11/03/2015

Eu também sou Lessa


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG.
 
Em artigo anterior, vimos que Silvério Martins Ramos, quando enviuvou da primeira esposa, casou com Anna Joaquina de Maria, filha de João Baptista do Espírito Santo e Maria Alves Lessa. Este último casal casou em 1836, como podemos ver do registro a seguir.

Aos (?) dias do mês de fevereiro de 1836, pelas duas horas da tarde, na Boca do Rio, em presença do Padre Frei José de Sam Gualberto, Carmelitano, e das testemunhas abaixo nomeadas, de minha licença, se receberam por esposos presentes, João Baptista e Maria Gomes Leça, meus paroquianos: o esposo de idade de 26 anos e filho de João Rodrigues do Espírito Santo, e Margarida Francisca de Oliveira; a esposa de 22 anos, filha legítima de Joaquim Álvares Lessa, já falecido e Anna Gomes, naturais e moradores nesta Freguesia de São João Baptista do Assú, onde se fizeram as denunciações nupciais, e logo lhes deu as benções nupciais, sendo presentes por testemunhas o capitão João Martins Ferreira, e Silvério Martins de Oliveira, casados; todos desta Freguesia do Assú, e para constar fiz este assento em que me assinei. Joaquim José de Santa Anna, pároco do Assú.

Os registros da Igreja não mantinham coerência com relação aos nomes dos seus fregueses. A cada momento alguns nomes eram modificados. No caso do nubente acima, omitiram o sobrenome Espírito Santo. No caso da nubente, em vários outros registros ela aparece como Maria Alves Lessa. O pai dela já era falecido em 1829, pois nesse ano houve o seguinte casamento: Aos dezoito dias do mês de janeiro de 1829, pelas cinco horas da tarde na Ilha de Manoel Gonçalves, em minha presença, e das testemunhas abaixo nomeadas, se receberam por esposos presentes Manoel Ignácio Lima, viúvo de Antonia Maria, e Anna Gomes, viúva de Joaquim Álvares Lessa. O esposo de idade de sessenta e cinco anos; e a esposa de idade de trinta e dois anos, naturais e moradores nesta freguesia de São João Baptista do Assú, onde se fizeram as diligências nupciais, sem impedimento, sendo confessados e examinados na Doutrina Cristã, presentes por testemunhas Antonio Caetano Monteiro e Manoel Fernandes Carvalho, casados, todos deste Assú, e para constar fiz este assento em que me assino Joaquim José de Santa Anna.

Esse Joaquim Álvares Lessa suponho que era irmão de Josefa Clara Lessa e, que ambos eram filhos do português de Leça da Palmeira, José Álvares Lessa, que em 1810 comandava a Ilha de Manoel Gonçalves. No inventário de Domingos Affonso Ferreira Junior consta que ele tinha falecido sem bens e com muitas dívidas, tendo essas sido herdadas pelo capitão João Martins Ferreira, meu tetravô, que foi casado com minha tetravó, Josefa Clara Lessa. Há um batismo, em 1790, em Recife, de Rita filha de José Álvares Lessa e de Francisca Xavier, onde são nomeados os avós paternos dela, como Manoel Álvares da Costa e Clara Rodrigues.

Naquele artigo anterior, citamos como filhos de João Baptista do Espírito Santo e Maria Alves Lessa: Joanna, nascida em 1843; as gêmeas Cosma e Damiana, nascidas em 1854; e Josefa Rodrigues Lessa, que casou com Idalino Tranquilino de Sousa.

Dona Maria Alves Lessa faleceu em 1860, com a idade de 51 anos. João Baptista voltou a casar como se depreende do jornal Correio do Assú, de 1873. Nele, Padre Elias Barbalho Bezerra declarou que recebeu de Joaquim José Lessa, procurador de Dona Anna Barbosa de Sousa, cinquenta mil réis, que estava em poder do seu finado marido, João Baptista do Espírito Santo, que foi separado no inventario da finada Anna Gomes da Costa (mãe de Maria Alves Lessa) para celebrar-se por sua alma, meia capela de Missas. Nesse mesmo jornal, Joaquim José Lessa, pagou a quantia de três mil e duzentos réis, de que era devedor o seu finado pai, João Baptista do Espírito Santo a Josefa Damas da Conceição.

Encontramos vários filhos de Joaquim José Lessa com Rosa Carolina Lessa: Pio, nascido em 1861, teve como padrinhos João Rodrigues do Espírito Santo e Victoriana Maria da Conceição; Aprígio, nascido em 1862, teve como padrinhos Manoel Roque Rodrigues Correa e Maria Juliana da Conceição; Luiza, nascida em 1863, teve como padrinhos José Alves Martins e Francisca Martins de Oliveira;  Maria, nascida em 1864, teve como padrinhos José Rodrigues Ferreira e Maria dos Passos Lessa.

Um registro de casamento noticia que em 1859, João Alves Lessa casou com Maria Marcelina da Costa, sendo ele filho de Joaquim José Lessa e Anna Gomes da Costa. Acredito que houve um equívoco nesse registro, pois Dona Anna Gomes da Costa foi casada com Joaquim Álvares Lessa. Nesse casamento, uma das testemunhas foi Joaquim José Lessa.  João Alves Lessa deveria ser, portanto, tio dessa testemunha.  Maria Marcelina era filha de Manoel da Costa Ramos e Lina Maria da Conceição.

Em 1860, José Alves Lessa casou com Maria do Ó Fernandes, sendo testemunhas as mesmas do casamento de João Alves Lessa, isto é, Joaquim José Lessa e José Fragoso de Medeiros. Não nomearam os pais dos nubentes. Desse casamento nasceram: Marcionila, em 1861, tendo com padrinhos Francisco Antonio Fernandes Braga e Claudina Maria do Espírito Santo; Manoel, em 1862, tendo como padrinhos João Baptista do Espírito Santo e Marciana Rodrigues Lessa; outra Maria, em 1863, cujos padrinhos foram Francisco Antonio Braga e Maria de Santana Fernandes.

Há, também, um Manoel Alves Lessa que casou com Maria Manoela da Costa e geraram Luiz em 1834, que morreu afogado, em 1855, com 21 anos.
O fato de muitos documentos não conterem os nomes dos pais dos nubentes gera dificuldades para quem quer fazer sua genealogia. O desaparecimento de antigos livros é outro empecilho para nosso trabalho. Podemos cometer erros quando deduzimos algumas relações de parentesco. 

A dívida de José Álvares Lessa a cargo de João Martins Ferreira


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