A CHÁCARA DO SOLAR DA MADALENA
*Jansen leiros
Lembro-me de que eu ainda era um infante, quando, para encantamento de todos, surgiu a rainha da comunicação: a televisão - fascinando o mundo moderno, por inteiro, como um todo.
Meu pai, homem de percepção acurada, havia comprado um belo aparelho transmissor, da marca PHILCO, para nosso contentamento familiar e o Solar da Madalena, em Macaíba, construção mesclada de variados estilos arquitetônicos, tornou-se a DEUSA do lugar, para fascínio e atração da meninada ribeirinha, principalmente nos finais de semana, na cidade-Princesa do Rio Jundiaí, mostrando, através das películas ou vídeos projetadas na televisão, alguns belos exemplares de aves e animais de pelagem e plumagem brancas, condições que, no momento daquele relato não eram comuns em nosso pais, tendo em vista a temperatura ambiental desta faixa tórrida do Brasil - pais continente -essencialmente tropical.
Meus pais eram espiritualistas, adeptos da doutrina de Kardec e, tal conjuntura, ensejava a criação dos filhos, embasada na ética bem estruturada nos valores morais, aplicada com respeito aos seres vivos, quer fossem eles racionais ou irracionais.
O lema de meus pais era, então: “respeitar a todos, de maneira incondicional, considerando todos os seres como iguais a nós, bem assim merecedores de profundo respeito.”
Com base nesses princípios, fui incentivado a iniciar a implantação daquela Chácara, com ares de certo requinte.
Assim estávamos sendo criados, Eu, Natércia e Daphne, nos preparando para uma vida mais aprimorada em ambiente de melhor nível de cultura.
Então, pusemos mãos à obra.
Ali, começava a nascer a Chácara do Solar da Madalena, na ribeira do Jundiaí, para contentamento deste articulista ou cronista, como queiram.
Nela, já eram encontradas galinhas da raça Legorne Branca – raça americana - as quais seriam usadas, certamente, para os cruzamentos programados com exemplares brancos, portadores de pescoço pelado, raça de origem (até então ignorada), mas bonita e atraente pelo porte esbelto e viril, chamando a atenção dos visitantes e dos apreciadores daquelas aves.
Havia sido dado o ponta pé inicial e a
Chácara começara a programar seus
acasalamentos.
Na medida em que o tempo ia passando, a chácara foi aumentando seu plantel e o trabalho de seleção se
aprimorando, em razão das pesquisas, o que me encheu de orgulho, tal a performance que foi adquirindo, até tornar-se um ponto turístico, como chegou a ser.
Eis, ai, a razão de meu justificável contentamento e certo orulho.
Dois anos se passaram e a Chácara havia aumentado seu plantel, quer em quantidade de aves e de animais de várias espécimes, quer quanto a importância econômica para Macaíba e para o Estado do Rio Grande do Norte.
Além das galinhas do pescoço pelado,
“carro chefe”, do projeto em comento, a Chácara contava com outras variedades de aves, usadas na composição daquele trabalho empreendedor.
Raças Ornamentais:
Galinhas (gigantes) Rhode Island Red, Plymout Rock Barrada e Branca; Gigante Negro de Jérsey, Conchinchina, Garnizé, Wyandotte, Buckeyes; Lamonas, Brhama Dark, Brhama Light, New Hampshire; e Delaware;
(miniaturas):Existiam mais quatro variedades de miniaturas de raças distintas;
Galinhas de Angola de dois tipos diferentes, inclusive uma variedade francesa e outra de plumagem branca.
Existia o Pavão Branco, o Verde,o Azul, Ombros Negros e , o Arlequim;
PALMIPEDES:
Marrecos de Pequim; Marrecos de Ruão; Marrecos Nativos do Brasil; Marrecos Mandarim; Marrecos Canadenses; Marrecos Indianos; Gansos Sinaleiros; Gansos Europeus;
Gansos Alemães; Gansos Africanos
e o Cisne Real, com toda realeza que essa ave nobre pode ter.
Ao longo do caminhar do projeto, duas viagens ao exterior foram feitas, especificamente para a Holanda, objetivando a obtenção do conhecimento técnico específico para a criação de cada espécie, bem assim a aprendizagem mais adequada dos respectivos manejos. Porém, a política brasileira foi mudando por várias injunções e tudo se foi tornando de difícil execução que muitas coisas se foram tornando inexequíveis.
Por essas razões especiais, inclusive mudanças na administração da política nacional, me trasladaram para outra cidade do pais e o projeto da Chácara do Solar da Madalena foi-se esvaindo, até findar-se.
Eis a história desse empreendimento que ficou no arquivo de minha memória e, assim guardo aqui as lembranças dos bons dias em que convivi com minhas aves e animais, naquela vivenda tão maravilhosa, da qual me restam boas lembranças e muitas saudades.