28/05/2015
27/05/2015
Segredos que vem à tona
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG.
Tive algumas dificuldades na descoberta de alguns parentescos, em virtude de segredos que eram mantidos por familiares. Grande parte desses segredos vinha do nascimento de filhos naturais, como se isso não fosse comum nas famílias do mundo todo, desde o começo dos tempos.
A primeira dessas dificuldades veio quando tentei descobrir o parentesco do Senador Georgino Avelino com a nossa família. Todo mundo era parente dele, mas não ninguém sabia explicar como. Através de exaustivas pesquisas em documentos fui me aproximando mais e mais da verdade. Ela somente foi confirmada através do meu parente José Nazareno Avelino, morador no Assú. O avó do Senador Georgino, Vicente Maria da Costa Avelino, era filho bastardo (como se dizia naquela época) do meu trisavô Alexandre Avelino da Costa Martins.
Depois, tentei descobrir como era nosso parentesco com os Alves. Papai deixou escrito que tanto os Alves Fernandes como os Rodrigues do Baixo Assú e Macau eram do clã do velho José Martins Ferreira. Foi uma pesquisa difícil, aonde a maior dificuldade vinha da afirmação que os Alves eram de Santana do Matos. Minha irmã, que conversou mais com minha avó, Maria Josefina Martins Ferreira, afirmava que ela era prima legitima de seu Nezinho. Ninguém mais sabia dizer coisa alguma. Cheguei a conversar com membros da família Alves, incluindo aí, descendentes de Manoel Alves Martins Filho, irmão de seu Nezinho, mas qualquer elo para eles estava distante no tempo. Somente, quando encontrei, lá no Fórum de Assú, o inventário de meu tio-bisavô José Alves Martins, tudo se esclareceu repentinamente. Nele estavam nomeados todos os nove filhos dele e da sua esposa Francisca Martins de Oliveira, incluindo aí Manoel Alves Martins, Josefina Emília, Militão Alves Martins e Delfino Alves Martins.
Minha tia Águida Torres Avelino foi casada com Bernardo Pinto de Abreu. Não tinha nenhuma informação sobre ele. Procurei entre os familiares mais detalhes, mas nada. Com a ajuda de meus tios Francisco Avelino e Láercio Avelino, localizei no Rio de Janeiro, Fátima Pantoja e Manoel Pantoja, filhos de Pintinha (Maria Pinto de Abreu) e netos maternos de tia Águida. Havia um ranço com relação a minha tia-avó, pois ela, quando viúva de Bernardo Pinto de Abreu, teve uma filha natural, conhecida na família com Ritinha. Deram-me o telefone de Rosália Pinto de Abreu, outra filha de Bernardo e Águida, que mora em Recife, e, atualmente está com 107 anos. Como na época estava doente, conversei tranquilamente com Irene filha dela que me deu maiores detalhes dessa descendência, que já comentei em artigo anterior.
Um dia quando meu tio Chiquinho esteve aqui em Natal, perguntei por que ele não tinha o nome completo do seu avô Francisco Avelino da Costa Bezerra. Ele me respondeu que isso aconteceu por conta da existência de um filho bastardo desse referido avô. Agora, quando da vinda de Francisco Avelino Neto, por conta da doença de mamãe, resolvi continuar a conversa. Queria saber mais detalhes, iniciando pelo nome desse irmão de meu avô. Chamava-se Luiz Torres. Foi descrito como um homem alto e moreno. Meus tios lembravam-se de um dos filhos dele, de nome Chico Torres. Tia Francisquinha disse que estudou com ele, no primário, lá em Angicos, e tio Laércio disse que ele, Chico Torres, foi casado com a viúva de um tal Clarindo Dantas.
Uma pergunta que meus tios não souberam responder: Se Luiz era filho natural de Francisco Avelino da Costa Bezerra, porque ele tinha o sobrenome da esposa dele, Josefa Maria da Costa Torres?
Nas pesquisas que tenho feito em livros de registros que começam em 1688, filhos naturais estão sempre presentes. A esposa do português Manoel Raposo da Câmara nasceu antes dos pais se casarem. O coronel Francisco Machado de Oliveira Barros gerou um filho natural que foi presidente de nossa Província, Joaquim José do Rego Barros. Minha tetravó Lourença Dias da Rosa nasceu antes de sua mãe, a viúva Francisca Xavier Lopes, casar com meu tetravô Francisco Xavier da Cruz. Não esperou pelo casamento com o primo. Os padres Thomaz Pereira de Araújo, Francisco de Brito Guerra, Antonio de Souza Martins, Pantaleão da Costa Araújo e tantos outros deixaram larga descendência por aqui. Jerônimo de Albuquerque Maranhão, uma das figuras exponenciais da nossa história, era filho natural de Jerônimo de Albuquerque com uma índia.
Batismo de Lourença Dias da Rosa |
26/05/2015
H O J E
CONVITE
Sessão Solene In Memoriam
O Presidente da Academia Norte-rio-grandense de Letras, Diógenes da Cunha Lima, convida V. Sa, para a Sessão Solene em homenagem à memória da escritora Anna Maria Cascudo Barreto.
Data: 26 de maio de 2015
Horário: 16 às 18 horas
Local: Salão Nobre da Academia
Oradora: Acadêmica Sônia Maria Fernandes Ferreira
Diógenes da Cunha Linha
Presidente
25/05/2015
Não
existe essa coisa de dinheiro público
Tomislav R. Femenick
– Contador; autor do livro “Para aprender economia”.
Nos anos 1970 se iniciou uma
ação, mais que um movimento teórico, de redução da intervenção do Estado na
economia e ampliação da liberdade das pessoas; de revitalização do liberalismo
econômico e político. Aconteceu primeiro nos países capitalistas desenvolvidos;
depois por quase todo o mundo. Os principais condutores desse movimento foram Margaret
Thatcher, na Grã-Bretanha, e Ronald Reagan, nos Estados Unidos.
Primeira-ministra da Inglaterra
de 1979 a 1990, Thatcher vendeu a particulares o controle que o governo
britânico mantinha de algumas empresas – indústrias, mineradoras e prestadoras
de serviços –, cortou gastos públicos, proibiu o aumento dos preços dos
serviços governamentais e enfrentou o poder dos sindicatos, principalmente dos
mineiros de carvão. Tudo isso resultou na redução da inflação e, por um período
inicial, um crescimento da taxa de desemprego. Politicamente teve uma ação
drástica contra as esquerdas locais e combateu duramente os países de governo
comunista. Em 160 anos, foi o único primeiro-ministro a permanecer no cargo por
três mandados consecutivos e, ainda, elegeu seu substituto, John Major, do seu
partido, o Conservador. Major exerceu as funções por sete anos, cedendo o lugar
para um membro do Partido Trabalhista, de esquerda, Tony Blair, que,
curiosamente, mantém a política liberal de Margaret Thatcher inalterada em seus
princípios básicos (Femenick, 1998).
Ao assumir seu segundo mandado,
em 1983, a dama de ferro disse em seu discurso perante o parlamento britânico:
“Um dos grandes debates de nosso tempo é
saber quanto do seu dinheiro deve ser gasto pelo governo e quanto dele você
deve usar nos gastos com sua família. Nunca nos esqueçamos dessa verdade
fundamental: o Estado [o governo] não
tem outra fonte de receita que não o dinheiro ganho pelo próprio cidadão. Se o
Estado deseja gastar mais, só pode fazê-lo se tomar emprestado de sua poupança
ou lhe cobrar mais impostos. Não é lógico pensar que outro alguém vai pagar –
esse outro alguém é você. Não existe essa coisa de dinheiro público; existe
apenas o dinheiro do contribuinte. A prosperidade não virá com programas de
despesas públicas mais gordas. [...]
Nenhuma nação prosperou ao taxar seus cidadãos além da capacidade de pagamento
deles. Temos o dever de nos certificar de que cada centavo obtido com tributos
seja gasto sabidamente e bem” (Veja, 2015).
No Brasil dos últimos anos, a
lógica tem sido outra. Enquanto os tributos beiram a 40% da toda a renda
nacional, o governo gasta como se tivesse fonte própria de recursos e como se
esses recursos fossem ilimitados. Nesse quesito, os governos federal, estaduais
e municipais (com poucas exceções) são estroinas, levianos,
irresponsáveis e desajuizados – criam cargos, dão fartos aumentos para certas
castas de funcionários públicos e se esquecem de segmentos fundamentais como os
professores, por exemplos. O perigo dessas despesas é que elas permanecem pelos
anos futuros. Por outro lado, lançam programas e obras públicas em atacado e a
granel.
Mas
a conta chegou. O governo federal está atrasando o pagamento das verbas
orçamentárias para estados e municípios. O resultado é perverso para o cidadão:
as obras estão paradas no meio do caminho e a educação, a saúde, a segurança pública
e outros serviços estão em níveis cada vez piores. Quem sai perdendo é o
cidadão, o pagador de impostos.
Mas
grave ainda é o reflexo dessa improbidade na iniciativa privada. Custos cada
vez mais altos, mercado cada vez menor e desemprego cada vez maior. Sim, o
desemprego é um grande problema para os empresários. Eles têm que mandar embora
quadros técnicos que custaram muito dinheiro para serem formados, além de que
quanto menor for o número de empregados, menor será a produção, menor será o
volume das vendas, menor será o lucro.
Para
fugir do desemprego e dos salários contingenciados, criou-se no país um cenário
que bem representa a falta de confiança na economia; todos querem receber algo
do governo. Os mais pobres querem recebem a bolsa família, os jovens da classe
média sonham em passar em algum concurso e assumir um emprego público e os
empresários querem ser premiados com um financiamento do BNDES com juros
magrinhos e a perder de vista.
Para
completar o quadro deveras dantesco, o ministro da Fazenda, o Sr. Joaquim Levy,
defende o aumento dos impostos, como meio do governo sair da crise que ele
mesmo, o governo, criou.
24/05/2015
AS DIFICULDADES DE 2015
Após o ano redentor de 2014, onde a Diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, liderado pelo seu Presidente Valério Mesquita, conseguiu realizar milagres com pequenas dotações liberadas pelo Governo do Rio Grande do Norte, através da Fundação José Augusto e pela Prefeitura Municipal do Natal, iniciamos 2015 com extremas dificuldades, sem nenhuma liberação de recursos até o momento, contando com o sacrifício de subsistir com a diminuta contribuição anual dos seus poucos sócios, mesmo assim com uma inadimplência acentuada e com o desembolso pessoal dos diretores.
O nosso projeto, já definido com Convênios assinados com a SEEC, Fundação José Augusto e perspectivas de novos pactos de cooperação técnica e financeira com a Prefeitura de Natal e Universidade Federal do Rio Grande do Norte, concentra-se na recuperação física do nosso acervo, desde a higienização, recuperação física e digitalização, de forma a permitir as consultas dos estudantes e pesquisadores através do meio digital. Para isso, recebemos uma doação de 10 computadores do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região e estamos no caminho de obtenção da participação da UFRN, com a indicação de professores especialistas e participação no Sítio da Universidade através de um link que permita as consultas necessárias.
A par desse ideário, fomos intimados pelo Ministério Público Estadual para tomarmos medidas essenciais à solução de problemas pontuais, como um sistema contra incêndio e a acessibilidade para pessoas com deficiência motora, providências que dependem da ultimação dos convênios antes referidos.
Gostaríamos que nossos sócios providenciassem os pagamentos das anuidades, com urgência, para que possamos concluir a tarefa de recadastramento a fim de conciliarmos a certeza do "quorum" para as assembleias gerais que serão realizadas no próximo mês e na assembleia eleitoral que ocorrerá entre outubro de novembro do corrente ano.
Pedimos a todos uma atenção especial para o IHGRN, o maior acervo documental do Estado e que precisa urgentemente de um trabalho de consolidação.
Compareçam diariamente ao nosso expediente matutino para conversarmos sobre o futuro da Entidade e recebermos sugestões para a sua otimização.
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes - Secretário Geral do IHGRN
23/05/2015
AS ZONAS
Valério Mesquita*
Trata-se de um tema que vem
sendo comentado com frequência, há décadas. Recrudesce sempre nas proximidades
das eleições no Rio Grande do Norte. Áreas para instalação são apontadas e em
seguida tudo fica no mesmismo. Seria trágico, se não fosse cômico, se
investigar esse disse-me-disse de ZPE’s no agreste, no Seridó, no vale do Assu,
no oeste ou na área da grande Natal. A reprise desse assunto no calendário
eleitoral, além de confundir e enganar o povo – fazendo-o de estúpido – redunda
em agressão a lei eleitoral, aos bons costumes, pela falsidade ideológica com
que é impingido um investimento de ordem publico/privada sem uma discussão
ampla dos grupos investidores com as classes produtoras do Rio Grande do Norte
e governo do estado.
Essas zonas não significam
o que alguns estão pensando. São as zonas de processamento de exportação do Rio
Grande do Norte. Compreendam-me bem: não quero com isso que suponham que sou
contrário as ZPE’s. Mas, sim, a propaganda enganosa de infligir a coletividade,
a imagem de vítima de um capricho político vicioso e eleitoreiro. Alguns
municípios – li na imprensa – já disponibilizam glebas desapropriadas com o
dinheiro público, sem nenhum planejamento ou debate técnico sobre o assunto.
São procedimentos açodados onde o tráfico de influencia e a captação subliminar
e ilícita de votos estão tão explícitos quanto as irregularidades de ordem
contábil com afronte a moralidade pública.
Esses artifícios curiosos
e episódicos contam com a cumplicidade de alguns ministérios ligados a partidos
aliados que atuam nos estados. O critério de escolha não parece técnico nem
seletivo. Há um dano, um foco, um aparelho transformador, destinado a converter
situações e imprimir resultados. A expectativa nossa é de que as zonas não se
transformem em burlas para premiar confrarias, pelo tratamento vago, vadio e
vazio em vez de avançar sistemicamente nas negociações com os grupos
estrangeiros, os quais, nem ao menos se tem idéia de onde vêm. A ZPE é tratada
como tema abstrato, oferecendo apenas um factóide publicitário que transparece
como recompensa material em troca de voto. O receio reside na preocupação
coletiva que essas regras facilitem a perpetuação da corrupção e do
fisiologismo. O próprio capitalismo selvagem no mundo transformou-se num
assombroso vampiro na Ásia explorando a classe proletária.
A implantação das zonas
de processamento de exportação deve sair do palanque político para o auditório
dos debates com os verdadeiros agentes produtivos do estado. Que as coisas não
sejam decididas com festa do dinheiro público como se desenha na volta anual de
cada pleito. Que as zonas representem na agenda do crescimento do emprego,
melhor e maior credibilidade e não uma zorra implementada e operacionada por
ministérios comprometidos com os interesses partidários e não com os objetivos da
integração nacional.
No popular, zona é um
vocábulo comum que inspira boas recordações. Casas de recursos e pousadas de lazer
e divertimento. Não existem mais. Imperava nelas a servidão humana das
mulheres. Mas, reservavam o prazer. E funcionavam bem porque processavam e
exportavam o pecado, o mais antigo meio de comércio e indústria da humanidade. O bairro da Ribeira em Natal e Ponta Negra são
as “ZPE’s” mais citadas dos bons tempos às margens das águas fluviais e
marítimas. A expectativa do articulista é de que os “corredores de exportação” de
hoje, não fiquem, apenas, na saudade e no consumo dos pecados políticos: através
de atos, fatos, omissões e oportunismos.
(*) Escritor.
22/05/2015
“Pátria-Mãe!”
“Quando, triste e envergonhado, leio a mentira
divulgada em textos revisionistas e marxistas... quando, feliz e orgulhoso,
associo-me às comemorações da data magna de Portugal, ainda que dela nenhuma
referência tenha encontrado na imprensa brasileira, brado com emoção...”
...Obrigado,
Portugal, Pátria-Mãe do meu Brasil!
Obrigado
porque teus descobridores partiram da ocidental praia lusitana e, por mares
nunca d’antes navegados, foram bem além do Bojador, além da dor, e descobriram
para o mundo a terra onde eu nasci.
Obrigado
por teres batizado esta parte do Novo Mundo de Terra de Santa Cruz, e que se fez
conhecida como Brasil. Nas velas enfunadas da esquadra de Pedro Álvares Cabral,
teus navegadores, a cruz e a espada lado a lado, revelaram-nos e marcaram-nos
para sempre com a Cruz da Ordem de Cristo. E, de imediato, mandou o Descobridor
celebrar missa em louvor a Nosso Senhor Jesus Cristo, fazendo do Brasil a Nação
cristã da qual e do que todos nos orgulhamos. Obrigado pelo cristianismo!
Obrigado
pela última flor do Lácio, inculta e bela! Porque tu, Portugal, nos colonizaste,
herdamos o idioma que Luiz Vaz de Camões e Fernando Pessoa imortalizaram.
Obrigado, pois que, assim, permitiste que na tua língua latina se
imortalizassem Machado de Assis, Castro Alves, Olavo Bilac, Rui Barbosa,
Gustavo Barroso e outros patrícios que bem a esgrimiram. Graças ao teu
Português, ao nosso Português, os cento e noventa milhões de brasileiros se
expressam e se entendem, emprestando unidade exemplar à Nação. É por meio do
idioma de nossos antepassados luso-brasileiros que se entendem o caboclo da
Amazônia e o capoeirista da Bahia, o jangadeiro nordestino e o empresário
paulista, o gaúcho dos pampas e o seringueiro do Acre, o sambista carioca e o boiadeiro
do pantanal, o seresteiro das Minas Gerais e o índio de todas as tribos.
Obrigado pelo idioma que nos une e nos faz Nação!
Obrigado
pelo território que nos legaste! Obrigado pela audácia, bravura, coragem,
empreendedorismo e despojamento dos teus e dos nossos bandeirantes e
entradistas que ousaram transpor Tordesilhas. Povoados e vilas, rios e campos,
riquezas e ciência, tudo legaram em função da obra desbravadora que tanto
enriquece nossa História. Pelas mãos daqueles bravos e dos homens do litoral, a
Pátria foi sendo desbravada, demarcada e construída. Obrigado pelo território,
magistralmente defendido por teus diplomatas, cuja obra tornou-se imortal nos
teus tratados com Espanha, entre os quais sobressai o de Madrid. Obrigado pela
terra que nos legaste.
Obrigado por
esta mesma terra que para nós demarcaste e defendeste, semeando marcos, padrões
e fortificações. Aí estão os fortes e fortalezas das Baías de Guanabara e de
Todos os Santos. Aí estão as fortificações em todo o litoral, como, por exemplo,
as do Recife, de Natal e Belém. Aí estão, sobretudo, provas da obstinação e da
capacidade de teus engenheiros em Príncipe da Beira e em Coimbra. Obrigado ,
pois, pela riqueza histórica e cultural que, por meio tuas obras defensivas, tu
nos presenteaste.
Obrigado
pela coragem e bravura, pelo espírito combativo e destemido com que tu,
Portugal, lideraste lusos e brasileiros nas lutas contra o invasor francês, no
Rio de Janeiro e no Maranhão. Assim também nos combates contra o ousado invasor
holandês, na Bahia, em Pernambuco e em outras praias do Nordeste. Da mesma
forma, com determinação, comandaste os teus e os nossos nas pelejas contra os
ingleses na calha amazônica.
Obrigado
pela integridade do patrimônio territorial, afirmada e confirmada pela
transmigração de tua Corte para o Rio de Janeiro, o que fez do monarca
português o único rei europeu a visitar e a viver no Novo Mundo. Não fora a sábia
e oportuna decisão tomada pelo Príncipe Regente, quem sabe como teríamos nosso
País, quase metade da América do Sul, do qual tão bem desfrutamos em pleno Século XXI ?
Obrigado pelo legado da permanência da Corte no Brasil, de que são exemplos o
Jardim Botânico e a Academia Militar das Agulhas Negras, o Banco do Brasil e o Arquivo
Histórico do Exército, a Justiça Militar, a Polícia Militar do Rio de Janeiro e
o Corpo de Fuzileiros Navais, exemplos lembrados a esmo entre tantos outros que
bem poderiam ter sido recordados. Obrigado pela integridade do território.
Obrigado
pela independência, proclamada pelo teu Pedro IV, que, em momento de magnífica
lucidez e de amor ao Brasil, D. João VI deixou-nos como Príncipe Regente.
Fizemo-nos independentes de ti, mas o sangue lusitano organizou o Império do
Brasil e nos governou até a Regência. Não se pode esquecer que, também nas
veias e artérias do brasileiro D. Pedro II corria o sangue de Portugal, filho
de teu Rei D. Pedro IV. Obrigado pela voz que bradou “Independência ou Morte!”.
Obrigado
pelo verde e pelo amarelo, nossas cores nacionais desde o Império e que
perpetuaram, em nosso pavilhão, as cores das dinastias de Bragança e dos
Habsburgos. Nelas, hoje e no mundo inteiro, encontramos nossa identidade e por
elas somos prontamente reconhecidos. São cores que fazem bater mais forte o
coração do brasileiro. Elas estão em nossos quartéis, belonaves, aeronaves,
edifícios públicos, estádios, legações e trajes desportivos. Obrigado aos da
Casa de Bragança e aos da Casa dos Habsburgos por nossas cores nacionais.
Obrigado
pelo jeito brasileiro de ser, tão marcado pela miscigenação adotada e praticada
pelo colonizador. Porque os teus se miscigenaram, não somos racistas. Ao
contrário, abominamos os que nos querem fazer ver e pensar de outra forma. Não
fossem os teus e não teríamos as decantadas mulatas que tanto nos orgulham e
que encantam platéias quando evoluem ao som de samba e do frevo, do maracatu e
do boi bumbá.
Obrigado
pelo legado artístico que hoje exibimos em nossas igrejas. São, os próprios
templos, admiráveis obras de arte, com seus riquíssimos acervos em imagens,
objetos de ouro e prata, pinturas e esculturas. Obrigado pelo que nos ensinaste
e deixaste em arte sacra.
Obrigado
pelo que nos ofereceste quando comemoramos, em 1972, o sesquicentenário de
nossa independência. Deste-nos o corpo do próprio D. Pedro I, hoje guardado em
venerável repouso no Monumento do Ipiranga, às margens do mesmo riacho no qual
proclamou-nos Nação livre e soberana. Obrigado por deixá-lo repousar em terras
brasílicas.
Obrigado pelos
costumes, valores e tradições que nos fazem parte inconfundível da civilização
ocidental. À tua predominante cultura somaram-se contribuições italianas e
indígenas, espanholas e africanas, finlandesas e alemãs, japonesas e coreanas,
holandesas e russas, todas artífices da cultura brasileira, perfeitamente
integrada e identificada à do Ocidente. Obrigado por nos ter aberto as portas
do Ocidente cristão.
Obrigado
por tudo, Portugal! Obrigado, Pátria-Mãe!
Assinar:
Postagens (Atom)