ORLANDO GADELHA SIMAS
Valério Mesquita*
Neste 25 de agosto,
celebra-se o centenário de nascimento de um importante líder da indústria do
Rio Grande do Norte: Orlando Gadelha Simas. Nasceu em 1916, em São José do Campestre. Na
infância, já revelava pendores para o comércio, sob a liderança do seu pai
Antonio Thiago e ao lado dos seus irmãos, em Nova Cruz e cidades da
Paraíba. Veio para Natal em 1931, com 15 anos. E foi no Alecrim que começou
suas atividades na feira pois era o bairro mais habitado e comercial da
capital. Concluiu os estudos na Escola Técnica de Comércio Ulisses de Góis. A
partir daí, com talento para conquistar as pessoas, jocoso e carismático,
Orlando planejou e ampliou a sua vocação vitoriosa para o comércio.
Foi casado com dona Maria
de Lourdes Araújo Gadelha Simas e dessa união nasceram os filhos Thiago,
Naelza, Eduardo, Ana Lourdes, Maria de Lourdes, Washington e Maria Aparecida.
Em 2006, Wagner do
Nascimento Rodrigues traçou com êxito o perfil e todas as impressões sobre o
inesquecível empreendedor industrial no livro “Doce Semeador, a História de
Orlando Gadelha Simas”. Nele foram colhidos apreciáveis depoimentos das figuras
mais representativas do estado. Depuseram Dom Nivaldo Monte, Diógenes da Cunha
Lima, Luiz G. M. Bezerra, Alcides Araújo, Eider Furtado, Genibaldo Barros,
Noilde Ramalho, entre outros, todos realçando o líder nato, o homem
espirituoso, leal, inteligente e trabalhador incansável.
Ao me regozijar com a
família Gadelha Simas, desejo destacar o lado do bom humor de seu Orlando, a
sua bonomia, o jeito agradável e arguto de ser e definir os fatos e as pessoas.
Eis algumas histórias:
01) Doutor Heriberto
Bezerra, pediatra, conhecido de Orlando do Rotary, era o médico da família. Foi
um profissional muito competente, mas famoso por ser rigoroso e cobrar sempre
os honorários de seus pacientes. Um dia, ele se encontra com Orlando e
pergunta: “Orlando, como vãos seus meninos?”. Ele logo responde: “Não vou
responder, porque se não você manda a conta!”.
02) Em certa ocasião,
Thiago Gadelha Simas foi com seu pai na Companhia Siderúrgica Nacional, pois
precisavam de uma cota maior de folha de flandres para abastecer a Metalgráfica.
O fornecedor oferece obstáculos: “O porte de sua empresa é muito pequeno, não
temos como aumentar a cota. Compre isso no mercado local, com certeza nós temos
distribuidor lá!”. Thiago argumenta, tentando mostrar que a indústria tinha
perspectivas de crescer, e que era mais interessante a negociação direta. Então
o fornecedor pergunta: “Mas onde fica a fábrica de vocês?”. Orlando responde:
“Fica aqui no Brasil mesmo!”.
03) Assim Orlando
lembra de um de seus primeiros patrões no comércio: “Pedro Pinto mandava cobrar
até de quem já tinha pago”.
04) Certa vez a família
Simas estava numa reunião discutindo uma situação financeira bastante difícil
na década de 80. Eduardo então comenta: “Papai, Washington está engordando
demais, está precisando perder peso!”. Orlando responde: “Meu filho, na
situação em que estamos não podemos nem perder peso!”.
05) Noutra ocasião, seu
Orlando quis chamar a atenção de um vendedor muito competente, mas
completamente desleixado ao vestir-se. Antes de sair para trabalhar ele ordenou:
“Passe em casa, troque essa roupa de marchante de porco e vá para o serviço
decentemente!”.
06) Orlando vai para a
praia com os familiares e resolve tomar banho de mar. Seu genro Cláudio alerta
à ele do perigo: “Seu Orlando! Não vá tomar no fundo!”. Ele responde: “Pode
deixar que eu não vou fazer como você!”.
Este foi um homem
simples, modesto, de veia espirituosa, divertido, com graça e simpatia, mas que
soube construir um legado perene, um exemplo de vida e uma história. Tudo
nascido de um sonho lá em Campestre quando a rapadura fazia parte da
sobrevivência, ele dizia “que o açúcar iria fazer parte de sua vida”. Dom Jaime
Vieira Rocha, Arcebispo Metropolitano de Natal, assim se expressou: “De Orlando
Gadelha Simas guardo sempre a recordação de sua referência como chefe de
família, como homem de negócios bem sucedido, como bom cristão e de espírito
contagiante e otimista”.
(*) Escritor