31/10/2018


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A verdadeira identidade
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A vida toda que poderia ter sido e não foi", Fernando Pessoa. O dia em que descobri a minha verdadeira identidade.

O dia em que descobri a minha verdadeira identidade 

Tudo pode se perdido. Inclusive, a identidade. Erros acontecem. É. Agora acredito. Todo instante é decisivo. Era o que pensava, enquanto o funcionário remexia caixas arquivos e pastas, e dentro das pastas mais pastas e, nas pastas, os papéis que sobreviviam ao calor da sala, em mal estado, é que a funcionária na tarde anterior me informara: seu documento está duplicado, você precisará ir ao arquivo para saber quem está com a sua identidade.

Então a história começa um homem duplicado. Fui em menos de 24h da situação de duplicado para um homem sem identidade. Imagine que foi toda uma vida utilizando uma identidade que não era sua, imagine todo os mil cadastros que fazemos pela vida, todas as vezes que solicitaram a sua identidade e você sem saber, era uma farsa, era duplicado, um homem sem identidade.

Mas não era isso que passava pela minha cabeça, e sim tudo tinha que alterar: tudo no mundo que precisasse do número da identidade. E o que fazer?, pergunto ao funcionário quando ele de fato acha nas listas carcomidas que meu número é agora final 73. Por hora, veio até o alívio, bom saber que a partir de hoje não serei duplicado, e de fato terei a minha identidade verdadeira. Deixei de ser falso.

Imagino o quão frequente possa ser este tipo de situação. Já que para tudo há um protocolo, e está não era a primeira vez no mundo. Será que existe algum grupo de apoio a pessoas sem identidade? Ou melhor, quais seriam as estatísticas destas casos? Que orientações uma pessoa nesta situação deveria receber para corrigir outros documentos, cadastros, registros.

Não se trata simplesmente de receber um novo documento e correto, e recebi, novinho em folha, assim como as tantas pessoas que lotam as cadeiras rasgadas e quebradas da sala de espera, enquanto os funcionários, ágeis, dedicados e providentes chamam pelo nome,  imprimem, conferem, cortam e plastificam o papel. Afinal, é um pedaço de papel.

Será que pesquisando no Google encontro o passo a passo, tipo: cinco coisas que você deve fazer se sua identidade estava errada. Mais uma vez me chamam, agora vou receber uma declaração que diz que o número que estava errado agora está certo e eu vou ter mais um papel para guardar, cadastros e documentos para alterar. Só espero que as pessoas me reconheçam por aí, eu agora tenho uma nova identidade.


Para ler esse e outros escritos acesse www.gustavosobral.com.br

30/10/2018



Viajando com a amiga (V)
Na nossa conversa da semana passada, aqui, eu disse que conhecia duas formas de aproveitarmos as andanças de Agatha Christie (1890-1976) mundo afora. Minha amiga, como sabemos, fez muitas viagens, na vida e em literatura.
Uma dessas formas, que taxei de mais tradicional e sobre a qual já tratei, é simplesmente fazer um turismo literário baseado na obra ou na vida da Rainha do Crime.
A outra é mais poética e considero até uma invenção minha, num tempo em que, estudante de PhD numa fria Londres, alternava dias muitos felizes com uma vontade imensa de voltar a Natal e rever meus entes queridos nas esquinas da minha infância.
Foi com essa mistura de sentimentos que descobri uma forma de ter como fundamental – imperiosa, posso dizer – aquela minha estada em Londres. E não era a necessidade de assistir às aulas e aos seminários no King’s College London – KCL, onde fazia meu doutorado. Na verdade, descobri que, somente por me achar no Reino Unido, eu teria a oportunidade de ler os muitos romances da minha amiga Agatha Christie, que tanto me encantaram na adolescência, estando, no momento da leitura mesmo, nos locais onde se passam as suas estórias, saboreando, em tempo real e deveras encantado, a atmosfera dos lugares descritos por minha amiga.
Recordo-me de haver descoberto isso em Russell Square, mesmo no coração do bairro universitário (e alegadamente intelectual) de Bloomsbury. A vizinhança estava sendo citada em um dos romances de Agatha Christie, que ali eu lia numa tarde de verão. Curiosamente, já não me lembro qual deles. Mas é uma recordação que sempre me volta, gostosa, quando penso em Christie e em Londres. Não sei precisar a razão disso. Talvez seja porque morei muitíssimo perto dali, numa residência estudantil na vizinha Woburn Place. Talvez porque eu tenha estudado, dias e mais dias, na Biblioteca do Instituto de Estudos Jurídicos Avançados (“Institute of Advanced Legal Studies Library”) da Universidade de Londres, que fica no número 17 da tal Russell Square. Talvez porque, em dias de sol, o que eu mais adorava era ler sentado nos seus bancos, vendo a vida passar. Talvez seja simplesmente porque foi ali que eu tive essa minha epifania.
O fato é que descobri simplesmente algo maravilhoso para fazer.
E, a partir daí, rodei muito por Londres levando a minha amiga Agatha Christie a tiracolo. Juntos vinham Hercule Poirot e Miss Marple (esta, confesso, bem menos). Assim como, sempre que podia, viajei de trem, pelo interior da Inglaterra, com as mesmas companhias. No meu matulão tinha sempre algo como “The Mysterious Affair at Styles” (1920), “The Murder of Roger Ackroyd” (1926), “Lord Edgware Dies” (1933), “Murder on the Orient Express” (1934), “The ABC Murders” (1936), “Murder in Mesopotamia” (1936), “Death on the Nile” (1937), “Hercule Poirot’s Christimas” (1938), “Evil under the Sun” (1941), “The Mirror Crack’d from Side to Side” (1962) e por aí vai.
Lembro-me, por exemplo, de ter transitado e corrido entre locais como Piccadilly, Covent Garden, Sloane Square, Regent’s Park e Grosvenor Square, apenas por antever, quando da leitura de “Lord Edgware Dies” (“A morte de Lorde Edgware” ou “Treze à mesa”), que essas paragens seriam cenários desse típico policial “agathiano” londrino. E continuava a deliciosa leitura do romance “in loco”.
Lembro-me, também, de ter ido algumas vezes ler em frente aos prédios da Scotland Yard – especialmente aquele mais antigo, hoje conhecido como “The Norman Shaw Buildings” e usado pelo Parlamento britânico, onde ficava a Polícia Metropolitana de Londres no tempo de Christie –, toda vez essa famosíssima força policial era citada nos romances de minha amiga, como, por exemplo, estou certo, em “The ABC Murders” (“Os crimes ABC”).
E se não pude fazer isso com todos os romances de Agatha Christie – “Murder in Mesopotamia” (1936) e “Death on the Nile” (1937), obviamente, são dois exemplos característicos –, descobri uma forma de remediar essa minha impossibilidade de estar, ao lado do meu amigo Hercule Poirot, no Iraque ou no Egito, quando ele desvendava, para mim, os mistérios dessas histórias. Simplesmente, eu fui ler esses romances em pleno British Museum, tomando um café e me protegendo do frio. Me punha ali a admirar as estátuas gigantes do palácio de um tal Sargão II, mesmo sem saber se a Mesopotâmia de Agatha Christie era a mesma do grande rei assírio. Sem qualquer preocupação em compreendê-la, dava uma olhada na Pedra da Roseta, espiava também os muitos sarcófagos vazios e imaginava-me descendo o grande rio Nilo. Mas voltava sempre para o enorme salão principal do Museu, cheio e iluminado, onde o gosto do café com leite, ao lado da minha amiga, adormecia os (poucos) demônios da minha alma.
Pensando bem, tudo isso era mais que uma viagem, em um tempo e por um tempo que não voltam mais.
Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP

25/10/2018

H O J E



DUAS RAPOSAS INDOMÁVEIS

Valério Mesquita*

Zé Bomba: apelido comum que podia estar associado ao do Posto de Gasolina ou ao popular soltador de traques juninos das ruas e das praças. Não. Zé Bomba era alcoólatra contumaz que vagava por Macaíba proferindo discursos de esquina em esquina. Os temas eram comuns, mas a entonação de voz parecia com a de Aluízio Alves e chamava a atenção dos ouvintes, nos anos sessenta e setenta, acostumados à sonoridade vocal do ex-governador. Mesmo sem dizer nada, falando vago, vazio e vadio, Zé Bomba foi um boêmio sem freios, orador e plantonista de todos os dias e noites, às vezes, sozinho, falando às estrelas.
Seu pai era vendedor ambulante, baixinho, de olhos miúdos e malaios. Sofria com a bebedeira do filho e algumas vezes o vi chegar ao centro da cidade para pôr fim à fanfarra de José. Mas, orador que se preza ou se menospreza, tem o seu contraditório. Quando vaiado ou expulso dos bares, Zé Bomba apelava para o destempero verbal. E em tom discursivo, ofendia até à quinta geração dos provocadores. Esse comportamento lhe valeu, por vezes, algumas detenções. Curada a carraspana, do xilindró saía direto para o bar e, em seguida, renovava o seu repertório de alocuções piegas e frases de efeito das campanhas políticas da Cruzada da Esperança.
No aceso dos períodos eleitorais, Zé Bomba vestia-se de verde para caracterizar melhor a sua performance oratória. Nas passeatas carregava imensos galhos verdes com os quais gostava de parar em frente à casa das “araras”. Na maioria das ocasiões, quando não saia agredido, levava um banho completo de águas poluídas. No final dos anos oitenta a saúde de Zé Bomba começou a emitir sinais de fraqueza. Emagrecida, a patativa macaibense recolheu-se a sua casa à rua Dr. Pedro Matos (Aliança). A voz já não atendia mais os impulsos do orador candente e cadente. O álcool devorava-lhe o fígado velho de guerra. O guerreiro ensarilhou as armas: aguardentes, nunca mais. Aposentou-se. Jovem gastara a saúde, o físico e o tempo.
Hoje, no silêncio da noite, quando a voz errante de um ébrio triste ecoa nos becos, quem está em casa relembra Zé Bomba, o discurso que ficou, o boêmio que se fez ouvir.
Outra figura emblemática era Antenor Borges, preto, magro, chapéu branco de massa, morava no Gondelo, periferia de Macaíba. Gostava de falar difícil e sempre fazia, numa roda de amigos, prevalecer as suas opiniões e ditos. Todos os dias empreendia o percurso entre o mercado público, “cinco bocas” e o seu sítio Gondelo. Assunto preferido: política. Bacurau do pé roxo, Antenor nunca perdia uma passeata ou comício de Aluízio, Henrique, Mônica, MDB ou PMDB. Foi um soldado fiel de suas hostes, nunca faltando no frontispício de sua casa e dos filhos a bandeira verde das paixões, quer fosse período eleitoral ou não. Ser um bacurau para ele era um permanente estado de espírito.
Certa vez, tive com o seu filho Zé Borges, motorista do Colégio Agrícola de Jundiaí, um tira-teima. Prometi ao povo, em determinada campanha, que a estrada que liga a BR (próxima à antiga fábrica da Famosa) até Jundiaí seria asfaltada. Zé Borges, crítico e zombeteiro igual ao pai, por onde passava lançava dúvidas e invectivas à minha promessa política. Chegou a divulgar insistentemente que se tal serviço fosse realizado, ele, Zé Borges, percorreria de joelhos todo o trecho, ida e volta. Era Diretor do DER o coronel Hélio Rocha que havia me passado, antes, a informação da experiência de um novo tipo de asfalto e o percurso escolhido seria aquele. Quando a obra foi executada, reuni o povo e fui inaugurar o melhoramento. Na hora de discursar, resolvi dar o troco às provocações de Zé Borges com o refrão em cada período da oratória: “Alô, Alô, Zé Borges, da promessa ninguém foge!”. Infelizmente, essa parte litúrgica não se cumpriu. Antenor dissuadira o filho.
Antenor Borges foi companheiro leal de Paulo Cúrcio Marinho, sobre o qual já me referi em outra crônica. Ambos metiam medo pela língua ferina. Era nitroglicerina pura. Quando avistados na rua, ninguém deixava escapar o comentário: “Lá vão Jararaca e Ratinho”. Apesar da postura xiita na política, sempre recebi dele um cumprimento cordial, que era devolvido em dobro, na esperança de conquistá-lo. Certa vez, consentiu em me receber em sua casa no Gondelo. Lá fui com a certeza de que iria acolher a sua adesão. Depois de muita conversa e rodeios, Antenor, duro na queda, me pediu uma coisa inusitada na política: que lhe conseguisse os seis volumes da coleção do “Livro Médico”, edição dos anos trinta. O velho Antenor estava me embromando. Queria fazer comigo era uma gincana. Uma senhora raposa política, difícil de capturar.

(*) Escritor

Viajando com a amiga (IV)
Agatha Christie (1890-1976), como eu já disse, ganhou o mundo. Com suas estórias, traduzidas para um sem-número de línguas, chegando a todas as partes do planeta. E, também, para o nosso deleite, em suas estórias, em que “turistou” por paragens muito mais que cobiçadas.
Mas como podemos nos aproveitar dessas andanças da Rainha do Crime?
Como também já afirmado aqui, eu conheço duas formas.
Uma delas – mais tradicional, posso dizer – é simplesmente fazer um turismo literário baseado na obra ou na vida de Agatha Christie.
Seria o caso, por exemplo, de seguir a “literary trail” (ou seja, a “trilha literária”) sugerida pelos autores de “Agatha Christie: Shocking Real Murders behind her Classic Mysteries” (publicado pela HarperCollins Publishers/Índia em 2017), que, mandando esquecer o Nilo ou o Expresso do Oriente (nem tanto), recomendam vários sítios para se visitar, a partir das estórias da Rainha do Crime, na Riviera inglesa e no sul do pitoresco condado inglês de Devon. Eles sugerem pelo menos uma dezena desses lugares ligados à obra ou à vida de Christie. Um dia, podem ter certeza, vocês me acharão escrevendo daquelas bandas.
Uma outra excelente opção é seguir os passos da Rainha do Crime por Londres, onde ela, em companhia do seu Hercule Poirot, perambulou bastante. Isso eu posso dizer que já fiz. E muito.
Outro dia, por exemplo, da última vez que estive em Londres, hospedei-me num pequeno e adorável hotel (o Norfolk Towers) nas imediações da estação de trens de Paddington, tantas vezes citada na obra de Christie (como, mais que sugestivamente, em “4.50 from Paddington”, de 1957). Toda vez que passava pela estação, que também serve ao metrô, lembrava da minha amiga.
E no passado, quando da minha estada em Londres para realização de doutorado no King’s College London, corri muito atrás de Agatha Christie. Por exemplo, daqueles lugares citados em “Lord Edgware Dies” (“A morte de Lorde Edgware” ou “Treze à mesa”, 1933), típico policial londrino, com Hercule Poirot, o Capitão Hastings e o Inspetor Japp à frente das investigações, estive em quase todos: Piccadilly, Covent Garden, Sloane Square, Regent’s Park, Grosvenor Square e por aí vai. Ao Hotel Claridge, eu fui exclusivamente porque ele é citado nesse que é um dos meus títulos preferidos da Rainha do Crime. Infelizmente, pude apenas dar uma xeretada.
À mítica Old Bailey, sede das cortes criminais (centrais) da capital do Reino Unido, que fica na City londrina, pertinho da famosa Fleet Street e da ainda mais famosa St. Paul’s Cathedral, fui, digamos, profissionalmente. Uma visita de estudos organizada pela minha universidade. Não entendi bulhufas do que estava sendo julgado. Mas valeu a pena. Senti-me como que figurante em “Witness for the Prosecution” (“Testemunha de Acusação”). Não na peça da minha amiga, de 1953, mas no filme, adaptação do grande diretor Billy Wilder (1906-2002), de 1957, que considero um dos melhores filmes de tribunal ou “courtroom dramas” até hoje produzidos.
Por falar em teatro, vi mais de uma vez “The Mousetrap” (“A ratoeira”), também da minha Agatha Christie, que é, segundo o Guinness Book, a peça há mais tempo em cartaz na história dos palcos mundiais. Mais de seis décadas de apresentações, desde a sua première, em outubro de 1952, com um Richard Attenborough (1923-2014) no papel do protagonista Detective Sergeant Trotter. Em tom de brincadeira, por lá dizem que “The Mousetrap” só pode sair de cartaz por ordem do Parlamento. De toda sorte, como no Reino Unido o Parlamento é supremo, desviei meu caminho inúmeras vezes só para passar em frente ao St. Martin Theatre, no coração da “West End” londrina, para conferir se a apresentação daquele dia ia acontecer mesmo.
Aliás, também ali pertinho, nas imediações da estação de metrô de Leicester Square (mais precisamente entre as pequeninas Great Newport Street e Cranbourn Street), algumas vezes rendi homenagem à minha amiga, no memorial a ela especialmente dedicado: uma escultura de bronze, com mais de dois metros de altura, em forma de livro, mas vazado por um busto da escritora. Era fácil porque morei e perambulei naquela vizinhança por alguns anos, desde a minha chegada a Londres, noviço no doutorado, quando fui morar na saudosa Great Queen Street.
Por falar em perambular, bati todos os sebos de Charing Cross, a antiga rua de livrarias e sebos de Londres, em busca de uma edição de “Ten Little Niggers” (“O caso dos dez negrinhos”, 1939), uma das melhores estórias da minha amiga. E quase não a achava, como já contei aqui (vide a crônica “E não se vende uma amiga”), pois, em virtude do tal politicamente correto, essa obra teve o título finalmente mudado para “And Then There Were None” (tendo sido ainda adotados os títulos “Ten Little Indians” e “The Nursery Rhyme Murders”). Do meu exemplar – de “Ten Little Niggers”, ressalto –, tão dificilmente encontrado, eu não me aparto de jeito algum.
Na verdade, como já retratei aqui (em “O hotel do trem”), atrás de Agatha Christie fui até bem mais longe. Até Istambul e ao seu Expresso do Oriente, glamourosamente retratados por minha amiga no seu “Murder on the Orient Express” (“Assassinato no Expresso do Oriente”, 1934). E entre os sítios ali relacionados à minha amiga, adorei sobretudo o Pera Palas Hotel, que, inaugurado em 1982 para servir aos passageiros do famoso trem, restaurado em seu grande esplendor, ganhou o status de lenda da hotelaria mundial. Foi uma volta ao passado. Ao tempo das viagens de Agatha Christie.
Tudo isso foi ótimo. Eu até gostaria de ter viajado mais – fisicamente falando – na companhia ou em busca de Agatha Christie.
Mas, se não pude fazer como queria, também aproveitei das andanças da minha amiga de uma outra forma. E isso eu explicarei aqui na semana que vem.
Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP

23/10/2018


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Casa do açúcar
















Patrimônio nosso, edifício histórico, registro citadino do apogeu do açucar em Ceará-Mirim.
SOLAR ANTUNES




Texto e ilustração Gustavo Sobral

Solar dos Antunes, Palácio dos Antunes, prefeitura da cidade de Ceará-Mirim, Rio Grande do Norte. Bem na rua General João Varela, Centro, próximo ao Mercado, com vista para o vale. Sobrado ao sabor neoclássico, platibanda decorada, janela e portas com vãos em arco pleno e bandeiras com rosáceas em madeira e vidro.

Casa de muitos cômodos, assoalho de madeira no segundo pavimento, comum nas construções daquele tempo. Na fachada, sobre as duas colunas com capitéis decorados, num frontão curvilíneo, o registro: Antunes.

Apareceu em 1888 para ser residência do tenente coronel José Antunes Pereira, proprietário do Engenho Oiteiro, pai do poeta Juvenal e da memorialista do vale, dona Magdalena.   

Doado pelos herdeiros ao município em 1975 para abrigar a sede da prefeitura, restaurado pela Fundação José Augusto do governo do Estado do Rio Grande do Norte e tombado pelo patrimônio histórico e artístico estadual em 1988.

Para ler esse e outros escritos acesse www.gustavosobral.com.br