12/05/2015

O POTIGUAR PIONEIRO DA AVIAÇÃO

AUGUSTO SEVERO DE ALBUQUERQUE MARANHÃO

Linha do Tempo:
1864 No dia 11 de janeiro, nasce em Macaíba/RN, Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, oitavo dos 14 filhos do pernambucano Amaro Barreto de Albuquerque Maranhão (1827-896) e da paraibana Feliciana Maria da Silva de Albuquerque Maranhão (1832-893). 
1880 Aos 16 anos, viaja para o Rio de Janeiro, então capital do Império, e inicia seus estudos de engenharia na Escola Politécnica. 
1881 O inventor paraense Júlio César Ribeiro de Souza apresenta um projeto de dirigível ao Instituto Politécnico Brasileiro, o que motiva o jovem Augusto Severo a se interessar pelo voo, realizando observação de aves planadoras e construindo pequenos modelos de pipas. 
1882 Passa a lecionar matemática no Ginásio Norte Riograndense, do seu irmão Pedro Velho Maranhão, acumulando a função de vice-diretor. 
Em 1983, o ginásio fecha e Severo dedica-se ao comércio, primeiro como guarda-livros da empresa Guararapes e, mais tarde, associa-se à firma A. Maranhão & Cia. Importadora e Exportadora. 
1888 Casa-se com a pernambucana Maria Amélia Teixeira de Araújo (1861-1896), com quem tem cinco filhos. No ano seguinte, passa a escrever artigos para o jornal A República, anti-monárquico, do irmão Pedro Velho, e projeta um dirigível que incorporava ideias revolucionárias, o Potyguarania. O projeto, porém, nunca chegaria a sair do papel. 
1892 Abandona de vez a carreira comercial para dedicar-se à política, sendo eleito deputado ao Congresso constituinte que organizou o Estado. Neste mesmo ano, o Governo lhe concede auxílio pecuniário para que mande fazer, na Europa, um aeróstato dirigível de sua invenção. O dirigível recebe o nome de Bartholomeu de Gusmão. 
1893 Em março, o balão chega ao Brasil. A estrutura em treliça é inicialmente projetada para ser executada em alumínio, mas a falta do material faz com que Augusto Severo altere o projeto, construindo a parte rígida do aparelho em bambu. 
1894 Com cerca de 2.000m3 e medindo 60m de comprimento, o Bartholomeu de Gusmão realiza as primeiras ascensões ainda como balão cativo (preso por cordas) e mostra-se estável e equilibrado, demonstrando que a concepção proposta por Augusto Severo era adequada para o voo. Mas, no único voo do dirigível livre das amarras, a estrutura em bambu não suporta os esforços e se parte. 
1896 Em 19 de abril, no Rio de Janeiro, Augusto Severo pede patente para um “turbo-motor com expansões múltiplas e continuadas”, concedida no dia seguinte. Em 20 de outubro, sua mulher morre, após o que Augusto Severo inicia um relacionamento amoroso com Natália de Siqueira Cossini, de origem italiana, com a qual vem a ter dois filhos. 
1899 Em 27 de julho, no Rio de Janeiro, patenteia um novo balão dirigível, o Paz, que posteriormente tem o nome latinizado para Pax. 
1901 Augusto Severo licencia-se da Câmara para se dedicar à construção do Pax, que trazia muitas inovações em relação ao Bartholomeu de Gusmão. 
1902 No dia 12 de maio, tendo como mecânico de bordo o francês Georges Saché, o Pax inicia seu voo às 5h30, saindo da estação de Vaugirard, em Paris, capital da França. O dirigível eleva-se rapidamente, atingindo cerca de 400 metros, e realiza diversas evoluções que mostram aos inúmeros espectadores que as ideias do inventor potiguar Augusto Severo estavam corretas. Cerca de dez minutos após o início do voo, o Pax explode violentamente, projetando os dois tripulantes para o solo. Severo e Saché morreram na queda. Os restos do dirigível caem na Avenida du Maine, diante de uma grande multidão. 

 1908 A viúva de Augusto Severo, Natália, que presenciou a queda, nunca se recuperou da tragédia. Após retornar ao Brasil, ela se suicida com um tiro no coração, aos 30 anos de idade.

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11/05/2015

RN se esquece do mártir Augusto Severo


Augusto Severo, o mártir a ser lembrado amanhã, e...
O Rio Grande do Norte resolveu mesmo esquecer seus filhos mais ilustres, cujas personalidades deveriam estar sendo sempre apresentadas aos demais conterrâneos como exemplos e modelos a nortear caminhos. A mais recente demonstração deste esforço de perda de cultura é o 113° aniversário de falecimento do aviador Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, um dos mais respeitados mártires da história da aviação.
Ele transcorrerá nesta terça-feira, 12, amanhã, e nos meios de comunicação locais não vê notícia de qualquer preparação de evento para registrá-lo como iniciativa dos poderes constituídos. Quem está organizando um momento em sua homenagem é um grupo de admiradores capitaneado pelo advogado e empresário Augusto Maranhão, historiador que integra a família de Severo e cuja fisionomia, na opinião de amigos, lembra muito a deste.
Por sua iniciativa, alguns natalenses se reunirão às 15h30m de amanhã diante do busto de Severo chantado na praça que recebeu seu nome ainda nos anos quarenta, na Ribeira, para ser substituído há pouco tempo numa iniciativa do prefeito Carlos Eduardo Alves, para quem o local deve oficialmente ser chamado de “Largo Dom Bosco”. No mesmo local, até alguns anos atrás, os poderes públicos promoviam grandes eventos populares para enaltecer a história de Severo.
Três mortes
Na visão de Augusto Maranhão, Augusto Severo é um potiguar que morreu pelo menos duas vezes. A primeira foi na explosão de seu balão, o “Pax”, em Paris, há 113 anos, quando também perdeu a vida seu companheiro de invenções e experiências aéreas, o mecânico de bordo francês Georges Sachet, nome de rua na Ribeira, também em Natal. A segunda foi em 2014, quando a inauguração, em São Gonçalo do Amarante, do aeroporto internacional Aluizio Alves desativou em Parnamirim o Augusto Severo, cenário e testemunha das muitas contribuições que o Rio Grande do Norte emprestou ao avanço da aeronáutica.
Uma terceira morte ocorre em Macaíba, cidade onde Severo nasceu e cuja prefeitura não procura realimentar sua memória entre os munícipes.
Engenharia avançada
Além de aeronauta, Augusto Severo, nascido a 11 de janeiro de 1864, foi jornalista, inventor e político, chegando a representar o Rio Grande do Norte na câmara dos deputados da primeira república. Oitavo dos quatorze filhos do pernambucano Amaro Barreto de Albuquerque Maranhão (1827-1896) e da paraibana Feliciana Maria da Silva de Albuquerque Maranhão, realizou seus estudos primários em Macaíba e os secundários no Colégio Abílio César Borges, em Salvador, Bahia. Em 1880, viajou para o Rio de Janeiro, então capital do Império, e iniciou seus estudos de engenharia na Escola Politécnica.
...o dirigível "Pax", no qual perdeu a vida.
Motivado pelos trabalhos em aerostação do inventor paraense Júlio César Ribeiro de Souza, que apresentou um projeto de dirigível ao Instituto Politécnico Brasileiro em 1881, Severo passou a se interessar pelo vôo, realizando observação de aves planadoras e construindo pequenos modelos de pipas, uma das quais denominou “Albatroz”. Em 1882, passou a lecionar matemática no Ginásio Norte Riograndense, de propriedade de seu irmão Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, acumulando a função de vice-diretor. No ano seguinte o ginásio foi fechado e Severo dedicou-se ao comércio, primeiro como guarda-livros da empresa Guararapes e mais tarde, seguindo os conselhos de seu irmão Adelino, associou-se à firma A. Maranhão & Cia. Importadora e Exportadora, onde ficou até 1892.
Inventos
Em 1888, casou-se com a pernambucana Maria Amélia Teixeira de Araújo, com quem teve cinco filhos. No ano seguinte passou a escrever artigos para o jornal “A República”, periódico antimonárquico fundado irmão Pedro Velho, e projetou um dirigível que incorporava idéias revolucionárias, o “Potyguarania”, que, porém, nunca chegou a ser construído.
Em outubro de 1892, ouvida a opinião favorável de professores da Escola Politécnica, o Governo concedeu um auxílio pecuniário para que Severo pudesse mandar fazer na Europa um aeróstato dirigível de sua invenção que incorporava as idéias que havia desenvolvido anteriormente. A esse aeróstato deu o nome de Bartholomeu de Gusmão, em homenagem ao inventor brasileiro Bartolomeu Lourenço de Gusmão, que apresentou em 1709, diante da corte portuguesa, um pequeno balão de ar quente.
O dirigível “Bartolomeu de Gusmão” introduzia um conceito novo. Era um aparelho semi-rígido, em que o grupo propulsor estava integrado ao invólucro através de uma complexa estrutura trapeizodal em treliça. O invólucro foi encomendado à Casa Lachambre, a principal firma de Paris especializada na construção de balões.
Em 19 de abril de 1896, no Rio de Janeiro, pediu patente para um “turbo-motor com expansões múltiplas e continuadas”, concedida no dia seguinte, às 12h40min (n 2.940). Em 20 de outubro desse ano sua mulher faleceu, após o que Severo iniciou um relacionamento amoroso com Natália de Siqueira Cossini, de origem italiana, com a qual teria dois filhos.
Em 27 de julho de 1899, no Rio de Janeiro, Severo patenteou um novo balão dirigível, o “Paz”, cujo nome foi posteriormente latinizado para “Pax”. Em 23 de julho de 1901, registrou a patente de uma “máquina a vapor rotativa e reversível”, com a qual os navios poderiam atingir velocidades maiores.
Custeou tudo
Em fins de 1901, Severo licenciou-se de seu mandato de Deputado Federal para se dedicar à construção do “Pax”. No novo dirigível, que era um desenvolvimento do “Bartholomeu de Gusmão”, Severo introduziu uma grande quantidade de inovações: abandonou o leme de direção e introduziu ao todo sete hélices: uma na popa, outra na proa, outra na barquinha e quatro laterais. Manteve a sua idéia de fazer uma aeronave integrando a quilha que levava os tripulantes e o grupo motor ao balão.
Augusto Maranhão (de branco): Severo morreu três vezes.
Sem ter conseguido qualquer auxílio externo, Severo teve que assumir toda a despesa para a construção do “Pax”. Pretendia usar motores elétricos, mas a falta de recursos e de tempo fez com que ele optasse por dois motores a petróleo tipo Buchet, um com 24 cv e o outro com 16cv. O invólucro tinha a capacidade de 2.500m3 de hidrogênio, com trinta metros de comprimento e doze no maior diâmetro. O aparelho pesava cerca de duas toneladas. Os ensaios foram realizados nos dias 4 e 7 de maio de 1902 com sucesso.
Morte
No dia 12 de maio de 1902, tendo Sachet e Severo a bordo, o “Pax” iniciou seu voo às 05h30min, saindo da estação de Vaugirard, Paris. Elevou-se rapidamente atingindo cerca de quatrocentos metros de altura. Realizou diversas evoluções que mostraram aos inúmeros espectadores que as idéias de Severo estavam corretas. Cerca de dez minutos após o início do vôo, porém, o “Pax” explodiu violentamente, projetando os dois tripulantes para o solo. Severo e Sachet morreram na queda. Os restos do dirigível caíram na Avenida du Maine, Paris, diante de uma grande multidão que seguia com interesse a demonstração.
A catástrofe do “Pax” teve um impacto enorme. Natália, que assistiu à queda, não se recuperou e, após retornar ao Brasil, suicidou-se com um tiro no coração em 23 de junho de 1908, aos trinta anos de idade. A tragédia não ofuscou o avanço científico das propostas do pioneiro potiguar: aconfiguração proposta por Severo, de um dirigível semi-rígido, foi revolucionária e influenciou o desenvolvimento dos dirigíveis nas décadas seguintes.
FONTE:
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POR QUÊ?

Valério Mesquita*

A TV Record exibiu que brasileiros ensinam samba e carnaval em Taiwan, nação de povo chinês, disciplinado, organizado e rico. Espero que não aprendam essas coisas para não desmoralizarem os seus rígidos costumes determinantes de sua formação e desenvolvimento. É temeroso para qualquer país imitar os folguedos e o caráter do brasileiro. Entendo aí que a Bíblia, ainda é um livro relevante no mundo complicado de hoje. Cheio de dúvidas, procurei o Antigo Testamento e achei no profeta Jeremias, capitulo 17, versículo 5: “Assim diz o Senhor: maldito o homem que confia no homem e faz da carne o seu braço e aparta o seu coração do Senhor”. Jeremias tremeria nas bases se morasse em Tenente Laurentino (RN), e municípios similares, assistindo o comportamento eleitoral do povo do norte e do nordeste nessa eleição. Caso ele não queira falar na maldição do homem que confia em mulher, porque antes dele, Eva já havia “pebado” Adão e Dalila traído Sansão, sem falar na mulher de Putifar.
Mas a pergunta que não quer calar é o “por quê?” Por que agora se pensa privatizar o Banco do Brasil para debelar a crise econômica, e não a Petrobras, toda arrebentada, semi-falida, cabide de empregos, covil de afilhados políticos, e ainda perdida no bojo de um vendaval de corrupção, considerado o maior em alcance no mundo ocidental. E o pior: o prejuízo moral do Brasil é superior ao montante do dinheiro desviado. Nem o petróleo é nosso, nem o dinheiro também. Por que nos “protestos sociais” a ira dos baderneiros somente atinge os ônibus – meio de transporte coletivo?  Pode haver resposta para tal burrice, mas nunca suficiente para explicar a eliminação de quase uma centena de policiais em todo Brasil. Alguma Casa do Congresso ou instituição de defesa dos “direitos humanos”, por acaso, já protestaram contra os homicidas, traficantes e ladrões?
E por que quando um policial militar, em legítima defesa da sua vida e de terceiros, mata um fora da lei, logo é punido, execrado e expulso da corporação?
Já em Natal, perigosa e periguete, o por quê se dirige ao festival de multas de trânsito, cujas cifras parecem concorrer com as dos buracos da Petrobras. Se efetivamente, arrecadadas, há de se esperar que sejam pintadas as paredes do prédio da secretaria municipal da tributação, construção histórica, que precisa ser preservada. Nas ruas e nos canteiros das avenidas a pergunta recai nos caminhões tanques que teimam em aguar os jardins centrais sempre no horário de pique, congestionando o trânsito e favorecendo acidentes. Por quê? Outra indagação pertinente, que não se reveste de censura – como nenhuma das outras –, diz respeito ao uso e abuso do estádio de futebol “Arena das Dunas”. Há poucos dias “fabricaram” um embate entre craques do futebol argentino e brasileiro, de mundiais passados. O público natalense acreditou e foi lesado, pois assistiu uma “pelada” com jogadores mediúnicos, de perucas e pileques. Houve alguma providência contra os responsáveis para punir o engodo? Não se sabe. Permito-me sugerir, com toda pompa e circunstância, antes de terminar o ano, um reencontro na “Arena das Dunas” das seleções do Brasil e do Uruguai, que tanto emocionaram o Maracanã em 1950. Já pensou em Natal: Barbosa, Danilo, Friaça, Zizinho, Ademir...
Há muitas outras coisas a perquirir. Por exemplo, quantos meses levarão o Brasil e o Rio Grande do Norte para equilibrarem as contas e os compromissos no exercício de 2015? Por que o atraso no pagamento dos aposentados do Estado? Por que a discriminação? Semana passada a turma da reserva remunerada perdeu o “Black Friday”... Por tudo isso e por outras tantas: Por quê?

(*) Escritor.

10/05/2015

A família Aquilar Bezerra




João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG
 
Minha tia-bisavó, Maria da Conceição da Costa Bezerra, filha de Alexandre Avelino da Costa Martins e Anna Francisca Bezerra, casou, no Sítio Carapebas, em 1882, com Antonio Machado Alves Bezerra, filho legítimo de Vicente Machado de Aquilar Bezerra e Ignácia Maria Xavier Bezerra, com dispensa de consanguinidade. Nos registros da Igreja não encontrei, até agora, outra qualquer família com esse sobrenome Aquilar, aqui no Rio Grande do Norte. Esse Alves, que aparece como sobrenome de Antonio, também, não descobri a origem. No batismo de Antonio e Francisca, a seguir,  verificamos como de registro para registro há variação no nome das pessoas, o que em alguns casos dificulta a pesquisa genealógica.
Francisca Rita Xavier de Maria, que nasceu em Macau, era filha de Vicente Machado de Aquilar Bezerra e Ignácia Francisca Xavier Bezerra, e casou com o viúvo Francisco Xavier de Oliveira Bello, filho de meu tio-trisavô,  Gonçalo José Barbosa, e Marianna Rosa da Silva.
Vejamos o registro de outro de Vicente e Ignácia: Antonio, branco, filho legítimo de Vicente Machado de Aquilar e Ignácia Francisca Bezerra, meus fregueses, nasceu a 22 de setembro de 1851, e foi por mim solenemente batizado no Sítio Curral dos Padres a 29 de novembro do dito ano, sendo padrinhos Alexandre Francisco da Costa Bezerra e Maria Catharina de Sena. Felis Alves de Souza.
Um dos filhos do casal Antonio Machado e Maria da Conceição foi Claudiana, que era avó dos escritores Paulo de Tarso e Bartola. No dia 13 de abril batizei solenemente no Sítio Curral dos Padres, nesta Freguesia, a Claudiana, natural desta mesma Freguesia, sendo padrinhos Vicente Machado de Aquilar Beserra, e Anna Francisca Bezerra, por sua procuradora Joaquina Francisca Xavier Bezerra, nascida aos 25 de Fevereiro do dito ano, e filha legítima de Antonio Machado Alves Bezerra, e Maria da Conceição da Costa Bezerra, livres, brasileiros, e moradores nesta Freguesia, sendo as profissões, do pai = criador, e da mãe = ocupação doméstica. O Vigário Felis Alves de Sousa.
Dessa família Aquilar Bezerra, o registro mais antigo que encontrei foi de Vicência Francisca de Aquilar Bezera, que casou com meu tio-tetravô José Alexandre Solino da Costa: Aos treze de agosto de mil oitocentos, e trinta e quatro, pelas doze horas do dia, depois de obtida a dispensa do impedimento de segundo grau duplicado de sanguinidade e, atingente ao primeiro, e tendo precedido as canônicas denunciações, sem impedimento, confissão, exame de doutrina cristã, ajuntei em matrimônio e dei as bênçãos nupciais aos meus paroquianos José Alexandre Solino, e Vicência Francisca, naturais, e moradores nesta Freguesia, ele filho legítimo de Antonio Barbosa, já falecido e sua mulher Claudiana Francisca Beserra, sendo testemunhas João Evangelista, e Agostinho Barbosa, casados, que comigo assinaram o assento, que fiz na Fazenda Carapebas, desta Freguesia. Luiz Teixeira da Fonseca. Vigário Interino.
Infelizmente, no registro acima, não aparecem os nomes dos pais da nubente, mas pelo grau de consanguinidade, José Alexandre era primo ou tio de Vicência, ou vice-versa. Como ela faleceu em 1879, com 70 anos, deve ter nascido por volta de 1809. Não pude encontra a relação de Vicência com Vicente Machado. Os nomes completos dos nubentes encontramos no batismo a seguir: Francisca, filha de José Alexandre Solino da Costa e Vicência Francisca de Aquilar Bezerra nasceu aos 26 de agosto de 1848 e foi batizada aos oito de dezembro do mesmo ano, na Capela de Nossa Senhora da Conceição de Guamaré, tendo como padrinhos Rufino Álvares da Costa e Joanna Martins de Miranda.
Uma filha de José Alexandre e de Vicência tinha o mesmo nome da avó paterna, Claudiana Francisca Bezerra. Ela foi casada com meu tio-bisavô, o cadete José Avelino Martins Bezerra.
Acredito que Vicente Ferreira de Aquilar Bezerra era filho de Vicente Machado. Ele e uma irmã de nome Joana Maria Xavier Bezerra foram padrinhos de batismo em 1873, na capela do Rosário. Em 1905, casava um Vicente Ferreira de Aquilar Bezerra com Luiza Bezerra Grilo, em Carapebas.
Em 17 de dezembro de 1891 falecia Joanna Francisca de Aquilar Bezerra, com 38 anos de idade, casada que era com Leocádio Francisco da Costa Bezerra.
Nos livros de dispensas matrimoniais, encontrei a dispensa de 4º grau de consanguinidade para o Francisco Machado  Alves Bezerra e Francisca das Chagas Xavier da Silva. Não encontrei o casamento deles. Tenho recebido algumas informações desencontradas sobre descendentes deles. Oportunamente, com mais precisão falarei sobre esse casal. Acredito que esse Francisco era filho de Antonio Machado Alves Bezerra e Maria da Conceição.

Bartholomeu em Afonso Bezerra, ao lado do busto do cadete José Avelino


09/05/2015



Discurso de posse na Academia Cearamirinense de Letras e Artes Pedro Simões neto, proferido no dia 05 de maio de 2015, na Estação Cultural “Prefeito Roberto pereira Varella”, em Ceará-Mirim/RN, por GERINALDO MOURA DA SILVA, ocupante da cadeira 21, que tem como patrona a poetisa Ana Augusta da Fonseca Cabral (Anete Varela).


Senhora Presidenta Joventina Simões, na pessoa de quem saúdo toda a mesa e os demais acadêmicos;

Senhor Renato Martins, amigo e presidente da Câmara Municipal, na pessoa de quem saúdo as demais autoridades presentes;

Minha esposa Ana Vilma e minha filha Anne Myldred; Minhas senhoras e meus senhores.

Agradeço primeiramente a Deus, e também aos agora meus confrades da Academia Cearamirinense de letras e Artes Pedro Simões Neto, pela escolha de meu nome para ocupar uma de suas cadeiras e com esse ato eu possa ajudar a essa Instituição no trabalho de perpetuar a cultura local inserindo-a e fortalecendo-a cada vez nos cenários estadual e nacional, como em épocas não muito distantes.

Quis o destino que ao ser eleito e agora empossado, eu ocupasse a cadeira de número 21, que tem como patrona a Poetisa Ana Augusta da Fonseca Cabral, conhecida de todos os cearamirinenses, pelo seu pseudônimo “Anete Varela”.

Dona Anete, era filha do senhor Manoel Varela Buriti e de dona Elvira da Fonseca e Silva Buriti. Passou toda a sua infância no Antigo Engenho Diamante, que pertencia ao Senador Dr. Augusto Meira. De suas lembranças no Diamante, Anete Varela nos brinda com um soneto, em que mistura a labuta diária no velho engenho com seus sentimentos de poeta, dizendo assim:


DIAMANTE

I

Carro de boi, açúcar, rapadura,

Fazem lembrar o Engenho Diamante;

Hoje a saudade dentro em mim perdura,

De minha infância que já vai distante!

II

Nunca existiu em mim, dor, amargura,

Quando eu era criança - e, bem galante,

Ia correndo cheio de ventura, 

Pelo capim, macio e verdejante.

III

Na casa- grande, em cada canto eu via

Um rosto amado cheio de ternura,

A me fitar com risos de alegria.

IV

Já vai longe aquele tempo amigo!

Só me resta, de tudo, a noite escura

Desta saudade que ficou comigo!


Anete Varela trabalhou na antiga maternidade de Ceará-Mirim, tendo por muitos anos como companheiro de trabalho, o médico Dr. Murilo Barros, por quem nutria grande admiração.


Como poeta, participou de várias publicações, dentre as quais, o 3ª Volume de Trovadores do Brasil, em 1970; IV Festival Brasileiro de Trovadores na cidade de Maringá-Paraná; Participou ainda de festivais de poesia em Maringá/PR em 1977 e Natal/RN 1978, pela fundação José Augusto. 

Conheci dona Anete Varela quando a mesma trabalhava na Biblioteca Pública Municipal Dr. José Pacheco Dantas. Figura amável, falava educadamente sem levantar a voz. Ficava na recepção, recebendo a todos os que procuravam aquela casa de cultura, sempre com um sorriso nos lábios e uma palavra de carinho.

Depois, dona Anete foi trabalhar na Escola Municipal Dr. Júlio Gomes de Senna, na COHAB, mais próximo à sua residência, enquanto aguardava a aposentadoria. Por várias vezes, visitei-a em sua residência na Rua Massaraça e nessas ocasiões, sempre falava sobre seus poemas que um dia ela queria vê-los publicados. E era nesses momentos que desabrochava nela sua sensibilidade poética tal qual descreveu em poema abaixo, 


CORAÇÃO DE POETA

I

Por que não cantas mais, meu coração?

Deixaste assim fugir toda a alegria

Dos lindos sonhos da minha ilusão

Que em meu peito eu abriguei um dia!

II

Também se canta sem ter mocidade

Também amar-se nos apetece.

Pois para o amor jamais existe idade,

Porque o coração não envelhece.

III

Fenece a carne, embacia o olhar,

Aos poucos vão fugindo as ilusões, 

Fica o passado para recordar...

IV

E quando recordamos, revivemos...

E surgem, dentro em nós, inspirações,

De tudo que gozamos ou sofremos.


Esse seu sonho tornou-se realidade quando em 1992, o então prefeito de Ceará-Mirim, Jorge Fernandes Câmara, através do Dr. Murilo Barros, realiza o lançamento do seu único livro “RETALHOS DE SONHOS”. E foi nessa noite de autógrafos, que vi brilhar em seus olhos a alegria de ver o sonho realizado. Sonho esse que era nada mais nada menos que pura felicidade, assim como ela mesma descreveu:

I

Felicidade, onde moras,

E onde estás escondida?

Desejo tanto encontrar-te

Pra ser feliz nesta vida!

II

Será que só no teu nome

Exista felicidade

Até hoje te procuro...

E só encontro saudade...

III

De momentos passageiros

Que eternos devem ser, 

Ondes estás felicidade, 

Que não consigo te ver?


Anete Varela também recebeu homenagem em vida, do poder público municipal de Ceará-Mirim. Foi durante a administração da Prefeita Therezinha Mello que dona Anete teve seu nome imortalizado na Biblioteca Infantil, instalada no prédio em anexo à Biblioteca Pública Municipal. Através do decreto número 709/93, a então prefeita Therezinha Mello criava a sala de Literatura Infantil “Poetisa Ana Augusta da Fonseca Cabral”, inaugurada em 24 de setembro de 1993, sob as bênçãos do padre Francisco de Assis Barbosa, em um ambiente alegre e acolhedor, que era o pátio interno da biblioteca pública municipal, totalmente tomada pelas crianças e adolescentes, professores e convidados. A tudo isso, somava-se a brilhante apresentação da Banda de Música Municipal “Tenente Djalma Ribeiro da Silva”, que executava seus dobrados homenageando a pessoa simples, humilde e amante dessa cidade e desse vale verde: Anete Varela.

Para demonstrar seu amor ao Ceará-Mirim, terra que a acolheu desde o seu nascimento até sua morte, Anete Varela eterniza o seu amor ao verde vale e à sua Padroeira Nossa Senhora da Conceição, em seu poema CEARÁ-MIRIM:

I

Ceará-Mirim tem um vale

Tão grande e verde sem fim,

As pracinhas são bonitas

E bem cuidadas, enfim.

II

A igreja majestosa

Contempla o vale infinito,

Os jardins cheios de rosas

Nem sei qual o mais bonito.

III

Terra de grandes usinas

E de engenhos banguês,

Ah se o passado voltasse

A ser presente outra vez.

IV

Amo tanto a minha terra

Mas, nela não tive sorte...

Minha terra é a mais bonita

Do Rio Grande do Norte,

V

Ceará-mirim minha terra,

Por que não gostas de mim?

Se sempre fui boa filha 

Não é justo que sofra assim.

VI

Senhora da Conceição

Nossa excelsa padroeira,

Lembrai também que sou filha 

Desta terra brasileira.


Muito Obrigado.