CARVALHO
SANTOS
Jurandyr Navarro
Do Conselho Estadual de Cultura
Foi um dos juristas mais notáveis da Potiguarânia.
Escreveu verdadeiros tratados
da ciência do Direito. Segundo
renomados juristas, João Manuel de Carvalho Santos produziu obras portentosas
que em nada ficam devendo às elaboradas pelo gênio de Clóvis Beviláqua.
Apresentou-se, Carvalho Santos, aos olhos dos estudiosos também como
exegeta e
dicionarista, tal a sua capacidade de exprimir-se, didaticamente, em suas
produções intelectuais.
O seu
magnífico tratado intitulado
Repertório Enciclopédico do Direito Brasileiro, composto de mais de 40 volumes, sobre ser uma obra magnífica para ser
manuseada. É livro de consulta obrigatória para todo advogado, promotor
e magistrado, mormente para os recém diplomados.
Outro
trabalho merecedor de aplausos é o seu Código Civil Interpretado, que se estende em mais de duas
dezenas de volumes.
Complementando
labor tão
importante de uma vida cheia de preocupação pelo ensinamento ministrado, elaborou o Código de Direito Civil
Interpretado.
São obras importantes da nossa literatura jurídica que honram a memória
do seu consagrado autor. E que orgulha todos aqueles que militam em seara tão
opulenta desses
conhecimentos.
O seu monumental Repertório Enciclopédico foi o primeiro trabalho
especializado, no género, produzido em língua portuguesa, dito pelo próprio autor, em
seu preâmbulo, em 1947.
Além de ter produzido esses alentados tomos jurídicos, João Manuel de
Carvalho Santos
exerceu a Advocacia e atuou no Ministério Público.
Tem
sido considerado, a unanimidade, pela família judiciária do Rio Grande do Norte como um dos
melhores juristas da gleba potiguara, em todos os tempos.
Alguns
afirmam ter nascido em Natal, como o mestre João Medeiros Filho, em seu livro "Contribuição à História Intelectual do Rio Grande do
Norte", e outros, dizem ter sido o seu berço a cidade de
Ceará-Mirim, deste Estado, no mês de julho de 1893.
Além dos seus sérios afazeres
com o estudo do Direito, Carvalho Santos fazia higiene mental, ministrando
aulas e proferindo conferências que, segundo a tradição oral, eram simplesmente
notáveis, pela forma de expressão - cartesianas; aplicada na feitura dos códigos. Com isso, parecia ter lido e
estudado o "Ecclesiaste", de Erasmo de Roterdam, que ensinava
a arte de pregar.
A memória de Carvalho Santos deve
ser resgatada por ter se constituído numa das mais influentes da nossa Cultura
jurídica.
Ecreveu
o famoso “REPERTÓRIO
ENCICLOPÉDICO DO DIREITO”, e que na introdução assim se expressou:
“Ao leitor,
Não alimento a veleidade de apresentar aos leitores
uma Enciclopédia Jurídica.
O plano que esbocei para a obra, cuja publicação, com este volume, se inicia é bem mais modesto.
Limita-se a um Repertório do Direito Brasileiro, estudando assunto por
assunto, em ordem alfabética, em face da lei, da doutrina e da jurisprudência.
Eis tudo.
Nada de pretensões desmedidas. Tão pouco projetos impossíveis de vingar
em nosso meio. Nem a preocupação de
escrever tratado de farta erudição, apenas encarando abstratas
investigações especulativas e teóricas.
De tão repetida, tem-se geralmente como
ridícula a afirmativa do autor de qualquer obra, de que visou, ao escrevê-la, preencher uma lacuna.
Apesar disso, não hesitarei em arriscá-la aqui, porque, de fato existe,
evidente e notória, certo como é não haver,
em língua portuguesa, nada no gênero, reunindo em uma só obra de conjunto, a um tempo teórica e
prática, as várias matérias esparsas que integram a ciência do direito.
Sendo um
Repertório,
naturalmente destina-se a ser um instrumento útil de pesquisas e estudos. Para
alcançar essa finalidade colimada, abordará as principais questões relacionadas com o assunto em foco, expondo a teoria
geral de cada matéria, o resume das controvérsias, a exposição sucinta dos
vários sistemas doutrinários e a indicação e crítica da jurisprudência de
nossos tribunais.
Mas, não seria útil o repertório se não obedecesse a um plano essencialmente prático. Só assim poderá servir ao consulente,
geralmente apressado por não ter tempo a
perder, habilitando-o a resolver as dúvidas que lhe preocupam quando, no
exercício de sua profissão, as tiver de encarar.
Trabalhos
dessa natureza, afirmou Labori, devem ser completos, precisos e exatos, ao mesmo tempo que fáceis de consultar.
Esse
precisamente o objetivo por mim visado, ao delinear o plano deste Repertório. Fácil de consultar ele será. Posso assegurar.
Que seja completo, preciso e exato dirá o leitor, quando de seus préstimos precisar de valer-se. Tanto quanto
possível, também poderei
garantir, tudo farei para que, com tão apreciáveis e essenciais predicados, ele se apresente.
Uma obra
deste vulto e de tanta complexidade não pode ser feita senão em colaboração. Por isso recorri à sabedoria e,
invocarei, quantas vezes se fizer necessária, a ajuda de eminentes colegas.
Assim, para a relativa perfeição da obra, conto com a colaboração de insignes
juristas, cada qual escrevendo sobre assunto de sua especialidade.
Neste primeiro volume essa colaboração ainda é diminuta, embora de
alto valor.
Justifica-se, porém, o fato: pela dificuldade ou mesmo impossibilidade de
poderem os colaboradores manter a desejada
harmonia em seus trabalhos, sem que conhecessem como o plano esboçado
teria sido executado pelos autores, aos quais foram confiados os primeiros
verbetes.”