Siminéa e Tavelho
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Até pouco tempo não tinha, nos
meus arquivos, qualquer registro sobre membros da família Siminéa. Isso para
mim era estranho, pois eles eram oriundos de Angicos. A professora Crisan Siminéa,
nascida lá, era a mais próxima de meu pai, por ser colega dos Correios e
Telégrafos. Vi muitas vezes, na minha infância, a viúva, D. Maria do Carmo, mãe
de Crisan, caminhando pelas ruas de Natal.
Depois conheci, no Sebo Vermelho,
José Helmut Cândido, que se dizia parente do capitão José da Penha. Abimael me
apresentou Idelzuite, irmã de Helmut, e foi através dela que recebi informações
sobre alguns ascendentes deles, aparecendo aí, também, um Siminéa. Segundo
essas informações, Helmut era filho de José Cândido de Sousa e Maria Leopoldina
de Sousa (nascida em Santana do Matos,
em 2 de julho de 1901). Neto por parte paterna de Francisco das Chagas Siminéa
e Josefa Veneranda Alves de Sousa e materna de Manoel Aniceto Lopes e Ana
Leopoldina Lopes.
A partir daí, fui fazer novas
buscas nos arquivos que fotografei, onde primeiramente encontrei, em um livro
de proclamas de Angicos, o que se segue: Quer casar o cidadão Francisco Pedro
das Chagas Siminéa, solteiro, filho legítimo de Manoel Alexandre dos Santos
Tavelho e de Antonia Francisca Pereira da Conceição, com 32 anos de idade, com
D. Josefa Veneranda Alves de Souza, solteira, filha legítima de José Alexandre
Alves de Sousa e D. Cândida Leopoldina de Souza, com 25 anos de idade, os
contraentes são naturais e moradores nesta Freguesia de São José de Angicos. Aqueles
que souberem algum dos impedimentos de que trata o artigo 7 do decreto nº 181
de 24 de janeiro de 1890, que possa anular este casamento, poderão exibi-lo
neste cartório devidamente provado, e sob as penas da lei, os com malícia não o impeçam. Cartório do
Escrivão de Paz em audiência nesta Vila de Angicos, 7 de junho de 1892.
Alexandre Vespaziano de Souza Pinheiro.
Esses dois nomes raros, Siminéa e
Tavelho, não encontrei fora dessas famílias, nem, também, como santos ou
localidades. Minha hipótese é de que seriam oriundos de apelidos. Na internet,
um nome que é sugerido, quando colocamos a palavra Siminéa, é Chimenea (ou
Chiminea), que é traduzido como lareira, chaminé, ou lugar de fogo. Como os
membros dessa família são ruivos, é possível que Siminéa seja uma variação desse
nome espanhol, que gerou esse apelido.
Com a notícia sobre os pais de
Francisco Pedro, fiz nova varredura, pois o nome Tavelho não tinha encontrado
até então. Finalmente, acho o casamento deles. Eram Lopes Viegas e Pereira
Pinto.
Aos dez dias do mês de junho de
mil oitocentos e cinquenta e sete, às oito horas da manhã, nesta Vila de
Angicos, em Oratório Particular, tendo precedido dispensa de sanguinidade, e
das canônicas denunciações, confissão, e exame de doutrina cristã, em minha
presença e das testemunhas João Felippe Teixeira de Souza, e José Vitaliano
Teixeira de Souza, casados, e moradores nesta Freguesia, se uniram em matrimônio,
por palavras de presente, e tiveram as bênçãos nupciais, os meus fregueses
Manoel Alexandre dos Santos Tavelho, e Antonia Maria da Conceição, naturais e
moradores nesta Freguesia, filhos legítimos: ele, de Alexandre Lopes Viegas de
Azevedo, e Constância Maria do Espírito Santo; e ela de Gonçalo Pereira Pinto,
e Maria Angélica da Conceição, falecida. Do que para constar faço este termo em
que assino com as referidas testemunhas. Vigário Felis Alves de Souza.
Os nomes de Manoel Alexandre e de
sua esposa Antonia Francisca sofreram alterações em alguns registros. Em dois
outros registros de filhos, por exemplo, o nome do pai de Francisco Pedro das
Chagas Siminéa era Manoel Alexandre de Azevedo Sousa.
Alexandre Lopes Viegas de Azevedo,
pai de Manoel Alexandre, era filho de Antonio Lopes Viegas e Francisca Pereira
da Conceição e neto, por parte paterna, do tenente Antonio Lopes Viegas,
fundador de Angicos, e de Anna Barbosa da Costa. Foi ele, em 1862, quem fez
doação de uma sorte de terra ao “Glorioso Patriarca São José”, orago de Angicos.
Alexandre casou, em 1824, com sua prima, Constância Maria do Nascimento, filha
legítima de Antonio Martins dos Santos e Felippa Maria Duarte, esta última
filha do tenente fundador.
O pai de Crisan, Francisco Siminéa
Filho, era irmão de José Cândido de Sousa, pai de Helmut, ambos filhos de
Francisco Pedro das Chagas Siminéa.
A primeira esposa de José
Alexandre Alves de Sousa, Maria Leopoldina Josefa Carolina, era falecida em
1864. Josefa Veneranda nasceu por volta de 1867, e, portanto, era filha do
segundo casamento dele, que foi com Cândida Leopoldina. Assim, Francisco
Siminéa e José Cândido eram primos legítimos do capitão José da Penha.
José Cândido e Maria Leopoldina |