17/06/2019
O futebol, o esporte mais popular do
mundo, tem um acervo amplo de histórias que envolvem os seus
protagonistas maiores: jogadores, treinadores, dirigentes de clubes,
jornalistas e cronistas esportivos.
Histórias e passagens que marcaram muito
bem seus personagens, sejam no campo de ação ou quando concedidas em
programas de televisão e ou ainda, em crônicas e comentários esportivos.
Vejamos:
O goleiro Manga (Botafogo, Internacional
de Porto Alegre e Seleção Brasileira ), em seu novo ofício de
comentarista esportivo da Rádio Tupi, é perguntado:
– Manga, como você está vendo o jogo?
– Com os olhos, com os olhos!
Na Suécia, Copa do Mundo de 1958, o
dentista da Seleção, Mário Trigo, abraçou o Rei pela cintura pedindo que
o soberano concordasse: “Diga, seu king, já viu time mais porreta?”.
Do alto da cabine da Rádio Tupi, no
Maracanã, Ari Barroso viu um grupo que discutia muito e pediu a seu
repórter de campo para checar:
– Alô, alô, Isaac, o que houve aí?
– Aqui só se “houve” a Rádio Tupi.
De Neném Prancha (Filósofo do futebol ): Quem se desloca recebe, quem pede tem preferência.
Contra time pequeno, bola na bunda é pênalti.
A bola é de couro, o couro vem da vaca, a vaca gosta de grama, então, joga rasteiro, meu filho!
Se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminava sempre empatado.
Se concentração ganhasse jogo, o time da penitenciária não perdia um.
Futebol moderno, meu filho, é que nem pelada. Todo mundo corre muito, mas não sabe pra onde.
Joga a bola pra cima, enquanto ela estiver no alto não há perigo de gol.
Goleiro tem que dormir com a bola.
Se for casado… com as duas!
O futebol é simples. Difícil é jogar bonito.
De Dadá Maravilha (centro avante do Atlético Mineiro): Não venha com problemática que tenho solucionática.
De Nelson Rodrigues (cronista esportivo): Em
futebol, o pior cego é o que só vê a bola. O povo toma pileques de
ilusão com futebol e carnaval. São essas suas duas fontes de sonho. A
bola de futebol acompanha o craque, ela tem alma de cadela.
Do poeta Carlos Drummond de Andrade: No futebol, matar a bola é um ato de amor. Brincar com a bola é descobrir a harmonia e o equilíbrio do universo.
De Armando Nogueira (Jornalista e cronista esportivo): Tu em campo parecia tantos e, no entanto, que encanto, era um só: Nilton Santos.
Vi Pelé, tão perfeito que, se não tivesse nascido gente, teria sido uma bola.
Vi Garrincha, para quem a superfície de um lenço era um enorme latifúndio.
Do craque Didi, do Botafogo: Treino é treino. Jogo é jogo.
De Stanislaw Ponte Preta (Jornalista): No futebol, a cabeça é o terceiro pé.
De José Djalma (Tenente), treinador do Alecrim Futebol Clube: No
futebol, o adversário é como um pires de papa, devemos destrui-lo
avançando pela beiradas.
De Geleia, misto de alfaiate e treinador do Alecrim Futebol Clube: O futebol é como na costura, precisamos chulear muito para ganhar o jogo.
De Maurílio José de Souza (Velha), técnico do América F.C.: Futebol é pra cabra macho, vamos entrar em campo com onze Lampiões.
De Coqueiro (Técnico de Clube Atlético Potiguar – CAP): Meu time vai pra guerra, pra isso, tem que está muito bem armado. Tome “balas” meninos”!
Berilo de Castro – Médico e Escritor – berilodecastro@hotmail.com.br
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
14/06/2019
BOM DIA JL – Berilo de Castro
BOM DIA JL –
Resido no bairro do Tirol há mais de
vinte anos. Posso me considerar um beneficiado pela boas condições de
infraestrutura que o bairro oferece e por ainda poder visualizar
saudosamente parte do centenário Estádio Juvenal Lamartine (JL),
lamentando profundamente a destruição brutal e sicária da sua fachada
original, o seu símbolo maior.
Local super privilegiado que me contenta
e me contempla no despertar das manhãs com um saudável bom dia para o
histórico Estádio Juvenal Lamartine, mais precisamente para o seu campo
de ação, berço e jardim dos meus primeiros passos na minha curta
trajetória futebolística.
Na década de 1950, ainda criança, fui
seu contumaz frequentador. Não perdia um só treino, nem que fosse do
Atlético, de João Machado. Os jogos oficiais eram assistidos, ora de
cima do Morro do Estrondo, saboreando as frutas silvestres, a mais
procurada (camboin ou cambuí) encontrada nas trilhas fechadas dos
matagais; ou, então, bem acomodado nos galhos das mangueiras do sítio
das freiras. Tinha o privilégio da entrada livre pela casa do soldado
Manoel, o ‘brabo’ e violento zelador do sítio, compadre do meu pai.
Saborear com o dinheiro da entrada (
quando conseguia), o cheiroso e super gostoso cachorro-quente,
acompanhado de suco multicolorido (de preferência nas essências vermelha
e branca) com raspas de gelo de barra. Momento insuperável e
inesquecível.
Lembro da carranca e da seriedade de seu
Gois, na gerência da catraca de entrada; de seu Báia,—o engraxador-mor
das bolas pesadas e marrons, reusadas com muita frequência nos jogos.
Presenciei muitos clássicos entre ABC
F.C. e o América F.C.; acompanhei a fase de ouro da equipe do Riachuelo,
quando cedeu a metade do seu elenco para compor a bela seleção do
Estado, no ano de 1959; Vi atuar e ficar deslumbrado com jogadores super
admiráveis, como o narigudo centroavante Delgado do ABC, oriundo do
futebol da Paraiba; Jorginho, o ídolo inconteste do time mais querido;
Saquinho, Juarez Canuto e Cocó, no início de carreia, Nei Andrade,
Mauro, dois grandes laterais esquerdos; Edmilson Piromba, Pancinha;
Pádua, elegante centro médio, Ivo, clássico meia esquerda, ambos do
Riachuelo; dos primeiros passos do jovem Marinho Chagas, da triunfal
chegada de Alberi no ABC; da bem armada seleção de 1959, com Pedrinho 40
no comando, campeã do Nordeste, nos embates fantásticos com a bela
seleção carioca, liderada por Pinga (Vasco) e Décio Esteves, do Bangu.
Presenciei a atuação dos dois maiores
jogadores de futebol do Brasil: Pelé, com uma exibição de gala diante do
ABC, e Garrincha, vestindo a camisa 7 do time Periquito, diante do
Sport do Recife, infelizmente muito longe do Mané do bons tempos, já na
sua trajetória final, derrotado pelo vício do álcool.
Não poderia esquecer do meu momento
maior e consagrador no JL; integrando a seleção de futebol do Estado no
ano de 1962; o bicampeonato pela equipe do Alecrim F.C. 1963/1964 e, em
1967, com o título da cidade vestindo a camisa do América F.C.,quando
encerrei minha breve passagem pelo futebol potiguar.
Obrigado, meu histórico e centenário JL.
Continuarei lhe contemplando. Bom dia!
Berilo de Castro – Médico e Escritor – berilodecastro@hotmail.com.br
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
13/06/2019
A RESSURREIÇÃO DO GALO
Valério Mesquita*
Mesquita.valeri@gmail.com
Desde a bíblia quando
Pedro negou três vezes o Cristo que o galo é símbolo, é sinal, é canto. Galo
também é passarinho de campina, é peixe: galo do alto, galo do mar, enfim, é
pastorador de noites indormidas e anunciador de auroras.
Em Natal ele identifica
a cidade, no folclore, nos folguedos populares e do alto da Igreja Santo
Antônio desperta e chama o povo a oração. Além de tudo isso, durante quinze
anos em Natal o “Galo” foi um jornal de cultura. O seu canto alto e sonoro
ultrapassou os limites do Rio Grande do Norte para levar a mensagem da nossa
literatura aos quadrantes do país. Tornou-se conhecido e respeitado. Hoje,
chove perguntas no terreiro potiguar: cadê o “Galo”? Por que emudeceu?
O jornal foi criado e mantido
ao longo do tempo pela Fundação José Augusto, à época de Woden Madruga no governo
Geraldo Melo. Politicamente isso não tem nada a ver. Na verdade, criou-se um
informativo cultural mensal, apolítico, vibrante, que divulgava a poesia, a
prosa, as idéias e correntes de pensamento dos autores norte-rio-grandenses sem
“igrejinhas”, “chiqueiros”, preconceitos ou elitismo. O “Galo” não era um
jornal de governo e muito menos de partidos. Era um veículo independente
nascido para ficar, para vencer, porque a cultura continua a ser a única
atividade humana que haverá de permanecer quando tudo o mais passar. A cultura
não tem preferências políticas ou eleitorais. O “Galo” foi o intérprete honesto
e seguro da intelectualidade estadual e editado a custo praticamente zero, já
que estávamos na estação ululista e matemática dos zeros.
No momento em que o meu
amigo e escritor Crispiniano Neto assumiu o comando da Fundação José Augusto,
ouso pedir que ressuscite o “Galo”.
Mesmo que outros planos editorias integrem o seu voo reinaugural na FJA, faça ressurgir o “Galo” como se fosse
o primo canto, com a sua marca registrada, com o seu selo, o seu timbre oestano
de menino forte, labareda da chama votiva de Mossoró. O voo desse jornal não é
de um galináceo. É de condor, sobranceiro, por cima das serras de Martins,
Patu, do Alto ao médio Oeste e sobre as dunas do litoral, porque a sua penugem
é tecida das cores do arco-íris das cabeças pensantes do Rio Grande do Norte. O
meu aceno é honesto, sincero e não tem o condão de interferir nos propósitos e
projetos do novo dirigente da política cultural do Rio Grande do Norte.
É apenas, a reflexão de
um calejado escriba, ex-presidente da FJA, que pertenceu ao Conselho de Cultura
e integra a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras e o Instituto Histórico do
Rio Grande do Norte. Faço o meu apelo com o objetivo de contribuir. É uma
sugestão, apenas. E acredito que se ouvisse o Conselho de Cultura, a Academia e
os intelectuais do Estado o “Galo” cantará tão livre e libertário o quanto
cantou e lutou o seu partido na noite negra do regime autoritário.
(*) Escritor
11/06/2019
A legitimidade das decisões judiciais (III)
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP
Como eu seguidamente tenho dito aqui, o grau de legitimidade de uma
decisão judicial depende de muitos fatores. Já falei do recrutamento dos
juízes, da composição dos tribunais, da imparcialidade e do renome do
juiz prolator da decisão, da fundamentação da decisão em si e da sua
acessibilidade, assim como da aceitação dessas decisões pelos demais
Poderes do Estado.
Hoje eu gostaria de continuar esta série de
artigos tratando de mais algumas coisitas que acho fundamentais em prol
da legitimidade das decisões judiciais.
Antes de mais nada,
penso que devemos exigir da atividade jurisdicional – e, por
conseguinte, do seu principal produto, as decisões judiciais – o
respeito a determinados valores. Cito aqui, de logo, os seguintes:
estabilidade, previsibilidade, celeridade e igualdade.
Um
direito estável é salutar para qualquer país. A instabilidade, com
regras de direito constantemente reformuladas e aplicadas de maneira
inconsistente, prejudica muito a legitimidade de um sistema jurídico. E,
infelizmente, sofre o nosso sistema, num grau altíssimo, do problema da
instabilidade. No plano jurisprudencial, basta lembrar que, no Brasil, a
sorte dos litigantes fica muito ao sabor das frequentes mudanças das
composições dos tribunais e das mudanças de entendimento decorrentes
disso. Para não falar das meras idiossincrasias do juiz do caso.
Um segundo valor que desejo enfatizar aqui, interligado à estabilidade,
é a previsibilidade ou a certeza do direito. Um direito estável
estabelece a pretensão de que é uma verdade válida não apenas para hoje,
mas também – e aí entra a previsibilidade – para o futuro, em todos os
casos iguais ou parecidos. Disse certa vez Eugen Ehrlich (1862-1922), um
dos fundadores da jurisprudência sociológica, em “Fundamentos da
sociologia do direito” (texto constante do livro “Os grandes filósofos
do direito”, publicado pela editora Martins Fontes em 2002), em favor da
previsibilidade: “há uma grande necessidade social de normas estáveis, o
que torna possível, em certa medida, prever e predizer as decisões e,
desse modo, colocar um homem em condições de tomar as providências
necessárias de acordo com isso”.
Um outro valor, não menos
importante, é a celeridade na condução dos processos e na apresentação
do seu produto final, a decisão judicial transitada em julgado. Não
haverá o devido acesso à justiça se a prestação jurisdicional é dada
tardiamente. E isso, de tão óbvio, nos soa até um clichê. Mas a busca da
celeridade não é um interesse apenas do jurisdicionado. É também em
prol da própria legitimidade das decisões proferidas pela Justiça que o
processo deve encerrar-se no menor lapso de tempo possível. E esse é um
objetivo que deve ser perseguido pelo Poder Judiciário diuturnamente com
a adoção dos mais variados institutos, mecanismos e critérios que lhe
poupem tempo e energia na solução dos seus inúmeros casos.
Por
fim, quanto a esses valores, quero ressaltar aqui a questão da
igualdade, que alguém já chamou de o “fundamento último” da justiça. O
princípio da igualdade perante a lei – proclamado em termos jurídicos na
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), art. VII – vem sendo
consagrado, como um verdadeiro dogma político e jurídico, nas mais
diversas constituições, dos mais diversos países, como é o caso da
Constituição brasileira de 1988. Mas é preciso ter em mente que o
princípio da igualdade perante a lei, até por uma questão de psicologia
social, não pode ficar apenas no plano normativo. Dar soluções
diferentes a situações iguais ou parecidas não pareceria direito, mas
sim pura arbitrariedade. O valor igualdade, portanto, deve ter lugar de
destaque na solução dos casos concretos na vida em sociedade. Afinal,
como José Alberto dos Reis (1875-1955) certa vez indagou (apud Roberto
Rosas e Paulo Cezar Aragão, em “Comentários do Código de Processo
Civil”, editora Revista dos Tribunais): “que importa a lei ser igual
para todos, se for aplicada de modo diferente a casos análogos?”. A
desigualdade na aplicação da lei, podem ter certeza, fere de morte a
legitimidade da atividade jurisdicional.
Bom, eu sempre digo que
não conheço uma regra de ouro para a aplicação do direito. Mas, se
quisermos fomentar esses quatro valores (estabilidade, previsibilidade,
celeridade e igualdade), em prol de uma maior legitimidade das decisões
judiciais, um excelente caminho é realmente adotarmos e respeitarmos
uma doutrina geral de precedentes vinculantes. Faria muito bem,
asseguro. Mas isso – a doutrina dos precedentes – é um outro (e longo)
assunto.
Por enquanto, já finalizando, apenas introduzo, ainda
na temática da legitimidade das decisões judiciais, as questões que vou
abordar no próximo artigo (o último desta série, prometo): a necessidade
de que realmente fundamentemos as nossas decisões judiciais nas leis e
na Constituição do país (e não naquilo que é a nossa convicção ou no que
são os nossos pré-conceitos) e, claro, a questão final (e deveras
problemática) da aceitação popular propriamente dita.
Marcelo Alves Dias de SouzaProcurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP
06/06/2019
05/06/2019
MACAÍBA: APELIDOS
Valério Mesquita*
01) Joaquim de Juvêncio foi
policial militar da reserva. E como tal serviu em quase toda a sua vida no destacamento
da Polícia de Macaíba, onde residiu. Como atleta de futebol era o ponta de
lança Quincas que corria feito bala pela esquerda. Atuou pelo Cruzeiro, Humaitá
e Rio Branco, sempre na mesma posição tática que lhe valeu o apelido de Sapo de
Rabo, porque quando corria empinava o bumbum. Joaquim foi o terror da garotada
que jogava “pelada” no “campo da prefeitura”. Naquele tempo, soldado usava
apito e, nos primeiros sopros, a turma colocava Joaquim no “quadrado” para não
tomar a bola. Mas, como soldado, Quincas nos legou um fato pitoresco quando,
nos idos de cinquenta, uma patrulha do Exército tomou de assalto a Delegacia de
Macaíba para liberar três recrutas e prendeu os PMs no jipão verde-oliva. Após
muita confusão e com a chegada do chefe político e deputado Alfredo Mesquita (o
delegado se escondera no quintal de Né Macena) para conferenciar com o capitão
e líder da operação, os soldados da polícia foram desembarcados logo do
caminhão. Mas os recrutas queriam levar um de refém para Natal. Com muito
esforço, na carroceria, Joaquim esgueirou-se, amedrontado, entre os soldados de
Caxias e indagou aflito: “E eu, Seu Mesquita?”. “Desça. O que é que você ainda
está fazendo aí?”.
02) Um personagem de
apelido misterioso e bastante popular em Macaíba foi o motorista Manoel “Dedo Melado”,
irmão de José Distinto, outra figura singular que já descrevi anteriormente.
Manoel pontificou em Macaíba nas décadas de 40, 50 e 60, até ir residir em Natal.
Mas o seu apelido até hoje é um mistério. Por que “Dedo Melado”? Que história
esquisita marcou um dos dedos da mão de Manoel e que material produziu o mau cheiro?
Ao que me consta, ele não se sentia incomodado por assim ser chamado. Talvez,
de tão repetido o apelido, tenha se resignado. E os personagens misteriosos são
fascinantes.
03) Outro apelido
interessante emoldurava o perfil de um velho soldado PM que conheci, alcunhado de
“Bico Doce”. Servia no povoado de Mangabeira. Os intérpretes da zoologia
macaibense, após exaustivas pesquisas, deduziram que “Bico Doce” gostava de um
“ganho extra”, daí o carinhoso epíteto. Um “cientista” mais ousado chegou a
descrever uma cena supostamente vivida por “Bico Doce” quando conduzia para o
xadrez um individuo: “”Teje” preso!”. “Pegue cinco”, disse-lhe o detido. “Tá
solto!”, respondeu o doce bico do soldado. Aí pegou a fama.
04) A
longevidade atlética e futebolística foi o traço dominante da vida desse
paraibano de Cuité, que chegou a Macaíba menino, em 1920. Funileiro, residente
à rua Rodolfo Maranhão, negociava os produtos do seu fabrico artesanal na feira
livre da cidade. Mas, o palco maior de sua vida foram os campos de futebol, nos
quais exerceu a sua arte indômita: o futebol. Praticou esportes além dos
sessenta anos, defendendo as camisas do Cruzeiro FC, Rio Branco, Olímpio FC e
Leão de Ouro (Igreja Nova), nos quais se inseriu como um dos fundadores. Diria
que Zé Caíco se constituiu na figura emblemática do futebol de Macaíba porque
atravessou gerações e viveu as grandes fases da evolução do próprio esporte.
Quando jovem era muito magro e possuía um “fôlego de peixe”. Como chegou a
Macaíba aos cinco anos de idade fugindo das águas que invadira Cuité (PB), na
cidade de Auta de Souza se fartou com as cheias do rio Jundiaí. E como atleta
nadador pulava de cima de um poste sobre a ponte para somente recuperar fôlego
no velho cais, distante a trezentos metros, levado pela correnteza. Daí o
apelido de Caíco, uma espécie comum de peixe.
(*) Escritor.
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