A
HONESTIDADE EMPRESTA
CORAGEM
a quem a possui
Por JANSEN LEIROS
Cheguei ao “flat” AYAMBRA, na rua 25 de dezembro, nº
525, em Natal, na Praia do Meio e me dirigi à
recepção do HOTEL, para saber se lá
estaria hospedado o Dr. Diógenes Veras, professor da UFRN.
Uma jovem muito bem apessoada atendeu-me,
respondendo que o professor morava ali, efetivamente, e que, em poucos minutos
eu seria anunciado e por ele atendido.
De fato, dois minutos depois, ali estava o
professor Diógenes Veras, que me recebeu gentilmente,
convidando-me para sentar ao seu lado, enquanto ele refrescava a garganta com
uma cerveja, convidando-me para acompanha-lo. Agradeci!
É
oportuno dizer que, estando aposentado dos quadros da Procuradoria Geral do
Estado, na condição de Assessor Jurídico,
fora convidado a prestar assessoramento à Presidência
do Instituto Histórico e Geográfico do RN, o que aceitei,
honradamente, pois que fazer cultura é
coisa que nos empolga sobremaneira.
O assessoramento que presto à
presidência do IHGRN, implica em catalogar notícias
à guisa de crônicas, objetivando contribuir com o
noticiário da cidade, informando acontessências.
Amigo pessoal do Dr. Diógenes,
filho de um amigo da juventude, o Dr. Alcyr Veras, e conhecendo suas andanças
pela Europa, pedi que ele me relatasse um episódio,
ocorrido no Além Mar, para meu conhecimento, merecedor de registro
que era.. Vejamos!
A
esposa do Professor Diógenes fora agraciada com uma bolsa de estudos em
Madrid, na Espanha, através da qual defenderia uma tese de mestrado.
Arrumaram suas malas e voaram para Madrid, na Península
Ibérica!
Obviamente que Diógenes,
possuidor de cultura eclética, logo conseguiu entrosar-se no meio universitário
e, de mãos dadas com sua esposa passaram alguns anos
usufruindo dos ares da Terra de Cervantes!
Todavia, uma greve eclodiu na Universidade e, depois de várias
tentativas de negociação não exitosas, a Presidência
da República do Brasil, usando de sua autoridade,
determinou que o ponto dos faltosos fosse cortado. A bolsista teve seu ponto
bloqueado!
Fora de seu país, sem parentes e sem meios para suprir
suas necessidades, a família brasileira, constituída
de cinco pessoas, passou a ter dificuldades no exterior.. Assim, Diógenes chegou a ter sérios problemas de sobrevivência e chegou até a trabalhar de garçom,
porteiro de edifício e outras atividades, para sustentar seus
dependentes!
Tomando conhecimento de que o
Presidente da República do Brasil, Dr. Fernando Henrique Cardoso visitaria
oficialmente a capital da Espanha, Diógenes
decidiu redigir uma carta respeitosa e entrega-la ao Presidente, se
possível pessoalmente.
Traçou seu plano e lá
se foi o brasileiro entregar a bendita carta, seguindo ao encontro do ilustre
visitante.
Preparou-se emocional e espiritualmente e foi para
o logradouro, onde passaria o Presidente do Brasil e outras autoridades
convidadas, para a solenidade programada.
Muitas horas Diógenes ficou perfilado, aguardando seu
Presidente.
Aliás, muitas outras autoridades desfilaram
à sua frente: Viu a chegada do Presidente Russo,
Gorbachev; do Presidente Bil Clinton, dos Estados Unidos, que chegou a
conversar com um patrício que ali se encontrava; dando seguimento, chegava a comitiva do Dr.
Fernando Henrique Cardoso, com seu com seu séquito, bastante pomposo, e, quando o
Presidente aproximou-se de onde estava Diógenes, ele ergueu o braço,
mostrando a carta que segurava em sua mão, dizendo “ Presidente!Tenho
uma carta para o Senhor” O Presidente Chamou uma senhora de sua comitiva,
vestida de branco, que deve ter pedido a alguém para apanhar a carta.
Um senhor alto dirigiu-se até
Diógenes e apanhou o documento que, segurando em uma
das mãos, testou-a batendo-a no próprio
braço, para certificar-se da não
existência de veneno ou algum explosivo a ela aderido e
entregou-a ao Presidente, que a guardou num dos bolsos do palitó.
Meses depois, Diógenes recebera uma correspondência
do Governo Brasileiro, desculpando-se da ocorrência
e comprometendo-se a proceder ao pagamento das faltas descontadas.
Mostrou ali, que o pais ainda era sério.