14/11/2013


“Veramente bellissima”

 

Elísio Augusto de Medeiros e Silva


Empresário, escritor e membro da AEILIJ

elisio@mercomix.com.br

 

 

A Ribeira viveu sua época de ouro em meados do século passado. Naqueles tempos, o bairro expressava a vida política, social e cultural de nossa Capital.

Ali se desenvolveu um dos períodos mais prósperos de nossa cidade. Durante a II Guerra Mundial foi palco de grandes eventos, retratados por nossos cronistas e historiadores. O local ainda guarda reminiscências desse período áureo com identidade própria e incontestável.

Ainda hoje, a Ribeira desenvolve intensa atividade cultural durante todo o ano – Teatro Alberto Maranhão, Casa da Ribeira, Capitania das Artes... Ali, tradição, arte, história e cultura encontraram o refúgio ideal.

Por outro lado, a natureza também foi generosa com o bairro, que tem o Rio Potengi a banhar-lhe em toda extensão.

Do alto das ladeiras que a circundam dá para ter uma vista maravilhosa – os casarões, as praças, o rio, a nova ponte. Não deixe de visitar a casa onde nasceu o filho mais ilustre do bairro, Câmara Cascudo.

A Ribeira Antiga forma belo contraste com os modernos arranha-céus que, aos poucos, estão chegando pela Avenida Cordeiro de Farias.

Suas ruas e becos sinuosos convergem em direção às suas avenidas principais – Tavares de Lira, Duque de Caxias... que regem a vida diária da Cidade Baixa.

O bairro é pequeno e acolhedor – foi concebido para se andar a pé. E cada paisagem singular é um convite para um “clique” na sua máquina fotográfica.

Alguns imóveis de interesse histórico foram restaurados, outros estão em processo de reconstrução. Infelizmente, vários locais se encontram abandonados, em ruínas.

Com a promessa de medidas de incentivo por parte da Prefeitura Municipal, talvez, isso se reverta em alguns investimentos que se fazem necessários.

Ver a Ribeira nas primeiras horas da manhã, presenciar o belo espetáculo que o sol dá ao nascer, perambular pelas ruas que margeiam o rio tem um gostinho diferente. O bairro também tem uma luz especial ao entardecer, não há lusco-fusco mais bonito em toda Natal.

Na Ribeira você descobre os encantos de uma região tão presente na cidade. O silêncio conduz a introspecção – e recordações!

O próprio formato dos logradouros nos dá diversos tons do passado, em ruelas perdidas aqui e ali. Cada uma com sua própria identidade singular. O local é propício para obter belas fotografias a qualquer hora do dia ou da noite.

De repente, você pode entrar numa ruazinha de paralelepípedos e descobrir que em uma das casas nasceu o poeta Ferreira Itajubá – em outro prédio funcionou o antigo Palácio do Governo, convertido no Wonder Bar durante o período da II Guerra Mundial.

Ali, em meio a prédios de épocas diferentes, a luz incendeia sobre os antigos trilhos do trem. Chegue até o largo de paralelepípedos e casinhas de fachadas coloridas e observe a construção de moderno terminal de passageiros marítimos, ao lado do cais do Porto. Com certeza, essa obra trará mais encanto ao lugar.

Com o propósito de queimar calorias, visite os antiquários da Rua Dr. Barata, dirija-se até a bela Igreja do Bom Jesus (Praça José da Penha), conheça o Teatro Alberto Maranhão (Praça Augusto Severo) e o cais Tavares de Lira...

Garanto que você não esquecerá o passeio. Como escutei um turista italiano exclamar: “Veramente bellissima”.

 
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José Carlos
José Carlos 13 de novembro de 2013 19:54
NATAL NÃO TERÁ MAIS O PAPAI NOEL DO ALECRIM
Via TRIBUNA DO NORTE

A época de fim de ano para muitas crianças de Natal e da Região Metropolitana será mais triste em 2013. O famoso Papai Noel não irá aparecer, pelo menos não aquele incorporado por Wellington Medeiros de Sousa, ou simplesmente “Galego”. Também chamado de Papai Noel do Alecrim, seu gesto de melhorar o fim de ano das crianças carentes foi interrompido na noite da última segunda-feira (11) aos 62 anos de idade.

Convido você a conhecer um pouco da nobre façanha de um homem que um dia decidiu recolher um brinquedo do lixo, levá-lo para casa, recuperá-lo e doá-lo a uma criança carente. O Papai Noel do Alecrim começou a sua história assim.
(Fotografia de Geraldo Miranda).

Confira, agora, no blog Potiguarte:
www.potiguarte.blogspot.com

13/11/2013



Organizando os preparativos para sediarmos o V Encontro Potiguar de Genealogia em Caicó/RN com data a ser anunciada oficialmente para o final deste mês em curso. A Genealogia Nordestina reunida sempre a cada ano no Seridó.
— com Edna Araújo, Maria De Fàtima Santos, Maria Leonice Freitas, Kleber Teixeira, João Madson, João Simões Lopes Filho, Anderson Tavares de Lyra, Sergio Medeiros, Olimpio Maciel, Joaquim Medeiros, Oliveira Wanderley, Conceiçao Morais, Nelter Queiroz, Nelder Medeiros, Adriana Aline Costa, Rômulo Targino Dos Santos, Joao Bosco Fernandes, Fernando Soares, João Maia, Ismael Medeiros, Edilson Silva, Vera Lúcia, João Pereira, Thaisa Galvão, Sérgio Banhos Teixeira, João Felipe da Trindade, Maria Do Céo Costa Costa, Adriano Campelo, Joaquim José De Medeiros Filho, Wanderley Filho, Renato Medeiros, Heitor Gregório, Ilmo Medeiros Gomes, Cledinalda Araújo, Robson Pires, Raimundo Costa, João Medeiros, Joana Pires, Juscelino Rodrigues, Paloma Damasceno, Isinha Batista, Valéria Medeiros, José Ari Bezerra Dantas, Carlos D Miranda Gomes, Bosco Junior, Isadora Bolcont, Gregorio Francisco Gregorio de Azevêdo, Sérgio Enilton Silva, Marcelo Leal e Marcos Dantas em Scriptorium Arysson Soares-Timbaúba dos Batistas/RN.
1881, descrição de Angicos (I)

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do IHGRN e do INRG
 
Nos Anais da Biblioteca Nacional, encontramos algumas informações sobre Angicos, escritas pela Câmara Municipal, em sessão de 2 de maio de 1881, após ouvir pessoas idôneas daquela localidade. Essas informações tinham sido requeridas pela Biblioteca Nacional, mediante formulário próprio. Assinaram o documento os seguintes vereadores: Manoel Fernandes da Rocha Bezerra, presidente, José Avelino Martins Bezerra, José Mathias Xavier da Costa, Trajano Xavier da Costa e Manoel Paulino da Costa Pinheiro. Segue a descrição feita pela Câmara. Havia uma forma própria de escrever que às vezes não é fácil de ler.

Esta Vila de São José dos Angicos foi primeiramente uma Fazenda de criar gados pertencente ao abastado tenente Antonio Lopes Viégas, cujo nome Angicos tirou de uma porção de árvores do mesmo nome, que naquele tempo existia na circunferência do Olho d’Água, que se acha encravado no riacho denominado Olho d’Água, poucos metros abaixo da mesma Vila.

Observa-se que o referido tenente Antonio Lopes Viégas casou-se em uma família denominada Costa Xavier, sendo ele de outra família, cuja ramificação era Dias Machado. Pelo correr dos tempos, isto é, em 1813, lembrando-se um filho do sobredito tenente Lopes, com a mais família, de edificar uma capela, que a consumaram em breves tempos, a fim de celebrarem, quando necessário, os ofícios divinos.

Em 1816, achando-se no Rio de Janeiro, o tenente-coronel José Correia de Araújo Furtado requereu, em nome dos Angicanos ao Ministro do Reino, naquela época, ser a mesma capela elevada a Freguesia Paroquial, como ponto central; cuja súplica mandou o Ministro não só informar ao Vigário da Freguesia do Assú, a que pertencia, como a respectiva Câmara, hoje Municipal, informando esta a favor de Angicos, e aquele, por despeito a favor de Santa Ana do Upanema, atualmente Vila do Triunfo. Com semelhantes informações, seguiu para Corte o fundador da capela, tenente Antonio Lopes Viégas Filho, que chegando ali ficou infelizmente maníaco, encontrando o Reverendo Padre João Theotonio de Sousa e Silva, que lhe disse procurar a Freguesia para Angicos, e vir nela colado, recebendo por isso os mesmos papéis.

O Ministro, deferindo favoravelmente a súplica, colou ao referido Padre João Theotonio, trazendo a sua Provisão e Comissão de declarar a sede da Matriz, em um dos dois lugares qual deles fosse o mais central, Angicos, ou Santa Ana, sem trazer a cláusula, do Upanema.

Em 1824, chegando o mencionado Vigário João Theotonio a Santa Ana do Matos (que não fez parte das informações) aí, a empenhos, declarou a sede da Freguesia, ficando a capela desta Vila, filial àquela, assim como a de Guamaré.

Pelo correr do ano de 1834, o Conselho de Província propôs ao Governo Geral a criação de cinco Vilas, e este aprovando ordenou ao Presidente, que então era o finado Manoel Lobo de Miranda Henriques, de saudosa memória, a criação das mesmas em Conselho do Governo, foi nesta ocasião elevada esta Povoação à Vila, ainda assim com o voto de qualidade daquele distinto Presidente; por que três conselheiros votaram para Santa Ana do Matos, e dois para Angicos, sendo nesta ocasião o sobredito Presidente Lôbo orientado de todo o ocorrido pelo conselheiro José Fernandes Carrilho, que unido ao conselheiro finado, capitão-mor André de Albuquerque Maranhão, votaram para Angicos.

Semelhante ato de justiça desafiou as iras do finado Vigário João Theotonio de Sousa e Silva, que, em virtude do Ato adicional de 12 de agosto de 1834, foi ele eleito membro à Assembleia Provincial, e em sua reunião em 1835, pôde suprimir a mesma Vila, por Lei Provincial nº 26, de 28 de março de 1835. Nesta época correram os negócios tão agitados, que por pouco, esteve a ponto de tremular o Estandarte Sangrento da guerra civil; e tomando conta da Presidência o conselheiro João José Ferreira de Aguiar e reunindo-se a mesma Assembleia, em sua fala de abertura, nada deixou a desejar, mostrando a inconveniência de semelhante Lei, toda caprichosa e até odiosa.

Com efeito, a referida Assembleia meditando a revogou, instaurando esta Vila, como fez pela Resolução Provincial nº 9, de 13 de Outubro de 1836.

Ainda no ano de 1847, sofreu esta vila, uma supressão, toda caprichosa, que teve lugar sob a influência do finado coronel Jerônimo Cabral Pereira de Macedo, sendo a mesma instaurada pela segunda vez em 1850, em cuja categoria ainda permanece.

Antes de continuar com as informações da Câmara Municipal de Angicos, o que faremos no próximo artigo, complemento com alguns dados.
O tenente Antonio Lopes Viégas era casado com Anna Barbosa da Conceição, que, segundo vários autores, era filha do português João Barbosa da Costa. Ele, tenente Antonio Lopes Viégas, foi testemunha do casamento, na Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres e São Miguel da Vila de Extremoz, no ano de 1774, de Francisco Xavier da Cruz e Lourença Dias da Rosa, ele filho do referido João Barbosa da Costa e Damásia Soares, e ela de Antonio Dias Machado e Francisca Lopes Xavier, primos.


A mais antiga referência, de um Antonio Lopes Viégas, data do ano de 1706. Lourença Lopes, filha dele, foi madrinha de Luiz, filho de Sebastiana, escrava do coronel Bento Correa da Costa. É interessante obsevar que Francisca Lopes Xavier, esposa de Antonio Dias Machado, era filha de Luiz Duarte de Azevedo e de Lourença Lopes Xavier, esta, talvez a madrinha de Luiz, em 1706. É possível que o tenente fundador de Angicos seja filho de Luiz Duarte de Azevedo e Lourença Lopes. Alguns descendentes de Antonio Lopes Viégas e Anna Barbosa da Conceição têm sobrenomes Duarte e Azevedo.
Igreja de São José de Angicos
Cadete José Avelino Martins Bezerra

11/11/2013

 

REMINISCÊNCIAS DA RUA PRINCESA ISABEL – A SAGA DE FLORIANO - EL BODEGUERO – IV

Ormuz Barbalho Simonetti
...Em uma prateleira suspensa acima do balcão, pendurados com arame, podiam ser vistos outros itens tais como: peças de corda de agave, rodinhas de madeira para carro de brinquedo, baladeiras, tranças com cabeças de alho e de cebolas, vassouras de palha de carnaúba, canecos de alumínio e ágata, colheres de pau, raladores do coco, urupemas, espanadores, pinico, o velho conhecido urinol nas versões alumínio e ágata, colheres de pedreiro, lamparinas feitas de lata, pavios para candeeiros e lampiões, etc. No canto da parede, vassouras de piaçava – industrializadas - e cabos feitos com vara de marmeleiro, complemento que acompanhavam as vassouras de palha de carnaúba. 

Em uma gaveta abaixo da mesa do centro o dinheiro graúdo ficava dentro de uma caixa de charutos. O de menor valor, separado para troco, misturava-se com caixas de fósforos da marca Olho, cigarros em retalho e os famosos charutos Cesário. Por ser mais seguro, colocava também naquela gaveta pólvora negra da marca Elefante e espoletas guarani, vendidas para espingarda de soca. Em um “fiteiro”, bem a mostra numa das prateleiras de fundo, guardava produtos de aviamento tais como: carretéis de linhas branca e coloridas, lixa para unha, fecho ecler (zíper), colchetes, botões de diversas cores e tamanhos, alfinetes, agulhas para costura e agulhas de palombá – usadas para coser sacos de cereais – dedais, etc. Em cima da mesa arrumados uns sobre os outros, marços de cigarros industrializados como o Astoria, Gaivota, Continental, Hollywood e, ainda, os fabricados no Ceará, Asa e Iolanda. Vendia também para uma clientela seleta fumo de rolo e rapé (torrado) vindo direto de Arapiraca, como também o papel Colomy, utilizado na confecção dos cigarros também conhecidos como “brejeiros”. Naquele bazar, tinha de um tudo. Se o cliente procurasse e tivesse paciência podia encontrar até mesmo o famoso freio pra gato.

Dizem que a velha balança da bodega foi presenteada por sua mãe quando ele ainda era criança em uma de suas viagens a Macaíba. A peça foi adquirida de um artesão na feira domingueira daquela cidade.  Invocando o espírito altaneiro de Fabrício Pedroza, expoente máximo do comércio em toda região, lhe entrega a peça com a seguinte recomendação: ”vai Floriano, e seja um grande comerciante na vida!”

Ao lado do balcão, encostada na parede, uma velha quartinha de barro coberta por com uma caneca de alumínio atendia os pinguços mais sedentos, principalmente nas primeiras horas da manhã. A colocação estratégica da quartinha era beneficiada por uma brisa fraca, porém constante, que entrava pela porta voltada para o nascente. Em cima de um tamborete, uma velha lamparina a querosene, permanentemente acesa para o acendimento de cigarros. Recusava-se peremptoriamente a emprestar caixa de fósforos para acender cigarros dos fregueses. Em sua concepção, um gasto desnecessário, além do risco de perdê-la para os clientes mais “esquecidos”.
        

       Próximo às caixas de cervejas, empilhadas uma sobre as outras, uma lata de querosene Esso Jacaré e vários litros e garrafas com barbante amarrado no gargalo para facilitar o transporte e o contato com a mesma. O funil era colocado na primeira da fila e à medida que fossem enchendo, ia passando para as outras. Após o envasamento eram lacradas com tocos de sabugos de milho. Esse serviço era supervisionado por Floriano, porém, executado com a ajuda de alguns dos pinguços de plantão, que ao final do dia, eram regiamente pagos com um copo bem cheio da “prata da casa”.

Em cima do balcão um balaio de pão coberto com um pano feito de saco de açúcar, diariamente abastecido pela manhã e a tarde. Pães tipo crioulo, francês, carteira e doce eram rapidamente vendidos as donas de casa da redondeza.
       
      No centro do balcão papeis para embrulhos misturados com pedaços de jornais, usados na embalagem dos produtos, descalçavam sob um enegrecido cepo de madeira. Para essa tarefa contava com a habilidade das mãos de Floriano que após acondicionar o produto vendido no centro do papel, começava a torcê-lo de baixo para cima executando uma série de dobras, uma sobre a outra, até transformar o embrulho em uma embalagem hermeticamente fechada. Coisas daquela época... Diferentemente do hoje que temos um saquinho plástico para tudo, inclusive, contribuindo para a poluição do planeta.
          

        Em baixo do balcão, suspensa em uma prateleira, uma bacia com água usada na lavagem dos copos de pinga. Chacoalhava o copo dentro da bacia e em seguinte o pendurava num secador de madeira preso na parede. Pouco tempo depois o copo já estava “esterilizado” e pronto para ser utilizado novamente. A água da bacia, naturalmente, só era trocada ao final do dia.

Sentados em velhos tamboretes ou em caixas vazias de cerveja, os “pinguços” mais assíduos. Entre uma lapada e outra, inevitavelmente precedida de um sonoro estalo de língua, degustavam a marvada. Como parte do ritual, após sorver aquele néctar, grossa cuspidela era atirada naquele chão de antepassados companheiros de garrafa, já encaminhados pelo Altíssimo, pra o andar de cima. Contavam suas aventuras, recheadas de devaneios, muitas vezes produto de suas mentes já corroídas pelo álcool.
        
      O anfitrião debruçado por cima do balcão com o queixo apoiado em um dos braços, com olhar sonolento e distante, escutava as mesmas estórias fantasiosas, somente despertado pela chegada abrupta de algum cliente. O pinguço alheio a tudo e a todos, continuava sua narrativa muitas vezes sem que a presença do cliente fosse notada. Vez por outra também eram interrompidos pelos gritos estridentes de Minervina, esposa de Floriano, que vivia com cara de poucos amigos, a procura do papagaio fujão. Louro! Louro! Cadê você louro? Às vezes o papagaio fugia e se empoleirava na porta de duas folhas que dividia a casa da bodega. Tanto Floriano como seus asseclas, mesmo sabendo da localização da ave fujona deixavam que Minervina continuasse a procura que certamente terminava em boas risadas quando a ave finalmente era encontrada. Dessa forma vingavam-se da matrona, que vez por outra, estando ela de maus bofes, invadia a bodega e esculhambava todo mundo.

        

       Quando os pinguços não tinham dinheiro, Floriano não se fazia de rogado: sacava debaixo do balcão um litro branco lacrado por uma rolha de sabugo de milho, também conhecida como cachaça mole, e oferecia ao tradicional freguês, generosos copos bem cheios da “prata da casa”. Depois, sempre dava um jeitinho de ser ressarcido da generosidade com algum serviço de pouca monta (...).