05/02/2014

Comentários sobre “Velhas Heranças”

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)

Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG


O livro de Hélio Galvão, “Velhas Heranças”, foi fac-similado pelo Sebo Vermelho em 2012. É a partir dele que construo este artigo, fazendo alguns comentários e acrescentando outras informações do meu conhecimento. 

Meu último artigo, neste jornal, foi sobre Valentim Tavares de Mello, filho de Manoel Gonçalves Branco e Catharina de Oliveira e Melo. Pois bem, um dos inventários, do livro de Hélio Galvão, é o de Damiana de Oliveira e Mello, que faleceu em 9 de dezembro de 1748, solteira, não deixando testamento. Foi seu inventariante, o irmão, sargento-mor Gregório de Oliveira e Melo, e habilitaram-se, para receber a herança, os irmãos: ele próprio, Gregório, solteiro, mas que teve uma filha com Suzana Brito Palhano; Maria da Conceição, que era casado com o tenente-coronel, José Pinheiro Teixeira, natural de Arrifana de Sousa; Francisco de Oliveira Ramos, viúvo; Eugenia de Oliveira e Mello, que era casada com o sargento-mor Dionísio da Costa Soares; capitão Miguel de Oliveira e Mello, que foi casado com Ângela Correa da Costa, filha de Fradique Correa da Costa; Cosma de Oliveira dos Santos, solteira; sargento-mor Valentim Tavares de Mello, casado em segundas núpcias com Luzia de Albuquerque Mello, falecido, e, por isso, representado pela filha do casal, Maria Manoela, nessa data com três anos, mas que posteriormente casou com o viúvo Estevão da Cunha de Mendonça.

Em artigo que fiz sobre Manoel Gonçalves Branco, Damiana não apareceu como filha. Pode ter nascido em data posterior ao ano de 1711. Talvez Cosma seja sua irmã gêmea; Francisco de Oliveira Ramos, que aparece acima, deve ser o tenente Francisco de Oliveira Banhos, mesmo nome do avô, que morava em Recife; da mesma forma Cosma de Oliveira dos Santos, deve ser Cosma de Oliveira Banhos.

Outro documento, constante do livro de Hélio, era o testamento (29 de março de 1718) de Joanna de Barros Coutinho, que teve como inventariante, seu marido Manoel Rodrigues Taborda. Nesse testamento ela se diz natural de Olinda, freguesia de São Pedro Martyr, filha legítima do sargento-mor Manoel da Silva Vieira (Hélio só conseguiu ler Manoel) e dona Graçia do Rego, não tendo filhos, nomeou, como herdeira, sua mãe.
 
Manoel Rodrigues Taborda era português da Villa de Buarcos, e casou com Dona Joanna de Barros Coutinho, em 8 de setembro de 1697.

Dona Gracia, mãe de Joanna, faleceu antes dela, e, por isso, foi representada por filhos e netos: Tereza da Silva, viúva, filha; Luzia Romana da Silva, filha; Joanna de Barros, casada com Cosme de Freitas, neta, filha de Maria de Barros (falecida) e do tenente-coronel Gonçalo Ferreira da Ponte (casamento em 20 de abril de 1697); Francisco (25 anos), neto, irmão de Joanna de Barros; Atanásio, 20 anos, outro irmão de Joanna; Luis (14 anos), neto, filho de Anna do Rego, que foi casada com o primo legítimo, Lázaro de Barros (casamento em 28 de maio de 1703); Manoel e Miguel irmãos de Luis; Josefa, também irmã, com 7 anos.
 
Outro inventário é o de Cipriano Lopes Pimentel, que era filho do sargento-mor Francisco Lopes e de Joanna Dorneles, esta filha do escabino  Manoel Rodrigues Pimentel e neta de João Lostau de Navarro. Cipriano era casado com Tereza da Silva, filha do alferes Felipe da Silva e de Joana Salema. Nos registros mais antigos, encontro referências, tão somente, sobre escravos de Felipe, de José Gomes Salema e de Domingos Gomes Salema.
 
Mais outro inventário é do capitão Domingos da Costa (Rocha em alguns registros) Araújo, que foi casado com Brásia Bezerra de Vasconcelos, inventariante. Uma das herdeiras habilitadas é Monica da Rocha, casada com o capitão Julião Borges, ascendentes de Nísia Floresta. Nos registros antigos, encontro batismos de três filhos de Domingos e Brásial: Tereza, batizada em 30 de agosto de 1688; Hieronima, batizada em 8 de outubro de 1690; e João batizado em 19 de setembro de 1694. Todos eles habilitados, além de Álvaro da Rocha; Brásia, Maria Madalena e Bonifácia, órfãos. Segundo Hélio, a sentença final desse inventário data de 20 de janeiro de 1818.

É nesse inventário do capitão Domingos que encontro uma informação que confirma uma questão levantada em um artigo anterior sobre a família Casa Grande do Assú. No livro que foi escrito, constava a seguinte informação de Antonio Soares de Macedo: D. Joanna Martins, filha mais velha do coronel Manoel Lopes de Macedo, minha 3ª avó, casou com o capitão-mor José Ribeiro de Faria, meu 3º avô, o qual era natural do Rio São Francisco e morador na Capitania desta Província, hoje Estado. No artigo que escrevi, eu coloquei dúvidas sobre tal informação, pois supunha  que Joanna era filha do capitão João Martins de Sá e Clara Macedo.
 
No inventário do capitão Domingos, consta dívidas passivas, ao tenente-coronel Manoel Martins de Sá e a seus cunhados capitão João Marinho de Carvalho e capitão José Ribeiro de Faria, herdeiros do defunto capitão José Martins de Sá, 106$400.  Na transcrição do inventário, mais um equivoco, pois os três eram herdeiros do capitão João Martins de Sá. Assim, se confirma que D. Joana Martins de Sá era filha do capitão João Martins de Sá e não do coronel Manoel Lopes de Macedo. 


Casamento de Manoel Rodrigues Taborda e Joana de Barros Coutinho

03/02/2014


O excêntrico “socialismo científico”

Tomislav R. Femenick – Mestre em economia e contador

 

            Contrariando a expectativa marxista de que a revolução socialista se daria em regimes capitalistas adiantados (isso em função das contradições internas do sistema), os comunistas somente assumiram o poder em países atrasados, onde o modo de produção capitalista ainda não tinha se desenvolvido plenamente. Rússia, China, Coréia do Norte, Cuba, Vietnã, Camboja, Angola, Moçambique, por exemplo, eram países de economia agrícola, onde a indústria era incipiente e não o polo determinante. Na Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Polônia, Hungria, Romênia, Albânia e outras nações do leste europeu a ascensão deu-se por pressão do exercito vermelho, presente em seus territórios logo após a Segunda Grande Guerra. 

            O caso da Rússia, onde em 1917 foi instalado o primeiro governo comunista, é um episódio a parte. Em 1922 existiam cerca de 20 milhões de pequenas propriedades agrícolas e aproximadamente quatro mil empresas privadas, enquanto que o Estado já tinha assumido o controle de mais de 4.500 grandes indústrias. Em 1925, os sovietes já tinham transformado “a terra, as fábricas, as empresas industriais, os bancos e as vias de comunicações em propriedades” estatais, como início da “obra de edificação da Economia socialista” (Pankrátova, 1947). No outono de 1928 começou a implantação do Primeiro Plano Quinquenal e no início dos anos 1930 aconteceu a total estatização da agricultura. Essas medidas resultaram em altas taxas de crescimento, principalmente na produção de commodities agrícolas e produtos industriais, tais como aço, carvão, energia elétrica e petróleo, porém com um alto custo social. O censo de 1937 revelou que a população havia caído em oito milhões de pessoas.

            O segundo período de crescimento da URSS foi o do pós-guerra, quando houve maciços investimentos na indústria pesada, visando recuperar as perdas causadas pelo conflito. Em alguns setores os soviéticos superaram os Estados Unidos, como na produção de armamentos e na corrida espacial. Porém o modelo socialista emperrava o crescimento econômico como um todo; sobravam tanques de guerra e faltava manteiga.

Nos anos 1970/1980 já se previa o descalabro. Havia estagnação na produção agrícola, na siderurgia e de petróleo e o fornecimento de energia elétrica (com unidades geradoras e de transmissão defasadas) não atendia as necessidades das empresas e da população. Some-se a isso um quadro de ineficiência da infraestrutura e atraso tecnológico, inclusive no campo na informática. Essa situação levou a um crescimento econômico per capita igual a zero; negativo, em alguns anos. O resultado foi que o povo passou a enfrentar dificuldades para adquirir produtos básicos como alimentos, roupas e produtos de higiene.

            O colapso econômico da União Soviética foi efeito direto da maximização do Estado nas relações econômicas. O centralismo e a alta burocracia tinham um custo exorbitante. Nas fábricas centenas de milhares de pessoas não agregavam valor aos produtos, pois simplesmente exerciam tarefas de seguir o andamento da produção, e a alocação dos fatores de produção atendia apenas aos desejos da nomenclatura partidária e não às necessidades reais da economia e da população. Tal procedimento exigia vultosa soma de subsídios governamentais para manter empresas ineficientes.

            Essa verdadeira máquina de moer recursos terminou por evidenciar o erro de se atribuir ao Estado todos os direitos de prioridades e de estabelecer caminhos e modos de se planejar, produzir e distribuir as riquezas do país.

E o “socialismo científico” morreu.

Tribuna do Norte. Natal, 02 fev 2014.

O Mossoroense. Mossoró, 01 fev 2014.

01/02/2014

RESOLVI PUBLICAR, NESTE 01-02-2014, UM ANO DO ENCANTAMENTO DE PEDRO SIMÕES NETO, UMA APRECIAÇÃO QUE FIZ SOBRE O SEU : "FUNDAMENTOS DA CRIAÇÃO DA FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO RIO DOS HOMENS" .
LÚCIA HELENA(*)









Embriagado de tanto azul azul e inebriado de iluminado verde, a se envolver no calor da poesia de Carlos Pena Filho, o viandante faz a sua peregrinação pelo vale verde, por suas querências, tantas que até já perdeu a conta. Não sei bem desde que horas ele saiu de casa em busca desse mundo "encantado" , desse porvir de estranha felicidade, quando, não mais menino, sai em busca se um mundo que ele teima em aclamar e enaltecer, redescobrindo os próprios passos e banhando-se nas águas enfeitiçadas dos olheiros encantados. Seria talvez a "Manhã da Criação" (de Nilo Pereira), em que se viu acordado e despertando todo o vale, para ouvir o silêncio da hora  e o despertar dos ruídos do cotidiano.
 E ele faz essa viagem de regresso, tomando em suas mãos as aquarelas de Dorian Gray, para rever o tempo que passou como se fosse uma tela mágica, a mover-se e dilatar- se da alma e dos olhos, sobre aquele cenário iluminado do seu olhar de infância. Talvez Van Gogh tenha embebido os olhos naquele paraíso distante e sua íris de artista tenha se infiltrado nos lumes das águas do olheiros românticos a dizerem de esperanças, a conhecerem aquele claustro - a Matriz do vale verde. E lá estava ela, imponente e gorda, soberana e esguia, a bendizer seus filhos! Lá estava a Senhora da Conceição do Rio dos Homens Lembrou-se de muitas coisas, de muita gente, de música e alegrias. Lembrou-se de um vale brejeiro e dos cantadores que executavam seus "hinos" e juntavam gente para ouvir a lira romântica de cada hora, quando o dobre dos sinos anunciava o anoitecer e o vale ganhava sombras dos banquetes e mordomias dos céus, carregados de luz e negror! No dia seguinte as nuvens dançavam de azul e branco, como o manto da Virgem Santa. Durante a sua peregrinação mágica o homem reviu a cidadezinha lobatiana, andou até onde o cansaço não lhe exigiu repouso. Andou por aquela estrada com todo o seu fascínio. Observou os que passavam diante dos seus olhos, revendo a história de cada um, história que ele decantava com rara honra, sem esquecer, absolutamente, de nada e de ninguém. Nomes incansáveis brotavam do seu recordar íntimo, como se diante dele houvessem imensos cartazes com a história de cada um. Mero engano, todo o elenco e enredo dessa incrível memória estavam no script de sua alma, subindo e descendo ladeiras e de onde viam, como alegorias desbotadas, objetos, guloseimas e outras coisas de outrora, incluindo os saborosos confeitos cuquitas, de forma arredondada, que se comprava a tostão e eram a sensação. O menino não esquecia nada, nenhum detalhe, e como bandeiras hasteadas, nomes apareciam na moldura de luz do seu olhar: a figura de Zé Gago com o saxofone, que se não fazia chorar, enriquecia os momentos! Nomes e nomes como: Ilha Bela, Diamante, Capela, Santa Águeda, Oiteiro, Guaporé, nascença! Figuras marcantes como Manoel Pereira, Herbert Dantas, "Major" Onofre Soares, Abel Antunes Pereira, Ruy Antunes Pereira, Jorge Câmara, Lourdinha de Darrow, Cleto Brandão e seu famoso "Café", e outros, muitos outros. Lembrava a feira de cada sábado, na rua principal do vale, variedade de legumes, hortaliças e frutas sem agrotóxicos, além de objetos os mais diversos, e de onde se via algum cortejo fúnebre e, sempre, por alguma razão, a banda-de-música e os folguedos. E se era época de política e por uma coincidência, a boa presença de Frei Damião, ai se garantia distribuição de santinhos e as bençãos do querido beato - um acontecimento abençoado. Recorda, o nosso viandante, sobre as folias momescas de cada ano, quando o vale se enchia de festa e o cordão na frevança, fazia a alegria e na quarta-feira de cinzas, o bom banho de mar, para curar a ressaca! Pedro Simões Neto, de memória infalível, traz esse desfile diante dos nossos olhos, traz o povo cearamirinense ou os que lá viveram, e, diga-se, sem esquecer ninguém! Nesse particular, um capítulo muito enobrece minhas lembranças, quando ele descreve a sua participação na primeira festa de São João, na casa dos meus pais e o revela com um carinho singular, ele, menino, impactado com o encanto daqueles momentos, até então, desconhecidos. Sobre as páginas escritas por meu amigo Pedro Simões, diria, como Antoine de Saint- Exupéry: "...Mais coisas sobre nós nos ensina a Terra, que todos os livros, porque oferece resistência". E o nosso amigo tem sido mestre na arte de lembrar, para tal reúne os cabedais da inteligência e da fidelidade do coração. Depois de vovó Madalena, tia Etelvina, tio Juvenal, Nilo Pereira, Edgar Barbosa, papai e os tios: Vicente e Ruy, o primo Roberto Varela, o amigo Franklin Jorge e o fotógrafo e poeta Gibson Machado, julguei que ninguém, jamais, em Ceará-Mirim, saberia decantar o vale, com os lumes de suas paisagens, sua gente, sua história e o seu encanto. Estava enganada, o vale verde tem o grande memorialista Pedro Simões Neto, com essencial talento, com exuberante sensibilidade e a rica mensagem de amor à memória ancestral do vale. FUNDAMENTOS DA CRIAÇÃO DA FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO RIO DOS HOMENS, escrito por Pedro Simões, é uma oração, um momento de fé, a homenagem de quem sabe o quanto merece a arte de bem lembrar! Ei-lo de volta, como menino, cheio de saudade, nesse vôo pela alma dos tempos, na peregrinação mágica, de regresso, guiando-nos pelos caminhos da dor e da saudade. 

O (*) Menina de Ceará- Mirim

30/01/2014


1969 – Um passeio à Tabatinga 

Elísio Augusto de Medeiros e Silva

Empresário, escritor e membro da AEILIJ

elisio@mercomix.com.br


Aquele passeio até Barra de Tabatinga foi uma verdadeira aventura. Quase três horas, com cinco rapazes dentro de um Fusquinha 66, por uma estrada cheia de buracos e deserta.

Chegamos à Pirangi e paramos no Bar do Pinoca para uma água de coco. Aquela praia, mesmo em 1969, já tinha bastantes veranistas.

Depois da ponte que separa as duas Pirangis (Norte e Sul) a estrada continuava sinuosa e cheia de buracos. Muitas casas de pescadores, jangadas e botes de pesca na orla.

De lá até a Praia de Búzios a “estrada” era praticamente à beira-mar, tendo seu trajeto em alguns pontos no meio dos coqueiros nativos. À medida que a viagem se alongava, a estradinha ia ficando mais deserta e difícil de trafegar.

De um lugar mais alto, logo depois de Pirangi, víamos ao longe as falésias de Búzios e a ladeira íngreme que conduzia à Tabatinga e outras praias.

Após andarmos um pouco em Búzios chegamos a um riozinho, que descia dos morros até a orla marítima. No local, o mar estava muito agitado e a areia branca era jogada pelo vento com força.

Do lado direito, avistavam-se os morros – as dunas prolongavam-se até uma exuberante mata fechada, provavelmente, repleta de lagoas e mata fechada. Aqui e ali a choupana de algum pescador. O céu e mar incrivelmente azuis nos deixaram encantados.

Um pouco mais a frente, avistamos um Jeep Willys parado a beira-mar, com uma barraca armada ao lado. Era um grupo de rapazes que tinha vindo de Natal para uma pescaria de molinete. Deles, me lembro de dois. No meio daquela paz, a paisagem era indescritível.

Aguardamos um pouco a maré baixar para prosseguirmos em nossa incursão a beira-mar. Naquela época, a beira da praia durante a maré seca era muitas vezes utilizada como estrada, pois essas praticamente não existiam por ali.

Aproveitamos para tomar um ligeiro banho de mar, pois o calor estava insuportável. Naquele trecho, as ondas eram enormes, de forma que não nos arriscamos a um mergulho, praticamente tomamos banho de areia.

Depois, continuamos pela beira-mar e nos dirigimos à estradinha de barro, que havia sido construída há pouco tempo – segundo alguns pelo Sr. Pedro Lopes, proprietário de muitos terrenos dali até Camurupim.

Finalmente, chegamos ao pé da “Ladeira de Tabatinga” e aí começaria a parte mais difícil de nossa empreitada. O fusquinha, com seu motorzinho 1.200cc, não tinha força para vencer a areia fofa daquele areal inclinado com todos os seus ocupantes a bordo.

O jeito foi revezarmos – enquanto um ia dentro do veículo dirigindo, os outros empurravam nos trechos mais difíceis para conseguirmos chegar ao fim da ladeira. Finalmente, alcançamos o topo – nosso esforço foi recompensado – a vista do alto era indescritível.

De lá prosseguimos até a pequena vila de pescadores de Tabatinga. Estacionamos em uma mercearia – ninguém é de ferro!

Para chegarmos até a praia tranquila havia um longo caminho a pé. Decidimos ficar na mercearia, onde a cerveja gelada (geladeira de querosene) e o peixe frito no dendê não nos deixaram dúvidas quanto à nossa opção.

Depois de Tabatinga as praias desertas iam se sucedendo – algumas calmas para o banho, outras de ondas altas e bravas, mas deixamos isso para outra oportunidade.

Alguns do grupo queriam prosseguir até “Campo de Santana” e de lá à Nísia Floresta. Felizmente, a maioria rejeitou a ideia.

Na volta, tudo foi mais fácil. De Búzios trouxemos inúmeras conchas coloridas – brancas, azuis, vermelhas, amarelas, azuladas, cinzentas... recolhidas a beira-mar.

Chegamos a Natal no pôr do sol e moídos de cansaço. Nada mais justo que uma parada no Teco-Teco, o bar de Geraldo na estrada de Ponta Negra. Valeu!

 

 

 

 

29/01/2014

A COLUNA PRESTES NO RIO GRANDE DO NORTE - VIII - TOMISLAV R; FEMINIC K



A Coluna Prestes no Rio Grande do Norte - VIII- Tomislav R. Femenick – Membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN

 O relato do ataque da Coluna Prestes à cidade de São Miguel contado pelo senhor José Guedes – e publicado pelo historiador Luiz Gonzaga Cortez – embora importante, tem várias falhas, contradições e evidenciam alguns preconceitos. Alguns exemplos eu já publiquei em artigo anterior e hoje constato mais alguns. O depoimento procura fazer ver que não houve “nenhum heroísmo da população de São Miguel/RN nos enfrentamentos da Coluna Prestes, em fevereiro de 1926”, porém muda de atitude quando os revoltosos fogem da luta. Essa fuga deu-se quando os elementos da Coluna tomaram conhecimento de “que no Riacho Fundo, a uma légua de São Miguel, estava havendo um grande tiroteio com a polícia”. Então os oficiais da Coluna abandonaram a cidade e “mandaram levantar acampamento e todos rumaram para a estrada”. Pelo depoimento de José Guedes, os civis que estavam defendendo sua cidade e suas famílias eram covardes, mas os militares muito bem armados e com grande experiência de combate apenas queria evitar a perda de seus homens. Outro aspecto do depoimento do senhor José Guedes demonstra o preconceito do próprio Luís Carlos Prestes contra os nordestinos. O texto atribui as seguintes palavras ao líder da Coluna: “essa mundiça não merece a mínima confiança; os sulistas são bons, mas trazemos um pessoal do Maranhão e do Piauí que ninguém tolera”. Rostand Medeiros (2010) nós diz que, após saírem de São Miguel, a Coluna Prestes “seguiu em direção aos atuais territórios dos municípios potiguares de Venha Ver e Luís Gomes, onde o trajeto utilizado aparentemente foi através dos sítios Bananeira, Formoso, Bartolomeu e depois Venha Ver, na época uma fazendola com algumas casas na beira de um açude. Nesta cidade, [...] enquanto o grosso da tropa seguia adiante, alguns membros da Coluna acamparam próximos ao açude, aonde chegaram a permanecer alguns poucos dias na região, inclusive com suas mulheres. Estas utilizavam lenços e panos na cabeça de cor vermelha, mostrando orgulhosamente que faziam parte do grupo rebelado. [...] Após saírem deste lugarejo, a Coluna de Revoltosos seguiu em direção à propriedade Cacos (ou Cactos), e após passarem pela Ladeira dos Miuns, estiveram na região dos sítios Tigre, Imbé, São Bernardo, Feira do Pau e na pequena área urbana da cidade de Luís Gomes”. No dia cinco de fevereiro daquele ano, a Coluna Prestes invadiu a vila de Luís Gomes, que estava praticamente abandonada pelos seus moradores. Segundo narra o escritor Itamar de Souza (1989): “O povoado preparara-se para resistir. Mas, quando os habitantes da vila receberam o aviso de que os rebeldes estavam no Imbé, a debandada foi geral. Repetiram-se as mesmas cenas consignadas na invasão da vila de São Miguel. Primeiro, dominaram a estação telegráfica, em cujas instalações almoçaram alguns Oficiais do Estado Maior. Depois que tentaram notícias sobre a situação das forças legalistas em Pau dos Ferros, eles quebraram o aparelho de transmissão. Enquanto isto, os rebeldes saqueavam e arrombavam casas comerciais como verdadeiros vândalos. De Luís Gomes, eles se dirigiram para o território da Paraíba”. A análise que Rostand Medeiros faz desse evento é taxativa: “Em Luís Gomes se repetiram as ‘ações revolucionárias’, com uma sequência de saques de casa residências e comerciais. Foram provocados incêndios no cartório e na agência dos correios. Já no dia 6 de fevereiro, os revoltosos deixaram Luis Gomes e o Rio Grande do Norte, adentrando na Paraíba”. Uma última palavra deve ser dada em relação ao importante texto de memória do senhor José Guedes do Rego sobre a passagem da Coluna Prestes por São Miguel. Todos os autores de memórias as fazem no intuito de contribuir para a afirmação da verdade. Porém “a formação cultural do indivíduo não lhe permite uma isenção de valores, ao apreciar o fato. Então, o que vai alterar a consecução da narrativa, é o envolvimento maior ou menor do autor com um fato [...]. O autor se revela através de seu texto, seja ele histórico ou não. Fazendo uma análise do passado, ele atinge o presente. Quer confirmando a versão oficial quer apresentando abordagens diferentes, o autor sempre está buscando uma razão para a sua vida atual. Talvez, abandonando a postura de aceitar as coisas apenas como elas nos são passadas, o homem possa, através da volta ao passado, compreender a si mesmo” (Souza, 2005)
O sargento-mor Valentim Tavares de Mello

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG

Pedro Arruda, lá de Fortaleza, pede notícias de Manoel Gonçalves Branco, seu ascendente, através de Francisco de Oliveira Banhos. Diz, também ser descendente de Tomé Lopes Navarro. Em um dos meus artigos, escrevi sobre o “homem do Reino”, Manoel Gonçalves Branco. Ele é ascendente de muitas famílias deste Brasil. Neste artigo, vamos escrever sobre seu filho, Valentim Tavares de Mello, começando pelo batismo.

Em 27 de fevereiro de 1707, nesta Paroquial de Nossa Senhora da Apresentação, batizou, o Padre Coadjutor, a Valentim, filho do capitão Manoel Gonçalves Branco e sua mulher Catharina de Oliveira. Foram padrinhos o Padre Antonio Rodrigues Fontes e Thomás de Brito Ferrás. Tem os santos óleos. Simão Rodrigues de Sá.

Vinte anos depois, encontramos Valentim sentando praça, como soldado raso, nesta Capitania do Rio Grande. É um registro interessante, pois descreve, fisicamente, o assentado.

Valentim Tavares de Mello, morador nesta Capitania, filho legítimo de Manoel Gonçalves Branco, e natural desta Capitania, de idade de vinte anos pouco mais ou menos, de estatura baixa, seco do corpo, e alvarinho do corpo, digo, do rosto, cabelo crespo e castanho, olhos pardos, sobrancelha grossa, cara redonda, senta praça de soldado raso, nesta Companhia do capitão Francisco Ribeiro Garcia, por sua vontade, e mandato do dito capitão, e intervenção do Provedor e Vedor Geral, o capitão Domingos da Silveira, em quatorze de dezembro de mil e setecentos e vinte e sete, vencendo dois mil e quatrocentos reis/mês, e por ano vinte e oito mil e oitocentos réis, a saber: quinze mil e trezentos e sessenta réis em dinheiro, e, em farda, treze mil e quatrocentos e quarenta réis, na forma da ordem de sua Majestade, em que há por bem o acrescentamento dos soldos que se acha registrada nesta Provedoria a folha 142,verso, do livro 1º do Registro. Caetano de Mello e Albuquerque.

Os pais de Catharina de Oliveira e Mello, eram Francisco de Oliveira Banhos e Antonia Tavares de Mello, por isso, o sobrenome de Valentim.

Em 8 de junho de 1733, Valentim  já era capitão, e apareceu como testemunha, junto com o irmão, sargento-mor Gregório de Oliveira e Mello, no casamento de Victoriano da Frota e Maria Gomes de Sá. Nessa data, ambos eram solteiros, e o pai, Manoel Gonçalves Branco, já era defunto. Em 4 de novembro de 1734, passou a sargento-mor da Cavalaria da Ribeira do Assú, do Regimento do coronel Miguel Barbalho Bezerra, por patente do senhor capitão-mor João de Teive Barreto de Menezes.

Em 1735, ele casa pela primeira vez, pois em outros documentos aparece casado com Luzia de Albuquerque. Vejamos o registro do casamento que encontramos.
Aos dezoito de julho de mil setecentos e trinta e cinco anos, nesta Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, da cidade do Rio Grande do Norte, feitas nela as denunciações, e na Igreja de Nossa Senhora do O’ da Missão do Mipibu, perto de onde morou a contraente, e na capela de Nossa Senhora dos Remédios, próxima a qual é o lugar onde mora, apresentando-se um mandado do Reverendíssimo Vigário Geral, o doutor Antonio Pereira de Castro, em que dava (frase ilegível, mas parece uma liberação ) o impedimento ao contraente da promessa feita a Paula das Quintas, e me mandava os Recibos por palavras, sem se descobrir mais algum, sendo presentes por testemunhas, o Reverendo Padre Manoel Pinheiro Teixeira, o sargento-mor Dionísio da Costa Soares, Dona Eugênia de Oliveira e Mello (irmã de Valentim), mulher do dito, e Catharina de Oliveira, dona viúva, pessoas todas conhecidas, e moradores desta cidade, assisti ao matrimonio que entre si contraíram o sargento-mor Valentim Tavares de Mello, filho legítimo do capitão Manoel Gonçalves Branco, já defunto, e de sua mulher Catharina de Oliveira e Mello, e Angélica de Azevedo Leite, filha legítima do coronel Carlos de Azevedo do Vale, e de sua mulher Izabel de Barros, moradores e naturais desta Freguesia, e logo lhes dei as bênçãos, guardando-se em tudo a forma do Sagrado Concilio Tridentino, do que mandei fazer este assento em que por verdade assino. Manoel Gomes Correa.

Dona Angélica deve ter falecido pouco depois e Valentim casou com Luzia de Albuquerque. Maria Manoela, filha de Valentim e Luzia, casou em 20 de maio de 1766, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, com o viúvo Estevão Cunha de Mendonça. Este último casal gerou um filho que recebeu o nome do avô, Valentim Tavares de Mello, e que casou em 1802, com Thereza Maria de Jesus, filha de Jerônimo da Costa e Anna Maria Pereira. Jerônimo era filho de João da Costa Almeida e Catharina de Oliveira e Melo, sendo esta última filha natural de Gregório de Oliveira e Mello, irmão de Valentim.

Naquela época as pessoas não ficavam viúvas por muito tempo. No dia primeiro de novembro de 1748, o capitão Manoel Gomes da Silveira, viúvo de Florentina de Mello, esta filha de Estevão Velho de Mello e Joanna Ferreira de Melo, casou com Luzia de Albuquerque Melo, viúva do sargento-mor Valentim Tavares de Melo. 
assentamento de praça de Valentim Tavares de Mello

28/01/2014

A Coluna do General Miguel Costa/Prestes  em São Miguel/RN (III)
Luiz Gonzaga Cortez*

Fita do correio provou que o telegrama informava
que bandidos sem munição iriam atacar S. Miguel.

Enquanto o chefete político João Leite e diversos familiares viram os revoltosos passarem no “aceiro” da estrada, na cidade de São Miguel muita gente pensava que a situação estava tranquila por causa da prisão de dois soldados do Exército Rebelde. Mas outros alguns comerciantes, desconfiados da situação, isto é, que não existia segurança nenhuma para seus familiares, providenciaram o transportes de  cargas de alimentos  para a zona rural. Uma delas foi a Vazante do Jacó, a mandado de Manoel Vieira. José Guedes do Rego, que trabalhava com ele, e “Doutor”, um homem negro que veio de Icó/CE para trabalhar com Manoel Vieira. Na Vazante do Jacó, quando deixavam a primeira carga, eles foram surpreendidos por “uma quantidade enorme de gente armada e muitos animais soltos no meio daquele pessoal”.
“A gente que estava preocupada com a chegada de 700 praças prometidos pelo Governador, ficamos animados e achamos que eram os soldados mandados e apressamos os passos, mas aquela gente entrar na cidade, ouvimos vários  tiros que partiam da cidade e dos homens que se aproximavam. Aí ficamos assustados e com a continuação dos tiros, resolvemos voltar, correndo. Apesar de ser muito moço, o velho Salviano, um marchante,  corria mais. O  clima era frio. Os homens voltaram, gritando “demore aí, canalhas, que a gente volta já e daremos o troco a vocês!”  Com o regresso daquela gente,  resolvemos prosseguir a viagem para a cidade, avistamos a estrada da “Aba”, cheia de gente armada e montados, sem animais soltos. Eram centenas e nessa marcha entraram na cidade. Voltamos para a casa onde estávamos arrranchados e contamos a história, ficando todo mundo  assustado. A casa ficava num local alto e de lá dava para ver a estrada com gente aos borbotões entrando na cidade”, relatou José Guedes do Rego.
De frente com Prestes
Em dado momento, avistaram um homem barbudo, vermelho, montado numa burra bonita, armado com um fuzil na perna, com sela gaúcha, que se dirigiu ao grupo, deu bom dia e perguntou se algum chimangue do governo. Nós, que não sabíamos o que era chimangue, ficamos calados, mas Manoel Vieira disse que não passou. Aí ele perguntou quem mandou nos atacar. Manoel Vieira respondeu que foi o chefe daqui, mas baseado num telegrama do governador dizendo que rumava a esse município um grupo de 70 bandidos desmuniciados e para a defesa da cidade seguiam 700 praças, motivo porque o chefe resolveu empiquetar a ladeira do Engenho, isto enquanto chegassem os referidos soldados e até agora nada”. O homem era oficial sulista e interrogou mais Manoel Vieira sobre as principais famílias e, ao final do interrogatório, mandou que todos se dirigissem a cidade.
No  retorno para São Miguel, o oficial do Exército mostrou muitos feridos no chão e perguntou a Manoel Vieira se conhecia aquelas pessoas . “È gente sua, não se interessa por essas pessoas?”, perguntou o oficial. “Não conheço, mas deve ser gente daqui”, respondeu Manoel Vieira, e seguimos para a casa dele, passando por todas as casas fechadas e ruas cheias de revoltosos.
“O oficial parou e perguntou para um que estava em cima do sobradinho, onde funcionava o telégrafo:”Ô Ramão, onde estão os feridos?”. O Ramão respondeu: “estão aí, em frente a uma farmácia”. Era o capitão do Exército Djalma Dutra, que foi para a Farmácia de Eliseu, conhecido por Zezeu, onde  estava Manoel Tenório, deitado na calçada com uma coxa quebrada de bala e  ao nos ver, gritou “Seu Vieira, me acuda se não me matam”.  Manoel Vieira chamou umas pessoas e mandou o ferido para a sua casa e o oficial dizia “adiante tem mais”. Ao passar na frente da casa do velho Doca Couto, agente do correio,  Manoel Vieira foi  levado para ser apresentado ao Estado Maior da Coluna para dar depoimento sobre o ataque aos revoltosos. Não recordo os nomes de todos, pois era um número bem elevado, mas recordo-me do capitão Luis Carlos Prestes e todos o ouviam como superior; tinham também João Alberto, Siqueira Campos e muitos outros. Então Manoel Vieira foi apresentado ao Estado Maior , chamou-os para a sua residência e lá mandou preparar café e serviu a todos do Estado Maior. Instalaram-se na casa de Manoel Vieira como se fosse o seu escritório e começaram a ouvir todas as pessoas que conseguir prender fora da cidade. A primeira pergunta que fizeram a Manoel Vieira foi como ele prova que houve o telegrama do governador do Estado dizendo que  tratava-se de bandidos? Ele respondeu: “Vão ao telégrafo e examinem as fitas”. E assim, eles fizeram, tendo sido  confirmado. (1)Disseram a ele que “se o senhor falar a verdade, está garantido com sua família e tudo quanto lhe pertencer e se nós provarmos qualquer mentira em vossa conversa, não se admire o que lhe acontecer”.  Continuou entrando gente na cidade e começaram a derrubar as portas  das casas comerciais e a utilizarem do que entendiam, juntavam-se 5 r mais homens e faziam carreira de uma só vez, barruando nas portas, que não resistiam. Dado isto, Manoel Vieira pediu ao Prestes que garantisse o estabelecimento dele, e Prestes respondeu: “ponha uma pessoa na frente do estabelecimento e quem procurar arrombar, diga que está garantido pelo Prestes; e assim ele fez, sendo que a pessoa foi eu, e já vi que medo, mas fui me habituando com aquela cena horrível e passei o dia da porta do estabelecimento para a casa de Manoel Vieira. Uma vez eu estava com ele a comentar aquilo e ouvimos uma pancada numa porta do estabelecimento. Era um cabra mal encarado, sem aparência de soldado, com uma mão de pilão que uma pessoa havia trazido para venda no mercado. Manoel Vieira disse que o estabelecimento estava garantido, mas o cabra respondeu que” eu não sei o está garantido e senhor escreva na  porta  onde começa o estabelecimento” Ele marcou o dele e mais estabelecimentos pequenos vizinhos, que eram do sacristão José Pereira José Joaquim da Silva. O cabra disse que “este é que bom prá nós que é grande”. Depois atacaram outro estabelecimento, mas Manoel Vieira disse que era de um irmão dele,e o revoltoso suspendeu, mas virando-se de imediato para  outro estabelecimento, que tinha uma inscrição “Magalhães & Queiroz”, o revoltoso disse não, este tem o nome Queiroz e esse cidadão foi nos atacar e, de imediato, botaram as portas dentro. De todo o comércio da cidade só ficaram 4 estabelecimentos em paz. Vi  o estabelecimento de Elinas Dias da Cunha sendo derrubado e os  revoltosos abrindo sacos de arroz e latas de confeitos e de bolachas,  despejando nas calçadas para os animais comerem. A maioria da população da cidade ficou dentro de casas com portas fechadas, presenciando pelas frestas das portas, como a família de Pedro Pinheiro”.
1 – O Presidente da Província do RN era José Augusto Bezerra de Medeiros.

Luiz Gonzaga Cortez *