07/01/2014

A Coluna Prestes no Rio Grande do Norte - V
Tomislav R. FemenickMembro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN

Tendo percorrido parte do Estado de Pernambuco, em janeiro de 1925 tudo apontava para uma breve entrada da Coluna Prestes no território cearense. A estratégia de defesa armada pelo governo federal foi usar, ao mesmo tempo, os recursos dos governos estadual e federal, a estrutura de mando dos coronéis que dominavam a política nos centros maiores e nos mais longínquos rincões do sertão, bem como o poder de luta dos jagunços. Nessas circunstâncias, a defesa do Ceará foi posta sob o comando do deputado federal Floro Bartolomeu, nome talhado para a situação, pois era homem ligado aos coronéis, aos jagunços do interior do Estado e ao Padre Cícero. O professor Neill Macaulay (1977), citando dados do historiador Otacílio Anselmo, diz que “no dia 31 de janeiro de 1925 um trem especial partiu de Fortaleza para a cidade de Juazeiro, no Cariri, carregado de material bélico e transportando Floro Bartolomeu e mil contos de reis em fundos federais. Juazeiro era a Meca do sertão nordestino, a sede de Padre Cícero Romão Batista, chefe espiritual e temporal de milhares de sertanejos, jagunços e partidários políticos”.
As providências tomadas pelo deputado não foram nada ortodoxias ao convocar um “batalhão patriótico”, integrado por jagunços vinculados aos coronéis. Todavia, sua atitude mais controversa foi incorporar a esse grupo o bando do mais famigerado e temido cangaceiro que atuava nos sertões nordestinos. Escreveu uma carta a Lampião convidando-o a fazer parte da empreitada, carta essa que foi submetida à avaliação e que foi aprovada pelo Padre Cícero, figura respeitada e admirada por Virgulino Ferreira.
Tão logo recebeu a carta, Lampião partiu para Juazeiro com 49 homens. No dia 5 de março foi recebido pelo sacerdote e obteve a patente de capitão do “batalhão patriótico”, outorgada por um amedrontado funcionário do Ministério da Agricultura. Como parte das negociações, recebeu ainda fardas e armamento para a sua “tropa”. Três dias depois desses acontecimentos o deputado Floro Bartolomeu, que já se encontrava enfermo no Rio de Janeiro, veio a falecer.
Entretanto a carreira legalista de Lampião foi curta, embora aparentemente estivesse decidido a cumprir sua parte no acordo. Seu bando deixou e Ceará e voltou para Pernambuco, onde continuou a praticar crimes e, consequentemente, foi perseguido pela polícia. Como pensava que o seu posto de capitão do “batalhão patriótico” lhe conferia imunidade ilimitada, voltou a Juazeiro para novamente falar com o Padre Cícero, mas não foi por ele recebido. Certamente queria reclamar da ação da polícia de Pernambuco. Decepcionado, Lampião abandonou o posto, voltou a sua carreira de cangaceiro, mas não abdicou o titulo de capitão, que adotou daí para sempre.
Indiferente às tratativas dos legalistas, a Coluna Prestes entrou no Ceará atravessando a Serra do Ibiapaba, vinda do Piauí. No dia 15 de janeiro atacou a cidade Ipu, depois Crateús e Arneiroz. Visando dividir as tropas legalistas, o tenente João Alberto, que comandava um pelotão avançado dos rebeldes, enviou telegramas para Fortaleza e Sobral dando indícios de que marcharia em direção àquelas cidades, quando sua verdadeira intenção era ir em outro sentido. A trama de João Alberto deu certo. Um significativo contingente da Policia Militar cearense foi deslocado para a capital do Estado, deixando quase livre o caminho que a Coluna seguiria: “para evitar as concentrações de jagunços em redor de Juazeiro, os revoltosos marcharam rapidamente em direção ao Rio Grande do Norte” (MACAULAY, 1977).

O norte-americano Neill Macaulay lutou na guerra da Coréia, foi professor da Universidade da Florida e historiador. É autor de dois livros sobre o Brasil (A Coluna Prestes e D. Pedro I), um sobre a luta dos guerrilheiros nicaraguenses contra a invasão de seu país por tropas ianques em 1912/1933 (The Sandino Affair) e outro (Um Rebelde em Cuba), baseado em sua experiência cubana, quando lutou ao lado dos guerrilheiros de Fidel e chegou ao posto de tenente do exército revolucionário. Uma das suas missões era treinar soldados revolucionários para executar os inimigos capturados; “Eu fiz o que tinha que fazer. Esses sujeitos mereceram o que tiveram”, teria afirmado o professor-guerrilheiro. O autor de “A Coluna Prestes” entrevistou Luiz Carlos Prestes, quando este estava exilado em Moscou, que leu os originais antes da publicação. No entanto, segundo Elio Gaspari (Folha de S. Paulo, 05 nov. 2007), Neill Macaulay foi um ativo informante da CIA.


"O que se leva desta vida é a vida que a gente leva" uma das frases antológicas de Barão de Itararé
  • Barão de Itararé
Frases impagáveis do Barão de Itararé
Criador do jornal “A Manha”, o Barão ridicularizava ricos, classe média e pobres. Não perdoava ninguém, sobretudo políticos, donos de jornal e intelectuais.
Ele não era barão, é claro. Mas deu-se o título de nobre e nobre se tornou. O primeiro nobre do humor no Brasil. Debochava de tudo e de todos e costumava dizer que, “quando pobre come frango, um dos dois está doente”. Ele é um dos inventores do contra-politicamente correto.
Há muito que o gaúcho Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé (1895-1971) merecia uma biografia mais detida. Em 2003, o filósofo Leandro Konder lançou “Barão de Itararé — O Humorista da Democracia” (Brasiliense, 72 páginas). O texto de Konder é muito bom, mas, como é uma biografia reduzida, não dá conta inteiramente do personagem, uma espécie de Karl Kraus menos filosófico mas igualmente cáustico.
Quatro anos depois, o jornalista Mouzar Benedito lançou o opúsculo “Barão de Itararé — Herói de Três Séculos (Expressão Popular, 104 páginas). É ótimo, como o livrinho de Konder, mas lacunar. No final, há uma coletânea das melhores máximas do humorista, que dizia:
“O uísque é uma cachaça metida a besta”.
O que se leva desta vida é a vida que a gente leva.
A criança diz o que faz, o velho diz o que fez e o idiota o que vai fazer.
Os homens nascem iguais, mas no dia seguinte já são diferentes.
Dizes-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.
A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.
Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.
Não é triste mudar de ideias, triste é não ter ideias para mudar.
Mantenha a cabeça fria, se quiser ideias frescas.
O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro.
Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.
Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.
De onde menos se espera, daí é que não sai nada.
Quem empresta, adeus.
Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.
O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.
Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.
A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.
Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.
Precisa-se de uma boa datilógrafa. Se for boa mesmo, não precisa ser datilógrafa.
O fígado faz muito mal à bebida.
O casamento é uma tragédia em dois atos: um civil e um religioso.
A alma humana, como os bolsos da batina de padre, tem mistérios insondáveis.
Eu Cavo, Tu Cavas, Ele Cava, Nós Cavamos, Vós Cavais, Eles Cavam. Não é bonito, nem rima, mas é profundo…
Tudo é relativo: o tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está.
Nunca desista do seu sonho. Se acabou numa padaria, procure em outra!
Devo tanto que, se eu chamar alguém de “meu bem”, o banco toma!
Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta…
Tempo é dinheiro. Paguemos, portanto, as nossas dívidas com o tempo.
As duas cobras que estão no anel do médico significam que o médico cobra duas vezes, isto é, se cura, cobra, e se mata, cobra.
O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.
Em todas as famílias há sempre um imbecil. É horrível, portanto, a situação do filho único.
Negociata é um bom negócio para o qual não fomos convidados.
Quem não muda de caminho é trem.
A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas em geral enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele.
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Colaboração de Sérgio Guedes da Fonseca Neto, Engº aposentado-SP

05/01/2014

CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, Professor aposentado do Curso de Direito da UFRN e Presidente da Comissão da Verdade. Sócio do IHGRN.

Voltemos ao regime da repressão, particularmente nas plagas da terra potiguar e, particularmente, no âmbito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
No início dos anos 1970, foram criadas Assessorias de Segurança e Informações nas Universidades brasileiras, como resultado do processo de expansão do sistema repressivo do regime militar. Tais agências eram ramificações da comunidade de informações no interior do sistema universitário, para melhor vigiar um setor considerado estratégico.
Rodrigo Pato Sá Motta. Incômoda Memória. Os arquivos das ASI universitárias (RJ: Acervo, v. 21 n. 2 julho/dez/2008).
Nesse período de escuridão, mas também de abertura ocorreram reflexos diferenciados nos diversos Estado da Federação. No Rio Grande do Norte o governo politicamente conservador de Aluízio Alves, que já cantara loas a João Goulart, apressou-se em criar uma Comissão de Inquérito destinada a investigar atividades subversivas, atuando em conjunto com os IPMs – Inquéritos Policiais Militares, envolvendo mais de uma centena de funcionários do Estado que seriam afastados e a maioria presa.
Desde 05 de maio de 1963 já havia sucumbido em sua autonomia, aderindo aos encantos oferecidos pelos Estados Unidos, conforme convênios assinados com o embaixador americano Lincoln Gordon que trouxeram investimentos da Aliança para o Progresso[1].
A propósito, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, reconhecidamente de índole conservadora, também entrou no clima de repressão, embora sem exageros, mas causando apreensão nos três segmentos de sua composição institucional – corpo docente, discente e funcional.
No início dos anos 1970 foram criadas entidades de investigação nas universidades brasileiras com função de controle ideológico através das denominadas Assessorias de Segurança e Informação – ASI, ramificações da comunidade de informações das forças armadas, para melhor vigiar um setor considerado estratégico. Na UFRN o seu criador foi o Reitor Onofre Lopes (gestão 1959-1971), então Diretor da Faculdade de Medicina, por determinação do MEC, no final do seu mandato e, inicialmente, convidou para chefiá-la o Professor da Faculdade de Direito Carlos Augusto Caldas da Silva, pessoa bem entrosada com a estudantada e que, pelo que se apurou, não deu seguimento a nenhum ato de força e ali permaneceu por curto espaço de tempo.
Com a escolha do novo Reitor, na pessoa do Professor Genário Alves da Fonseca (1971-1975), da Faculdade de Farmácia e militar da reserva da Aeronáutica, estegerouum outro perfil para a ASI, colocando em sua chefia o Professor da mesma Faculdade e também militar da reserva do Exército – ZacheuLuis dos Santos, que deu início às ações investigativas, contando com colaboradores, entre professores e servidores, como são apontados em depoimentos, em especial a figura do servidor Ivan Benigno, registrando-se vários atos típicos da intolerância, emitindo informações e pareceres sobre renovação de contratos de professores e afastamento de estudantes e servidores.[2]
Assumindo o terceiro Reitor na pessoa do Professor Domingos Gomes de Lima (1975-1979), que modificou toda a estrutura da equipe do seu antecessor, pelo que foi considerado por aquele como traição[3] e, segundo apurou-se, não deu incentivo ao trabalho da ASI, embora tenha colocado na sua chefia o Professor Jurandyr Navarro da Costa[4], homem de boa índole cristã e social, mas que durou pouco tempo, logo substituído pelo Senhor Adriel Lopes Cardoso, considerado por todos como um perseguidor, trazendo transtornos para a comunidade universitária, sendo protagonista de inúmeros episódios desagradáveis relatados e denunciados pela imprensa.
Na sequência dos Reitores, e na medida em que se esboçava a abertura democrática, tivemos os Professores Diógenes da Cunha Lima (1979-1983)[5], apontado como utilizador dos serviços da ASI, apenas como órgão de informação, mas mantendo na chefiaAdriel; Genibaldo Barros (1983-1987)[6], que providenciou a retirada da ASI do espaço da UFRN, colocando-a na Delegacia do MEC, sob nova chefia, do Coronel do Exército José Renato Leite[7], pondo fim ao “reinado” de Adriel. Depois Daladier Pessoa da Cunha Lima (1987-1991)[8], Reitor responsável pela extinção oficial da ASI. Já então se respirava o ar da abertura, com a realização das primeiras eleições diretas para a Reitoria.
Nesse período de reencontro com a Democracia foram Reitores Geraldo Queiroz (1991-1995)[9], José Ivanildo do Rêgo (1995-1999; 2003-2007; 2007-2011); Ótom Anselmo de Oliveira (1999-2003) e a Reitora atual Ângela Maria Paiva Cruz, que iniciou sua gestão em 2011 e a concluirá em 2015.
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[1] ... a Aliança para o Progresso e todos os interesses políticos norte-americanos inerentes à sua implantação foram o elemento de operacionalização das obras modernizadoras no Estado, enquanto principal fonte financiadora (Carlos H.P. Cunha e Walclei de A. Azevedo - Podres Poderes-política e repressão. Natal: Infinita imagem, 2013).


[2] Foi localizado o endereço eletrônico de Ivan Benigno e lhe foi oferecido o direito de contraditório, mas o mesmo limitou-se em enviar o seu currículo, o que autoriza dar validade ao quanto produzido nos depoimentos tomados.
[3] Depoimento de Genário Fonseca no Programa “Memória Viva” da TVU. Foi tentado, em três oportunidades, contato com o Professor Domingos, através do e-mail de sua esposa, inclusive enviando um questionário para respostas e não foi dada nenhuma resposta, o que permite o acatamento das informações dos depoentes e registros da imprensa e mídia eletrônica.
[4] Depoimento em 21/6/2013.
[5] Depoimento em 30/5/2013
[6] Depoimento em 10/5/2013.
[7] Depoimento em 15/02/2013.
[8] Depoimento em 14/6/2013.
[9] Depoimento em 03/5/2013.

03/01/2014

DISCURSO DE DESPEDIDA DO ESCRITOR EDUARDO GOSSON DA PRESIDÊNCIA DA UBE-RN



DR. EDUARDO GOSSON
DISCURSO DE DESPEDIDA DO ESCRITOR EDUARDO GOSSON DA PRESIDÊNCIA DA UBE-RN 

Ilustríssimo Senhor Presidente eleito da UBE-RN – Escritor Roberto Lima Meus senhores, Minhas Senhoras Iniciado pelo poeta Lívio Oliveira o processo de reorganização da UBE-RN no ano de 2006, precisamente em 23 de março quando um grupo de intelectuais (Anna Maria Cascudo Barreto, Carlos Gomes, Eduardo Gosson, Manoel Onofre de Souza Junior, Nelson Patriota, Pedro Vicente da Costa Sobrinho, Racine Santos) reunidos na Academia Norte – Rio – Grandense de Letras- ANL deu o ponta-pé inicial numa terceira tentativa já que as anteriores não foram eficazes (14 de agosto de 1959 e novembro de 1984). Faltando três meses para concluir o seu mandato, Lívio renunciou. Assumi interinamente por esse curto período, até ser confirmado para um mandato à frente da Diretoria Provisória (2008-2009), depois eleito para um mandato (2010-2011) e depois reeleito (2012-2013). “Eu sou eu e as minhas circunstâncias” afirma o escritor espanhol Ortega Y Casset. Nunca um pensamento foi tão preciso em relação a uma situação como a que vivo de uns tempos para cá. Como é sabido de todos os que fazem Cultura no RN, enfrentei no plano pessoal atropelos que desestabilizariam muitos: a perda de três tios no segundo semestre de 2011 ( Jamyles, José e Jorge), da minha mãe e, em 2012, após 12 anos de luta contra a dependência química em dois filhos, a morte de um deles – Fausto - em circunstâncias trágicas: a cocaína quebrou-lhe todos os seus ossos e aumentou 50 quilos a mais depois de morto, o que obrigou-me a encomendar um caixão especial. Atualmente, luto para salvar o outro – Thiago que tem o mesmo problema. Também fui afetado por uma doença incurável até hoje – o Mal de Parkinson. Mesmo assim não desanimei e continuei a batalha de reconstrução do órgão de representação de classe dos escritores e a militância em prol da Cultura. Por esse motivo, nesta despedida não poderia deixar de enumerar o que fiz com ajuda dos meus confrades e confreiras da Diretoria. Paulo Freire (mestre de todos nós), diz: “Ninguém faz nada sozinho”.Eis, em síntese, a minha prestação de contas: 1.1. Ações Administrativas - Encaminhei ao 2º Ofício de Notas de Natal o registro da UBE-RN em 01/12/2008, obtendo a legalização da entidade em 13/04/2009. A UBE-RN está registrada sob o nº 7.093. - Na Receita Federal obtive o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ 11.034.721/0001-39). - Na Caixa Econômica (agência Ribeira) abri conta corrente: Agência 0033 – OP 003 – C/C 874-0 - Encaminhei a filiação de 90 escritores, contando hoje a UBE/RN com 140 associados. - Encaminhei pedido de Utilidade Pública Municipal (Lei Municipal 5.935/2009) -Encaminhei pedido de Utilidade Pública Estadual l (Lei Estadual 9.321/2010) -Encaminhei através de Resolução a criação do Prêmio Escritor Eulício Farias de Lacerda, sendo o seu primeiro ganhador Paulo Caldas Neto, jovem revelação da Literatura Potiguar - Encaminhei pedido de Utilidade Pública Federal (em tramitação) -Celebrei convênio com a Caixa Econômica Federal para pagamento da anuidade da UBE através de Boleto Bancário 1.2. Ações Organizativas - Organizei o I Encontro Potiguar de Escritores – 1º EPE (Março, 2008); - Organizei o II Encontro Potiguar de Escritores – 2º EPE (Outubro,2009); -Organizei o III Encontro Potiguar de Escritores – 3º EPE (Outubro de 2010); -Organizei o IV Encontro Potiguar de Escritores –4º EPE (Outubro de 2011); -Organizei o V Encontro Potiguar de Escritores – 5º EPE (Outubro de 2012). 1.3. Ações Políticas - Participei da Audiência Pública na Assembléia Legislativa(19.10.2008), debatendo o Livro e a Leitura Literária, que resultou na Lei nº 9. 169/2009 (Promoção da Leitura Literária nas Escolas Públicas); -Aprovei a Carta de Natal (I EPE); -Aprovei a Carta do Encontro Potiguar de Escritores (IV EPE); -Aprovei a Carta do Encontro Potiguar de Escritores (V EPE) -Desenvolvi a Campanha em defesa da biblioteca pública Câmara Cascudo -Idealizei, em parceria com o Tribunal de Justiça, a Campanha de Valorização do Autor Potiguar (2010) 1.4. Ações de Comunicação - Encaminhei a criação de um site para a entidade (www.ubern.org.br) que está em rede desde 02 de dezembro de 2009; -Encaminhei a criação de um blog para a UBE, sob a responsabilidade da escritora Lucia Helena, diretora de divulgação da entidade: blogdaubern.blogspot.com.br na INTERNET desde de novembro de 2011; -Encaminhei o Plano Editorial da UBE/RN (editorei 15 livros ), criando cinco Coleções de Autores Potiguares a saber: Coleção Antonio Pinto de Medeiros (poesia), Coleção Bartolomeu Correia de Melo(prosa), Coleção Enélio Petrovich(memória e história), Coleção Deífilo Guregel (Ensaio) e Coleção Nati Cortez (infanto-juvenil). -Encaminhei a recriação do jornal O Galo (no momento em busca de captação de recursos. Projeto aprovado na lei Djalma Maranhão); - criei o selo editorial Nave da Palavra. - encaminhei a criação da Revista do Escritor Potiguar Meus senhores, Minhas Senhoras, Nem tudo é só realizações. Deixo a Presidência da UBE-RN com algumas frustrações 01. Não ter viabilizado a publicação do jornal O Galo por falta de patrocínio: a elite econômica não é a elite intelectual, infelizmente. Aprovado na lei Djalma Maranhão até hoje não consegui o apoio necessário para viabilizar; 02. não ter editado a obra completa do escritor Eulício Farias de Lacerda conforme prometi; e 03. Uma pendência com a Receita Federal que multou a UBE por não ter declarado o Imposto de Renda (lapso de memória). Tentei resolver este problema, indo à Receita quase 10 vezes (o que daria uma novela) e nada: a primeira vez após passar uma manhã quando fui ser atendido o sistema saiu do ar; a segunda, a burocrata não aceitou o documento que levei do contador por que faltava uma letra da inscrição profissional do CRC; a terceira por ter chegado com 05 minutos de atraso devido ao trânsito; na quarta tentativa tive meu carro multado pela STTU; na quinta... com certeza é o pior órgão do Serviço Público brasileiro. Durante esses 06 anos sob a minha administração, a UBE-RN teve a transparência da lágrima. Tudo feito às claras: entrego ao meu sucessor uma entidade sem dívidas e com dinheiro em caixa. Se não fiz mais foi porque não pude, afinal “interditados estavam o poema, a aurora e o seu fluir” como afirmou o poeta maior de Angicos/RN- Jarbas Martins em seu Contracanto. Resta-me o consolo do poeta e filósofo português Miguel Torga: “quem faz aquilo que pode, faz o que deve”. Missão cumprida!
 Cidade do Natal/RN, 26 de Dezembro de 2013 

Eduardo Gosson
 Ex- presidente da UBE/RN


NOTA: O QUERIDO EDUARDO GOSSON DIRIGIU A UBE-RN  COM A CORAGEM DE UM TOURO, A SENSIBILIDADE DE UM PÁSSARO E O CORAÇÃO DE UM PAI!

Lúcia Helena Pereira.

01/01/2014

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A Coluna Preste no Rio Grande do Norte - IV
Tomislav R. Femenick  Membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN

Ao ser narrado, um fato histórico só tem sentido se forem expostos alguns elementos a ele pertinente, tais como: as causas, circunstâncias e repercussão, por exemplo. Portanto não há como se taxar de embromação quando se fala dos antecedentes, dos personagens e das consequências da revolução francesa, da abolição da escravidão no Brasil ou do nascimento de Cristo. A simples narração dos fatos não é historiografia, pode até assumir as feições de novela barata, quando impregnada de tendências e bravatas melosas.
Assim se dá quando se aborda a passagem da Coluna Prestes pelo Rio Grande do Norte. Há que se dizer das causas e o que foi a própria coluna, a inquietação causada nas localidades envolvidas direta ou indiretamente no evento, o contexto dessas localidades na época do evento, a comoção provocada entre as pessoas e, por ultimo, os ataques, a defesa das cidades e seus reflexos. Isso porque sem repercussão na sociedade um fato não é histórico. É, quando muito, apenas um fato perdido entre tantos outros. Dito isso, vamos à cidade de Natal nos dias que antecederam a entrada da Coluna Prestes em terras potiguar.
Em 1926 o Rio Grande do Norte tinha uma população que se aproximava de 600 mil habitantes e Natal um pouco mais de 30 mil. Era uma cidade bucólica e relativamente tranquila, mas que vivia um momento de transformação. Segundo Gabriela Fernandes de Siqueira, “na década de 1920 a aviação teve maior desenvolvimento em Natal. O número de automóveis aumentou e ocorreram melhorias na área de educação”. O Estado era governado por José Augusto Bezerra de Medeiros, que estava no terceiro ano do seu mandato.
Embora não se sentisse ameaçada de ataque direto pelos revoltosos, a capital do Estado vivia um clima de expectativa pelo que poderia acontecer. O histórico divulgado sobre as investidas dos integrantes da Coluna em outros Estados nordestinos davam conta de um rastro de perdas humanas e danos materiais nas cidades em seu itinerário. O historiador Raimundo Nonato assim sintetizou a situação, às vésperas da chegada dos rebelados: “Na Capital irradiava-se essa onda de agitação pelos pontos de concentração popular – O café Cova da Onça, na Ribeira, o Grande Ponto, na Cidade Alta e Alecrim”. Daí saiam os boateiros levando as novidades reais ou inventadas.
De verídico mesmo somente as informações transmitidas pelo governo federal ao governo do Estado, dando conta que elementos da Coluna Prestes já tinham saído da cidade de Iguatu, no Ceará, e estavam se deslocando para o Rio Grande do Norte; tudo indicando que o ataque seria na cidade de São Miguel. Esse contingente de ataque era integrado por cerca de 70 homens bem armados e a maioria deles com treinamento militar.
Os preparativos para a defesa legalista começaram a serem arquitetados, inclusive com a formação de batalhões compostos por elementos da Polícia Militar do Estado, preponderantemente lotados em Natal (sob o comando do tenente João Machado), e possivelmente do Exército nacional, esses vindos de Fortaleza. O grande problema era o deslocamento dessa tropa para o local presumível do teatro da batalha.  Optou-se, então, por se usar o porto de Areia Branca, a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte e vias rodoviárias; estas últimas poucas, de trânsito difícil e de acesso complicado.
O governo do Estado delegou o comando da defesa de São Miguel ao líder político local João Pessoa de Albuquerque (também conhecido por João Leite e Coronel do Baixio de Nazaré), coronel da Guarda Nacional, deputado estadual e que presidiu a Intendência Municipal de São Miguel por um período de 18 anos, de 1910 a 1928
TN – 26 de janeiro de 1926, o primeiro contingente da polícia militar, sob o comando do tenente João Machado, seguiu para a zona oeste.
Algumas cidades do Seridó, temendo uma invasão pelo sul do Estado, colocaram em alerta suas forças policiais.
ITAMAR DE SOUZA – A coluna Prestes penetrou no território potiguar pela zona Oeste, fronteira com o Estado do Ceará. Governava o Rio Grande do Norte o Dr. José Augusto Bezerra de Medeiros.
Ao tomar conhecimento do avanço dos revolucionários em direção ao nosso Estado, através de um telegrama do Governo Federal, comentou com seus auxiliares: “A coluna dos rebeldes já saiu do Iguatu. A esta hora caminha para o Rio Grande do Norte. O grupo é reduzido, pois, segundo o telegrama, composto de 70 homens. A que tudo indica, o ponto de invasão será o Município de São Miguel. O deputado João Pessoa deve ser avisado com urgência para organizar a repulsa, enquanto Luís Júlio se desloca para o centro de operações”.
PARAÍBA – WWW.portalpianco.com – A coluna Prestes chegou à vila Piancó na tarde de Segunda Feira – 08 de fevereiro, em sequência, na noite deste mesmo dia,as famílias se retiraram e pelo vexame com que saíram, abandonaram completamente as suas residências deixando haveres, roupas, móveis, etc.
A Vila teria ficado vazia e nela permaneceu exclusivamente, as famílias dos Srs. Manoel Candido (administração da mesa de rendas), do tenente Antonio Benício (Comandante da Força), do alfaiate Isidro, do Pe. Aristides e seus amigos, o destacamento policial composto por quinze praças e civis armados, do Sr. João Galdino (Coletor Federal).
A passagem da Coluna Prestes na cidade de Piancó, foi marcada por sangue em registro na nossa história, dando origem a vários questionamentos posteriores em um episódio não totalmente esclarecido.
A cidade tradicional sertaneja teve sua elite política e social fuzilada e depois degolada, num barreiro ao redor da cidade, foram mortos em torno de 28 pessoas conhecidas pela história da Paraíba como Mártires de Piancó – PB, com destaque para o chefe político Dep. Pe. Aristides Ferreira da Cruz, o Prefeito local o Sr. João Lacerda Moreira, e seu filho Osvaldo Lacerda.

A Coluna Prestes entrou no Estado, vindo de Luiz Gomes (RN) até chegar no lugarejo de Várzea Cumprida, em Pombal (PB). Piancó não constava no percurso da Coluna, tendo sido incluída de última hora uma vez que a polícia paraibana havia fechado quase todas as fronteiras do Estado à passagem da Coluna.

O Jornal de Hoje. Natal, 31 dez. 2013.

Pirangi do Norte, final de 2013


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN , membro do IHGRN e do INRG

Daqui, da praia de Pirangi, o francês de Navarra, João Lustau, dominava esta costa até os limites com a Paraíba. Sua principal atividade era a pescaria, e de seus portos exportava para várias localidades do Brasil e do exterior. Talvez tenha chegado por aqui antes dos portugueses construírem o forte dos Reis Magos, foi poupado, e a partir de 1601 recebeu várias sesmarias. Não se sabe o nome de sua esposa, mas uma de suas filhas, Maria, casou com o português Manoel Rodrigues Pimentel, que por sua vez gerou Joana Dorneles esposa de Francisco Lopes, e daí uma larga descendência, incluindo Cipriano Lopes Galvão.

Aqui próximo, em Pium, estava sua Casa Maior, umas das famosas casas de pedra construídas pelos franceses do século XVI. Tombada pelo patrimônio e pelos depredadores, restam apenas ruínas, sem merecer nenhum destaque da Ciência, do Turismo e dos governantes. Por lá esteve Joris Garstman, pouco depois do assassinato de Jacó Rabi. Foi para lá que rumaram os sobreviventes do massacre de Cunhaú, e talvez por isso, João Lostau foi preso e depois trucidado pelos súditos de Jacó Rabi.

Mas o ano está terminando. Um século se passou que o nosso Dom Quixote, capitão José da Penha, dentro de um movimento nacional, veio combater a oligarquia da família Maranhão, que está presente no nosso Rio Grande, através de Jerônimo de Albuquerque, segundo do nome, desde a construção do forte. Mas não se combate uma oligarquia, através de outra. A família Fonseca estava nesse caminho, mas Leônidas Hermes da Fonseca não vingou porque o pai dependia dos sustentadores da nossa oligarquia.

Um novo ano vai começar. E, nesse novo ano, completará um século que o capitão e deputado cearense, José da Penha, tombou vitimado pelos aliados do Padre Cícero Romão. Já se fala, novamente, na canonização deste último, como se a santidade de um indivíduo fosse fruto de milagres alcançados pelas pessoas. O próprio Jesus dizia que a cura nascia da fé do curado.

Nada parece mudar, de verdade, de um ano para outro, através dos séculos. As novidades vêm da ciência e da tecnologia, e nada de novo vem dos seres humanos. A saúde, a educação e a segurança são os retratos do despreparo dos nossos governantes deslumbrados, que não se tocam com a realidade das coisas. Falta sensibilidade. Os cobradores de impostos continuam implacáveis. Os que estão no poder, sejam eles do executivo, legislativo ou judiciário, cuidam primeiro deles próprios. Locupletam-se com as mordomias à custa do povo. Não abrem mão de qualquer vantagem, como tem feito o Papa Francisco.

Não existe educação de fato neste país. As nossas crianças e nossos jovens não são estimulados para a liberdade e, por consequência, para o conhecimento da verdade. Muito pelo contrário, o ensino, as ideologias, as religiões, os partidos, as filosofias, e as mídias concorrem para manter o máximo de indivíduos sob domínio total. Os sistemas se alimentam da dependência dos indivíduos. Vejam o exemplo de Lula. Já está na televisão fazendo terrorismo eleitoral com o programa bolsa família. As religiões, que são criadas dia a dia, usam os pobres recursos de suas ovelhas para construir castelos de enganação e casas de milagres. Tomam contam do espaço político e midiático.

Com as cadeias em petição de miséria, escolas mal instaladas, postos de saúde de quinta categoria, anos seguidos de seca, destruindo nossa agricultura e pecuária, e desnutrindo nossas crianças, se tem o descaramento de destruir um estádio e um ginásio, e, no local, construir outro estádio pomposo, para atender a máfia internacional e a vaidade nacional. Além disso, obras iniciadas ou inauguradas são abandonadas por falta de uso ou de manutenção. O Forte foi para o IPHAN, o Presépio para o Banco do Brasil e, com certeza, a Lagoa Manoel Felipe vai para outra entidade, breve.

O calendário escolar é antecipado para atender o calendário do futebol. Até a comercialização de produtos é alterada para atender as determinações da entidade internacional do futebol.

Em 2013 o Brasil não acordou, apenas levantou sonâmbulo e saiu desvairado pelas ruas. Políticos e bandidos se aproveitaram do movimento.

Terminamos o ano sem nenhum avanço de qualidade, e vamos continuar nos entorpecendo com o futebol, os diversos tipos de bolsa, o crack e as eleições. Os partidos já estão decidindo quem são, entre eles, os candidatos que temos que escolher. Não interessa o desenvolvimento humano do país e do estado, mas simplesmente a sobrevivência deles e dos seus descendentes e aparentados. Vejam o exemplo de nossa Câmara Municipal. Seus vereadores de menos idade não se livraram das práticas dos mais antigos e repetem os mesmos erros. Anteciparam, descaradamente, a eleição da mesa diretora.

A droga (de todo tipo e natureza) ocupa os mais distantes lugares deste país e vai destruindo nossos jovens e tornando a violência uma coisa corriqueira. Os governantes não se juntam para resolver esse mal que neutraliza qualquer ação social que se programe.

Presidente Dilma, a capacidade de comprar mais coisas não melhora a qualidade de vida das pessoas. Muitas vezes piora. Sem uma educação de verdade, uma saúde de verdade e uma segurança de verdade, não vamos para canto nenhum.

Que no ano de 2014, uma onda de energia do Universo invada nossos cérebros e produza em cada um dos governantes e governados mentes mais saudáveis para que possamos viver com mais simplicidade e qualidade de vida. Que todos os governos criem Ouvidorias e Vedorias que funcionem de verdade.
Ruínas da Casa Maior de João Lostau

29/12/2013

Verdades cruzadas - VII
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, Professor aposentado do Curso de Direito da UFRN e Presidente da Comissão da Verdade. Sócio do IHGRN.

Pode-se considerar que o agravamento da crise de populismo no Brasil que levou a ascensão dos militares, em 1964, ocorreu a partir do breve governo do Presidente Janio Quadros, que só durou alguns meses do ano de 1961.
Carlos H.P.Cunha e Walclei de A.Azevedo – Podres Poderes-política e repressão. Natal: Infinita imagem, 2013.

“Depois de passar 19 anos sendo convocado por políticos para debelar crises, o Exército interveio mais uma vez em 1964, desta vez num golpe de Estado que exilou o presidente João Goulart. O governo não foi entregue aos civis: os militares resolveram exercer eles mesmos o poder, acreditando que seriam os únicos a ter a disciplina e a honestidade necessárias para a função.
Foram tragados para um turbilhão de autoritarismo, disputas internas, guerrilha, inflação, tortura nos quartéis e atentados que desmoralizaram a instituição e seus generais-presidentes, apesar da censura importa à imprensa. No governo do último general-presidente, João Figueiredo, a ditadura havia se tornado um labirinto cuja saída foi a devolução do poder aos civis, com a eleição indireta de Tancredo Neves em 1985.” [1]
Começava no Brasil o caminho dos tanques, um período de mordaça dos segmentos sociais e a censura à imprensa sob uma divulgação de combate à subversão e corrupção – temas profundamente contraditórios em razão da história do País, usando-se para isso a força bruta e a grotesca ostentação de armas, torturas, perseguições e mortes, com a conivência e o apoio de parcelas importantes da sociedade – empresários, proprietários rurais, parte da imprensa, a igreja católica e influentes governadores de estados e o silêncio do Supremo Tribunal Federal.
Os golpistas sabiam que teriam problemas a enfrentar e para tanto não usaram o diálogo, mas o convencimento pela repressão, pela truculência, manipulando o processo democrático, cassando mandatos e orquestrando uma farsa eleitoral de dois partidos apenas – ARENA e MDB.
A moldura do governo militar passou a ser“o milagre econômico”, com projetos de mega dimensão como a Transamazônica e a Perimetral Norte, fomentando um ufanismo nacionalista retratado no slogan “Brasil – ame-o ou deixe-o”.
O Ato Institucional nº 5, em 1968, recrudesceu a ditadura e as forças democráticas repeliriam a violência de todas as maneiras que podiam, ostensivas ou alternativas, estas desenvolvidas no Teatro, no Cinema e na Música.
Entretanto, as conquistas vão acontecendo paulatinamente no percurso dos governos Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médice.

A partir do general Ernesto Geisel foi anunciado um programa de “abertura lenta, gradual e segura”, num processo político que passou a ser o ponto fundamental da luta nacional pela transição do regime no caminho da verdadeira Democracia, com a revogação dos atos institucionais e reforma da Lei de Segurança Nacional, das eleições legislativas de 1974, com as manifestações da sociedade em favor da redemocratização do país, do Movimento Feminino pela Anistia em 1975, o Comitê Brasileiro pela Anistia em 1978, que permitiram efetivamente a sua aprovação na Lei 6.683, de 28 de agosto de 1979, no Governo João Figueiredo, e finalmente com a emenda Dante de Oliveira de 25 de março de 1984 abrindo o caminho da restauração do processo político. Registre-se que estes últimos Presidentes já trabalhavam no sentido do cumprimento das promessas de retorno à normalidade democrática

Forças reacionárias ainda tentaram reverter o processo de abertura, mas mesmo com o atentado fracassado no Riocentro, em 1981, não foi suficiente para interromper o movimento das “Diretas Já” que preparou a eleição indireta de Tancredo Neves em 1985.
  “A ditadura terminara – e o novo desafio era consolidar a democracia.”[2]
As eleições se sucedem. Tancredo Neves – a velha raposa mineira que se tornara símbolo da redemocratização ao derrotar o candidato Paulo Maluf, coincidentemente, adoece e é internado na véspera de sua posse, em seu lugar assume interinamente José Sarney, em solenidade no dia 15 de março de 1985, um político comprometido com a ditadura, assustado com o encargo que não cogitava..
Não foi um recomeço fácil. A fatalidade de Tancredo deixa atônito o País, notadamente com o seu falecimento em 21 de abril de 1985 – Dia de Tiradentes.
A economia atinge patamar de inflação nunca antes ocorrido, produzindo drástica corrida ao mercado de capitais, fomentando falências e concordatas.
Contudo, a penosa reconstrução da democracia contava com um grande aliado – Deputado Ulisses Guimarães, ganhando força na Nova República de Sarney, como Presidente do Congresso e da Assembleia Nacional Constituinte, dando ao Brasil a sua nova Carta Política de em 05 de outubro de 1988, denominada de “Constituição Cidadã”, com instrumentos jurídicos e políticos modernos para retomar o caminho da normalidade.
Mas o destino fez desaparecer o “Senhor das Diretas”, num desastre de helicóptero em 12 de outubro de 1992.


               




[1]DN Especial – (8) Anos de Chumbo12/7/2005.
[2] Diário de Natal, 12/7/2005.