26/04/2014



Lembrando Djalma Maranhão

Luciano Capistrano – luciano.capistrano@natal.rn.gov.br

Historiador/SEMURB

Professor/Esc. Est. Myriam Coeli

             Cidadão norte-rio-grandense Djalma Maranhão. Político, professor de educação física, jornalista e esportista. Fundador e diretor de jornais. Djalma Maranhão iniciou sua vida política nos primeiros anos da década de 1940, reorganizando as forças populares herdadas do Cafeísmo. Na eleição de 1954, foi eleito Deputado Estadual e na condição de primeiro suplente assumiu o mandato de Deputado Federal ( 1959 – 1960 ). Por duas vezes exerceu o cargo de Prefeito da Cidade do Natal. O primeiro mandato por nomeação do governador Dinarte Mariz e o segundo mandato, em 1960, por eleição direta, tendo seu nome sufragado por mais de 60% dos votos validos.

            Em conseqüência do golpe de Estado de abril de 1964 foi deposto da prefeitura. Esteve preso em quartéis do exército em Natal, na ilha de Fernando de Noronha e no Recife. Morreu no exílio, em Montevidéu, em 30 de julho de 1971, aos 56 anos de idade. Segundo o professor Moacyr de Góes de saudades de sua terra Natal.

            Efetivado o golpe militar-civil, no Rio Grande do Norte, retrato da situação que o país vivenciava em abril de 1964, as forças políticas e as organizações sociais oponentes ao regime militar instituído, foi vitimas da repressão, sendo toda a mobilização gradativamente desmontada. Sindicatos foram fechados e suas lideranças presas, dentre elas Elvlim Medeiros, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Natal. Foi o Primeiro preso Político do Rio Grande do Norte.

            Na manhã de 1º de abril, as principais ruas de Natal foram ocupadas pelas Forças Armadas. Estava inaugurado um período de perseguições, torturas e exílio. Época das trevas, muitos potiguares conheceram a dureza da clandestinidade, outros, a morte.

            Djalma Maranhão, é, com certeza, um dos personagens da história política Potiguar que mais identificou seus mandatos eletivos com os interesses do povo. Deputado Federal, foi durante sua estadia no Congresso Nacional um tribuno defensor das bandeiras nacionalistas. A luta por políticas de valorização e preservação dos interesses nacionais, sempre fizeram parte dos seus pronunciamentos. Político ético, sofreu por ter ousado em sonhar com uma sociedade solidária.

            Em tempos de crise ética, faz necessário registrar exemplos de homens públicos como o do prefeito dos autos populares, o amigo da cultura do povo, Djalma Maranhão. Não esqueçamos a invasão da prefeitura e a prisão do prefeito, da Campanha de Pé No Chão Também Se Aprende a Ler, e de grande parte de sua equipe. O famigerado golpe de 1964 interrompia, através da força, uma das experiências das mais exitosas, em termos de educação e de administração popular.

Djalma Maranhão, apesar da vida difícil do exílio, evocou à Natal por ele amada:

“Não te esquecerei, Natal!

Os olhos do sol transpondo as dunas,

Iluminando a cidade,

Que dormiu embalada

Pelo sussurro das águas do Potengi”.

            Natal não pode esquecer o prefeito dos autos populares, das praças de cultura, do incentivo ao esporte amador e da mais ousada política de erradicação do analfabetismo: “A Campanha De Pé No Chão Também Se Aprende A Ler”. Não, Natal não esquecerá o seu prefeito e fará sua à poesia de Palmyra Wanderley:

“Louvado seja o Prefeito que o destino da cidade tão cristãmente entendeu

Pelos cantos. Pelas danças. Pelos fandangos nas praças.
Pelas lapinhas de outrora. Revivendo a tradição
Aceite meus parabéns!”.

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