Por João Felipe da Trindade
Isso aconteceu na praça de Recife. O anuncio foi feito por meu trisavô, José Martins Ferreira
01/12/2016
Convite de Lançamento do Livro: ILHA DE MANOEL GONÇALVES
No Espaço Hipotenusa, Rua Marize Bastier, 207
A partir das 17 horas
Telefone de contato: 84 99982-7116
e-mail: jfhipotenusa@gmail.com
29/11/2016
Onde nasceu Laranjeiras
14/09/2016
Por Gustavo Sobral, fotografia acervo da familia
O engenho era a fábrica de se produzir
açúcar, os torrões transportados em lombo de animal até Igapó e ali de
canoa pelo Potengi até os armazéns da Ribeira em Natal. Aquele engenho
era movido a besta na almajarra, nele conduziam a lida, tirador de cana,
cambiteiro, mestre do açúcar, os trabalhadores. A cana plantada no solo
de massapê, fértil, rico, fecundo, que bebia no rio Ceará-Mirim.
Engenho em um único edifício abrigava
todas as funções para o fabricação do açúcar, moenda, caldeira, casa de
purgar. Lá no alto o bueiro e a casa grande, plana, comprida que ao
engenho se irmanava. Ainda havia a pastagem dos animais, o sítio de
fruteiras, as mais diversas, e um roçado.
A manga bacuri de Laranjeiras era o sabor inesquecível daquele tempo. "Luzia feito gemas nos caçuas de cipô",
escreveu sinhazinha Magdalena Antunes, que menina viu na feira. O caldo
que escorria da moenda seguia para o paiol e do paiol para os tachos
aquecidos pelo fogo da fornalha onde começava o cozimento e as chamas
subiam o bueiro e ganhavam todo o vale.
Formava-se o mel de engenho que seguia
para bater e depois para a casa de purgar onde era despejado nas formas.
Assim o melaço terminava de cristalizar e virava o mais doce açúcar.
Colégio Imaculada Conceição
27/11/2016
Texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra
Liceus, escolas, colégios, academias, seja como for que se intitulem
os espaços onde a história se construiu pelo ensino, os edifícios se
erguem como o símbolo em pedra e cal da matéria do conhecimento.
Conventos, monastérios, ordens tomaram para si essa missão. Em Portugal,
nas cidades da Espanha, em Roma, a sabedoria se moldou pelos
corredores, salas de aulas, pátios, átrios dos colégios religiosos e sob
o olhar vigilante de Deus.
Outro não seria o silêncio de um colégio centenário que fecha as
portas, registrando para o tempo a sua arquitetura. Corredores vazios,
janelas cerradas, cúpulas que arredondam o céu. A casa do saber cerra-se
no silêncio do seu fim. Encerradas as atividades, o burburinho, as
lições, os alunos, os cadernos, tudo se perde no tempo do passado e só
vive na memória das carteiras ocupadas, na exposição dos professores,
nos apontamentos na louça.
Resta a luz da tarde que doura as paredes, preenche os pátios e
ilumina o espaço casa do saber, onde a construção do conhecimento se
forma na lição dos mestres e na compreensão dos alunos, onde desfilaram
métodos de ensino, notas, boletins, tempo das aulas e tempo das férias, e
assim, sucessivamente, se fizeram, ano a ano, cento e dez anos de
ensino e conhecimento ministrado pela abnegação das irmãs Doroteias que
para ali se mudaram em 1906, erguendo a escola com dinheiro da venda de
um terreno.
Compraram sítio na Av. Deodoro, que daria vida ao colégio construído
com a ajuda de doações. Quando derrubada a primeira construção de 1937,
fez-se uma segunda, pronta em 1942, e, como um sopro no ar, tudo foi
levado pelo vento que fez do espaço o retrato do não ser, cento e dez
anos depois. E assim se apaga na Cidade Alta a permanência do que só é
construção, estático edifício na indiferença da Av. Deodoro da Fonseca.
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28/11/2016
Macaíba
VALE A PENA PEDIR DE NOVO
Valério Mesquita*
O rio Jundiaí, no
trecho em que atravessa a cidade de Macaíba, perdeu o solo, o curso, o chão, o
cheiro, a visão e é ameaça a segurança dos habitantes. Entre o parque
governador José Varela e a praça Antônio de Melo Siqueira deixaram crescer no
leito poluído imensos manguezais que enfeiam um dos mais bonitos logradouros
urbanos. Essa selva esconde lixo doméstico, carcaças de animais, marginais do
tráfico de drogas em todo o seu percurso e os galhos já ultrapassam a altura da
ponte e das balaustradas.
A Tribuna do Norte
publicou ano passado, excelente matéria sobre tudo que ameaça e destrói os rios
Potengi e Jundiaí. Mas, o foco da minha questão e, creio, dos cidadãos
macaibenses, reside exatamente neste aluvião de perguntas: por que o Idema e o Ibama não
evitam, aparando, podando, somente nesse trajeto o “matagal” entre o antigo
cais do porto até a outra lateral da ponte? Por que não licenciam a prefeitura
para o fazer?
A praça e o parque
perderam o charme de antigamente. Ninguém enxerga ninguém, olhando de um lado
para o outro. A conscientização ambiental deve ser obedecida até onde não
prejudique a funcionalidade urbanística e o senso prático e plástico do mapa
citadino. Desde quando, em 1950, se planejou e se construiu a estrutura de
pedra e cal das duas margens, o choque do progresso jamais prejudicou a
superfície do rio. Nem, tão pouco, o molestaram, a expansão e o desafio do
crescimento habitacional. Pelo contrário, a construção ordenou a trajetória das
águas e defendeu as ruas periféricas contendo os transbordamentos. Contemplo,
hoje, que os problemas das inundações estão equacionadas com a construção da
barragem de Tabatinga. Por que o Idema e
o Ibama, tão preocupados com o meio ambiente, não permitem, apenas, nesse,
pequeníssimo trajeto fluvial o corte da poluição visual da paisagem urbana e
memorial de Macaíba?
Ali, a vegetação
gigantesca e desproporcional encobre um dos pontos históricos do município.
Refiro-me ao cais das antigas lanchas que faziam o percurso fluvial entre
Macaíba e Natal: a lancha do mestre Antonio, o barco de João Lau, além da
lancha “Julita” que transportou tantas vezes Tavares de Lyra, Eloy, Auta e
Henrique Castriciano de Souza, Augusto Severo, Alberto Maranhão, João Chaves,
Octacílio Alecrim e tantas outras figuras notáveis da vida social, cultural,
política e econômica. Todos se destacaram nos planos estadual, nacional e
internacional. Ali, o centenário cais, jaz sob os escombros de verdes balizas
envergadas e fantasmagóricas. A visão noturna é tétrica e arrepiante. Desfigura
e mutila os padrões estéticos do planejamento da urbe que a faz parecer
abandonada e suja. Até a lua cheia que nasce lá por trás do Ferreiro Torto foi
encoberta.
Assim como se deve
obedecer a educação ambiental, do mesmo modo, exige-se o tratamento e o corte
do matagal por parte do Idema e do Ibama a fim de evitar o represamento do lixo
no leito, exclusivamente urbano. Nas capitais e cidades importantes do Brasil
banhadas por rios não se vê tratamento tão dispersivo e indiferente da parte
dos órgãos responsáveis. Ao redimensioná-lo neste texto, cabe aos institutos prefalados uma reflexão, um reestudo
sobre o cenário dantesco do rio Jundiaí na parte descrita. O povo macaibense
tem o direito de ouvir e a coragem de duvidar que essa “selva amazônica” que
devora e perturba a todos seja explicada e resolvida, sem slogans, clichês,
palavras de ordem, lugares comuns, peças de marketing ou princípios dogmáticos.
Que venha à lume as boas intenções e que não fique Macaíba submersa na floresta
de manguezais, ocultando o passado de sua arquitetura urbana de quase setenta
anos: Parque Governador Jose Varela e Praça Antônio de Melo Siqueira (1950).
(*)
Escritor.
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