29/04/2014

Deífilo


Cultura Potiguar Urgente: Lembrando
o Mestre Deífilo Gurgel

Luciano Capistrano - luciano.capistrano@natal.rn.gov.br

Historiador/Comissão Municipal da Verdade

Professor/Esc.Est. Myriam Coeli

         “O pião entrou na roda, dessa roda ele não sai, porque, quando entra na roda ele gira, gira e cai”. Neste verso, do pesquisador e poeta Deífilo Gurgel, encontramos a beleza das brincadeiras de infância, em um tempo sem os games eletrônicos, de hoje, e o ato de brincar não era uma ação solitária, mas sim, um momento de sociabilização. O poeta expressa, assim, a cultura de seu povo. Em outro verso, diz o poeta: “ No pilão se pila o milho para fazer o xerém e muitas coisas gostosas o pilão pila também”. São os saberes e fazeres do povo, digitais de sua cultura.

            Neste ano, ano da Copa do Mundo, no mês junino, aproveitando a luz das fogueiras, façamos uma reflexão sobre a nossa cultura, nosso Patrimônio Imaterial, ou seja, aquilo que nos faz brasileiro, nordestino, enfim, potiguar. O que aconteceu com nossos folguedos, as danças,  as apresentações de João Redondo, as folias do Boi Calemba e os Romanceiros?

            Deífilo Gurgel, estudioso do folclore, cita Mario de Andrade, Ascenso Ferreira, Theó Brandão e Câmara Cascudo, expoentes da pesquisa folclórica no Brasil, como admiradores das manifestações da cultura potiguar. É o próprio Deífilo, em seu “Espaço e Tempo do Folclore Potiguar”, quem faz um alerta:”... e elas( danças folclóricas) sobrevivem hoje, sabe Deus, à custa de quantos sacrifícios”.

            O filho ilustre de Areia Branca, professor Deífilo Gurgel, nos alertou sobre a “morte” dos folguedos populares, ao tempo em que apontou o caminho de sua preservação. A escola, segundo o mestre Deífilo, deve ser o lugar de resistência dos saberes e fazeres do povo. No campo legal existe, em âmbito estadual, a instituição do estudo do folclore norte-rio-grandense, nos níveis fundamental e médio de ensino. Esta é uma das alternativas para a divulgação e preservação das manifestações culturais da terra potiguar. 

            Outro caminho, não menos importante, é o desenvolvimento de uma política de apoio aos diversos grupos e mestres da cultura norte-rio-grandense. Neste sentido é bom assinalar a Lei nº 9.032/2007, iniciativa do deputado Fernando Mineiro, que institui o Registro do Patrimônio Vivo da Cultura Potiguar. Esta Lei, prever uma bolsa financeira de ajuda, aquém dedica toda uma vida em prol da cultura popular.

            Preservar é fazer viva as diversas manifestações culturais. Um bom exemplo vem do “país de Mossoró”. A Cidade Junina, consegue envolver os diversos segmentos da sociedade mossoroense, no resgate de suas tradições. Seja através do espetáculo “Chuva de Balas no País de Mossoró”, ou nos autos populares e no festival de quadrilhas, toda a cidade respira cultura. Importemos então para todo o estado a boa idéia nascida na Capital do Oeste. Lembro, também, o legado deixado pelo ex-prefeito Djalma Maranhão, homem publico de grande sensibilidade, sua administração foi marcada pela realização de festivais de folclore e dos folguedos populares nos diversos bairros de Natal.

            Em tempos de globalização, ergamos barricadas culturais, não contra o que vem de fora, simplesmente, mas objetivando preservar nossos elementos culturais. Façamos uma campanha Cultura Potiguar: Urgente, como o mestre Deífilo alertou.

Referências

Gurgel, Deífilo. Espaço e Tempo do Folclore Potiguar. Natal: Governo do Estado, 2006.

_______. Os bens aventurados. Natal: RN Econômico, 2005.

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