21/03/2018

C O M U N I C A D O




INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RN IHGRN <ihgrn.comunicacao2017@gmail.com>


Caro associados:

Infelizmente comunicamos que a palestra "A HISTÓRIA DO VIOLÃO", que seria ministrada pelo professor e pesquisador Cláudio Galvão, com solos do professor Eugênio Lima, não ocorrerá amanhã, em razão de problemas de saúde do nosso palestrante.
Oportunamente comunicaremos a data em que será realizada.

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

ANRL REALIZA SESSÃO ESPECIAL EM HOMENAGEM A SANDERSON NEGREIROS






Ontem, dia 20, na sala do Conselho de Cultura, a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras realizou uma Sessão Especial para louvar o Imortal SANDERSON NEGREIROS.
O evento foi presidido por Diogenes da Cunha Lima e secretariado por Iaperi Araújo, tendo como orador oficial o Acadêmico Armando Negreiros, primo do saudoso colega, que traçou com fidelidade e emoção a figura do fundador da cadeira 40.
Estiveram presentes vários Acadêmicos e familiares do homenageado, os quais prestaram interessantes depoimentos, complementando outros oferecidos pelos Acadêmicos Diogenes, Eulália Barros e Paulo Macedo. O IHGRN esteve representado pelos Acadêmicos Carlos Gomes e Lívio Oliveira.
Foi um fim de tarde-noite de muitas emoções.
Ao final foi declarada vaga a cadeira 40 e abertas as inscrições para o seu preenchimento no prazo de 60 dias.
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Sanderson Negreiros


FLAGRANTES DO EVENTO:

















19/03/2018

CASA DESENHADA NA FLORESTA


Casa na floresta

18/03/2018



Casa Thiago de Mello, projeto de Lúcio Costa


Barreirinha/AM. 331 km de Manaus. 1978. Thiago de Mello volta do exílio para a sua cidade, depositada num dos afluentes do rio Amazonas. Obra acompanhada por Severiano Porto, com trabalho de pedreiros locais. Uma residência para um poeta. Estrutura de madeira, construção de taipa e cobertura de palha, foi a proposta de Lúcio, o amigo arquiteto. Lúcio Costa, o projetista da cidade de Brasília, o amigo de Niemeyer, o defensor e estudioso do patrimônio histórico brasileiro.

A casa, Lúcio fez um cubo, e Thiago, o poeta, empreiteiro e mestre de obras e sua equipe de trabalhadores locais construíram em tijolo, telha e tela como janela. É que tem muito mosquito. Sobre pilotis de 2,25 metros que a cheia do rio cobre metade. A casa toma banho em parte do ano. Sua janela é o verde da mata, o sol que entra pelas folhas, as nuvens que passam lá longe, uma trilha de canto de pássaros. Lúcio nunca esteve em Barreirinha. Mas desenhou a casa com tudo que era preciso, como o poeta lhe contou.

Pensou numa casa agradável para o clima quente, e assim a casa é bem arejada e com cento e vinte metros quadrados. No térreo, sala, lavabo, cozinha e quarto de hóspedes. No segundo pavimento, quarto, banheiro e escritório com vista para a paisagem. A casa é um cubo bem orquestrado, síntese de um arquiteto que desenhara toda uma vida, e o poeta dele disse que, além de inventor de cidades, desenhou a casa como uma rosa, talvez uma azaleia que flutua nos rios e igarapés.


Só acessível de barco. Ao lado, foram feitos, também encomendados a Lúcio, uma biblioteca e outro espaço para trabalho. Tudo com status construído, sempre na antevisão do sonho e aquecido pelo calor da emoção, quando o poeta, terminada a casa, escreveu o poema Canção para Lúcio Costa –, ao erguer a cumeeira da casa, o poeta só pode chorar, era orgulho de sentir e saber a casa própria realizada, orgulho de ser capaz, ele mesmo, um poeta, de construir o próprio refúgio.
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Por: 



Necrológio do Imortal Sanderson Negreiros - cadeira 40
Saudação: Acadêmico Armando Negreiros.
Dia 20 de março: (17h30) (terça-feira)
Na Sala do Conselho Estadual de Cultura.


Sanderson Negreiros


Acadêmica  Leide Câmara
Secretária Geral
e-mail: academianrl@gmail.com
e-mail: leide.camara@live.com

17/03/2018

HOMENAGEM DO IHGRN NO CENTENÁRIO DE DOM NIVALDO MONTE


CENTENARIO DE DOM NIVALDO MONTE

Senhores e Senhoras:

Nas vestes da formalidade, aqui represento o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, do qual o homem erudito, Dom Nivaldo Monte, era sócio efetivo. Aqui deveria estar o seu presidente, Ormuz Barbalho Simonetti, impossibilitado de comparecer em consequência de uma cirurgia de catarata. Disse-me que seu compromisso com o passado preserva a lembrança de Dom Nivaldo em sua terra, onde, na condição de vigário de Goianinha, celebrou o matrimônio de seus pais, Arnaldo e Cirene Barbalho Simonetti.
Nas vestes da amizade e da admiração, quase devoção, aqui estou eu, discípulo de um grande mestre. Dom Nivaldo foi meu professor no Seminário de São Pedro. Observava-nos a todos, com os olhos de uma paternal psicologia. Gostava de ver nossas disputas futebolísticas. Sempre de bom humor, motivava-nos a imprimir qualidade em tudo o que fazíamos.
No decorrer dos anos, quando a maturidade nos acolhe, mais frequentes tornaram-se nossos encontros, seja no Serviço de Assistência Rural, então sob a batuta de Dom Eugênio Sales, seja em solenidades especiais, quando sua palavra imprimia o selo de qualidade ao evento. Lembro-me bem da força de sua palavra, temperada de lirismo. Não era assim, pelo encanto da palavra, e da verdade que transmitia, que o próprio Jesus revelou-se ao mundo?
Ah! Dom Nivaldo Monte, quanto bem foi plantado! Quantos frutos colhidos!
Certo dia, em visita ao Sítio onde eu morava, em Monte Alegre, Dom Nivaldo chegou ao meu escritório de trabalho e me indagou, diante de algumas estantes repletas de livros: Assis, você lê tantos livros e nada escreve? Sob o impacto da pergunta, passei-lhe às mãos alguns artigos e razoável número de poesias. Concentrou-se na leitura de uns poucos textos e me transmitiu a seguinte lição: “Nem todas as árvores são ornamentais. Muitas delas trazem a destinação de alimentar os homens. Por isso, dão fruto. A poesia, a música, a literatura, todas as formas de arte são frutos que alimentam a alma humana. Publique seus poemas. E arrematou: Rasgue o véu de sua timidez!”
Assim nasceu meu primeiro livro, Asas e Voo. No dia do lançamento, no Solar Bela Vista, Dom Nivaldo foi o primeiro a comparecer. Que mais posso dizer?
O espaço da gratidão é infinito. Em sua homenagem, e após sua bela viagem transcendental, compus este soneto em sua homenagem:

DOM NIVALDO MONTE
Sendo a fé um dom de Deus, nele brotou
Muito mais viva do que a Teologia;
E sua palavra de amigo se mostrou
Mais cativante do que a Filosofia.

Nos jardins de Emaús ele ensinou
Que o melhor fertilizante é a alegria;
Fez do trigo e da uva que plantou,
O pão e o vinho de sua eucaristia.

Desprezando a ostentação e a vaidade,
Na enxertia de exemplo e santidade
Recolhe os frutos da admiração.

Com a força da palavra e do sorriso
Demonstrou que só encontra o Paraíso
Quem semeia o amor e a compaixão.
______________
Texto produzido e lido por Francisco de ASSIS CÂMARA durante a Missa Solene celebrada na Catedral de Natal, dia 15 de março de 2018, por ocasião do CENTENÁRIO DE DOM NIVALDO MONTE.

15/03/2018

DOM NIVALDO MONTE - 100 ANOS




Centenário D.Nivaldo Monte– 15.03.2018 a 15.03.2019 23.02.2018
00 - Reunião Arquidiocese/Dom Jaime                                                                         - Apresentação do DVD/Texto – Setembro/2017                                                                                                      - Informes 100 anos – Grupo Familiar                                                                                                                 - Subsídios                                                                                                                                                                                            - Instituições envolvidas                                                                                                                                       - Articulações                                                                                                                                                           - Missa Solene 15.03.2018
01- Organização                                                                                                              1.1 Grupo Familiar Roberto, Oswaldo, Múcio, Cristina, Nita, Biaggio, Bela e Gabriel +
02 - Instituições Envolvidas                                                                                                                     2.1 Arquidiocese de Natal Missa Solene 15.03, as 19:00                                                                                                  2.2 Academia Norte-Riograndense de Letra Diógenes                                                                            2.3 Instituto Histórico e Geográfico do RN                                                                      2.4 Fundação José Augusto Iaperi Araújo                                                                                          2.5 Assembléia Legislativa RN                                                                                           2.6 Câmara Municipal de Natal                                                                                         2.7 Senado Federal Senadora Fátima Bezerra                                                                                           
03 - Atos/Solenidades                                                                                                         3.1 Sessão Solene Senado Federal Confirmado                                                           3.2 Sessão Solene Assembléia Legislativa                                                                                   3.3 Sessão Solene Câmara Municipal de Natal Contato Franklin Capistrano                                                                                3.4 Academia Norte-Riograndence de Letras Contato Diógenes/Lalinha/Leide                                                                      3.5 Instituto Histórico e Geográfico do RN Contato Roberto Lima+Carlos Gomes
04 - Exposições e Subsídios                                                                                            4.1 DVD Multimídia Dom Nivaldo Monte, A Terra, A Natureza Ver Lançamento                                      4.2 História em Quadrinhos/HQ– Emanoel Amaral/Fundação José Augusto   4.3 Exposição na Pinacoteca do Estado/Banners – FJA                                                                          4.4 Exposição Permanente no Parque da Cidade – PMN Luciano                                          4.6 HQ/Cordel/Múcio Concluído                                                                                                        4.7 Música em Homenagem 100 Anos Roberto Lima                                                                            4.8 Home-Page D.Nivaldo Monte www.dhnet.org.br/nivaldomonte  Concluído      4.9 HQ/Divulgação Emanoel Amaral – Missas, Solenidades, Parque da Cidade...
03 - Articulações/Apoio                                                                                        3.1 Tribuna do Norte – Entrevista, Edição 25.03 – Carlos Peixoto/Yuno                                                                                                     3.2 Revista A Ordem Entrevista,Carla                                                                                                        3.3 Canindé Soares+Henrique José, Fotos                                                                                                                                                                                                      3.4 Gabriel Exposição Virtual Computação Gráfica                                                                                      3.5 Diógenes da Cunha Lima+ Contato Set./2017
04 - Textos, Depoimentos Serão publicados na TN                                                                                                    Padres Pio, João Medeiros, Lucas, Fábio...  Irmãs Vilma Lúcia, Carla...  Amigos/Amigas Roberto Lima, Gomes, Mousinho,
05 - Escanear toda Bibliografia – Ninio passou para Vaudinho                                                                                    5.1 Ebook, Internet, Redes Sociais Similar ao que fizemos com o Imão/Padre Monte

14/03/2018

MEU GRITO

Valério Mesquita*


            De anotações feitas à hora do crepúsculo em livros idos e vividos, pincei uma frase que me remete ao delírio das coisas de querer ter sido e não fui: “eu que tantos homens fui, não fui aquele em cujos braços desfalecia Matilde Ubach”. Pensamentos fluidos, na verdade, de reencarnações em lugares e tempos, sonhos e fugas do real ou transposições de corpo e espírito para lugares onde nunca naveguei, muito além da ponte de Igapó.
            Ter sido, por exemplo, acompanhante do Cristo nas peregrinações e presenciado seus milagres para não me dividir hoje, nos conflitos das igrejas do mundo; gostaria de ter sido expectador do teatro shakespeareano e tê-lo conhecido de perto e acompanhado todos os seus porres nas tabernas escuras da Londres elizabetana; como amaria a passagem pelos estúdios de cinema dos anos trinta e quarenta só para ver Charles Chaplin, Stan Laurel e Oliver Hardy; ter aspirado o odor do charuto de Getúlio Vargas e escutado em dó maior a gargalhada prazenteira; ou como figurante dos filmes de John Ford, viajado nas diligencias do tempo pelas pradarias do oeste; de Juscelino a companhia e as conversas dele com o que havia de melhor no PSD naquela época: Israel Pinheiro, Amaral Peixoto, José Maria Alkamim, Benedito Valadares, Tancredo Neves; ou de um polo para outro, muito me ufanaria haver morado no Rio de Janeiro só para ouvir os discursos do bruxo Carlos Lacerda e acompanhar as suas ações como governador com “m” maiúsculo do Estado da Guanabara; eu, que tantos homens fui, não fui aquele que conviveu mais tempo com Câmara Cascudo, pois considero privilegiados os que receberam essa oblação; quantas vezes não me vi nos shows dos Beatles e como “macaco de auditório”, no começo do yê-yê-yê, no programa Jovem Guarda das tardes de domingo; e quanto fascínio não exercem sobre mim as cidades interioranas da Paraíba, Pernambuco, Ceará, Minas, Bahia, das moças namoradeiras, das praças, dos olhares furtivos como se eu quisesse, de repente, paquerá-las todas ou me compensar, ao menos, em contemplá-las lindas e infinitas, renascidas de minhas ilusões de adolescente.
            Ah! Como esse mundo de hoje dói. Não há mais ídolos. A violência urbana e a guerra mataram os sonhos e as ilusões castas dos nossos pensamentos. É um mundo de aparências, de vaidades e iniquidades. “Olhe, aquele ali é Machado de Assis e com ele Eça de Queiroz!”.
            Faltou-me alguém que apontasse, naquele tempo, essa visão dos dois monstros insuperáveis da literatura luso-brasileira; e se o sonho triunfar sobre a verdade, posso dizer nesse final que assisti Padre João Maria sarar os enfermos; preguei com Frei Damião na noite litúrgica e estrelada de Macaíba; que vi subir o balão de Augusto Severo e que assisti o último suspiro de Auta de Souza.
            E se o leitor me acreditar, conheci Lincoln na guerra da Secessão; vi Roosevelt, Getúlio Vargas, Tyronne e Evita na Ribeira de guerra. Se todas essas reflexões são febris ou inverossímeis, é preferível crê-las e esquecer as bestas do apocalipse: Donald Trump, Kim Jong-un  da Coreia do Norte, Bashar Al-Assad da Síria, cujas imagens na televisão sujam de sangue as nossas esperanças por um mundo de paz.
            As águas do rio da reminiscência atingem novas margens e aprofundam o porão da memória. O Cine Teatro Independência de Macaíba dos filmes do Gordo e o Magro, dos Três Patetas, de Abott e Castelo além dos faroestes que não se repetem mais; a praça Antônio de Melo Siqueira dos primeiros alumbramentos, dos passeios, do banco do namoro, do coreto, tudo como qualquer lembrança de homem comum do interior; a rua do Vintém, do Cajueiro, as Cinco Bocas, a praça da Matriz, o cais de pedra do rio Jundiaí, as jabuticabeiras da Lagoa das Pedras, o Pernambuquinho; o Gango (o baixo meretrício), de todas proibições à hora do crepúsculo; os antigos ônibus da linha Macaíba/Natal que me consumia diariamente a farda estudantil; enfim, o universo humano das figuras populares, coração e alma de Macaíba que não para nunca.
            Na noite de minha vida ainda assisto, com nitidez, à passagem do meu rio porque eu continuo a ser os meus personagens prediletos.

(*) Escritor.