam suas calças Lee diretamente dos EUA – por intermédio de algum
amigo ou parente que viajasse para lá ou fizesse intercâmbio cultural, uma
prática já bastante comum naquela época.
Da
marca norte-americana, o “blue jeans” se tornou uma preferência nacional e
muitas marcas brasileiras se distinguiam na produção dessas peças.
O
jeans era um estilo de ser, um estilo de vida.
Na
década de 1980, os produtos confeccionados em denim índigo blue tinham uma
aceitação e consumo tão grande que dominavam o mercado de roupas prontas no
Brasil.
Até
os dias atuais, a geração que adotou o jeans nunca deixou de usá-lo.
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