Senador, os Alves vieram de Macau
João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
No velório da escritora Ana
Maria Cascudo Barreto, estávamos em uma roda de amigos, quando Severino Vicente
provocou o Senador Garibaldi Alves: João Felipe diz que os Alves vieram de
Macau. Garibaldi, então, falou: mas não foi de Angicos?
Comecei a responder, mas a
chegada contínua de pessoas impediu a complementação do assunto. Por isso, dou
continuidade àquela conversa interrompida, neste artigo, embora já tenha
tratado desse assunto em outros artigos.
Em 1810, administrava a Ilha de
Manoel Gonçalves, pião de várias terras da região do Assú, José Álvares Lessa. Em
1818, o português e morador da Ilha de Manoel Gonçalves, João Martins Ferreira
escrevia para o governador da província, José Ignácio Borges dando notícia da invasão
da dita ilha por corsários ingleses. Era casado com Josefa Clara Lessa,
possivelmente, filha de José Álvares Lessa. Em 1823, capitão, encontramos João
Martins Ferreira como testemunha ou padrinhos em várias localidades do Assú.
A invasão contínua das águas
oceânicas sobre a Ilha foi obrigando seus moradores a se deslocaram para outras
localidades, sendo a preferência maior pela então Ilha de Macau, ainda sem
habitantes, tendo somente, por lá, alguns práticos. Na lista dos primeiros
habitantes de Macau aparecem o capitão João Martins Ferreira, seu filho major José
Martins Ferreira e mais quatro genros, segundo a tradição oral.
No período que vai de 1830 até
1834, encontramos os batismos de quatro filhos do major José Martins Ferreira e
Delfina Maria dos Prazeres. Nesses registros, onde esses filhos têm seus
registros um atrás do outro, por se tratar de reconhecimento de paternidade, consta
que eles foram batizados em Macau, embora em outros registros, encontrados
isoladamente, as localidades de alguns batismos sejam diferentes. No caso de
José Alves Martins, o segundo filho dessa lista, ele foi batizado em Guamaré.
Pois bem, José Alves Martins,
casou com Francisca Martins de Oliveira, no dia 27 de novembro de 1852, em
Curralinho. Não havia informações dos pais dos nubentes. Em uma das mensagens
de um Presidente desta província do Rio Grande do Norte, vamos encontrar a notícia
do assassinato dele, em 1871, na povoação de Rosário, por um sócio, João
Rodrigues Ferreira.
Em uma das minhas viagens a
cidade do Assú, encontrei, no Fórum João Celso da Silveira Filho, o inventário
do falecido, tendo como inventariante, e ao mesmo tempo tutor dos filhos
órfãos, seu irmão mais velho, Manoel José Martins, ambos inventariante e
inventariado moradores em Cacimbas do Viana.
Na relação desses filhos
constavam: José Alves Martins (Jr.), 18 anos; João Alves Martins, 13; Francisco
Alves Martins, 12; Joaquim Alves Martins, 11; Militão Alves Martins, 10; Josefina
Emília Alves Martins, 8; Delfino Alves Martins, 7; Maria, 5; e o caçula Manoel
Alves Martins, com 4 anos de idade.
Em 10 de janeiro de 1879, Dona
Josefina Emília casou com Absalão Fernandes da Silva Bacilon, natural de
Santana do Matos. Esse casal gerou Dona
Maria Fernandes (D. Liquinha) e Dona Jesuína, que casaram, respectivamente, com
Manoel Alves Filho e Jose Fernandes Silva.
Manoel Alves Martins, o mais
novo de todos os filhos do José Alves Martins, em 1888, foi emancipado por
completar 21 anos. Casou, primeiramente, com Joaquina Teixeira Martins,
nascendo desse casamento, aos 2 de dezembro de 1890, um único filho, Manoel
Alves Martins Filho. Enviuvando, casou
com Maria Ignácia da Conceição. Desse casamento, nasceram vários filhos, entre
eles Manoel Alves Filho, aos 10 de agosto de 1894, que casou com sua prima
legítima Maria Fernandes (D. Liquinha). Martins desapareceu do sobrenome dos
descendentes.
O percurso, portanto, da família
Alves, aqui no Rio Grande do Norte, foi Ilha de Manoel Gonçalves, em seguida
Macau, depois Cacimbas do Viana (Porto do Mangue), Santana do Matos, e,
finalmente, a mais conhecida, Angicos. Os Fernandes (aqui desapareceram os
sobrenomes Alves e Martins) onde a maior estrela foi Aristófanes, filho de Jose
Fernandes da Silva e Jesuína Fernandes, permaneceram em Santana do Matos.
Inicialmente, alguns dos filhos
do major José Martins Ferreira se assinavam como Martins Ferreira, mas com a
chegada de outros filhos, com o mesmo nome, do seu segundo casamento com
Josefina Maria Ferreira, foi introduzido o sobrenome Alves, que talvez seja
originário de José Álvares Lessa, português de Leça da Palmeira, e antigo
administrador da Ilha de Manoel Gonçalves.
Batismo de José Alves Martins |
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