Índios do Rio
Grande do Norte
Tomislav
R. Femenick – Mestre em economia, com extensão em sociologia e história. Membro
do Instituto Histórico e Geográfico do RN
As tribos
ou sociedades indígenas são
classificadas através de suas respectivas afinidades linguísticas, pela
identidade cultural e pela homogeneidade de costumes, mas é a língua o
principal elemento de aglutinação dos diferentes grupos. No Brasil há duas
linguagens básicas principais: a Tupi, que possui sete famílias
linguísticas,
inclusive a tupi-guarani, e a macro-jê,
com cinco, entre as quais a família jê. Afora essas duas, há as línguas aruak, karib, tukâno, pomo e guaykuru, que formam grupos independentes.
No início do período colonial existia no Rio Grande do
Norte uma grande população de nativos das raças tupi e, principalmente, cariri.
Do primeiro grupo, os potiguares. Cariris eram os paiacus, paiins, monxorós,
pegas, caborés, icozinhos, panatis, ariús, janduís e outros grupos. Como
resultado do apresamento, miscigenação, doenças exógenas e o extermínio
promovido pelos colonizadores, houve um rápido decréscimo desse contingente.
Exemplo foi o que ocorreu em
1597, quando uma epidemia de varíola se espalhou pelo Nordeste do Brasil,
matando indistintamente colonizadores e indígenas. A sua violência foi de tal
monta que retardou a colonização do Rio Grande do Norte.
O extermínio dos índios no Estado
teve início (e maior proporção) no século XVII. A guerra entre portugueses e
holandeses, além de outras causas, forçou um grande contingente de indígenas do
Rio Grande a emigrar para outros lugares; Paraíba e, principalmente, Ceará. O
nível populacional silvícola já era crítico, conforme relata Nieuhof (1981): “Em 1640, a população aborígine de Ceará aumentou
consideravelmente. [...] Por outro
lado o Rio Grande se achava quase deserto Assim, André Vlijfs propôs ao Grande
Conselho fundar uma aldeia no Rio Grande para lá instalarem os habitantes de
Ceará que o desejassem fazer. Inteirado, o conde Maurício e o Grande Conselho,
das aspirações de alguns habitantes de Ceará, desejosos de se estabelecerem no
Rio Grande, sua terra Natal, [...] atenderam
a sugestão”.
Exemplo
de liquidação planejada dos índios em solo potiguar foi a campanha de Afonso de
Albertin na Ribeira do Açu, que visou dizimar os janduís. Os poucos
sobreviventes foram aprisionados e levados para Recife como presentes ao
governador de Pernambuco. Chegando ali foram comercializados em praça pública,
como escravos. Os bandeirantes Domingos
Jorge Velho e Matias Cardoso, também deixaram rastro, sendo os responsáveis pelo
massacre e pela prisão de índios cariris, especialmente os janduís, em meados
de 1689, durante a chamada Guerra dos Bárbaros, Guerra do Assú ou Confederação
dos Cariris, que durou de 1680
a 1729 e atingindo quase toda a região nordeste da
colônia, porém o principal palco das lutas foi o Rio Grande do Norte. “Os índios capturados durante a Guerra dos
Bárbaros, por exemplo, foram vendidos na cidade de Natal” (HEMMING,
1999).
Falando sobre o declínio dessa
população, a professora Fátima Lopes (www.pgr.mpf.gov.br) diz que, “de acordo com informações de Jesuítas,
datadas do início da colonização ao século 18, havia uma grande quantidade de
índios na região litorânea de nosso Estado. Só nas imediações de Natal, eram
cerca de 6 mil nativos, em aproximadamente cem aldeias”. Diz ainda, que em
1603 vinte e seis aldeias dos potiguaras haviam desaparecido. Restavam apenas
sessenta e quatro, na mesma região. Em 1613, dez anos depois, eram apenas oito aldeotas.
Em 1627, Domingos da Veiga Cabral (Apud HEMMING, 1999) relata que havia “pouco mais de 300 flecheiros divididos
entre quatro aldeias. Costumava haver uma quantidade tão grande deles que seus
números não eram conhecidos”. O número de aldeamento foi corrigido em 1639
por Adriaen van der Dussen (Drussen) –
(1947), em seu
Relatório sobre as Capitanias Conquistadas no Brasil
pelos Holandeses, eram cinco. O censo de 1844 registrou pouco mais
de seis mil indígenas na Província.
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