Eternamente Paris
Elísio Augusto de Medeiros e Silva
Empresário,
escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br
Quando
o escritor russo Fiódor Dostoiévski foi pela primeira vez a Paris, no ano de
1862, os seus compatriotas, ansiosos, pediam insistentemente que lhes
escrevesse contando suas impressões da cidade. Esse pedido deixou o escritor
enrascado – o que iria contar-lhes? O que diria de novo, de desconhecido, visto
que, a seu ver, tudo já havia sido contado por visitantes anteriores.
Quase
cem anos o separavam de uma resposta simples, dada pelo jovem escritor Ernest
Hemingway, no livro “Paris é uma festa”, escrito no período de 1957/60, que
descreve sua estadia na cidade de 1921 a 1926.
Em
2012, cerca de 520 mil brasileiros estiveram em Paris, percorrendo as suas
ruas, apreciando os seus restaurantes, hospedando-se em seus hotéis e, claro, visitando
seus famosos pontos turísticos.
Com
um enorme fluxo de turistas do mundo todo, a Cidade Luz sempre tem algo para
ser revelado, pois se renova constantemente e lança tendências que se
harmonizam com seus cartões-postais, aliadas ao forte apego às suas tradições.
Nas
ruas de Paris, as floriculturas colocam seus vasos coloridos nas calçadas – as
librairies exibem novos livros – as pâtisseries, as caves du vin e as
chocolateries dão água na boca. Quem vai à cidade confirma o que estou dizendo.
Na
parte externa do Museu do Louvre está a grande Pirâmide de vidro. No interior,
novas galerias de arte islâmica cobertas por um véu dourado – o projeto custou
US$ 125 milhões, parte vinda de patrocinadores endinheirados do Oriente Médio.
No
interior do grande museu, os visitantes contemplam a Mona Lisa, Vênus de Milo,
e telas de pintores famosos (Ticiano, David, Rembrandt).
O
prédio do museu, erguido a partir do século 13, encanta os turistas – as
pinturas no teto, as escadarias, os detalhes construtivos e as transformações
sofridas com o passar dos anos. A própria visão do Palácio, em formato de “U”,
parece abraçar o pátio, o que deixa os visitantes extasiados.
Perto
dali está o antigo mercado Les Halles, com seu centro de lojas por entre os
tapumes das obras do RER (trem metropolitano), cuja finalização está prevista
para 2016.
Muitos
que ali circulam vão almoçar na Rue Montorgueil, uma ótima opção para fugir dos
caros restaurantes.
Em
Paris, não é preciso gastar muito – já dizia a escritora Inès de la Fressange,
no best-seller A Parisiense: “O luxo
da parisiense da margem esquerda do Sena é uma marca que garanta o bom gosto
sem ostentar o preço”.
No
Jardim das Tulherias, com certeza, você vai encontrar diversos velhinhos
jogando pétanque. De cima da Ponte Alexandre III dá para ver a bela paisagem de
arquitetura do Grand e Petit Palais.
Na
Av. Champs-Élysées todos olham para as fachadas glamorosas e suas ruas
transversais até o lendário Hotel Plaza Athénée, que celebrou o seu centenário
em 2013. Do alto dos 50 metros do Arco do Triunfo temos uma visão privilegiada
da majestosa Torre Eiffel.
Depois
vá até a formosa Place des Vosges, Marais, o legado da aristocracia dos séculos
XVI e XVII. Atualmente, sede da comunidade judaica, com uma impressionante
seleção de boutiques e lojas.
No
Boulevard Beaumarchais você encontra livrarias, objetos de decoração, móveis,
roupas, calçados. No canal Saint-Martin há incontáveis cafés, restaurantes,
bares, hotéis, e lojas diversas pelas suas margens. Aberto em 2006, o Le
Chateaubriand figura com destaque na lista da revista britânica Restaurant, que classifica os melhores
restaurantes do mundo.
Não
podemos deixar de ir a Montmartre, com telas de Toulouse-Lautrec, sex shops,
boemia e cabarés – imperdível o show noturno do mais famoso deles: o Moulin
Rouge. Suba as ladeiras de Montmartre e explore devagarzinho as fromageries e
charcuteries da Rue Lepic e da Rue des Martyrs.
Do
alto da escadaria da Basílica de Sacré-Coeur a vista é inesquecível – a capital
francesa, literalmente, aos seus pés.
Woody
Allen mostra diversas cenas maravilhosas do lugar no filme “Meia-Noite em
Paris”.
Para
finalizar, não se esqueça de dar uma passadinha no Palácio de Versalhes,
sinônimo de luxo e realeza dos séculos 17 e 18. Como sempre, deverá ter uma
fila enorme de turistas para entrar em suas dependências. Mas, do lado de fora,
os jardins do palácio são de cortar o fôlego. Os canteiros geométricos e
floridos, os espetáculos das águas das fontes – obras de André Le Nôtre, o
jardineiro do rei Luís XIV, o mesmo que elaborou o Jardim das Tulherias.
E
como disse Humphrey Bogart: “Nós sempre teremos Paris”.