NÃO
PRECISA SER PROFETA
Valério
Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com
Determinismo histórico dizem que existe. Há dezenas de
casos na política brasileira. Nunca foi tão fácil adivinhar a destruição do
nosso planeta, num futuro não muito distante, vítima da poluição da atmosfera,
dos mares e da natureza. Prever a paz na África e no Oriente Médio, por
exemplo, é mero exercício de retórica. A gênese da questão palestina não é
territorial, apenas, mas religiosa; desde o tempo do sultão Saladino e as Cruzadas
do Vaticano. Óbvio ululante. Profecia é coisa séria. O dom de profetizar só
ocorre com o apoio do Espírito Santo. Assim falou Malaquias. E antes dele,
Zacarias, Ageu, Sofônias, Hebacuque, Naum, Daniel, Oseias etc., sem falar em
Isaías, o maior deles. Não foram adivinhos mas profetas de verdade.
Após essa viagem de circunavegação polar em torno do
assunto, chego a Natal, a cidade dos Reis Magos, adventícios, visionários,
adivinhos e proficientes. Não se torna necessário recorrer a eles para
distinguir ou antever nada em Natal. Se assim fosse, eles teriam se
estabelecido nas Rocas e deixado uma banca invejável de cartomantes e
curadores. Baltazar, Gaspar e Belchior ficaram mesmo perdidos no deserto das
Arábias em vez das dunas da Redinha.
Não precisa ser profeta para chegar à conclusão que
não emplacará 2019 sem que as avenidas de Natal se tornem intransitáveis. O
número de veículos que circula já é maior, hoje, que a capacidade de sua malha
viária. Estão financiando carros para pagar em sete anos (oitenta e quatro
meses). Qualquer pessoa, com apenas um salário, sai de uma loja ou
concessionária, sem avalista, lenço ou documento, dirigindo por aí. Quando
acontecer uma crise econômica no país, quem vai para o beleléu: a financeira ou
a seguradora? Já prevejo filas de carros abandonados nas vias públicas por
inadimplentes enlouquecidos. Não desejo que isso ocorra mas o calote vai ser
geral. Já imaginou uma entrada de vinte por cento no valor do bem e somente
pagar a primeira prestação em 2020? É caso de B.O (Boletim de Ocorrência).
Outro tema para o qual não se exige douta profecia está
nas religiões. Algumas modificam o cristianismo ao seu bel-prazer e
conveniência. A boa nova para arrebanhar seguidores reside no apelo musical. A
conversão está no tom. Jesus Cristo é fulanizado em forró, axé, lambada, brega,
carimbó, swing e pagode. Em breve, em vez de MPB, surgirá a MPR (Música Popular
Religiosa). Segundo os ruidosos desse mundo nada mais espiritual, após a
palavra, que dançar um relabucho na igreja. Dizem eles que a unção é
contagiante. Não precisa ser profeta para antever que essas religiões tendem a
fazer desaparecer o Cristianismo. Não é por aí o caminho. Estão profanando o
nome de Deus.
(*) Escritor.
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