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28/09/2016
25/09/2016
DIA 28
Lançamento Livro sobre Antigos Carnavais de Natal
No principio, era só o “mela–mela” popular: foliões utilizando de tudo o que dispunham para brincarem o então chamado‘Entrudo’: cinza de carvão, goma, farinha, barro e muita água suja. Os que se atrevessem a passar pelas imediações da Igreja Matriz, no Centro Alto e redondezas da antiga Rua Grande, em Natal, corriam riscos de serem “batizados” com a mistura peculiar. Os jornais da época divulgavam as primeiras manifestações populares carnavalescas E em Natal, entre 1875 a 1900.
Brincantes se organizaram e levaram os festejos para a alegre Rua da Palha, atual Rua Vigário Bartolomeu, ainda na Cidade Alta (1910/1920). Festeiros, boêmios, artistas e até políticos eram frequentadores. Tempos depois o carnaval ficou mais organizado e desceu para a larga e boemia Avenida Tavares de Lira, na Ribeira (1923/ 1935). O carnaval superou crises e ultrapassou os apertos políticos e econômicos e volta à Cidade Alta, na moderna Avenida Rio Branco e proximidades do seu Grande Ponto (1936/1945). Driblou violências policiais e até as severas censuras da ditadura Vargas...
Essas e outras histórias se descortinam no livro “ANTIGOS CARNAVAIS DA CIDADE DO NATAL – Volume I: de 1875 a 1945”, fruto de décadas de pesquisa do folclorista Gutenberg Costa. São quase 300 páginas, ilustradas com fotografias antigas, de personagens e agremiações envolvidas. O escritor escreveu a obra tendo como base relatos dos jornais das épocas: “Basicamente tudo o que os antiguíssimos jornais registraram sobre as folias de rua. Os seus cronistas reclamando ou elogiando os festejos momescos”, relatou Gutenberg. Além disso, a obra é rica em imagens. “O livro contém fotos inéditas a partir dos anos 1910. Registros das festas paralelas, oficiais e particulares.
Os primeiros bailes festivos no velho Teatro Carlos Gomes... o material é vasto. E este é apenas o primeiro volume.”, revelou Gutenberg, que também é organizador do Movimento Cultural Antigos Carnavais, célebre por levar milhares de foliões anualmente às ruas, no melhor estilo do passado, com banda de frevo, no chão.
O livro é publicado pela Editora 8 e tem o patrocínio cultural do Fundo de Incentivo à Cultura (FIC), da Prefeitura de Natal e recursos do próprio autor. É apresentado pelo historiador e escritor Claudio Galvão, com comentários do também historiador e escritor Claudionor Barbalho e do pesquisador e escritor Anchieta Fernandes. Arte de capa e diagramação do designer visual Marcelo Sena.
Lançamento: 28 de Setembro de 2016.
Local: Capitania das Artes (Funcarte) – Cidade Alta. Natal/RN
Horário: 18h.
Com coquetel regional e surpresas aos presentes.
Contato: Gutenberg Costa:
Fones: (84) 99427-3363 (Oi) / (84)99878-4493 (Tim).
Valério
Mesquita*
01) As acontecências da política e do folclore humano
de Macaíba são como uma vertente inesgotável. Quanto mais são narradas mais
brotam facilmente de outros mananciais. Almoçava certa vez com Aldo da Fonseca
Tinôco quando me narrou a estória do Xenovis que já ouvira falar antes, mas sem
retê-la completamente na memória. Aldo iniciou a sua vida publica praticamente
em Macaíba com Alfredo Mesquita, ao lado de José Maciel, Aguinaldo Ferreira e
tantos outros. No auge do seu prestígio político, contou-me Aldo, Mesquita era
consultado por todos e se constituía na palavra final e segura para qualquer
assunto. O Xenovis era um livro antigo, volumoso e grande sobre práticas de
medicina em geral, revestido de uma capa circunspecta que parecia imprimir
respeito e obediência a quem o manuseasse. De uma feita, Seu Mesquita foi procurado
por um compadre cuja filha havia sido deflorada e o autor, bem mais jovem,
estava se recusando terminantemente a casar. Seu Mesquita mandou chamar a sua
casa o jovem e o seu pai. Após, baldados os esforços persuasórios preliminares,
mais uma vez, o jeito foi recorrer o velho Xenovis. Em pé, calvo, óculos de grau
no meio do nariz, fisionomia severa e preocupada, Seu Mesquita passava as
páginas do livro como se procurasse algo escrito que iria resolver o problema,
sob os olhares tensos e atentos dos circunstantes. “Achei”, disse, fitando
grave e calmamente o rapaz. “Para esses casos de defloramento e recusa de
casamento a pena é de dois anos e meio de cadeia!”. O rapaz, completamente
amedrontado e aturdido pelo anúncio, exclamou: “Seu Mesquita, a mulher tem 28
anos. Não dá pra fazer por menos não?”.
02) O tenente PM, Pedro Joaquim da Costa, maçom, “dinartista
do pé roxo”, como gostava de se autoproclamar, foi delegado em Macaíba nos idos
de 1970. Ao chegar com a família de Santa Cruz, trazia consigo uma cachorrinha
de estimação chamada Kelly. Era o tempo do MDB x ARENA. A política do Rio
Grande do Norte vivia mais um período tenso e intenso do seu radicalismo.
Naquela época, era meu ferrenho adversário político em Macaíba o deputado
Magnus Kelly. A rede de fofoca, em alta voltagem, impulsionada pelos vis novidadeiros,
não demorou em comunicar ao deputado que o delegado politiqueiro colocou o seu
sobrenome na cadelinha. O mundo deu um tombo. Magnus levou o assunto para o
rádio, para a Tribuna do Norte e para os comícios. Por mais que explicasse o
equívoco, o tenente Pedro não convencia. O problema foi parar na maçonaria que
decidiu que Kely não era Kelly, porque um era cão e o outro era homem e tinha
um L a mais. E ademais, ainda havia os pneus Kelly. Terminou tudo como na
comédia shakespeariana: “Muito barulho por nada”.
03) Zé Buchudo era um comerciante, proprietário de
um pequeno açougue, nos fundos do mercado. Certa feita, numa dessas manhãs
chatas da cidade, foi convidado pelo farmacêutico Manoel Guedes e patota, a
empreenderem uma viagem de circunavegação pelos bares da cidade. Guedes,
capitão de longo curso, dirigiu logo a nau dos insensatos à cidade de
Parnamirim, onde ancoraram no famoso cabaré de Tibinha. Desnecessário dizer das
abluções profundas e repetidas até a hora vespertina, quando pressentiram que o
náufrago Zé Buchudo havia mergulhado a estibordo, em abismal sono etílico.
Retornaram a Macaíba e entregaram a domicílio o invólucro corpóreo do que
restou do nosso herói. Estirado no sofá da sala, Zé Buchudo sobreviveu a todos
os exercícios de ressurreição ministrados pela esposa e filhos. Findas algumas
horas, aí então, veio a cena patética: Zé Buchudo abriu os olhos, viu de plano,
a esposa inclinada sobre si, soltou a catastrófica exclamação denunciadora:
“Mas, fia, que é que você está fazendo aqui no cabaré de Tibinha?”. Depois
dessa, Zé Buchudo era a imagem do próprio cristão trucidado.
(*)
Escritor
24/09/2016
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23/09/2016
ATÉ QUANDO?
CONTRASTE
Pelo sócio: Carlos Roberto de Miranda Gomes
Um
fato paradoxal que merece registro sobre o INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE: enquanto não termina a questão com o
IPHAN, que interditou obras no prédio, há alguns meses (divulgado pela
TN de ontem), o Presidente Ormuz, antes que seja também impedido de
repaginar o Instituto, vem cuidando do jardim localizado no Largo
Vicente de Lemos, que nos presentou nesta primavera com a beleza
retratada nas fotos aqui publicadas.
A
sociedade espera que haja a suspensão do embargo para que internamente a
população volte a dispor de rico material para as pesquisas da nossa
história.
21/09/2016
16/09/2016
QUANDO A FANTASIA SE TRANSFORMA EM REALIDADE
HOMENAGEM DE CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
Como cidadão comum gosto de assistir novelas. Dentre tantas já acompanhadas, "O Velho Chico" me causou uma especial atenção - o cenário autêntico, os personagens e as revelações artísticas.
Como cidadão comum gosto de assistir novelas. Dentre tantas já acompanhadas, "O Velho Chico" me causou uma especial atenção - o cenário autêntico, os personagens e as revelações artísticas.
Foi emocionante a cena do personagem "Santo" que, baleado, foi levado pelo rio e recolhido por índios da região e então ressurge para a vida, dentro de um misticismo próprio do brasileiro. Vibrei com esse retorno.
Ontem foi diferente. Um choque - tão forte quanto no dia em que perdemos Elvis.
Agora foi o dia e a vez de DOMINGOS MONTAGNER, que repetindo a cena do mergulho no Velho Rio São Francisco, do qual escapou, desta vez foi a realidade do resgate sem vida.
Não sei explicar a minha profunda admiração por esse ator. Possivelmente por ter representado muito bem o homem forte do nordeste, o homem grande e rude, mas com a pureza de uma criança. Afinal, ele é oriundo da mais legítima fábrica de arte, de ilusões e de pureza - O CIRCO.
Estou realmente abalado com a perda desse ator que tinha tudo para galgar o altar da glória, mas foi chamado pelo Criador para alguma missão na Casa Celestial.
Que seu exemplo fique entre nós e sua alma seja recebida na Glória de Deus.
Tudo tem o seu tempo certo. O físico passou, mas a arte continuará na lembrança de todos como uma referência daqui por diante.
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