ENOCK DE AMORIM GARCIA
Valério Mesquita*
Recordo hoje, a figura inesquecível
de um mipibuense nascido em 1906 e falecido em 1999, de alma macaibense.
Advogado criminalista formado pela Universidade de Pernambuco exerceu em três
gestões, fato incomum aliás, a Secretaria de Agricultura do Estado nos governos
de Rafael Fernandes, Ubaldo Bezerra e José Augusto Varela. Foi casado com minha
prima legitima Nadir de Mesquita Meira, filha de João Meira Lima (ex-intendente
do município de Macaíba) e Amélia Názia de Mesquita, irmã do meu pai. A
honradez e a competência de Enock Garcia fizeram-no ainda ocupar outros cargos
diretivos tais como: delegado auxiliar dos interventores: Antônio Fernandes
Dantas, Orestes da Rocha Lima e de Rafael Fernandes Gurjão, tendo como
interventor substituto desse último combatido os comunistas ao lado de Dinarte
Mariz na Serra do Doutor. Posteriormente foi juiz eleitoral em Natal e fundador
da 1º Exposição de Gado do Estado quando o parque dos eventos agropecuários
ainda era no Baldo.
Homem ameno no trato,
de coragem pessoal, Enock, além de agropecuarista foi eleito deputado federal
pela UDN em 1950. Desde jovem, revelou o
seu talento, a sua capacidade, assumindo a função de mensageiro dos Correios e Telégrafos
de Natal, aos 12 anos de idade. Em 1931, chegou a radiotelegrafista em Recife,
onde lá se formou em Direito, em 1932. Manifestava por Macaíba uma afeição de
filho, aqui residindo durante muito tempo à rua Heráclito Vilar, no famoso e tão
popular “sítio do Dr. Enock”. Lá, ao lado dos seus filhos Roosevelt, Wallace,
Franklin e Enoquinho vivi vários momentos de minha infância.
O grande legado deixado
pelo exemplar causídico, escritor, poeta, trovador, promotor público, foi a
Escola Experimental Agrícola de Jundiaí, tendo sido o seu fundador e primeiro diretor.
Esse impulso vivificador de Enock já formou ao longo do tempo, inúmeras
gerações que constroem, hoje, o desenvolvimento econômico do Rio Grande do
Norte. A sua visão de educador e administrador foi extraordinária. Mantive com
ele, por diversas vezes, conversas na casa de meus pais, no seu sitio e
posteriormente em Natal, em sua residência.
Afetivo com os filhos, foi um pai de família exemplar, um homem inesquecível.
Macaíba ainda não lhe tributou uma homenagem condigna pelo que realizou em
benefício da terra. A Câmara Municipal, por exemplo, ao longo do tempo,
esqueceu de lhe outorgar o título meritório de cidadão macaibense. O seu filho
Franklin, reunirá seus escritos, depoimentos, poesias, para enfeixá-los num
livro que deve merecer o apoio dos órgãos oficiais pois Enock dedicou a sua
vida a causa pública. Terá o meu irrestrito apoio.
(*)
Escritor.
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