PALMIRA
WANDERLEY
Jurandyr Navarro
Do Conselho Estadual de Cultura
Habitou em Natal do nascimento à morte - 06/08/1894 a 19/11/1978, uma moça
loira, olhos verdes, de alegria contagiante, descontraída e inteligente. Pertenceu a
um ramo familiar de senhoril nobreza cultural.
Em plena adolescência uma fada cingiu-lhe a fronte rosada com uma grinalda de flores - a coroa
da Poesia, por ela ostentada a vida inteira.
O seu verso mereceu elogio entusiasta do
"Príncipe dos Poetas Brasileiros" - Olavo Bilac.
E Tristão de Atayde
reconheceu nela:
"O maior poeta feminino do Nordeste".
O seu livro, “Roseira Brava”,
editado no Recife, em 1929, recebeu o "Prêmio de Poesia" da Academia
Brasileira de Letras.
Foi a sua consagração literária.
Projetou-se, também, na imprensa, sendo a primeira jornalista do Estado, colaborando em jornais de Natal - "A República"; 'Tribuna do Norte"; "Diário de Natal (da Diocese); "Diário de Natal"; Rio de
Janeiro: "A Imprensa", "A República"; "A União";
em São Paulo, nas Revistas "Feminina" e "Moderna"; na Bahia:
Revista "Paladina do Lar"e em Fortaleza na
Revista "Estrela".
Das poetisas da terra que lhe deu berço é a sua Prosa a mais abundante
e eloquente, na expressão, de nossa literatura. O seu escrito datado de
1925, intitulado, "De Joelhos", sobre ser um
verdadeiro poema em prosa.
A sua poética
foi outrossim elogiada por Câmara Cascudo, Olegário Mariano e Múcio Leão.
Dedicou-se, também a outro cenário cultural - o Teatro. Para
ele produziu peças e operetas.
Foi, Palmyra Wanderley, na sua época, considerada uma espécie de "poetisa oficial" de Natal. (Duarte e
Cunha - 2001).
Autora de peças teatrais, conferências,
era declamadora em festas fechadas, aniversários e
em solenidades públicas.
A sua
primeira obra, intitulou-a – “Esmeraldas”.
Inéditos
deixou: “Neblina na Vidraça”
(versos); “Minha Canção
Auriverde” (versos); “Panorama
Histórico”
(prosa e verso); “O Sonho da Menina sem
Sonho” (teatro); “Vidro de muitas
Cores” (crônicas); “Rosa Mística”
(versos); “Contos e Lendas de Tia Nenen”;
Discursos e Conferências”;
“Madame Laiseus”; “A Dama do Século”
(conferência);
“Sutilezas Femininas”. (Duarte,
Cunha -2001).
Palmyra Wanderley foi Sócia fundadora da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras,
por convite pessoal de Luís da Câmara Cascudo, o seu idealizador.
Os dotes intelectuais, não eram somente eles, as qualidades eleitas da sua personalidade altiva. A alma sensível ao encanto da Arte, fora atraída,
desde a infância, pela chama
da Fé;
iluminadora chama da sua inspiração poética. E católica fervorosa, que foi, uma vida inteira, espargia afetos, cordialidade e entusiasmo,
sendo afável e dotada de altruísmo, dando conselhos de esperança, a bela virtude teologal.
Teve ela uma existência cheia de simplicidade, ornamento maior do seu
espírito
cristão.
O seu encanto, como pessoa humana, tornou-a
querida e conceituada em nossa sociedade.
Tendo sido considerada das mais cultas do Brasil, em seu tempo, a
poetisa, Palmyra Wanderley França, afirmou-se como uma das proeminentes mulheres
intelectuais do Rio Grande do Norte.
Em 1944, com o falecimento, aos 39 anos de idade, do nosso santo e
sábio, devotou-lhe o soneto abaixo:
“NO CAMPO SANTO
À
memória
de Padre Monte
Aqui
repousa o sacerdote angélico
De consciência pura e
alma serena...
Aqui sossega
o sábio no evangélico,
Tão grande em
sepultura tão
pequena
Aqui
descansa o padre humilde, o célico,
O manso e
bom. Pastor de doce avena...
Aflorava em
seu riso triste e mélico,
A indiferença à sedução terrena.
Da vida
amarga espinhos dissipava,
Jardineiro
das almas procurava
De perfumes
celestes embebê-las...
Mãe desolada,
enxuga o pranto aflito
Que o teu
filho, nas dobras do Infinito,
Foi celebrar
a missa das estrelas.”