MACAÍBA – UM
POUCO DE SUA HISTÓRIA - II
Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com
Conta D. Iná Cordeiro que
o primeiro Presidente da República a visitar Macaíba foi Washington Luís, em
1929, antes de ser deposto pela revolução de 1930. O prefeito de Macaíba era
Almir Freire. A política situacionista era dominada pela família do coronel Manoel Maurício Freire. Na oposição militavam
os Mesquita e os Andrade.
Em 1933, foi a vez de
Getúlio Vargas. Governava a cidade o prefeito Teodorico Freire.
Com Getúlio vieram o
então General de Divisão Hidelbrando Góis Monteiro, o coronel Luiz Tavares Guerreiro,
Juarez Távora, Amaral Peixoto entre outros. Nessa visita foi solicitada ao presidente
a construção da primeira ponte sobre o rio Jundiaí. Getúlio foi recepcionado
nos salões da antiga prefeitura, prédio construído em 1933 e que hoje abriga a
secretaria de finanças do município. A chegada do presidente, lembra D. Iná, se
fez um corredor constituído por moças da sociedade local que saudaram a
comitiva com flores e vivas, entre as quais pontificava a senhoria Valda
Dantas, filha do então juiz de direito Virgílio Pacheco Dantas.
As visitas de ambos os
presidentes, se, bem que, tenha alvoroçado
e alimentado o jogo do poder das
lideranças locais, acima de tudo, conferiu a Macaíba, um inegável
grau de importância
política, econômica, social e cultural perante o Rio Grande do Norte, já
engrandecida no passado recente pelos
feitos dos seus filhos ilustres:
Augusto Severo, Alberto Maranhão,
Tavares de Lira, Henrique Castriciano e Auta de Souza.
Sobre essa visita ficou
registrado uma ocorrência pitoresca. O pedreiro Sabino, foi o mestre de obras
do prédio da então prefeitura. No dia da visita do presidente, promoveram dois
bailes no mesmo prédio da prefeitura, sendo um pra os ricos e outros para os
pobres, em salões diferentes. O mestre Sabino confiando no seu taco resolveu
penetrar no baile dos ricos pois era um excelente dançarino. Não contava com o
mau humor do promotor de Macaíba doutor Heitor Lopes Varela que ordenou a se
retirar. Sobre o acontecimento surgiu, dia seguinte, uma quadrinha na cidade:
“Sabino por ser gaiato
metido a dançador
Foi expulso lá do baile
pelo doutor promotor”.
Na vida social da cidade
havia o Clube Sete, fundado por Alcides Varela perto da ponte e frequentado
pela sociedade local. Com o comércio ativo a mesa de renda chegou a
Macaíba em 1926. O transporte para Natal era feito pelo rio Jundiaí,
através das lanchas Julita I e II do mestre Antonio. Depois veio a de João Lau.
Dois partidos se
engalfinhavam: os Penhistas (seguidores de José da Penha adversário de Pedro Velho)
e o Partido Republicano que mandou até a revolução de 1930, de Getúlio Vargas. Eram Penhistas os Andrade e os
Mesquita e o Republicano o coronel Mauricio Freire, o seu filho Teodorico e o
sobrinho Almir.
Com a morte de Neco
Freire subiram ao poder o major Andrade
e os novos políticos
emergentes que foram prefeitos,
intendentes, interventores tais como: João Meira, tenente Agripino, capitão
Gadelha, Pedro Dantas, Alfredo Mesquita Filho, major Genésio Lopes, Antonio
Lucas até a fase da redemocratização em 1946, com a queda de Getúlio Vargas.
Com a nova Constituição Federal em vigor
surgiu a 1ª eleição democrática, sendo eleito prefeito Luiz Curcio Marinho e
vice Magnus da Fonsêca Tinôco e Alfredo Mesquita Filho
deputado estadual constituinte.
Inaugurava-se uma nova fase política, ficando para trás os líderes do governo
revolucionário, o Partido Republicano e surgiram partidos novos: o PSD, a UDN e
PTB, etc.
O comercio local passou
por grande modificação. O mundo saía da 2ª Grande Guerra Mundial que influiu
nos costumes, na vida social e administrativa em todos os recantos. Macaíba
passou a receber significativos melhoramentos que influíram no seu desenvolvimento:
a) A construção de nova
ponte sobre o rio Jundiaí na relação
comercial com Natal, cujo transporte de pessoal (passageiro) e
mercadorias era feita por barcos no velho cais do porto; A estrada Macaíba/Natal - 1947;
b)
O advento da Escola de Jundiaí que foi evoluindo até chegar ao que é hoje e
teve na figura de Enock Garcia um grande batalhador;
c)
A modificação da estrutura urbana das margens do rio Jundiaí com a construção
da atual praça Antonio de Melo Siqueira, o Pax Clube e o Parque Governador José
Varela pelo prefeito Luiz Curcio Marinho;
d)
A Escola Técnica Comercial fundada por José Maciel e o campo de futebol, além
do novo mercado público. A Escola Técnica de Comercio foi a fase embrionária
que redundou muito depois no Colégio Dr. Severiano;
e)
Podemos salientar por dever de justiça o nome de muitos educadores que
ensinaram a inúmeras gerações, nos anos de 1950 e 1960, tanto no velho grupo
Escolar Auta de Souza como na Escola
Técnica Comercial de Macaíba: Arcelina Fernandes, Nazaré Madruga,
Paulo Nobre, Profº Caetano, D. Emilia, Alice de Lima e Melo, Dona
Quina, Ana Sabino, D. Dalila
Cavalcante, Profº Rivaldo D'Oliveira, Geraldo
Pinheiro, Aguinaldo
Ferreira, Teresa Gomes da Costa, Aldo
Tinôco, Enock Garcia, Manoel
Firmino Enedina Bezerra, Noide
Tinôco e tantos outros, esquecidos mas igualmente merecedores do respeito e da
saudade.
Após José Maciel e Aldo
Tinôco (prefeito e vice), em 1958, foi prefeito pela 3ª vez Alfredo Mesquita
Filho e o vice Aguinaldo Ferreira da Silva. Já eram os anos sessenta do século
passado marcados por novos costumes
políticos, e o surgimento de
novas atividades comerciais e industriais (Industria Nóbrega Dantas), instalada
com o apoio de Alfredo Mesquita, energia de Paulo Afonso e a
vida social e esportiva passaram a ser
exercida através da Associação Pax Clube tendo à frente inúmeros jovens da sociedade local.
(*) Escritor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário