Matemático, sócio do
IHGRN e do INRG
A repetição de nomes, nas várias
famílias brasileiras, acarreta equívocos quando da construção de qualquer
genealogia. Há um trabalho de meu amigo Marcos Pinto, lá do Apodi, intitulado
“Antonio da Rocha Bezerra, um herói esquecido”, onde encontramos algumas
contradições, que precisamos corrigir. Segundo ele, Antonio da Rocha Bezerra
que foi assassinado, em 1711, por conta da sua relação com o parente Leandro
Bezerra Cavalcante, da Guerra dos Mascates, era filho de José da Rocha Bezerra
e Dona Antonia de Freitas Nogueira. Diz ainda, que Dona Antonia quando enviuvou
de José da Rocha Bezerra, tinha 28 anos em 1680, e casou com Manoel Carvalho
Tinoco em 1681. Diz mais, que Antonio da Rocha Bezerra foi casado com Dona
Josefa Leite de Oliveira.
Vamos aos fatos. Dona Antonia
Freitas, que casou com Manoel Carvalho Tinoco, não pode ser a mesma Antonia de
Freitas Nogueira, pois, em 1708, era batizada sua filha Domingas, e, nessa
data, teria 55 anos. Outro fato é que o coronel Antonio da Rocha Bezerra, que
casou com Josefa de Oliveira Leite, foi padrinho do neto Antonio, filho de
Antonio da Rocha Bezerra e Maria Gomes
Freire, no ano de 1760. Vamos conhecer melhor sobre Manoel Carvalho Tinoco e
sua esposa.
Entre os assentamentos de praça,
encontramos o seguinte: Manoel de Carvalho Tinoco, filho de Domingues
Fernandes, natural da cidade de Braga, de idade de trinta e oito anos, cabelo
negro, olhos pardos, barba negra, rosto grande, e comprido, e feito de pequena
estatura, senta praça de soldado nesta companhia desde 5 de janeiro de 1699, e
vence mil oitocentos e sessenta e seis réis de soldo, por mês, na forma do
assento do Conselho da Fazenda, lançado no Lº 2º a fl 77 verso e não vencerá
mais coisa alguma. Manoel Gonçalves Branco.
Na margem desse assento há mais
algumas informações. Primeiro, a data de assento é corrigida para 21 de outubro
de 1699, em Assú; outra anotação dá conta que foi condenado por sentença a
servir à sua majestade um ano a sua custa como dela consta no Lº 6º a fl. 26 em
que está registrado que começa em 23 de fevereiro de 1703, como consta de sua
apresentação; começou a servir em a Companhia do capitão Salvador Amorim que
era da Guarnição na Fortaleza dos Santos Reis a sua custa em (sem a data).
Entre os registros mais antigos,
ainda existentes, encontramos os batismos de vários filhos de Manoel e Antonia,
como segue:
Aos 13
de agosto de 1695, batizou o Padre Pedro Fernandes, de minha licença, na capela
de São Gonçalo, a Caetano filho de Manoel de Carvalho Tinoco e de sua mulher Antônia
de Freitas. Foram padrinhos Nicácio da Costa e Joana Gomes, filhos do Capitão
Pedro da Costa (Faleiro). Basílio de Abreu e Andrade.
Aos 29
de setembro de 1697, batizou e pôs os santos óleos, de minha licença, o Padre
Francisco Bezerra, em Santo Antônio do Potengi, a inocente Ana, filha de Manoel
Carvalho e de sua mulher Antônia de Freitas. Foram padrinhos Manoel Rodrigues
Santiago e Florença de Dornellas. Domingos da Rocha de Figueiredo.
Em 19
de fevereiro de 1700 anos, na capela de São Gonçalo do Potengi, com licença do
Reverendo Padre Coadjutor desta Matriz, o licenciado Antonio Rodrigues Frazão,
batizou o Padre Francisco Bezerra a Manoel, filho de Manoel de Carvalho Tinoco
e de sua mulher Antônia de Freitas. Foram padrinhos Manoel da Gama de Araújo e
Bernarda de Oliveira, filha da viúva Mariana da Costa. Simão Rodrigues de Sá.
Em 05
de julho de 1702 anos, na capela do Senhor São Gonçalo do Potengi, batizei a
Joseph, filho de Manoel Carvalho e de sua mulher Antônia de Freitas. Foram padrinhos
Manoel Gonçalves Pimentel e Maria de
Freitas, mulher de Antônio Pinto. Simão Rodrigues de Sá.
Em 4 de
abril de 1704, na capela do Senhor Santo Antônio do Potengi, com licença minha,
batizou o Padre Francisco Bezerra de Góis, a Maria, filha de Manoel Carvalho e de sua
mulher Antônia de Freitas. Foram padrinhos o Comissário Geral Antônio Gomes de
Barros e Custódia de Freitas, filha de Maria de
Freitas, mulher de Antônio Pinto. Simão Rodrigues de Sá, Vigário.
Em 11
de maio, na Capela do Senhor Santo Antônio do Potengi, do ano de 1706, batizei a
Florinda filha de Manoel Carvalho Tinoco e de sua mulher Antônia de Freitas. Foram
padrinhos o tenente-coronel Teodósio de Grasciman e sua mulher Paula Barbosa.
Simão Rodrigues de Sá.
Em 06
de agosto de 1708 anos, na capela de São Gonçalo do Potengi, de licença minha,
batizou o Padre Antonio de Araújo e Souza a Domingas filha de Manoel Carvalho
Tinoco e de Antônia de Freitas. Foram padrinhos o Padre Francisco Bezerra e
Custódia de Freitas. Simão Rodrigues de Sá.
Essa
Maria de Freitas, mulher de Antonio Pinto, parece ser da família, pois, ela ou
sua filha, Custódia, apadrinharam três
filhos de Antonia de Freitas.
O registro de casamento de
Caetano já apresenta falhas e, por isso, transcrevemos parte dele. Caetano
Gomes de Almeida (o sobrenome não contém, aparentemente, nenhuma relação com os
dos pais) casou aos nove de agosto de 1734, na Capela de Nossa Senhora da
Conceição de Jundiaí, com Apolônia de Almeida Costa, filha legítima de Mathias
da Silva Gayo, e de sua mulher Potenciana Carvalho, já defunta, na presença do
capitão de Infantaria Francisco Ribeiro Garcia, do sargento-mor Hilário de
Castro Rocha, de sua mulher Maria Magdalena e de Izabel de Barros, mulher do
coronel Carlos de Azevedo do Vale. Nessa data Manoel Carvalho Tinoco, seu pai, já era falecido. As denunciações foram feitas
na Matriz e na capela da Senhora Santa Ana do Arraial, onde Apolônia era
moradora e na de Nossa Senhora dos Remédios de Cajupiranga, onde morava Caetano.
Apresentaram banhos corridos no Curato de Assú, e foram dispensados no quarto
grau de sanguinidade atingente ao terceiro.
Outro filho de Manoel Tinoco e
Antonia de Freitas, que encontramos o casamento, foi Manoel. Transcrevemos seu
registro a seguir.
Aos vinte e oito de novembro de
mil setecentos e quarenta e dois anos, na Capela do Senhor Santo Antonio do
Potegy, desta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do
Norte, feitas as denunciações na forma do Sagrado Concilio Tridentino, nesta
Matriz e nas mais partes necessárias desta Freguesia, onde os contraentes são
naturais e a contraente moradora, e na Freguesia do Assú, onde o contraente é
morador, sem se descobrir impedimento, como consta das Certidões dos Banhos,
que ficam em meu poder, em presença do Reverendo Padre Manoel Pinheiro
Teixeira, de licença minha, e sendo presentes por testemunhas o coronel João
Pereira de Veras e Ignácio de Oliveira, pessoas conhecidas, os quais vinham
assinados juntamente como o Reverendo Padre Assistente, no assento que mandou, por eu assim expressar, na
licença que dei conforme provimento do Reverendo Senhor Doutor Visitador, se
casaram em face da Igreja, solenemente, por palavras, Manoel Carvalho, filho
legítimo de Manoel Carvalho Tinoco, já defunto, e de Antonia de Freitas,
moradores que foram neste Rio Grande, e por ora moradores na freguesia do
Senhor São João Baptista do Assú, com Josefa da Costa de Oliveira, filha
legítima de Basílio Lopes Lima e de sua mulher Antonia Leite de Oliveira,
moradores nesta Freguesia e dela ambos os contraentes naturais. Manoel Correa
Gomes, Vigário.