MACAÍBA – UM POUCO DE SUA HISTÓRIA - I
Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com
Como unidade
político-administrativa, Macaíba não existia em 1645, a não ser os sítios
Ferreiro Torto, Uruaçu além dos portugueses, mestiços e índios. É a fase das
lutas ferozes entre os colonizadores lusitanos, invasores holandeses, os
indígenas e os escravos que trabalhavam na agricultura rudimentar, exploração
de engenho, da pecuária, etc.
Segundo
Câmara Cascudo, só a partir do final do século XVIII, o nome Coité se presume
ter aparecido para designar a pequena vila emergente, cujo proprietário era o
português Francisco Bandeira, instalado no florescente Engenho do Ferreiro
Torto. O outro engenho de açúcar foi o de Guarapes, fundado por Fabrício Gomes
Pedroza que em 1855, mudou o nome Coité para Macaíba, uma imponente palmeira
existente em pontos diversos de sua propriedade.
Mas, somente em 27 de outubro
de 1877, pela Lei n.0 801, a vila foi elevada a categoria de município.
Macaíba e São Gonçalo viveram
desde os primórdios, em permanente disputa, ora um sendo município, ora outro
sendo vila até que, em 1959, São Gonçalo se tomou definitivamente município
independente.
Entretanto, o fator mais
importante a destacar nessa fase primitiva é que não havia eleições, política
organizada, nem vida social. Tudo era controlado pelos grandes fazendeiros e
donos de engenhos que ditavam as leis. Era o poderio econômico dos mais fortes
sobre os mais fracos. Porém, é invejável a contribuição desses senhores de
engenho através do braço escravo para a economia do município. O engenho dos
Guarapes, por exemplo, exportava os seus próprios produtos derivados da cana
para países da Europa através de pequenos navios cargueiros que navegavam pelos
rios Jundiaí e Potengi.
Um destaque especial foi a
criação da Freguesia pela Lei n.0 815, de 07 de dezembro de 1877,
sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. Em 1858, foi lançada a pedra
fundamental da igreja pelo Major Fabrício Pedroza. A cerimônia foi assistida
pelo vigário de Natal, padre Bartolomeu da Rocha Fagundes. A construção parou e
só teve prosseguimento em 1882, sob a direção do missionário frei José Antônio
Maria Ibiapina. A matriz foi concluída e teve bênção solene, no dia 08 de dezembro de 1882, dia da
padroeira.
O século XIX, marcou o
surgimento das mais destacadas figuras do município de Macaíba que brilharam no
final do referido século até os primeiros 30 anos do século XX. Foi nessa fase
que os contornos do desenvolvimento social e político de Macaíba começaram a se
delinear. Macaíba chegou a ser a capital cultural do Rio Grande do Norte na
segunda metade do século dezenove.
Nasceram nesse período Auta de
Souza poetisa maior do Rio Grande do Norte, o seu irmão Henrique Castriciano,
ex-deputado, vice-governador, fundador da Escola Doméstica; Augusto Tavares de
Lyra governador, ministro de Estado, senador; João Chaves que nasceu no Solar
do Ferreiro Torto, professor de direito, jornalista e parlamentar, Alberto
Maranhão, governador do Rio Grande do Norte duas vezes, três vezes deputado federal;
Augusto Severo de Albuquerque Maranhão reverenciado em todo o mundo, inventor
do balão PAX, parlamentar, irmão de Alberto Maranhão; Otacílio Alecrim,
escritor, poeta, articulista.
Começa o século XX e com ele o
reinado do Partido Republicano, tendo a frente no estado a figura de Pedro
Velho de Albuquerque Maranhão.
Em Macaíba assume a liderança
desse partido a família Freire, capitaneada por Maurício Freire, conhecido por
Neco que imperou por quase trinta anos na política, do município que, àquela
época abrangia São Gonçalo, São Paulo do Potengi, São Pedro, Ielmo Marinho,
Riachuelo, Bom Jesus, Caiada e Serra Caiada. Macaíba se limitava com Santa
Cruz. Desse período de efervescência política, social e comercial, podemos
destacar em tópicos até a revolução de 1930, o seguinte:
a) A feira de Macaíba, criada
no final do século passado era a maior do estado. Ela tem hoje mais de um
século;
b) As principais indústrias
eram: A refinação do Açúcar Moreno de propriedade de Neco Freire, a fábrica de
ciganos 15 de novembro, do major Antonio Andrade, líder da oposição;
e) As farmácias eram duas: a de
José Augusto Costa e Modelo de Leonel Freire;
d) O
comércio de lojas e armazéns eram de: Alfredo Adolfo de Mesquita, Chico Curcio,
Baltazar Marinho, Ismael e Euclides Ribeiro e Aureliano Medeiros, que projetou
e financiou a primeira ponte de Macaíba construída em 1904 e o cais de pedra do
rio Jundiaí por onde era operacionalizado o comércio de Natal;
e) Existiam duas bandas de música na cidade que
expressavam as duas correntes políticas conflitantes: a de Neco Freire e a do major
Andrade, da oposição;
f) A primeira amplificadora surgida foi fundada por
Gustavo Lima e a segunda era a da prefeitura que funcionou no artigo mercado
restaurado em 1920, muito antes do que foi recentemente demolido e construído
em 1953, pelo prefeito José Maciel.
(*) Escritor.
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