02/08/2015


SAYURE TAYMO – A GUEIXa




Jansen Leiros*
  

Plathus e Flávia estavam retornando de uma atividade na região astral da 4ª dimensão, quando foram abordados por Nubiacira – a fadinha daquele sítio astralino, a qual trazia, num trenó, improvisado, uma entidade desencarnada, possivelmente dementada, tais os   sofrimentos de que fora vítima, quando de sua última encarnação

Segundo o relatório de Nubiacira, o espírito fora encontrado há muito tempo, ao lado de seu corpo em decomposição e a cabeça esfacelada,  dentro de um barco  de pesca japonês, encalhado e destroçado, numa pequena ilha do Pacífico. A entidade fora resgatada por uma turma de socorro espiritual, atuante no litoral andino

Acontecera que todos os recursos aplicados na tentativa de reanimar aquele espírito foram esgotados sem que lograssem nenhum êxito e o posto que o abrigara já não dispunha de meios para recuperá-lo.

Naquela noite, a fadinha passara ali de retorno de suas atividades socorristas, quando deparou-se com aquela questão, para a qual  os encarregados do posto não tinham solução.

Foi então que Nubiacira ofereceu seus préstimos e ponderou que se o espírito desencarnara em desespero, talvez vítima de um naufrágio, ou mesmo vítima da pirataria ligada à atividade  da pesca clandestina, poderia estar num difícil estado de perturbação que somente um tratamento psicológico, através de hipnose , poderia chegar a bom termo. Assim, resolvera ajuda-lo, no que foi aceito, levando-o à presença de um especialista na área, que aplicaria aquele sistema de terapia

Plathus e Flávia acercaram-se do trenó improvisado pela fadinha e, após uma avaliação acurada, decidiram leva-lo a um posto de socorro espiritual, existente nas proximidades de Matarani, dirigido por espíritos amigos, com os quais  o casal se relacionava muito bem e mantinha uma amizade de longo tempo.

O posto tinha  aparência de pequeno hospital e, anexo às suas dependências, havia um singelo apartamento onde se alojavam os espíritos trabalhadores da área médica, quando em atividade na área.

Plathus confabulou com o encarregado e fez-lhe um relatório do  ocorrido.  A seguir, sugeriu que o paciente ali permanecesse por algum tempo, enquanto seria submetido a um tratamento através de cargas magnéticas, na tentativa de resgatá-lo à consciência.

Tudo, acertado! O paciente fora abrigado em alojamento coletivo, tendo a fadinha se desdobrado para que tudo pudesse sair a contento.

As primeiras providências profiláticas foram tomadas e o espírito e o espírito colocado em leito confortável. Viam-se duas ataduras brancas.  Uma envolvendo a parte cerebral onde recebera pancadas muito fortes e outra que lhe envolvia o tórax.  Ele gemia muito e permanecia desacordado.

Fios estranhos, de coloração que aparentava o cobre, ligavam-no  mentalmente ao barco onde fora encontrado. Através desses fios, pareciam chegar as impressões de dor e de tormento, que o faziam estremecer no leito, como que mergulhado nas ondas de alucinante pesadelo.  Isso era possível ver em sua tela mental, agitada e nebulosa.    

Plathus ministrou-lhe energia à altura da cabeça e comandou-lhe um sono reparador, até a noite seguinte, quando retornaria  para dar início ao tratamento de que necessitava o paciente.

Antes de mergulhar no corpo, Plathus tentou contato telepático com Mei Ping para solicitar orientação específica e, se possível, obter dados da ficha acásica daquele ser.

Na noite seguinte, Plathus, Flávia e Nubiacira retornaram ao posto de socorro para o início do tratamento de que estava a precisar aquele espírito.

O grupo acercou-se do leito e Plathus começou a ministrar-lhe passes de limpeza áurica.  Após algum tempo, quando as nuvens cinzentas aderidas ao corpo  perispiritual do doente esmaeceram até o desaparecimento completo, o mestre começou a falar, lenta e suavemente, para  induzi-lo à necessária hipnose.

Amigo! Você foi encontrado num pequeno barco de pesca e acolhido por algumas almas boas que o levaram a modesto posto de socorro.  Pode me escutar?

HUM..., HUM..., HUM...,    dói-me a cabeça. O corpo todo. O que aconteceu? Que horas são?  Onde estou?  OH meu Deus! Preciso voltar à embarcação para levar o produto da pesca! Se me atrasar, serei punido!  Minha cabeça dói muito. Não sei como fui cair desse jeito!...Hum...Hum...

- Como se chama, amigo?
- Kioto Massuda – respondeu o espírito.
- Qual sua atividade, realmente?
- Quem é o senhor?  É algum patrulheiro?
- Não, amigo. Sou uma pessoa que deseja ajuda-lo.  Você sofreu num acidente  e é necessário que lhe ajude a sarar. Entendeu?
- Como vou saber se você não é um patrulheiro e quer me prender?
- É muito simples, se eu quisesse  lhe prender já o teria feito!
Não o fiz e quero lhe ajudar! 
- Trabalho para uma companhia de pesca de Tóquio, mas, na verdade ela é clandestina e está em luta com outras empresas, também fantasmas.  Receio que eu esteja sendo perseguido e que tenha sido atacado por uma delas. Preciso voltar urgentemente para meu barco, sob pena de perder tudo.  Tenho muito medo! Há outro problema.  Tenho uma cota de produção a cumprir.  Se não alcança-la, serei punido pela empresa e isso resultará em que perderei tudo o que fiz durante a viagem.

Os passes magnéticos ministrados por Plathus tinham efeito anestesiantes quanto à sensação de dor e, de certa forma, tranquilizantes, a ponto de permitir-lhe falar sobre sua atividade, como se nada, ainda, houvesse acontecido, segundo supunha.

Esse era o caminho. Plathus aprofundar-se-ia mais um pouco.

- Amigo, responda-me por favor.  Você tem família?  Onde mora?
- Sim, tenho! Fui casado com uma prima, durante quatorze anos. Do casamento, nasceram-me dois filhos que já estavam crescidos, quando meu casamento desmoronou em circunstâncias muito tristes.

Nesta altura, Plathus tornou a aplicar  energia com mais intensidade , a fim de manter o espírito fora do corpo da emotividade, para que tivesse a condição de narrar sua história  per3mitindwo-lhe  direcionar o tratamento, Kioto prosseguiu:

- Eu trabalhava para a marinha mercante do Japão e fazia muitas viagens internacionais  que me rendiam um bom soldo. Essas viagens me impunham afastamento  prolongado do lar, forçando-me a uma consequente falta de assistência  familiar, involuntária.  Naquela época o fluxo de turistas americanos em meu pais aumentou consideravelmente e você sabe como é aquela gente. Ninguém respeita ninguém. Juntaram-se a carência de minha mulher, e a corte insistente de um desses estrangeiros e ela se foi, deixando o lar e descuidando da orientação dos meninos. Fiquei alucinado. Eu amava demais à família e não me conformava. Tentei de tudo para recompor o lar. Deixei a marinha mercante para estar mais presente, mesmo que isso representasse uma diminuição considerável nos meus vencimentos.  Além disso, não tive sucesso com novos empregos.  As tentativas de reconciliação não lograram êxito. Minha mulher já se havia ocidentalizado demais e não aceitava retornar aos costumes japoneses.  Cada contato que tínhamos, resultava em tortura mental que me levavam a intensos sofrimentos. O temperamento de Tsuiako era muito forte. Bombardeava-me a auto estima com suas colocações jocosas.  Ofendia-me  com comparações odientas  quanto a meus dotes e meu desempenho sexual, a ponto de levar-me    à tentativa de suicídio.  As crianças, nesse caos, derivavam para as drogas e tudo ficou incontrolável. Perderam a condição de estudar e o mais velho suicidou-se aos dezesseis anos.  Quase enlouqueci e, pela segunda vez, tentei morrer, mas não tive coragem de consumar o ato.  Meu filho menor foi adotado por um parente e emigrou para o Brasil, indo morar em São Paulo, na cidade de Osasco. Alucinado, sem emprego e passando dificuldades, voltei ao mar, desta feita para uma atividade clandestina. Virei bandido da pesca e estou neste barco sem saber o que fazer.

- Amigo! Você não está no seu barco. Isto é uma enfermaria e você está sendo tratado convenientemente e vai ficar curado. Agora, vai dormir mais um pouco.  Os remédios que tomou  vão deixá-lo mais calmo. Amanhã, retornarei para ver como você está.
 - Obrigado doutor1  e adormeceu profundamente.

Explicações importantes

Plathus havia conseguido informações valiosas. A história contada por Kioto, superficialmente, era verdadeira, mas,  com extensões bem maiores do que parecia ter.  Sua ex-esposa, de fato, já havia sido sua parceira por mais de uma vez em vivências anteriores e ambos se deviam situações vexatórias no campo do sexo, motivada pela disputa do poder habitual” ou seja, pelo desequilíbrio energético que em se envolveram, face ao desconhecimento das leis universais e, basicamente, pelo desconhecimento dos processos de abastecimento pessoal de energia, pelas fontes universais. A disputa fora tão acirrada que os efeitos danosos levaram KIOTO à impotência absoluta, a ponto de desequilibrar-lhe as mais comezinhas funções do espírito, projetando mutilações na genitália, na encarnação imediata.

Com base em orientações superiores, Plathus tentaria condicioná-lo à nova postura, com sugestões hipnóticas, porém, o mais prático seria trabalhar-lhe a auto estima.

Através do correio telepático, Plathus acionou seu ciclo de amizades espirituais e conseguiu autorização para o cometimento. Durante quase quinze dias sucessivos, prestar-lhe-ia a terapia energética necessária à recomposição ou restauração do tônus vital e o conduziria, sugestivamente, durante quase quinze dias sucessivos numa euforia capaz de renová-lo nos seus mais íntimos desejos.

Na verdade, Hioto não sabia que havia morrido, nem se lembrava do episódio que o levou ao falecimento do corpo físico.

Para proceder-se ao tratamento programado, êle não poderia lembrar-se de seu desencarne, sob pena de invalidar os resultados. É que, sua ex-mulheer, Tsuiako, após o declínio do relacionamento com o americano, que a conquistara, por mero capricho, tentou, tardiamente reencontrar o marido, mas Kioto já se havia imiscuído na pesca clandestina e não era facilmente encontrado. Um filho morrera pelo suicídio, o outro havia emigrado para o Brasil e o próprio marido, que antes vivia lhe suplicando o retorno, desaparecera como por encanto.

Desesperada, e sob os efeitos das drogas, pelo caminho das quais enveredou, encheu-se de ódio e partiu para a vingança, pois fora ele que,  casando-se com ela, a teria afastado de seu  -  legítimo destino  - assim pensava.

Depois de muitas andanças, Tsuiako tomou conhecimento de que
Kioto estava trabalhando num barco pirata, em clandestina atividade e formou uma gang para fazer pirataria, porém o objetivo principal era encontrar o ex-marido e liquidá-lo, tal era o ódio que alimentava.

Fez amizade com dois marinheiros truculentos em troca de favores sexuais e, com eles, saiu à caça. Sete meses depois, Tsuiako, descobriu o paradeiro de Kioto e sabia de todos os seus passos.

Certa noite, conseguira esconder-se no barco mãe da empresa clandestina para a qual Kioto trabalhava. Era o barco que recolhia o produto da pescaria realizada em águas e áreas proibidas.  Tsuiako e os dois  comparsas infiltraram-se entre os tripulantes pois a noite estava muito escura  e facilmente se localizaram em pontos estratégicos. O plano era de, no momento em que acontecesse a abordagem do barco de Kioto e ele se adentrasse no barco mãe, os três passariam para o barco pequeno e lá esperariam por Kioto e o eliminariam. Assim foi feito.  Quando Kioto passou para o barco mãe e começou a entrega da produção, eles se adentraram no seu barco e ali ficaram esperando. Quando Kioto retornou, simplesmente recebeu uma única pancada na cabeça que a esfacelou, tendo morte instantânea.

O  crime acontecera fazia seis anos e Kioto ainda estava vivendo o instante do impacto no crâneo, não podendo lembrar-se de nada, mesmo por que não havia tido tempo, sequer, de ver coisa alguma, exceto os sonhos e pesadelos que passara a viver após o desencarne.

Assim, Plathus deixara bloqueada essa memória que tão somente seria trazida ao consciente no momento oportuno, isto é, quando tivesse condições psicológicas de saber e reagir equilibradamente, sem ódios, sem mágoas, sem ressentimentos, sem rancores.

Ao final de duas semanas de tratamento intensivo, Kioto já se punha de pé e sentia-se recuperado, desconhecendo, ainda,  sua condição de desencarnado.. Imaginava que se encontrava num hospital .para recuperar-se de algum acidente marítimo ou simplesmente  de um naufrágio sem importância.

Plathus lhe comunicara que fariam uma pequena excursão a  bucólica região

No momento aprazado, o médico o tomou pelo braço, conduzindo-o a caminhar pela campina, em torno do posto. Chegando a um belo recanto ajardinado, via-se um magnífico quiosque, erguido sobre um tapete verde,  Na verdade, aquele recanto fora improvisado pela fadinha e sua equipe, com o objetivo de ajudar Plathus a recuperar, definitivamente, aquele espírito tão sofrido. Terminada a tarefa, o quiosque sereia desintegrado, exceto se a direção do posto lhe desse outra destinação.

Plathus e Flávia entraram no prédio. Era um ambiente belo e aconchegante!  A decoração oriental deixou Kioto inteiramente à vontade.

Sentou-se à moda japonesa e ficou olhando as paredes em seus mínimos detalhes.

Aquela construção fazia lembrar as dependências requintadas  dos palácios das antigas dinastias. O ambiente transpirava bem estar.  Kioto estava entrando em ritmo de felicidade.

Minutos depois, que sentara, duas gueixas entraram por uma porta lateral e lhe trouxeram dois biscoitos afrodisíacos. Kioto remoçara!

Plathus aproximou-se dele  e falou:
Kioto! HOJE, Você vai passar o dia neste quiosque!”  Depois de muito tempo no mar, você merece  um repouso! Um descanso feliz! Reparador, calmo, refazedor, energizante e cheio de euforia. Faça o que você achar melhor.

Na verdade, Plathus tinha outros pacientes para cuidar e deixou a Doutora Sayure Taymo para cuidar dele. 

De fato, especialista no problema de distúrbios da impotência sexual, nossa doutora fora convidada para prepará-lo, objetivando uma nova experiência no corpo, colocando-a na condição de futura companheira de vivência física, razão pela qual os encaminhou para uma colônia especializada na preparação de novos reencarnes, programando a escolha das famílias que os receberia, programando, também, o direcionamento da vida profissional, no campo médico. Enfim, programando um amanhã feliz para aquele velho marinheiro, agora cheio de esperanças.
 [ensaio]
     
Jansen Leiros*



Da Academia Macaibense de Letras;
Da Academia Norte Rio Grandense de Trovas;
Da União Brasileira de Escritores;
Do Instituto Norte Rio Grandense de Genealogia;
Do Instituto Histórico e Geográfico do RN.   






01/08/2015

IHGRN



INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE – IHGRN
PROPOSTA DE CALENDÁRIO PARA O SEGUNDO SEMESTRE DE 2015


AGOSTO
DIA 10 – APROVAÇÃO DAS NORMAS DA COMISSÃO ELEITORAL
DIA 21 – FEIRA DE LIVROS (durante o dia); NOITE DE AUTÓGRAFOS(noite) E LANÇAMENTO DO EDITAL CONVOCANDO ELEIÇÕES
DIA 24 – FESTIVIDADE DA REVISTA “FOCOS” (Marcus César) 20 h. Versalhes

SETEMBRO
DIA 11 – PALESTRA ALUSIVA À SEMANA DA PÁTRIA e (POSSE DOS NOVOS SÓCIOS)
DIA 14 – COMEMORAÇÃO DA FUNDAÇÃO DA UBE-RN
DIA 14 – ÚLTIMO DIA PARA RECEBIMENTO DE COLABORAÇÃO PARA A REVISTA DO IHGRN nº 91/2015
DIA 30 – PRAZO FINAL PARA REGISTRO DE CHAPAS

OUTUBRO
SEMANA DO ENCONTRO DOS ESCRITORES
30 – LANÇAMENTO DA REVISTA Nº 91 DO IHGRN

NOVEMBRO
DIA 10 – DIA DA ELEIÇÃO

DEZEMBRO
DIA 11 – CONFRATERNIZAÇÃO NATALINA NO LARGO “VICENTE DE LEMOS”
DIA 28 – INÍCIO DO RECESSO
ALCIDES CID VARELA

Valério Mesquita*

Alcides Cid Varela, casado com D. Silvéria, ambos já falecidos, residiam perto da ponte sobre o rio Jundiaí, à Rua Nair de Andrade Mesquita, antiga rua do comércio.
Dos anos quarenta até o final de 1960, Alcides desempenhou o papel de “médico” da cidade de Macaíba. Tinha a iniludível vocação profissional, menos o diploma. Fui por ele consultado inúmeras vezes. Curou-me de sarampo, catapora, papeira e resfriados sem fim. Segundo experientes pacientes, Alcides tinha faculdades mediúnicas para adivinhar diagnósticos, excetuando-se a aplicação de injeção. Uma Benzetacil ou Gripionase na seringa, pela munheca do “doutor”, levantava um catombo proeminente após uma dor aguda de gravidez. Alcides era magro, semicareca e trajava, usualmente, terno claro como se fosse uma bata médica de um hospital imaginário. Sua voz anasalada e os olhos miúdos emprestavam-lhe uma característica nascida do almanaque Capivarol das doenças corriqueiras.
Não era político, mas gostava de política. Trabalhou nos Correios e Telégrafos em Natal, por onde se aposentou. Foi amigo de Alfredo Mesquita desde a sua época de solteiro. O noivado de Alfredo e Nair  teve como palco a casa de Silvéria e a lua cheia do rio portadora de esperanças e sonhos.
Do casamento de Alcides e Silvéria apenas conheci o filho Edílson Cid Varela, macaibense ilustre jornalista e diretor do Correio Brasiliense da cadeia dos Diários Associados, também falecido. Visitei-o várias vezes quando ia à capital federal. Alcides ficou viúvo e foi morar em Natal na década de sessenta. Foi seu amigo também em Macaíba o comerciante José de Baltazar Marinho, com quem tomava porres homéricos. Alcides era o único macaibense que ousava ser passageiro do jeep guerreiro de Baltazar nas visitas etílicas pelos bares da cidade. O sábado era o dia preferido para ablução na água benta das garrafas do bar de Zé Distinto, ou da mercearia de Zé de Lima. Conhecedor da medicina, o velho Alcides anestesiava-se com o próprio álcool. Foi um tempo e uma fase áurea da boemia local. A estrada estadual asfaltada que liga Macaíba a São Gonçalo tem o seu nome desde o governo Lavoisier Maia. Nunca o DER colocou uma placa. Já pedi e nunca fui atendido.

(*) Escritor.


31/07/2015

Heleno  o  Extraterrestre

Jansen Leiros*

J


O tempo passara e o grupo especial, liderado por Plathus, continuou a reunir-se no topo da montanha, lugar carinhosamente chamado pelos transcendentes, como grupo de estudos:  “ Refúgio de DEUS”.

Numa bela manhã de domingo, com a presença plena do grupo habitual  e de um visitante ilustre, o coelhinho IHON, que raríssimas vezes frequentava as reuniões da montanha, após os exercícios habituais,  fizera o seguinte comentário:
“Amigos, durante a meditação de hoje, fui projetado do corpo somático e flutuei a uns cem metros de altura. Nesse momento, aproximou-se de mim um ser de aparência tranquila, o qual me convidou a segui-lo num passeio pela Via Láctea.  De tão surpreso, não cheguei a articular  nenhuma palavra, mas pensei na extensão do percurso e receei pelo tempo.  De imediato, aquele ser estranho, mas sereno e seguro no seu todo, me respondeu: 
“Plathus, estaremos fora da dimensão do tempo.  Não se aflija. Mantenha-se sereno.”
 Saímos a volitar – prosseguiu a narrativa. De princípio, começamos a contemplar aquela faixa leitosa de luminosidade difusa, que assemelhava-se a uma estrada sideral de poeira translúcida – o arroio de leite da antiga mitologia helênica. O primeiro impacto é indescritível. Um mundo de emoções nos invade o espírito e envolve – nos uma contundente sensação de pequenez.
Aquiete sua alma, Plathus. Você não sabe que fomos criados à imagem e semelhança de Deus? Relaxe e integre-se Nele!
-  Vou tentar! Respondi-lhe!
- Para acalmar-me – prosseguiu Plathus – ele começou serena e pausadamente a discorrer sobre a Via Láctea:
“Plathus! Nossa galáxia abriga bilhões de sóis. Milhões de vezes mais importantes e mais luminosos do que o nosso sol.  Imagine um gigantesco jardim de flores solares e planetários que integram e iluminam toda sua extensão.  Apreciando essa beleza, sideral, que é uma entre os bilhões de galáxias do Universo, você terá  somente uma pálida ideia da grandeza de DEUS, pela inexperiência e desconhecimento das leis siderais. Daí, se infere como é minúscula a Terra e como são inexpressivos os seres que nela habitam neste momento.   Por consequência, você terá uma relativa ideia de hierarquia, não só em razão da grandeza volumétrica dos corpos celestes, mas, principalmente, sobre o nivelamento moral dos planetas – enquanto moradia – e o conteúdo ético dos seres que lhe são comandatários.  Se quisermos aprofunda esse entendimento basta refletirmos  no fato de que  nossa Via Láctea é uma insignificante nebulosa estrela, diante do incomensurável número de outros que povoam as profundezas insondáveis do Universo.  Nosso sistema solar, é minúsculo componente deste caudal cósmico.  Milhares e milhares existem com mais importância no concerto sideral.  Hoje, nosso é fazer uma viagem corrida para lhe dar uma ideia de extensão.  Noutras oportunidades, e seguindo o planejamento para este procedimento educativo, iremos particularizar nossos estudos.  E, após essa primeira excursão, que me pareceu um século, trouxe-me de volta à Terra e retomei o corpo, despertando daquela projeção, com a mente em altíssima rotação pelo tanto que  vi e vivenciei
É interessante – disse o coelhinho IHON  como a cronologia da vida planetária parece-nos programada. Hà muito tempo, quando a humanidade ainda engatinhava pela superfície, coube a Hermes T restabelecer uma doutrina preexistente  nos primórdios do planeta , para considerar o Sol como centro do Universo.  A seguir, Nicolau Copérnico revolucionou a astronomia, formulando a célebre teoria heliocêntrica. Logo a seguir, Tycho Brahe divulgou suas observações sobre o movimento dos astros e Kepler sedimentou o caminho para que Newton anunciasse a lei da gravitação universal. 
Nesse exato momento, Plathus levantou-se e, erguendo os braços para o céu, disse a seguinte prece:

DEUS DE INFINITA BONDADE,
ABENÇOAI-NOS ESTE DIA!
PERMITI QUE OS ENSINAMENTOS HOJE RECEBIDOS
MERGULHEM FUNDO EM NOSSAS ALMAS E QUE A ESSÊNCIA UNIVERSAL QUE HABITA EM NÓS,
FAÇA MORADA EM NOSSOS CORAÇÕES E EM NOSSOS ARQUIVOS CÓSMICOS,
AD ETERNUM!

Jansen Leiros*


Da Academia Macaibense de Letras;
Da Academia Norte Rio Grandense de Trovas;
Da União Brasileira de Escritores;
Do Instituto Norte Rio Grandense de Genealogia;
Do Instituto Histórico e Geográfico do RN.