LIÇÕES DE HUMILDADE
Valério Mesquita*
Alguns que se professam príncipes do modismo hodierno
consideram as igrejas cristãs empíricas e falidas. Hoje, os maus costumes foram
redefinidos como “direitos da minoria”. No mundo erotizado pelo verniz da
modernidade acreditam e defendem que ser inteligente ou intelectual significa
subverter os valores morais e religiosos. Desconhecem que essa questão é tão
antiga quanto o planeta. Trata-se da história da degeneração da raça humana
desde quando ela perdeu para o pecado, pela desobediência, a Deus. Partindo-se
da premissa de que Deus é o princípio de tudo, criador do céu e da terra, ser
Aquele por quem clamamos na hora da dor – por que, atualmente, os que se dizem
cristãos estimulam e promovem a dissolução dos valores fundamentais da família
a favor do casamento homossexual?
Trata-se de uma modernidade de segunda mão, que remonta aos
tempos de Sodoma e Gomorra. É preciso que a geração cética ou agnóstica que
defende essas coisas aceite uma reconciliação com a inteligência. Nem Stalin,
Hitler, Mão Tsé-Tung ou os fundamentalistas, ao longo da história da
civilização, conseguiram destruir os ensinamentos da Bíblia. Não advogo a
postura de censurar ou perseguir a prostituição, a impureza, a lascívia, a
heresia, o homossexualismo, o lesbianismo etc., nas suas diferentes
perfórmances, tanto públicas quanto privadas. Filio-me aos que utilizam para
esses temas os remédios espirituais da caridade, da temperança, da assistência,
do diálogo, da benignidade, da longanimidade e, principalmente, da fé. Tudo
está em Gálatas 5.22, 24 e 25.
A doutrina de Jesus Cristo sempre condenou as obras da
carne. Os desvios de conduta profissional, política, educacional, religiosa,
etc. – tais como as do sexo – podem e devem ser tratados à luz do Evangelho e
da ciência humana, porque não há outro caminho.
Todavia, quando o Poder Público e segmentos importantes da
sociedade divulgam e estipendiam as nuances e formas da pederastia, há de se
convir, que não são um exemplo a ser seguido pela infância e juventude, já tão
assoladas pelo perigo da droga e da pornografia. Na crônica escandalosa dos
césares de Roma e de outras nações do mundo antigo, ninguém que cultivou e
explorou a depravação dos costumes ou a profanação do corpo, teve fama
duradoura ou reconhecimento uníssono da história. Foram tiranos, loucos e
assassinos. Os erros, a leniência, as cisões, as carências e os cochilos do
cristianismo durante o processo de mais de dois mil anos são atribuídos à
própria falibilidade humana. Nem todos os seus protagonistas nos cargos
diretivos da mensagem eram dotados do Espírito Santo. Muitas vezes o Maligno
sobrepuja e domina o fraco. Fraco de fé, de caráter, de formação ou de auto-afirmação.
E até de cultura.
Aceitar o casamento de pessoas do mesmo sexo é inadmissível.
Significa a destruição da família, que está consagrada na Constituição, nos
códigos de Direito e em toda legislação pertinente. É crime contra a humanidade
e a natureza. É violação à Bíblia e aos bons costumes. Por outro lado, atirar
pedra nos que fizeram opção sexual diferenciada dos padrões éticos não
representa o caminho ideal a seguir. A humildade do cristianismo e dos entes
públicos em reconhecerem as falhas é o primeiro teste de paciência. Caem o
homem e a mulher porque a sociedade, como um todo, não os ampara
convenientemente. E, por isso, agora, algo tem que ser feito. Evoluir não
significa atropelar postulados e conquistas eternas. A queda moral que o
capitalismo moderno impõe à humanidade é ultrajante e desastrosa pela excessiva
abertura às aberrações sexuais transformadas em caldo cultural pela mídia em
todo o mundo. Tanto os católicos quanto os evangélicos sabem que a carne é
podre e só o espírito vivifica.
Está na hora de todos meditarem sobre isso e se lavarem no
tanque de Siloé. Que a semana santa seja uma oportunidade de reflexões sobre o Salmo
11.3: “Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?”.
(*) Escritor.
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