Ameaça ao Guaporé - O Vale soluça
Há um choro perene entre os cantos e recantos do Vale do Ceará-Mirim. O olhar perdido do povo daqui já não alcança mais a vista deslumbrante dos marcos históricos antes preservados, hoje decaídos, esquecidos, soterrados pelo tempo.
Ceará-Mirim que outrora personificou o brio da beleza fértil e de um imenso campo de oferta de mão de obra das mais variadas nos engenhos e nas usinas, hoje soçobra na apatia anômica, enclausurada e sem porvir, mergulha no limbo.
Nesse aspecto, é premente lutar de uma vez por todas para apagar essa mácula cravada de decadência, fazendo-a novamente brilhar no cenário regional, nacional como a terra da cultura. Não se pode deixar a história social, política, econômica e cultural do povo cearamirinense ser esquecida jamais.
O Guaporé um dos marcos históricos, há muito anda a esmo, habitado que está pelos fantasmas do passado, com seus lamentos ocultos, profundos, inaudíveis.
Em suas cercanias o Guaporé arde em chamas cujas labaredas ameaçam a última relíquia que ao sabor do tempo, insiste em ficar de pé ao lado de suas belas palmeiras que também pedem clemência – a casa grande do Engenho Guaporé, atualmente cognominada de Museu Nilo Pereira; um museu abstrato, desnudo, vazio...
A ACLA como guardiã da cultura em nossa cidade, lastima consideravelmente a ocorrência com um dos poucos marcos históricos que ainda consegue sustentar-se. Todavia, também lastima não ter um espaço próprio na cidade para gerir de modo mais eficiente e eficaz juntamente com as outras instituições pertinentes, soluções para problemas dessa envergadura.
Que o incêndio no Guaporé sirva de alerta para todo o povo de Ceará-Mirim, que em sua pulsante vida cultural possam criar mecanismos que salvem o que ainda resta da história e da cultura, de modo a reerguer a cidade.
Mas, como já dizia o fundador da ACLA, o seu Patrono Pedro Simões Neto, "Ceará-Mirim tem jeito", cabendo a todo cearamirinense a cooparticipação nesse resgate urgente, emergente.