20/10/2014


 
ELÍSIO AUGUSTO DE MEDEIROS E SILVA
Nasc. 01.02.1953      -   Fal. 15.10.2014
 
MISSA DE 7º DIA
 
HARTMA Mª C. DE SENNA MEDEIROS E SILVA (esposa), MARIA DÉA DE MEDEIROS E SILVA (mãe), RAYSSA Mª DE S. MEDEIROSN E SILVA, CARINA Mª DE S. MEDEIROS E SILVA, CAROLINA Mª DE S. MEDEIROS E SILVA (in memoriam). ELÍSIO A. DE MEDEIROS E SILVA JR. (filhos), netos e nora convidam parentes e amigos para a MISSA DE 7º DIA DE FALECIMENTO de seu amado e inesquecível ELÍSIO AUGUSTO DE MEDEIROS E SILVA, que será realizada no dia 21/10/2014 (terça-feira), às 17 horas, na Igreja BOM JESUS DAS DORES, situada na Ribeira.
Desde já, agradecemos a presença de todos que comparecerem a esse ato de fé cristã.
 
 
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Elísio era colaborador deste Blog. Nossa eterna gratidão.


19/10/2014

 Blog do Rubens Lemos
BLOG DO RUBENS LEMOS

Carta de Carlos Roberto de Miranda Gomes

Em  por Rubens Lemos 
Atualizado em 13 de janeiro às 18:35
 




Cai na caixa postal eletrônica uma carta do professor e ex-presidente da OAB/RN, Carlos Roberto de Miranda Gomes, das melhores figuras humanas de Natal. Advogado militante, bom músico e escritor talentoso, homenageia três amigos ausentes:
CARTAS DE COTOVELO 2014 (9)
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
Inimizade não faz parte do meu culto e lamento a partida dos conhecidos e amigos, com maior intensidade daqueles com quem convivi em algum momento da minha existência.
Parafraseando a conhecida canção “Três Lágrimas”, imortalizada na voz de Sílvio Caldas, pranteio três amigos que recente passaram para outra dimensão da vida.
Aluízio Menezes, extraordinário jornalista esportivo, a quem acompanhei desde os tempos de menino nas narrações das partidas de futebol no prefixo ZY-B5 Rádio Poti de Natal e depois em outras emissoras. No velho estádio Juvenal Lamartine costumava ficar na arquibancada, o mais próximo possível da cabine de transmissão, pois assistia a partida e ouvia a narração e os comentários dos seus companheiros, dos quais lembro de Mirocem.
Acompanhei a trajetória desse velho amigo no correr da vida até abandonar o microfone, quando então, em eventuais encontros, passei à cobrar-lhe um livro sobre os bastidores do rádio esportivo e ele respondia que estava escrevendo.
Os momentos em que fiquei mais ligados às suas transmissões foi quando estando longe de Natal, estudando em Recife, paradoxalmente ficava mais próximo da terra potiguar ouvindo suas transmissões através de um radinho “Spica”, em uma antena improvisada no meu quarto da República da casa do Barão de São Borja, esquina com as ruas D. Bosco e Visconde de Goiana, no bairro da Boa Vista.
Deus lhe abençoe querido amigo!
A segunda perda foi a de João Faustino, que conheci menino, juntamente com seu irmão Astor, empinando pipas na praia da Redinha. . Depois convivemos na Faculdade de Direito da Ribeira, onde frequentava por conta do seu namoro com Sônia, minha colega da Turma 1968, continuando os encontros em eventos culturais e nos passeios do veraneio de Cotovelo, ele sempre acompanhado do filho Edson..
Tive um susto ao receber a informação do seu súbito falecimento, pois recentemente o encontrei sadio, creio que no lançamento do último livro de Valério Mesquita na Academia de Letras.
O terceiro impacto ocorreu com Baíto (Maurício Gomes dos Santos), meu companheiro de peladas no sítio do meu avô na Rua Meira e Sá, no Barro Vermelho, onde fomos vizinhos.
Esse campinho, sob a sombra de mangueiras, pitangueiras e alguns coqueiros, o que facilitava os peladeiros do local, conhecedores dos obstáculos naturais, hoje é, em parte, espaço onde construí a minha moradia, na rua Coronel João Gomes, em homenagem ao velho patriarca da família.
Foram três amigos que partiram na minha frente, deixando boas lembranças e saudades. Certamente vamos nos reencontrar, mas eu não estou vexado.
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18/10/2014

AFLIÇÃO E MORTE NA PRAIA (2)


Jurandyr Navarro

Procurador do Estado, aposentado, e Presidente
do Instituto Histórico e Geográfico do RN



Em sequência ao artigo anterior, acontecimento, dos mais   desesperadores e, mais doloroso do que a própria morte, foi o que envolveu o atual engenheiro Ademar José Medeiros de Oliveira, na conhecida Pedra do Lascão, passados alguns anos. Numa rodada do Pâmpano, o então pequeno Ademar, garoto, com ou­tros da sua idade, assistiam a pesca junto aos seus pais, quando uma onda maior levantou um dos blocos de pedras soltas e, no arrastão de volta, foram atraídos para dentro das locas e a pedra voltou ao seu lugar, fechando parcialmente a abertura. Quatro meninos reapareceram e foi sentida a falta de Ademar. Havia caído na armadilha do mar, debatendo-se sem poder dela sair.
Todos adultos que ali se encontravam, naquele torneio de pesca, inclusive o seu pai Magi, tudo fizeram para tirá-lo, sendo em vão  todos os esforços. O pior estava para acontecer. Era que a maré começava a encher e, pouco a pouco, abaixo das pedras, o nível d'água lentamente subia, chegando a um ponto em que o pequeno pescador via-se encoberto, por cada vaga que come­çava a cobrir o grande arrecife.
. E tal ponto chegou que, para poder respirar, foi improvisa­do um canudo de metal, arranjado às pressas, sabe Deus como, tirado dos apetrechos de pesca de Rossine Azevedo. Vendo infru­tíferos os esforços, o pai do garoto corre e pega o carro e se dirige ao quartel do Exército, ali perto da praia do Forte; e, alucinado, na corrida põe abaixo a corrente de proteção da porta do quartel, abrindo à força a guarda, na ânsia de salvar o filho. E de lá traz Cerca de uns soldados, com uma marreta enorme e um peda­ço de trilho de trem, para servir de alavanca.
Voltando ao rochedo fatídico, recomeça o trabalho desespe­rado de salvamento, lutando todos contra o tempo, já que a maré continuava a subir, insensível às preces e ao desempenho sobre-humano dos que se debatiam pela sorte de Ademar, cuja aflição somente o seu coração de criança poderia traduzir, como prisio­neiro de uma armadilha do mar.
De tanto puxá-lo, os braços já fraquejavam, ao apelo súplice, e o corpo sangrava a cada puxão, deslizando o dorso, os ombros e o peito nas pontas afiadas e recobertas de ostras daqueles ar­recifes de coral.
Os bravos soldados e os circunstantes empregam todos os meios ditados pelo desespero da hora. E com a marreta martelam a pedra enorme, colossal, a sepultura assassina. E todos usam-na no afã de quebrá-la em pedaços.
Enquanto isso, outro grupo de pescadores forma, na ponta do arrecife, uma muralha humana, para evitar que as continuadas ondas cobrissem o pequeno Ademar, respirando pela boca com o canudo improvisado. Perdurou, ainda, a agonia, por um longo espaço de tempo. Com a maré crescendo, a pedra começa a ceder ao descompassado martelar do ferro, vergastando a rocha mari­nha, que se fragmenta, afinal, sendo o menino Ademar retirado, semimorto, das entranhas do oceano.
é desnecessário salientar as emoções sentidas pelas mulheres e homens, que assistiam aquela cena dramática. O sargento de no­me Yale tentou penetrar, por várias vezes, nos canais dos arreci­fes. Soube-se, depois, que passara toda a tarde, em sua casa, sem conter o pranto nervoso.
Gritos de desespero vibraram no ar, logo abafados pelo baru­lho da ressaca marinha.
Rossine Azevedo teve uma prolongada crise de choro, caindo, soluçando, no lajão fatídico.
Transtornados, dali saíram, daquela manhã de um domingo de Verão, Cleantho Siqueira, Luiz G. M. Bezerra e outros.
Hoje, mesmo semi-apagada pela erosão marinha, lê-se a inscrição emotiva, redigida pela pena mágica de Antônio Soares Filho, gravada num diminuto monumento, no local erguido, como re­gistro histórico da lamentável ocorrência: "Aqui, na manhã do dia 13 de abril de 1958, reuniram-se, em torno dê uma criança, o milagre, a aflição, a renúncia, o dever, o heroísmo e a solida­riedade humana".
Escapou Ademar de viver como Vulcano, durante algum tempo, numa gruta do mar. No entanto, na sua profissão de enge­nheiro, imita o deus mitológico, ao fabricar engenhos e construir o que a arte cretense estabelecer, a exemplo do que fez este, for­jando o cetro de Agamenon, a lança de Aquiles e, das pérolas do mar, moldando o colar de Hermíone...


17/10/2014

ALEJURN E NOVOS SÓCIOS.

H O J E

 DR. JOSÉ ADALBERTO TARGINO

C O N V I T E



 O Presidente da Academia de Letras J
urídicas do 
Rio Grande do Norte - ALEJURN, Procurador 
do 
Estado Adalberto Targino, tem a honra de 
convidar Vossa Excelência e Excelentíssima 
Família para a Sessão Solene de Posse dos 
novos Acadêmicos deste sodalício, o 
Advogado e Professor Antenor Pereira 
Madruga Filho que ocupará a cadeira 
nº 35 - Patrono Jurista Otto de Britto 
Guerra (último ocupante Acadêmico 
Luciano Alves da Nóbrega), e o 
Procurador da República e Professor 
Marcelo Alves Dias de Souza que 
ocupará a cadeira nº 28 - Patrono 
Jurista Hélio Galvão (último ocupante 
Acadêmico José Arno Galvão). 

Os novos Acadêmicos serão saudados
 pelo Acadêmico e Ministro do Superior 
Tribunal de Justiça Luiz Alberto Gurgel de
Faria. 

Data: 17 de outubro de 2014
 Hora: 20 horas 
Local: Academia Norte-Rio-Grandense 
de Letras
 Rua Mipibu, 443 - Petrópolis, Natal/RN. 

Após a solenidade, será servido um coquetel. 

Roga-se confirmar a presença através: 
(84) 3232-2890
 ou e-mail: alejurn2007@gmail.com

Genealogia/História

Ignácio Zacharias de Miranda, primeiro povoador de Barreiras


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)

Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG

Para se encontrar alguns laços familiares, necessário se faz descobrir onde as pessoas viviam e com quem conviviam. As cartas de datas e sesmarias são ótimos instrumentos para essas descobertas e para reavivar personagens que povoam a tradição oral. Por isso, vamos escrever um pouco sobre as pessoas que viviam nas “salinas” e adjacências, através, principalmente, dos documentos citados acima.


Em 1791, Caetano da Silva Sanches, sargento-mor de Infantaria e Governador interino da cidade do Natal, capitania do Rio Grande do Norte, concedeu carta de data e sesmaria, nas salinas, a partir da petição cujo trecho inicial era o seguinte: Diz Ignácio Zacharias de Miranda, que ele foi o primeiro que povoou, e situou o lugar chamado Barreiras, nas salinas do Norte desta capitania, sobras das datas e sesmarias do defunto Francisco Carvalho Valcácer, hoje de sua mulher Joanna Maria da Fonseca, e sua filha Francisca Rosa da Fonseca, uma da Camboa dos Barcos, e outra da Camboa do Sal, e porque necessita de terras para criar seus gados vacuns e cavalares requer a Vossa Mercê lhe conceda, em nome de Sua Majestade Fidelíssima, três léguas de comprido e uma de largo, pegando donde findarem as ditas datas correndo para o Norte, chamadas de Aroeira, e Amargoso, que se acham devolutas e desaproveitadas.


Esse ajudante, Francisco Carvalho Valcácer, morador em Pernambuco, foi contemplado com três datas e sesmarias, aqui no Rio Grande. Essas terras foram vendidas, posteriormente, em 1797, para Domingos Affonso Ferreira e o genro, tenente-coronel Bento José da Costa, por Dona Francisca, filha do dito ajudante. Tendo como pião a Ilha de Manoel Gonçalves, meu tetravô, João Martins Ferreira, administrou, por certo tempo, todas as localidades que faziam parte desse legado.

Vamos reencontrar Ignácio Zacharias de Miranda, em 1809, fazendo doação de esmola para as obras da capela do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, de Porto de Touros. Nessa mesma data, foram também doadores: o comandante de Guamaré, José de Brito Macedo, e o brasileiro, Jacinto João Ora, que é um dos fundadores de Macau, e que morou na Ilha de Manoel Gonçalves. 


O alferes José de Brito Macedo, que posteriormente foi comandante de Guamaré, onde morava, fez registro de uma carta data e sesmaria, em 1785, no lugar chamado Riacho Camurupim.


Jacinto João da Ora fez registro de uma carta de data e sesmaria, no ano de 1817, de terras de sobra entre os Sítios São José e Porto de Touros. Pelos nossos registros, Jacinto João da Ora faleceu em 1853, com a idade de 70 anos. Deve ter nascido por volta de 1783. Vários dos seus filhos tinham o sobrenome Miranda, sendo que um deles tinha, exatamente, o nome do povoador de Barreiras, Ignácio Zacharias de Miranda. Suspeito por isso, e pela data em que nasceu, que Jacinto fosse filho daquele velho morador das Salinas. 


O doador das terras para construção da Capela de Nossa Senhora da Conceição de Guamaré, no ano de 1783, Francisco Xavier Torres, aparece como vendedor de 2 bois para a Capela de Porto de Touros, em 1799. O construtor dessa capela de Guamaré, João Francisco dos Santos, morador nas Salinas, Sítio Cabelo, vamos encontrá-lo fazendo o registro de uma carta de data e sesmaria, nos lugares Riacho dos Bois e Lagoa do Mel, que entestava com as terras dos herdeiros do Mangue Seco, no ano de 1793. 


João Francisco dos Santos, como Administrador da Capela de Nossa Senhora da Conceição de Guamaré, reaparece, no registro de uma carta de data e sesmaria, junto com os seguintes peticionários: Bonifácio Cabral de Mello, Leandro Gomes de Miranda, Venâncio José Rodrigues, Joaquim Álvares da Costa, por si, e como administrador dos seus filhos Francisco Álvares da Costa e Joaquina Maria da Transfiguração, no Sítio Mangue Seco, pegando o comprimento da Ponta D’Água, correndo para a costa do mar, de este para oeste, em 1815. Na sequência, Leandro Gomes de Miranda, Francisco Martins de Miranda e Antonio Gomes de Miranda, requerem registro de uma carta de data e sesmaria das sobras do Mangue Seco.


A esposa de Jacinto, natural de Extremoz, era Adrianna Pereira dos Anjos, mas em um documento, Adriana Pereira dos Santos. Outro filho de Jacinto e Adriana, de nome Francisco Ignácio de Miranda (carregando o Ignácio e o Miranda) casou em 1843, com Úrsula Maria das Virgens, filha de João Francisco dos Santos e Maria Tavares de Mattos, tendo sido dispensados do parentesco de sanguinidade e afinidade ilícita em que estavam ligados. Talvez, haja uma relação entre este João Francisco dos Santos e aquele que construiu a capela.


Não foi possível encontrar, nesses documentos, informações sobe José Vicente do Carmo, nascido por volta de 1788, pai de André de Sousa Miranda e Silva, sogro de Joaquina Maria da Transfiguração. Talvez, tivesse parentesco com Ignácio Zacharias de Miranda, o primeiro.



16/10/2014

ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DO IHGRN 

REALIZADA, COM SUCESSO, EM 15-10-2014.








Sob o comando do Presidente VALÉRIO ALFREDO MESQUITA e  assistência do Secretário-Geral Carlos Roberto de Miranda Gomes foi realizada a Assembleia Geral Ordinária do IHGRN, em seu salão nobre reformado, que cumpriu a seguinte pauta:

Ordem do Dia: 
A) Apreciação e Aprovação do Relatório de Gestão e Demonstração de Resultado da Diretoria do IHGRN - período de 15 de março a 31 de dezembro de 2013;

 B) Apreciação da Resolução nº 01/2014, de 04 de julho de 2014, de aumento da anuidade para o exercício de 201;
 C) Outros assuntos correlatos.
As matérias foram APROVADAS e houve manifestações de vários sócios dando sugestões, a saber Públio José, Lívio Oliveira, Antônio Luiz, Carlos Gomes, Carlos Adel, Ormuz Simonetti, Gutenberg Costa, Severino Vicente, Odúlio Botelho, Eduardo Villar, Adalberto Targino, Claudionor Barbalho, Eduardo Gosson, Tomislav Femenick e Edgard Dantas. Estiveram presentes os membros da Diretoria e Conselho Fiscal e do contador Jônatas Fernandes.
O Presidente, após a leitura do seu Relatório e Prestação de Contas, teceu comentários sobre os propósitos para o ano de 2015 e comunicou a pauta de eventos para este final de ano.
A sessão foi registrada pela máquina da confreira Lúcia Helena Pereira.


15/10/2014


Mais um casarão da Ribeira

Elísio Augusto de Medeiros e Silva

Empresário, escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br
Era uma construção antiga de tetos altos. Tudo no prédio nos remetia a glória passada da Ribeira. Nas paredes exteriores, descascadas, dava para ver os enormes tijolos vermelhos à mostra. De aspecto envelhecido, aquele velho casarão sempre nos atraíra.
Segundo alguns antigos moradores ribeirinhos ali funcionara, nos finais do século XIX, o escritório de uma importante firma inglesa, que se dedicava ao comércio de importação de algodão.
Com ordem dos atuais proprietários do imóvel, chegamos para uma visita ao local – à procura de objetos marcados pelo tempo.
Segundo John Chadwick: “A vontade de descobrir segredos está profundamente enraizada na alma humana; até o menos curioso dos espíritos se inflama diante da ideia de deter uma informação proibida a outros”. E, no nosso caso, essas incursões históricas nos fascinavam!
Depois de atravessarmos um pequeno jardim, tentamos girar a lingueta do cadeado da porta de entrada. Em vão, nem se buliu, devido às ferrugens acumuladas pelo tempo sem uso. Cortamos o cadeado.
Em seguida, forçamos a porta emperrada e, finalmente, ela se abriu com estrondo. O mau cheiro do interior do prédio chegou até nós. Aguardamos uns instantes, para nos aventurarmos a entrar.
Através das vidraças sujas, os raios de sol penetravam em jorros na sala principal e dali se espalhavam pelos cômodos adjacentes. Muitas teias de aranhas nos deixaram em alertas.
Algumas paredes apresentavam rachaduras, sinal claro que as fundações do antigo sobrado estavam abaladas. Muita poeira caía do teto, carcomido de cupins.
Fotos antigas de pessoas estavam expostas em molduras ovais nas paredes das salas – deveriam ser os antigos moradores. Da sala percebemos um imenso pátio interno, em que o mato predominava. Giramos os calcanhares e caminhamos sobre o piso de ladrilhos hidráulicos, através das paredes seculares, invadindo os demais recantos do casarão.
A aceleração da pressão sanguínea irradiava nossos cérebros e corações. Entramos em um dos vários quartos – um forte cheiro de mofo estava no local. Vários móveis ainda se encontravam ali. Mas, nada que sugerisse ter sido um escritório comercial.
Pelos reflexos de luz, que vinham através das janelas, percebemos uma velha cômoda, ao lado de uma cama. Sobre o tampo do móvel, um par de alianças de ouro, com iniciais gravadas e legíveis, que resistira à ação do tempo.
Apesar da pouca luz do ambiente, conseguimos ler as iniciais da parte interna das alianças: “L. & C. 1887”. A quem teriam pertencido?! Não sabemos, mas, com certeza, terão pertencido a um casal cujo amor já se dissolveu nas areias do tempo.
Do quarto seguimos até um recanto amplo, atulhado de livros, revistas e maços de jornais amarelecidos e mofados. Com certeza, era o que tanto procurávamos – a biblioteca do casarão.
O primeiro livro que vimos foi uma antiga Bíblia – velha e bastante manuseada, com as pontas empenadas e as folhas mofadas pela umidade do local. As bordas das suas páginas eram douradas e começavam a clarear após os anos de uso. Folheamos as suas páginas e ao soltarmos as folhas reluzentes cintilavam como uma cascata de ouro.