JOSÉ FÉLIX BARBOSA
Valério Mesquita
mesquita.valerio@gmail.com
Vinte anos são decorridos do falecimento de um dos maiores desportistas de
Macaíba. Convivi com ele em várias fases da vida, na lide esportiva. Foi um
dedicado, abnegado e incentivador de torneios, campeonatos, desfiles, trazendo
à cidade, ao longo de muitos anos, equipes importantes, atletas renomados,
autoridades civis e militares. Era a corrida de pedestrianismo Augusto Severo
que ele tornou famosa no nordeste, o futebol, o voleibol, o salonismo e tantas
outras atividades, as quais nunca mais se viu em Macaíba.
As manhãs das provas de pedestrianismo hospedavam bandas de música do Exército,
da Marinha, da Aeronáutica e da Polícia Militar, numa verdadeira maratona de
esporte, cultura musical, congraçamento social e de lazer de raças, luzes,
cores e cidadania. Quem realizava tudo isso: um homem pobre, simples e
deficiente auditivo chamado José Félix Barbosa. Admirado e aplaudido por uns
mas invejado e sabotado por outros, viveu e enfrentou esses ambientes de
temperaturas e temperamentos. Exerceu a presidência da Liga de Desportos
Amadores de Macaíba por vários anos. A esposa Francisca Amélia foi testemunha
eloquente e sofredora da sua luta, auxiliando-o a suprir a dificuldade auditiva
para se comunicar com todo aquele mundo turbulento de atletas, times, público,
imprensa, espalhados em Macaíba, Natal e dezenas de cidades.
Devemos relembrar dele a beleza de todos aqueles espetáculos que produziu nas
ruas de Macaíba, nos estádios lotados e na alegria espontânea que gerou por
toda parte. Resgatemos de José Félix Barbosa o estímulo que plantou na
juventude do amor à prática do esporte, à crença na “mente sã num corpo são”,
afastando muitos do vício e da droga. Ele fez isso em Macaíba ininterruptamente
durante décadas. Morreu pobre, esquecido e até injuriado. Quem se atreveu a
realizar o que ele fez? Que homenagem de reconhecimento recebeu dos
desportistas, das autoridades e do povo pelo muito que ofereceu ao esporte?
Vinte anos do seu encantamento nos separa. É hora de Macaíba tributar-lhe a
justa e merecida homenagem. Para Félix,
dedico-lhe essa reflexão da escritora Cora Coralina: “O que vale na vida não é
o ponto de partida e, sim, a caminhada. Caminhando e semeando sempre”. Macaíba,
José, colheu os frutos que você plantou, só não soube ainda agradecer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário