21/07/2017

NO DIA 21.07.2017


PÁGINA  PARA  MEDITAÇÃO  


As almas quando se amam
Nem a morte as intimida,
Regressam a berço novo
E encontram-se noutra vida.

(Antonio de Castro/Chico Xavier)

Obsessão de quem ama
Ninguém consegue entendê-la,
Parece vaso de lama
Encarcerando uma estrela.

(Auta de Souza/Chico Xavier)

Conservar dedicações?
Todos estamos no mundo...
O poço cede água limpa
A quem não lhe agite o fundo.

(Chiquito de Moraes/Chico Xavier)

***

PAZ!

INÁCIO MAGALHÃES DE SENA




NOTÍCIA QUE SURPREENDEU SEUS AMIGOS - INÁCIO, O NOSSO QUERIDO "BISCO DE TAIPU" FOI HOSPITALIZADO NO HOSPITAL DO CORAÇÃO COM COMPLICAÇÕES CARDÍACAS.
ESTIVEMOS COM INÁCIO NA SEGUNDA FEIRA PASSADA E FIZEMOS ALGUMAS CENAS DE FILMAGEM, COM ASSUNTOS COMPLETAMENTE ALEATÓRIOS. DOIS DIAS DEPOIS ELE SOFREU UM AVC QUANDO ESTAVA NO BANCO SANTANDER. LEVADO ÀS PRESSAS GRAÇAS À ATENÇÃO DOS AMIGOS, PARTICULARMENTE, DE VICENTE SEREJO  E ABIMAEL SILVA, FOI IMEDIATAMENTE INTERNADO E ESTÁ SENDO MEDICADO.
AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS NÃO SÃO BOAS - ELE TEM COMPROMETIMENTO RENAL E ESTÁ COM INFECÇÃO URINÁRIA.
TODOS TORCEMOS PELA SUA RECUPERAÇÃO, POIS INÁCIO É UMA FIGURA RARA NA VIDA INTELECTUAL POTIGUAR.
HOMEM SIMPLES, SOLIDÁRIO E DE GRANDE CULTURA.
REZEMOS TODOS PELA SUA RECUPERAÇÃO.
RECENTEMENTE VEM SENDO PROJETADO PELA MÍDIA CINEMATOGRÁFICA E SUAS ENTREVISTAS ESTÃO SENDO DIVULGADAS PELO YOU TUBE.
INÁCIO É SÓCIO HONORÁRIO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE, CIDADÃO NATALENSE E FIGURA OBRIGATÓRIA EM TODOS OS ENCONTROS LITERÁRIOS.
FORÇA!!!!!




GRANDE PERDA







21/07/17  PAULO BEZERRA (1933-2017)
É com imenso pesar que o IHGRN comunica o falecimento do sócio, o médico e escritor Paulo Bezerra, uma perda para a cultura do Rio Grande do Norte. Autor das “Cartas do sertão do Seridó”, o doutor Paulo, médico radiologista, fundador do Instituto de Radiologia de Natal, era parte integrante de uma geração de médicos e humanistas. Fazendeiro, proprietário da secular Fazenda Pinturas, da qual muito se orgulhava, guardava um vasto acervo museológico das coisas do seu sertão. Também conhecido por Paulo Balá e Paulo de Balá, como muitas vezes assinava, era um bravo cultuador e promotor das tradições sertanejas do Seridó. Natural de Acari, deixa-nos o exemplo honrado do valor que o homem deve conceder à sua terra e à sua gente. Seu exemplo é perene como as cercas de pedra do seu sertão.
Diretoria do IHGRN



Ass.Gustavo Sobral

20/07/2017



RELEMBRANDO BOB MOTTA

Valério Mesquita*

Morreu Bob Mota, o poeta do povo. Foi autor consagrado que dispensa ladainhas. Publicou mais de quinze cordéis e manteve coluna semanal “Cantinho do Zé Povo” em jornais de Natal e de outros municípios. O irrequieto Roberto Coutinho da Motta foi acolhido no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte como notável pesquisador das raízes da nossa cultura popular e por tanto brasileira, pela demonstração da exuberância da fala do povo, da sua capacidade de fabular que nasce da mitologia do cotidiano.
Seu livro “Preservando o Matutês” teve uma segunda edição devido ao sucesso alcançado pelo primeiro volume que o tornou mais conhecido e respeitado nos meios culturais e de comunicação. Inclusive, participou das duas últimas edições do FESERP – Festival Sertanejo da Poesia – Prêmio Augusto dos Anjos, em Aparecida, Paraíba, classificando-se com os poemas matutos: “A Queima de Espinho” e “Meu Chapéu de Couro”, em oitavo e sexto lugar, entre 195 e 208 participantes respectivamente. Ganhou o título de cidadão da Câmara Municipal de Boa Vista/PB.
Mais ainda, com honra para o Rio Grande do Norte, ele integrou a equipe do humorista Tom Cavalcante, como redator free lancer, de 1999 a 2000, colaborando com piadas, causos, poemas matutos e paródias de sua autoria.
O segundo volume é enriquecido com mais oito cordéis sobre fatos ocorridos no dia a dia do Brasil e do mundo, como fiel observador do panorama visto de cima da ponte Newton Navarro. Vale dizer, que o autor resgatou com lucidez e seriedade um patrimônio espantosamente rico de nossas raízes prestes a ser esquecido. Os verbetes acrescidos e anotados com riqueza de detalhes, fixam para sempre o autor como um estudiosos inigualável da linguagem popular pura e genuína, como as águas inaugurais dos velhos tempos do nordeste brasileiro. Os olhos do autor, ao longo de sua vida estiveram sempre fixos na direção do relâmpago do sertão do Cariri resistindo, pesquisando e defendendo a poética maneira de ser da gente, confirmando a perene identidade de suas raízes.
Ninguém, mais que o nosso Bob, merece o título de HERÓI DO SERTÃO, não por andar na caatinga feito justiceiro armado, mas por haver recolhido, junto ao povo, um linguajar – o “matutês – resultante de contingências históricas, sociais, econômicas e, principalmente, culturais”.
Bob Motta conduziu a sua obra como fruto de uma pesquisa enriquecida pela verve e bom humor tanto potiguar quanto do Cariri paraibano, tal e qual um ato de amor e de coragem.
Amor às raízes de sua região, o Nordeste, à fala arguta da gente simples do sertão, à riqueza vocabular de homens humildes que muitas vezes, sem saber, utilizam expressões verbais extraídas do português camoniano do século XVI.
Teve a coragem de registrar – quando a atenção do grande público é conduzida para a problemática urbana ou cosmopolita – a presença atuante e preponderante de uma realidade rural que se impunha pela riqueza do imaginoso e poético.
Em todas as suas obras, é constante a imagem do sertão e dos sertanejos, das figuras tradicionais, folclóricas, e acima de tudo, pela exuberância fala do povo, da sua capacidade de fabular.
O poeta viveu de 1958 a 1981, ao lado de seu pai, o saudoso empresário João Francisco da Motta, “Seu Motta”, no sertão do Cariri paraibano. Em 1981, com o seu falecimento, Bob ainda ficou por lá até 1991. Sua sensibilidade, sua capacidade de glosar e “gozar” são alimentadas pela seiva inesgotável de humor nordestino que parece fundamentar-se na aspereza e na ternura da geografia, das plantas, das macambiras, dos xiques-xiques e das amorosas. E pontualmente do verde escuro das serras que se tornam azuis na neblina do amanhecer e se avermelham no incêndio do crepúsculo.
Nesse cenário o autor edificou sua existência e sua literatura. Sempre, em seu ouvido secreto cantará a voz do matuto narrando  “causos” no alpendre, diante da noite imensa, ritmado pela sanfona do forró de pé de serra. Não faltarão as imprecações jocosas durante o jogo de sueca, as sonoras flatulências sertanejas sublinhando as sentenças seculares.
Bob Motta, herói de letras, sílabas, palavras, com talento, deixou um legado, um acervo robusto de linguagem popular, como sua perene identidade com a gente nordestina.

(*) Escritor.

17/07/2017

AMANHÃ - DIA 18



15/07/2017


PERDEMOS O CANTO E O ENCANTO

Valério Mesquita*

Claro que me refiro à campanha política eleitoral nas ruas, nas praças, nos dias e noites, nas estações de rádio e televisão. Se comparada às dos anos sessenta, setenta, e colocadas na vitrine a performance, a beleza plástica, humana, visual e emocional – a de hoje não vai valer sequer 1,99. A oratória fluente, candente e sedutora de ontem que enfeitiçava o povo, dividido nas cores e gestos dos seus líderes, apontava caminhos e ideais que não retornam mais. Enquanto a de agora forma uma grossa cascata de interesses, os líderes daquele tempo sabiam atravessar as noites escuras como se soubessem mais do que o próprio peso, o peso das sombras, a cor do vento e o segredo das estações da política. Aluízio, Dinarte, Georgino, Lamartine, José Augusto, catalisavam e irradiavam energias criadoras, como Djalma Marinho, Dix-Huit Rosado e Cortez Pereira ofertavam cultura e saber humanístico.
Se alguém redarguir que o melhor político é o político morto, respondo que não. Vale, atualmente, aquele que sabe humanizar o horror do mundo. Silenciar a memória de um líder ou o seu tempo é a maior revelação de nossa omissão e covardia. Aluízio Alves, por exemplo, com suas músicas, passeatas, carreatas, sabia decifrar os signos da política. Traçava as marcas do seu talento vasto no mesmo tom de sua ira, modelando aí a sua imagem pessoal, naquele mundo de temperaturas e temperamentos em que viveu – de pressões e tensões, tal e qual um meteoro lírico da natureza humana, impossível de ser reinventado. Já Dinarte Mariz foi fiel à palavra dada e à humanidade tida. Em sua vida viveu as descobertas sucessivas dos homens e das coisas do Rio Grande do Norte. Os dois líderes acharam a palavra que, dita nas ruas, nas estradas e nos campos, envolvia a unidade do gênero humano.
Hoje não. Reina a dispersão. A alma não é vasta e a obra é imperfeita, parafraseando Fernando Pessoa. Teríamos perdido os caminhos e os sonhos? São raríssimos os sobreviventes do carisma, do glamour, do charme, das passadas tradições da arte política potiguar, emocional e lírica. Mas, concordo com a assertiva de que a legislação eleitoral pôs freios e desligou a alta voltagem da vibração popular e os curtos-circuitos da classe política, caídos na vala comum da improvisação, da futilidade e da lei de Gérson. Participei, desde 1960, de muitas lutas políticas sem nunca haver perdido na memória e nos olhos o brilho das multidões em delírio, sem medo de atravessar as ruas. Acabou-se, - pode o leitor averiguar - pois é difícil se achar hoje a íntima e apaixonada identificação entre o eleitor e o candidato. Morreu aquela parceria de relação íntima e confiável que preside a sensibilidade de cada um.
Eu digo isso porque é o que fica e se transfunde na condição humana de optar, escolher e votar no candidato. O político parece haver largado o sotaque do povo e dos seus costumes, que o “feiticeiro” Aluízio sabia fazer com humor e ironia. Embora entenda que o político às vezes é como o fogo (“se renova das cinzas”). Vemos hoje na propaganda novos vultos e ambientes difusos, mas também a sociedade viúva ainda de líderes verdadeiros. As lideranças viraram sublegendas. Parece haverem desaprendido o caminho das pedras e das veredas dos votos. A minha esperança é a de que os agentes partidários da atualidade possam reinventar o fluxo virtual da sua atividade sem a politiquice militante, inspirando-se na autenticidade de espírito dos velhos líderes, com grandeza interior. Porque eles foram dotados de poderes mágicos, a ponto de terem no semblante e nos gestos o sentido e o rumor do humano, da paisagem e do tempo. Sem nostalgia, ouço ainda as canções eternas e chego à conclusão, apesar de tudo, que todos eram felizes e não sabiam. E viva Lulu Santos: “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia...”.


(*) Escritor

11/07/2017

GUSTAVO SOBRAL

Diário de notícias