11/04/2015


SANTO E SÁBIO

Jurandyr Navarro
Do Conselho Estadual de Cultura

O final do mês de fevereiro último, dia vinte e oito, assinalou, no relógio do tempo, mais um ano do falecimento do Padre Luiz Monte.
Sacerdote que seus contemporâneos habituaram-se a chama-lo de “Sábio e Santo”, face a sua cultura polivante.
Foi ele ungido sacerdote aos vinte e dois anos de idade e sua primeira missa celebrada na Capela do Colégio da Imaculada Conceição, no final do mês de setembro, de mil novecentos e vinte e sete. Anos depois, seria ele Capelão e Professor do mencionado Educandário.
Viveu apenas trinta e nove anos!
Nasceu no ano do falecimento do Padre  João Maria, em mil novecentos e cinco, dia três de janeiro.
A curta trajetória existencial não impediu a conquista de grandiosa sabedoria e de realizações significativas e consagratórias.
No dia da sua Ordenação Sacerdotal, o então Cônego Estevam José Dantas, seu ex-mestre de Latim, no Seminário, declarou na imprensa, jornal “Diário de Natal”, que o novo sacerdote já poderia ser considerado, inobstante sua pouca idade, o maior latinista do Estado.
Antecipou-se em tudo. Ainda menino, ingressou na Congregação Mariana. Seminarista, já lecionava no Ginásio Diocesano de Natal, embrião do atual Colégio Santo Antônio (Marista), tendo sido seu vice-diretor, ao lado do diretor, Monsenhor Landim. Dito educandário funcionava no velho prédio da conhecida Igreja do Galo.
Aos vinte e seis anos, início da década de mil novecentos e trinta, assumiu a Cadeira de docente do Atheneu, tendo sido aprovado em concurso.
Na Igreja de Natal dirigiu a Juventude Católica, a Juventude Feminina, a Pia União das Filhas de Maria Imaculada, além de criar a Juventude Operária Católica. No Marista dirigiu a Cruzada Eucarística.
Tomou, sob sua responsabilidade, diversos movimentos da cristandade, espalhados por ambientes leigos e religiosos. A Escola de Serviço Social, foi de sua inspiração, sonho tornado realidade pela ação do irmão, então sacerdote, Nivaldo Monte. No velho Atheneu, o alunado pertencente ao Centro Estudantil elegeram-no seu Presidente de Honra, pela confiança nele depositada, como amante da juventude estudiosa. Nesse mesmo educandário ele criou, para os alunos, a Escola da Cultura, a fim de despertar os ânimos literários e artísticos, como uma agremiação incentivadora de projetos educativos e culturais.
A ação era a determinante da sua vida, repleta de afazeres religiosos e intelectuais.
Foi ele um dos fundadores da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, em mil novecentos de trinta e seis, instituição idealizada por Luís da Câmara Cascudo. O Lema dessa instituição cultural: “Ad Lucem Versus”, - “Rumo à Luz”, é de sua autoria.
Após exato seis dias da fundação dessa iimporante entidade, precisamente no dia vinte de novembro do mencionado ano, ele escreveu um artigo intitulado “Nossa Academia de Letras”, no qual, conclui nos termos: “O homem de letras precisa mergulhar na corrente da vida e nunca isolar-se na anacrônica torre de marfim. Bem sabemos que a arte tem sua finalidade própria, e nesse caso é soberana, mas o artista é humano, e o fim do homem supera e governa o fim da arte. (...) Já se vê que não estamos aqui para bater palmas a qualquer literato nem defender qualquer literatura. Releva dizer que o primado do Espírito que defendemos contra a supremacia da Matéria – com todo o seu cortejo tecnicista e economista – não se contente com o simples prestígio da inteligência. Há realidades espírituais que ultrapassam os limites da razão. O verdadeiro Espírito incorpora também a ordem transcendental e a ordem da graça. O poeta que só exprimisse as belezas sensíveis seria um poeta-cone-truncado, sem vértice. Pelas escadas da metafísica e da teologia subimos a planos elevadíssimos, de onde descortinamos um panorama muito mais vasto, pleno de luz e rico de belezas. Prestigiando a Inteligência, representada pela nossa Academia de Letras, saudamos os novos Acadêmicos, certos de que eles não desertarão do drama da vida, nem deixarão de, cultivando a arte e a beleza, reverenciar a Verdade que é a suprema Beleza”.
Foi o primeiro escrito sobre a nova instuição literária.
Dele, disse o Cônego Jorge O’Grady de Paiva, autoridade em ciências exatas, naturais e literárias: “ Monte dominou todas as ciências do seu tempo”.
Biólogo que era, o Padre Luiz Monte foi autor de um compêdio de Biologia e Botânica, dentre outros. Conhecia a trajetória tumultuada da ciência da vida e através dela desvendada sintomas de doenças as mais variadas. Daí, a inspiração para traduzir o drama existencial de almas aflitas, na sua definição: “A dor é a sentinela da vida, ela fere, mais depois consola”.
Por outro lado, a sensível revelação espiritual, motivava-o pensamentos como este: “A Eucaristia é um infinito numa sensação e a  eternidade num minuto. Sem ela, somos pequenos demais para o céu; com ela, demasiado grandes para a terra”.
Na esfera da manisfestação cultural, conceituada: “A arte não matará o amor, porque a arte é a religião do belo”.
Como estudioso do método indutivo, raciocinava: “por ilógica e absurda repilo a quadratura do círculo e, por concebível, mas ilusória, a transaltura do espaço”.
Com relação ao Amor: “ninguém é mais exigente, nem escolhe mais que o amor. A alma elege o coração que quer amar”. E conclui: “a inteligência foi feita para a verdade, como o coração para o amor”.
Em relação à Onipotência Divina: “a unidade é Deus, elevada a qualquer potência, a unidade é sempre unidade – imutável, simples, perfeita. A unidade incriada, por ser indivisível, é eterna”.
Analisando o ato da vontade: “Tudo que o homem tem pertence a Deus, porque Ele pode tirar; a única coisa do homem é a vontade; é a única coisa que podemos dar Aquele que nos deu tudo”.
Escreveu, certa vez, Dom Adelino Dantas, que o Latim, por ser uma língua dúctil, se prestava à cunhagem perfeita de lemas, frases e sentenças, a mais lapidares. E o Padre Luiz Monte gravava sempre, esses pensamentos, no clássico idioma do Lácio.
O espaço é exíguo para abordar parte considerável dos frutos advindos da inteligência e do coração do conhecido sacerdote.
O Padre Monte foi um sacerdote exemplar: caridoso e intelectual. Dotes estes que elevaram o seu conceito social por todos conhecidos. Daí, o epíteto de Sábio e Santo.
Razão pela qual tramita o seu processo de Beatificação, postulado pela Igreja de Natal, junto ao Vaticano, ao lado da postulação, de outro processo, o do Padre João Maria, este último conhecido como Santo da Caridade.



10/04/2015



COMUNICAÇÃO DA ACLA À POPULAÇÃO CEARÁ-MIRINENSE

Como é do conhecimento de todos, esta Academia Cearamirinense de Letras e Artes “Pedro Simões Neto”- ACLA encaminhou o Ofício 001/2015 (no dia 05 de março do corrente ano) às autoridades municipais competentes, quais sejam: Prefeito Municipal, Secretário Municipal de Cultura, Secretário Municipal de Educação, Presidente da Câmara de Vereadores, Pres...idente da Fundação Nilo Pereira e Representante do Ministério Público em Ceará-Mirim, e outras autoridades no âmbito estadual e federal. Tal procedimento foi adotado pela ACLA na condição de guardiã da cultura do Ceará-Mirim, conforme disposição estatutária e por decisão unânime dos seus membros.
O oficio solicitava providências do poder público, no tocante à recuperação e conservação da Biblioteca Pública Municipal Dr. José Pacheco Dantas, ao mesmo tempo em que propunha a realização, de uma audiência pública, no prazo máximo de 30 dias, a contar daquela data (05/03/2015), e uma audiência com o Prefeito Municipal, em caráter emergencial, para tratar do assunto em tela. Tudo isso poderá ser visto no texto integral do ofício, que se encontra na página https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=1439831656308566&id=100008452352746&substory_index=0
Todo o prazo ofertado no Ofício, foi expirado no dia 05/04, sem que nenhum dos órgãos a quem foi dirigido tenha manifestado qualquer tipo de resposta. Mas, oficiosamente a ACLA tomou conhecimento que a representação local do Ministério Público, através do Ofício no 0229/2015/2ªPmJCM perquiriu a Fundação Nilo Pereira (responsável pelo funcionamento da Biblioteca Pública), e obteve a seguinte resposta: “[...] Atualmente a Biblioteca encontra-se fechada, POIS ESTAMOS REPARANDO ALGUNS PROBLEMAS CAUSADOS PELA AÇÃO DO TEMPO, TAIS COMO: RETELHAMENTO E PINTURA. Os servidores da mesma estão cumprindo expediente na Biblioteca do CEUS das Artes no Conjunto Novos Tempos [...]” (destaque acrescido).
Entretanto a correspondência, firmada pelo sr. Waldeck Araújo de Moura, endereçada à representação local do Ministério Público, não assume compromissos e nem atende os anseios da população, porque não fala sobre o acervo, nem sobre a continuidade das obras de reforma, tampouco sobre o retorno das atividades regulares da Biblioteca.
A ACLA procurou uma solução conciliatória para o problema, mesmo assim, não foi atendida e nem obteve, dos vários agentes do poder público municipal, NENHUMA RESPOSTA À SUA REIVINDICAÇÃO, até a presente data. Mas apesar de tudo, continuará a sua luta em defesa da cultura e do patrimônio de Ceará-Mirim e, se necessário for, até mesmo utilizando-se da via judicial.
A ACLA se pauta pela consciência dos seus membros, intelectuais, professores, artistas e escritores, respeitados pela sociedade e por seus pares, e pelos desígnios do seu Estatuto, e merece todo o respeito devotado às instituições culturais. 
Isso posto, convoca a população de Ceará-Mirim e demais instituições culturais interessadas e comprometidas com o patrimônio histórico e cultural do município, para caminhar juntos nesta empreitada.
CEARÁ-MIRIM TEM JEITO 

09/04/2015

Nelson Patriota e a importância da crítica literária

 
Thiago Gonzaga
É mestrando em literatura potiguar contemporânea na UFRN

Há um fenômeno atualmente na literatura local, que não sei identificar se acontece em outros Estados. Nunca se produziu tanta literatura como nos dias atuais no Rio Grande do Norte. Arrisco-me até a dizer que é muito maior o número de escritores do que de leitores (pelo menos em se tratando de livros locais), e embora haja muitos escritores  - que, aqui coloco de forma generalizada, sem fazer juízo crítico, sobre as respectivas obras - a crítica literária é quase inexistente no Estado. Porém, a literatura do Rio Grande do Norte pode se orgulhar, de ter um crítico literário que talvez seja o melhor e mais completo em mais de 150 anos de história literária.

Poeta, ficcionista, jornalista e crítico literário, Nelson Patriota publicou um livro assaz importante para manter acesa a chama da crítica em solo potiguar, “Uns Potiguares”, obra que reuniu múltiplos textos sobre obras literárias locais e nacionais, alternando ensaios com características mais analíticas e outros em forma de resenhas/registros literários. Filho de poeta, e sobrinho de um dos maiores intelectuais potiguares, Nelson  tem um longo currículo: foi editor do jornal “O Galo” (FJA) por muitos anos e nos anos 1980 editou o segundo caderno na  Tribuna do Norte . Também é autor de biografias, traduções, dois livros de contos “Colóquio com um Leitor Kafkiano”,e  “Um Equívoco de Gênero e Outros Contos”, além de um livro de poemas denominado, “Livro das Odes”.

Compreendo que a função de “Uns Potiguares”, que é também uma das funções da crítica literária,  é buscar a melhor leitura para as obras em foco e, consequentemente, para melhor entendimento do universo humano e literário, e isto Nelson Patriota faz extraordinariamente bem em seus textos críticos , além de ser  um escritor consagrado pela obra ficcional e poética que já produziu. 

Em “Uns Potiguares” ele dá enfoque e comenta sobretudo construções literárias dentro do universo da literatura potiguar.  Além de explorar o uso da capacidade de criação inventiva dos autores, faz uma análise estilística, inclusive sobre  influência das escolas e movimentos literários em suas obras, dentre outros aspectos,  numa tentativa,  querendo ou não, de  compor um cânone local.

A palavra crítica origina-se do grego Krinein, que quer dizer quebrar. A ideia da crítica é ‘quebrar’ uma obra em pedaços para se fazer uma espécie de análise. Torna-se  necessário  conhecer e entender as partes do objeto que será analisado para justamente descrevê-lo. A partir daí, o crítico faz sua própria interpretação de acordo com o contexto em que se encaixam o escritor e sua obra. E é, justamente, essa a operação que a crítica de Nelson efetua ao fragmentar e desalinhar determinada obra literária, reinserindo-a em possíveis contextos, sejam eles históricos, artísticos ou sociais.

O livro “Uns Potiguares” tem papel relevante na dinâmica interna da cultura literária local, e diga-se de passagem, nacional; porque estabelece a relação entre as obras e as características literárias de cada cenário cultural dentro de certo período.  Através das críticas melhor se pode avaliar o conteúdo estético numa determinada situação da história literária. Este aspecto histórico faz com que a literatura de modo geral se torne um dos instrumentos mais presentes de que se utiliza uma sociedade para entender as questões sociais e políticas.

Quando Nelson Patriota interpreta um texto literário, age de maneira a reconhecer a construção e a permanência da literatura como expressão de estratos dos conflitos humanos e interage com a obra num diálogo intelectual dinâmico, propiciando a junção da literatura com a crítica, numa representatividade mútua, feita de encontros e desencontros com a verdade de cada uma delas. 

A crítica de Nelson Patriota seja ela de caráter jornalístico, ou não, relaciona-se com a literatura, sobretudo com a contemporânea. Na maioria das vezes intentando interpretar e analisar a obra literária, busca justamente valorizá-la através dos elementos específicos de uma obra de arte. 

A arte literária em geral sempre foi motivo para reflexões, ou melhor, sempre foi debatida, em diferentes épocas e culturas. Afrânio Coutinho diz que devemos começar nosso estudo sobre a crítica literária por quem começou a estudá-la, os gregos: “Foi entre os dois grandes Platão e Aristóteles que se iniciou, por assim dizer, a concepção da literatura e, consequentemente, a crítica literária”. 

Desses nomes, surgiram os grandes críticos, que optaram pela corrente de um ou de outro filósofo, platônica ou aristotélica. Aqui no Rio Grande do Norte, estamos bem representados na atualidade.

08/04/2015

As dúvidas do Dr. Pares


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG.
 
Recebi do Dr. Pares Ferreira Pompeu de Sousa Brasil, o seguinte e-mail: Caro Professor João Felipe da Trindade. Lí com especial interesse seu artigo sobre o testamento de D.Clara Joaquina escrito pelo Senador Thomaz Pompeu de Sousa Brasil. Causou-me grande surpresa o comentário sobre a avó do senador que seria Joanna de Melo, casada com o Cel. Antonio José de Sousa Oliveira, filho de Francisco de Sousa e Oliveira e Tecla Rodrigues Pinheiro.Em todos os trabalhos sobre o assunto sempre vejo como esposa de Antonio José a senhora Ana Teixeira de Melo. Gostaria de saber de seu estudo sobre o nome de Joana de Melo, com sobrenome muito parecido com o de Ana Teixeira de Melo, seriam filhas do mesmo casal?

Para resolver as dúvidas de Pares, enviei imagens do casamento de Antonio José com Joanna Ferreira, como também do batismo de Thomas de Aquino, filho desse casal, e pai do senador.

Pelo registro de casamento, Antonio José de Souza e Joanna Ferreira contraíram matrimônio, em 21 de maio de 1779, sendo ele filho de Francisco de Souza e de Tecla Rodrigues, e ela de Francisco Pinheiro Teixeira e Dona Bonifácia Antonia de Mello. Foram testemunhas o tenente e capitão-mor José Baptista Freire, solteiro, e Antonio Carneiro Gondim de Albuquerque.

O registro de batismo de Thomas de Aquino traz os nomes mais completos: Thomas, filho legítimo de Antonio José de Souza e Oliveira, e de Joanna Ferreira de Mello, neto pela parte paterna de Francisco de Souza e Oliveira, e de Tecla Rodrigues Pinheiro, pela materna de Francisco Pinheiro Teixeira e Dona Bonifácia Antonia de Mello, viúva, todos naturais desta Freguesia, nasceu aos sete de março de 1780, batizado pelo Vigário de Extremoz Francisco Nunes de Souza (o mesmo que casou Antonio e Joanna), na Matriz; foram padrinhos o Padre Bonifácio por procuração do Vigário desta Freguesia, Pantaleão da Costa de Araújo, e Bonifácia Antonia de Mello, aos 20 do mesmo mês e ano.

O nome Joanna Ferreira de Mello foi herdado da avó, mãe de Dona Bonifácia, que era casada com Estevão Velho de Mello. Dona Bonifácia faleceu aos 4 de fevereiro de 1807, com 80 anos. Pouco tempo depois, em 2 de abril de 1807, falecia o capitão Antonio José de Souza.  Maria Joaquina de Souza, que nasceu em 1782, uma irmã de Thomas de Aquino, casou em 1804, com Estevão José Dantas, filho do coronel Miguel Ribeiro Dantas e de Antonia Xavier de Barros. Getrudes Tereza de Souza, outra irmã de Thomas de Aquino, foi casada com o primo, Antonio Bezerra Cavalcante, filho de João Cavalcante Bezerra, natural de Olinda, e de sua segunda esposa, Getrudes Tereza Ignácia de Oliveira. Esta Getrudes era irmã de Antonio José de Souza e Oliveira.

Escreveu depois Pares: consta no diário do senador Pompeu que seu pai Thomaz de Aquino faleceu, se não me engano em Guaraciaba do Norte-Ce em 23 de novembro de 1839. Saberia algo mais sobre Francisco de Sousa Oliveira, pai de Antonio Jose de Sousa e Oliveira que alguns colocam ainda o Catunda como último sobrenome.

Em seguida, encaminhei para Pares a imagem do casamento de Francisco de Sousa e Oliveira, que transcrevo para cá: Aos dezessete de janeiro de mil setecentos e trinta e cinco anos, na capela do Senhor Santo Antonio do Potegy, desta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte, feitas as denunciações nesta Matriz, e na dita Capela, e na do Senhor São Gonçalo, lugares próximos aonde são moradores os contraentes, e na Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Jaguaribe, onde foi morador o contraente, sem se descobrir impedimento, sendo presentes por testemunhas o coronel João Pereira de Veras, casado, o capitão Theodósio da Rocha, viúvo, Dona Theodósia da Rocha, filha do dito, e Paula Barbosa, dona viúva, pessoas todas conhecidas, e moradores desta dita Freguesia, de licença minha, o padre Miguel Pinheiro Teixeira assistiu ao matrimônio que entre si contraíram o tenente Francisco de Sousa de Oliveira, morador que foi na Ribeira do Jaguaribe, viúvo, que ficou da defunta Izabel da Costa, filho legítimo do capitão Felis de Souza e de sua mulher Antonia Leite de Oliveira, já defuntos, e Tecla Pinheiro de Barros, filha legítima de Francisco Pinheiro Teixeira e de sua mulher Maria de Barros da Conceição, natural desta Freguesia e nela todos moradores, e lhes deu as bênçãos, guardando-se em tudo a forma do Sagrado Concílio Tridentino, e pelo assento que veio do dito Padre, mandei fazer este assento em que por verdade assinei. Manoel Correa Gomes.

Valéria Ferreira, uma filha do tenente Francisco de Souza e de Tecla, casou com Antonio Teixeira Coelho, filho do português Antonio Teixeira Coelho e de Ignácia de Abreu. Em 1765, nasceu Mariana filha desse casal, que teve como padrinhos o tenente Francisco Pinheiro Teixeira, casado, e Antonio José de Sousa, solteiro. O padre Pantaleão reclamou do fato de serem padrinhos duas pessoas de mesmo sexo o que contrariava o disposto nos Concílios e Constituição.

Vamos encontrar Felis de Sousa, o pai de Francisco, em 1692, como padrinho de Antonia, filha do capitão Manoel da Costa Bandeira e de Anna Gomes da Costa, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação.

Em 14 de julho de 1697, Felis de Souza e sua esposa Antonia Leite batizaram o filho Felis, tendo como padrinhos João de Souza Pereira Catunda e Antonia Ferreira; em 16 de maio, batizaram, na Capela Santo Antonio do Potengi, João, sendo padrinhos o padre Francisco Bezerra de Góis e D. Margarida da Rocha, filha do capitão Theodósio da Rocha; em 22 de agosto, na mesma capela, batizaram Pascácio, sendo padrinhos Francisco Barbosa e Joanna de Freitas, filha do capitão João da Costa de Almeida.

Esse João Pereira de Souza Catunda, em 14 de dezembro de 1692, foi padrinho, junto com Dona Antonia Leite de Oliveira, de Lautério, escravinho de Jerônimo Cesar e Águeda de Albuquerque; em 1697, foi padrinho de Maria, filha de Paschoal de Freitas Costa e Anna Gomes de Almeida.
Thomas de Aquino, pai do senador Pompeu, era primo legítimo de Frei Miguelinho.
Jazigo de Thomaz Pompeu de Souza Brasil

07/04/2015


PRESIDENTE VALÉRIO MESQUITA ULTIMA O RELATÓRIO DE GESTÃO 2014

O Presidente VALÉRIO ALFREDO MESQUITA concluiu o Relatório de Gestão correspondente ao exercício de 2014.
No documento apresenta todas as realizações do referido exercício, que foram muitas, graças à liberação de recursos por parte do Estado do Rio Grande do Norte, através da Fundação José Augusto e em função de emendas parlamentares apresentadas, como também de Convênios celebrados com a Prefeitura Municipal do Natal.
Houve a restauração do salão nobre e do piso, aquisição de poltronas escamoteáveis, que servem para as sessões e como sala de aula.
Também merece registro a revisão geral das partes elétrica e hidráulica, recuperação de cadeiras antigas de couro e colocação de aparelhos de ar condicionado, permitindo a climatização dos ambientes.
Também ocorreram várias doações da iniciativa privada e o início de suas sessões solenes.
Como meta para o exercício corrente está recuperação de documentos, digitalização de parte do acervo e revisão no inventário dos seus acervos bibliográfico e documental, para o que já foi desgnada Comissão, sob o comando do Diretor Edgard Ramalho, de forma a permitir o uso mais eficiente dos pesquisadores.
O IHGRN acaba de receber importante doação de 10 computadores, com respectivos equipamentos, para ser dado início à era de pesquisa através da informatização.
O quadro de sócios foi acrescido de novos pesquisadores e escritores e será realizado um recadastramento para avaliar os sócios que não mais pretendam continuar nos quadros da Casa da Memória, providência que será iniciada neste mês de abril.
Por derradeiro, aguarda-se o atendimento dos pagamentos das anuidades a fim de que o Instituto possa honrar seus compromissos financeiros.

06/04/2015

Quase zero é zero


Tomislav R. Femenick – Contador e mestre em economia.
Sócio efetivo do IHGRN.

Como contador tenho que trabalhar com números absolutos, portanto tenho que considerar os números com a representatividade que eles têm. Assim, “1” representa uma unidade de valor (um real de disponibilidade, uma máquina, de débitos com terceiros etc.). Em outras palavras: qualquer número deve ser entendido pelo ser valor absoluto, o valor próprio do algarismo.
Todavia, como economista tenho que me comportar de maneira diferente; nem sempre os números têm que ser vistos por esse prisma, principalmente quando eles são resultados de estatísticas. Nessas ocasiões tenho que olhar os números por outro ângulo, pelo seu valor relativo, pois ele é um valor posicional a uma outra grandeza.
A recente divulgação do PIB de 2014 na ordem de 0,1 foi uma paulada, o pior resultado para a economia nacional, desde 2009, ano do auge da crise econômica mundial, quando a marolinha que Lula dizia se transformou em tsunami. Porém acho que o resultado do ano passado foi pior ainda. Tudo é possível, levando em consideração o comportamento do governo de alterar dados e de adotar uma contabilidade criativa para mascarar resultados.
Ora, se em termos relativos quase zero pode ser considerado zero, dependendo da extensão decimal adotada e, ainda, o histórico de não rigor matemático dos atuais donos do poder, nada nos impede de suspeitarmos de que nosso crescimento foi negativo e não somente zero. Porém o mais importante é analisarmos como o governo está tratando do assunto. Adotar medidas para mudar o rumo é corretíssimo. Porém há que se considerar que medidas são essas. Até agora o ministro Levy (um estranho no ninho petista) somente anunciou medidas que tiram recursos dos trabalhadores, das empresas e dos investimentos, fugindo do âmago do problema que são os gastos crescentes com a manutenção da máquina governamental. No final do mandato FHC o executivo federal possui algo entre 70 e 80 mil funcionários, hoje são quase 230 mil; além de que os salários dos altos escalões subiram muito além dos índices inflacionários. Um exemplo típico é a proposta – que será discutida na próxima assembleia de acionistas – de um aumento de 13% para executivos da Petrobras, empresa que vive a maior crise de sua história.
Por outro lado, são tantos os funcionários, são tantos os cargos de mando que a máquina pública emperrou e não consegue andar, resultado da burocracia criada para justificar esses cargos. Sobrou para a iniciativa privada que tem que viver com tantas exigências e tantos procedimentos que tem que seguir. Há ainda o fato de que ninguém decide nada e o jogo de empurrar protela tudo.
Outro ponto a ser considerado é a enormidade de obras que foram iniciadas e que estão paralisadas ou quase parando. A transposição do Rio São Francisco, a Ferrovia Transnordestina, as linhas de transmissões dos parques eólicos são apenas alguns exemplos de investimentos que deveriam estar produzindo recursos, mas que, não concluídos, estão aumentando os custos.
Enquanto se contingencia os investimentos de interesse nacional, o governo federal continua gastando nossos impostos com projetos que beneficiar governos amigos. Não bastasse o perdão das dividas de ditadores africanos etc. e tal, agora quer investir R$ 60 milhões para reformar a usina térmica Rio Madeira e doa-la à Bolívia de Evo Morales. Nesse negócio dois aspectos têm que ser destacados. Primeiro, nós estamos vivendo uma crise energética sem precedentes e nada justifica gastarmos dinheiro para resolver problema de geração de energia dos outros, por mais hermanos que sejamos. Segundo, Evo Morales é aquele mesmo que mandou o exercito da Bolívia invadir as instalações da Petrobras.

 Aumentar juros, impostos, gasolina, conta de luz e outras medidas semelhantes são medidas fáceis de tomar. Difícil é conter os gastos do governo, que estão fora de qualquer controle.

05/04/2015

ESPIRITUALIDADE » Comentário do Evangelho

DOMINGO DE RESSURREIÇÃO Evangelho de João 20, 1-9

No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus bem de madrugada, quando ainda estava escuro. Ela viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Então saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo que Jesus amava.
E disse para eles: "Tiraram do túmulo o Senhor, e não sabemos onde o colocaram."Então Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo. Os dois corriam juntos. Mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao túmulo. Inclinando-se, viu os panos de linho no chão, mas não entrou.
Pedro, que vinha correndo atrás, chegou também e entrou no túmulo. Viu os panos de linho estendidos no chão e o sudário que tinha sido usado para cobrir a cabeça de Jesus. Mas o sudário não estava com os panos de linho no chão; estava enrolado num lugar à parte.
Assim, o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também. Ele viu e acreditou. De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura que diz: "Ele deve ressuscitar dos mortos." Os discípulos, então, voltaram para casa.
(Correspondente ao Domingo de Ressurreição, ciclo A do Ano Litúrgico).

Locutor: Gilberto Faggion

Um novo amanhecer

Depois de ter vivido quarenta dias de Quaresma, sem cantar Aleluia, neste domingo de Ressurreição, com todos os nossos irmãos e irmãs, somos convocados a proclamar com alegria: "Aleluia, o Senhor Ressuscitou, Aleluia!"
Nossa fé na Ressurreição de Jesus, causa de nossa alegre esperança, porque a vida venceu a morte, baseia-se na fé dos primeiros de Jesus que o reconheceram ressuscitado ao crucificado!
Porque ninguém viu a ressurreição, o agir ressuscitador de Deus opera no silêncio, no segredo e na intimidade de seu seio regenerador. Mas a comunidade cristã percebeu e compreendeu aos poucos, pela ação do Espírito, que seu Mestre tinha ressuscitado e continuava vivo no meio deles.
Invadiu-os a certeza de que Deus tinha resgatado Jesus da morte, confirmando a veracidade e o valor de sua vida, palavra, de sua Causa. Deus está do lado de Jesus, do lado dos crucificados. 

Nessa experiência fundante da primeira comunidade, fundamenta-se a força missionária da Igreja que através dos séculos continua proclamando: "O Senhor Ressuscitou, verdadeiramente, aleluia!".
As primeiras palavras do evangelho de hoje, "no primeiro dia da semana", nos remetem ao relato da criação do livro do Gênese. Dessa maneira, São João nos quer situar diante de uma nova criação: a ressurreição. Ela foi o ato supremo da criação, a maior obra de Deus.
Como e onde percebemos a ressurreição de Jesus? Somos comunicadores, com nossa fragilidade e pequenez, com nossa vida e palavra que a vida, o amor vencem a morte?
É importante levar em conta que tanto Maria Madalena como Pedro e o discípulo amado simbolizam a comunidade cristã e o processo que ela faz para perceber e acreditar na Ressurreição de Jesus.
Em Maria Madalena, vemos uma comunidade que ainda sofre pela morte chocante de Jesus. Por isso o evangelho frisa que ainda estava escuro, quando ela foi ao sepulcro.
Podemos imaginar os sentimentos de dor e desorientação dessa mulher, que seguiu com tanto amor àquele que a tinha libertado, devolvido sua dignidade e dado sentido à sua vida.
Entretanto, o amor corajoso desta mulher a Jesus leva-a ir sozinha ao sepulcro, mostrando, assim, a busca da comunidade cristã ansiosa de vida e de amor que, sem saber como será possível, espera que a morte não seja a última palavra.
Ela se dirige ao lugar onde tinha sido colocado o corpo morto de seu Mestre, o túmulo. E vê que ele está vazio.
Mas o túmulo vazio por si só é um sinal ambíguo, sujeito a várias interpretações. É um sinal que fala a todos e leva a refletir na possibilidade da ressurreição. É um convite à fé, mas não leva ainda à fé.
Nesta perícope de João, o verbo "ver" é citado quatro vezes. É através dos diferentes "ver" de Maria Madalena, Pedro e o discípulo amado, ou seja da comunidade, que se mostra o processo que ela faz para passar desde a dor da morte à fé na ressurreição.
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As palavras de Maria Madalena aos discípulos mostram claramente que ela pensa que tinham roubado o corpo do Senhor. Esse é o primeiro impacto que sacode a comunidade e a faz reagir.
Por isso os dois discípulos saem correndo, o discípulo amado que esteve com ele na cruz chega primeiro e "inclinando-se, viu os panos de linho no chão, mas não entrou". Ele percebe que há sinais de vida, mas ainda não alcança a plena compreensão do que aconteceu.
Num gesto de reconhecimento, Pedro deixa que ele entre primeiro no túmulo. E Pedro "viu os panos de linho estendidos no chão  e o sudário que tinha sido usado para cobrir a cabeça de Jesus..."
Por que o evangelista tem tanta preocupação em descrever como estavam os panos que cobriam o corpo e rosto de Jesus? Talvez para fazer lembrar que ali esteve verdadeiramente o corpo morto de Jesus e o fato de que os panos se encontrem tão ordenadamente dobrados mostra que não foram ladrões que levaram o corpo.
O discípulo amado entra no túmulo e ele "viu e acreditou"! A fé do discípulo amado sofre um salto qualitativo. No lugar onde jazia morto seu mestre amado, os olhos de sua fé se abrem e consegue compreender que Jesus está vivo! Ressuscitou!
Essa fé nova que tem o discípulo amado é dom da graça de Deus, que lhes concede acreditar que Deus tirou do sepulcro da morte o seu Filho, ressuscitou-o!
Em Cristo Ressuscitado, recebemos a resposta definitiva de Deus: não a morte, mas a vida é a última palavra que Ele, Deus, pronunciou sobre o destino humano.
Por isso nosso futuro está aberto, podemos ser sempre homens e mulheres de esperança, porque, com a ressurreição de Jesus, entrou na nossa história o sorriso de quem venceu a morte e goza das primícias de uma vida nova, o sorriso da esperança!
A fé no Ressuscitado nos impulsiona a ir ao encontro dos crucificados de hoje, colocar-nos a seu lado, para partilhar com eles este sorriso, a certeza alegre que Deus está vivo no meio de nós, ressuscitando, libertando da morte e fazendo uma nova criação.
Olhemos ao nosso redor. Somos capazes de reconhecer a ação de Deus ressuscitando seu povo? Onde? Nossa vida comunica esse sorriso de esperança que brota da fé no Ressuscitado?
Podemos perguntar-nos: quem é Jesus para nós?

Oração

Desdobra-se no céu
a rutilante aurora.
alegre, exulte o mundo;
gemendo o inferno chora.
Pois eis que o Rei, descido
à região da morte,
aqueles que o esperavam
conduz à nova sorte.
POr sob a pedra posto,
por guarda vigiado,
sepulta a própria morte
Jesus ressuscitado.
Da região da morte
cesse o clamor ingente:
"Ressuscitou!" exclama
o Anjo refulgente.
Jesus, perene Páscoa,
a todos alegrai-nos.
Nascidos para a vida,
da morte libertai-nos.
Louvor ao que da morte
ressuscitado vem,
ao Pai e ao Paráclito
eternamente. Amém
Hino da Liturgia da Horas
 
Referências
BOFF, Leonardo. A nossa ressurreição na morte. Petrópolis: Vozes, 1996.
RUBIO, Alfonso Garcia. O encontro com Jesus Cristo Vivo. São Paulo: Paulinas, 2001.
SICRE, José Luis. O Quadrante. São Paulo: Paulinas, 1999.
SUSIN, Luis Carlos. Jesus Filho de Deus e Filho de Maria. São Paulo: Paulinas, 1997.

FONTE: UNISINOS.