A Lei Seca dos Estados Unidos (1919-1933)
Elísio Augusto de Medeiros e Silva
Empresário,
escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br
Em
1917, quando começou a campanha pela proibição de beber, os Estados Unidos
tinham mais de 200 mil saloons, locais
onde se consumia basicamente o álcool.
O
líder do movimento antiálcool foi William Anderson, sendo ajudado pela crise
nacional em que se encontrava o País ao entrar na I Guerra Mundial, em abril
daquele ano (1917). O esforço de guerra exigia uma certa dose de economia.
A
liga, dirigida por Anderson, lançou o slogan: “Economize 11 milhões de pães de
forma por dia”, numa alusão ao fim do álcool. Segundo eles, argumentavam que os
soldados sóbrios estariam mais saudáveis e dispostos para a guerra.
Usando
os sentimentos antigermânicos que afloravam entre a população, alegavam que as
cervejarias alemães instaladas nos Estados Unidos atrasavam o desenvolvimento
da indústria nacional.
O Presidente Woodrow Wilson também fez a sua
parte, mesmo involuntariamente e decretou que o governo passaria a controlar a
produção de alimentos. Com isso, os grãos foram proibidos de serem utilizados
para a destilação de bebidas. E também o Presidente tinha poderes para regular
a produção de vinhos e cervejas durante o conflito.
Alguns
líderes negros tinham enxergado a aprovação da 18ª Emenda – a que instituiu a
Lei Seca – como uma possibilidade de reforço à autoridade das 14ª e 15ª
Emendas. Essas emendas tinham sido publicadas após a Guerra Civil e haviam
estendido os poderes civis e de voto aos negros. No modo de entender deles, se
a Lei Seca fosse realmente cumprida, consequentemente, os direitos dos negros
também seriam.
Por
seu lado, os produtores de teatro achavam que o dinheiro economizado nas mesas
de bar – ou seja, diversão -, seriam transformados em dinheiro a gastar com
ingressos para as peças de teatro da Broadway.
Além
disso, os fabricantes de chás, refrigerantes, sucos, sodas, sorvetes (...)
achavam que, sem o álcool, mais dinheiro sobraria para ser gasto nos seus produtos.
A
lei foi aprovada. As penalidades por sua violação seriam de, no mínimo, seis
meses de prisão e multas aplicadas a partir de U$ 1 mil no caso de réus
primários. As penas iam aumentando a cada descumprimento.
No
primeiro ano foi criado o Bureau da Proibição, uma agência que controlava a
execução da lei. Operava inicialmente com 1500 agentes e um número igual de
funcionários administrativos. Isso fazia do Bureau o maior órgão federal
não-militar, maior até que o FBI – Federal Bureau of Investigation.
Mas
essa quantidade de fiscais era subornável – recebiam propinas dos donos de bar
e traficantes de bebidas, para que os deixassem em paz.
Logo,
muitos espertinhos perceberam que a lei proibia a produção, transporte e venda
de álcool. Mas, não a sua posse. Então, muitos bares, os “speakeasies”,
passaram a usar esse argumento para funcionar – mantinham as portas abertas,
cobravam a entrada, e davam “de graça” a bebida aos frequentadores.
De
1916 a 1924, a cidade de Nova Iorque viu fechar 80% de seus bares, e 16.000
trabalhadores perderam seus empregos nesses estabelecimentos.
A
proibição ao álcool trouxe outro motivo de preocupação: em vez de ordem causou
violência. As ruas ficaram cheias de gângsteres, com seus carros pretos e
metralhadoras, que controlavam o comércio ilegal de bebidas. Nas grandes
cidades americanas – Nova Iorque, Detroit, Chicago, São Francisco, grupos
rivais de gângsteres brigavam pelo controle do comércio ilegal de bebidas
alcoólicas.
Um
dos mais famosos foi Al Capone e sua gangue, um dos criminosos mais procurados
daquele tempo. Al Capone inspirou diversos filmes: Inimigo Público (1931) e Scarface
(1932). Em maio de 1932, Al Capone foi preso e trancafiado em Alcatraz, de onde
uma fuga seria impossível.
A
Lei Seca vigorou durante 14 anos, até o dia 5 de dezembro de 1933.
Nenhum comentário:
Postar um comentário