DIOCLÉCIO DUARTE
Jurandyr
Navarro
Do Conselho Estadual de Cultura
Na política do Rio Grande do
Norte a sua cultura sobrelevava-se às demais da sua época.
Aluno de José
Augusto nos bancos escolares do Atheneu e depois um dos seus mais lúcidos
biógrafos.
Foram correligionários
políticos.
Depois, adversários.
No final de sua carreira pertencia as fileiras do Partido
Social Democrático.
Nesta agremiação
política
destacou-se, no Estado, Georgino Avelino, e no
plano federal Juscelino Kubitschek, que chegou à Presidência
da República.
Quando Deputado pela bancada de Minas Gerais, este último recebeu aulas de Retórica de Dioclécio Duarte.
O ilustre político potiguar dominava vários
idiomas inclusive o alemão, tendo sido Cônsul em Bremen.
Pertenceu à nossa Academia de
Letras, instituição
que honrou, possuidor que era de notável
conhecimento humanístico. Conferencista e jornalista tendo exercido
esta última
atividade
na imprensa carioca.
Notabilizou-se como Orador. E não
só.
Foi professor de retórica. As suas orações
dispersas por jornais, revistas e nos Anais da Câmara
de Deputados, dariam alentados volumes, se publicadas fossem.
Viveu envolto na mais alta sociedade cultural e política
do Brasil do seu tempo. Sem favor credenciou-se como
um dos maiores tribunos da nação brasileira. Mestre do
improviso
cuja eloquência se aproveitava dos
motivos do momento.
Na política as paixões
se exacerbam, por vezes, em demasia. Inexperiente , o político
na tribuna será
presa fácil
das armadilhas ardilosas. Dioclécio desde colegial
preparou-se na assiduidade dos grêmios literatos que tomava
parte. Nesse aprendizado educou o comportamento dialético.
Adulto, já
era velho marinheiro dos mares revoltos das escaramuças partidárias.
Dioclécio Dantas Duarte foi
Deputado Federal e chegou a assumir, por pouco tempo, a Interventoria do Rio
Grande do Norte, na década de 1940.
O grande potiguar não
foi somente inteligência e cultura. O coração
amava o Bem, o Belo
e a Verdade.
Disse o imortal Rui Barbosa: “Três âncoras
deixou Deus ao homem: o amor da pátria,
o amor da liberdade, o amor da verdade. Cara nos é a
pátria,
a liberdade mais cara; mas a verdade mais cara que
tudo. Pátria cara, carior Libertas.
Veritas caríssima.
(Lieber, Reminiscences, p.42). Damos a vida pela pátria.
Deixamos a pátria
pela liberdade. Mas a pátria
e a liberdade renunciamos pela verdade. Porque este é o
mais santo de todos os amores. Os outros são
da terra e do tempo. Este vem do céu, e vai à
eternidade".
Esta a filosofia política
que deve ser adotada por todos aqueles que dedicam a vida à nobre arte de governar.
Dioclécio Duarte tornou-se
famoso pela eloquência
elogiada e por tal adquiriu glória imorredoura, porque a oratória imortaliza. Disse-nos Plutarco, grego
nascido em Queronéia, que "a glória da Retórica
de Cícero permanece".
Afirmou Agripino Grieco que as orações
de Demóstenes
eram "perfeitas como os
mármores de Fídias", contendo a beleza da eloquência jônica.
mármores de Fídias", contendo a beleza da eloquência jônica.
Dioclécio Duarte não
chegou a essa perfeição, na tribuna, porém a
sua palavra maravilhava plateias. Dividiu o troféu
da nobre arte com os melhores da Potiguarânia.
Surgida na Grécia, a retórica aflorou no meio
social para auxiliar as causas populares através as sessões do juri. Daí, a
presença invitável do orador. Depois, em Roma, a oratória iria ser o instrumento
verbal indispensável, também, às questões do Direito.
Com o tempo, a tribuna iria servir à Política, à
Religião e à Cultura em geral.
Em todos esses círculos da sociedade potiguar, foi
ouvida a palava eloquente do talentoso natalense chamado Dioclécio Duarte.
Político dos mais influentes do seu tempo.
Como jornalista a sua pena foi sempre brilhante.
Muito escreveu na imprensa do Rio de Janeiro.
A sua cultura literária, cingiu-lhe a iteligência,
com uma coroa dourada, prêmio merecido a um intelectual de renome.