10/10/2018

Entre o mar e o rio, cercado de água por quase todos os lados.

Uma praia, um farol This is the divider

O resto é mar



Por Gustavo Sobral texto e Ilustração

Galinhos. Você vai precisar de protetor solar e agua mineral para escovar os dentes, é que lá a água é salobra. E disposição para somente relaxar. Vai perceber que na vida uma muda de roupa e um par de havaianas é apenas o necessário. Esqueça o barulho do trânsito, engarrafamento e coisas mais.

As ruas são de areia, o meio de transporte é andar a pé, o cavalo e a charrete, e a comida é peixe fresco. Óculos de sol e um bom livro para ler, uma cervejinha para abrir o apetite, frutos do mar para acompanhar. Rede no terraço e um sono tranquilo.

A estrada é um dos caminhos
Mas também é possível se chegar por terra, margeando a costa, via beira mar. É um outro espetáculo possível, quem já foi não esquece. Estão lá as salinas, as dunas móveis, jumentos pastando no horizonte, faróis iluminando a costa, barcos de pesca ondulando com o mar.

O sol é de rachar, seja o tempo que for e o esplendor só aparece no fim o dia: todas as cores entre o amarelo e o alaranjado. Pôr do sol em Galinhos tem que ser ao pé do farol, uma construção de 1931.

Também o povoado é coisa de ontem. Pescadores, já era o século XX, encontraram ali a abundância de peixe necessário ao sustento e fizeram a vila de casas de taipa e ruas de areia. Galinhos chamaram, porque ali havia abundância do peixe Galo. Entre o mar e o rio, fica numa península cercado de agua por quase todos os lados.

Quem segue pela estrada
Vai desbravando o RN. Partindo de Natal, é Ceará-Mirim, Poço Branco, João Câmara, Jandaíra, pode ir rodando. Se desviar no caminho, pode passar por Touros, ou entrar em Parazinho, e de lá para São Miguel ou Pedra Grande e ir cair em Caiçara do Norte. Centro de pesca, produção de sal e instalação das eólicas.

A terra no caminho é vermelha, o sol a pino cega a vista, um deserto de vegetação de pequeno porte e eólicas que crescem por todos os lados. A vegetação e o clima do sertão abraçam o manguezal, confundindo biosferas e construindo um cenário singular. A parada do carro é píer e dali embarcar pelo rio cercado pela aventura do mangue, singrando até descer em Galinhos.

A água do banho é salobra, o banho do mar, pela forte concentração do sal faz flutuar, o peixe é artigo abundante. O dia em Galinhos é calmo e lento. O resto é mar.


Para ler esse e outros escritos acesse www.gustavosobral.com.br

LAMARTINE BABO


 LAMARTINE BABO, O COMPOSITOR E A SERRA

 – Berilo de Castro -

LAMARTINE BABO, O COMPOSITOR E A SERRA –
Lamartine de Azevedo Babo, o Lalá, nasceu no Rio de Janeiro, em 8 de março de 1904, na rua Teófilo Otoni, Centro. Filho de Leopoldo Azevedo Babo
e Bernarda Preciosa Gonçalves, que juntos  tiveram onze filhos, dos quais somente três  chegaram à idade adulta: Lamartine, Leopoldo e Indiana.
Família com DNA musical, sua mãe e sua irmã tocavam muito bem piano; sua casa era frequentada por músicos de expressão maior, como Catulo da Paixão Cearense (que é maranhense) e Ernesto Nazateth. Aos 13 anos compôs sua primeira valsa, “Torturas do Amor”, e aos 16 escreveu a opereta “Cibele”. Estudou inicialmente em escola pública, depois no Colégio São Bento e no  Colégio Pedro II, onde se  formou em Letras.
Em 1916, seu Leopoldo faleceu, e Lamartine foi morar com a sua irmã  Indiana; passou a trabalhar como office-boy da Light; um ano depois trocou de emprego, indo trabalhar numa Companhia de Seguros, onde demorou pouco; com mais tempo disponível, passou a se dedicar mais ao teatro de revistas e ao jornalismo.
Em 1929, conheceu e fez apresentações com o Bando de  Tangarás, conjunto musical tendo como fundadores: Carlos Alberto Ferreira Braga (Braguinha/João de Barro), Alvinho, Henrique Brito (potiguar, falecido precocemente aos 27 anos, no Rio de Janeiro/RJ), Henrique Fóreis Domingues (o Almirante).
Participou de vários programas de rádio, nos quais fez muito sucesso, entre eles o Trem da Alegria, ao lado do radialista Heber de Bôscoli. Foi nesse programa que recebeu o desafio para compor um hino popular para cada clube de futebol do Rio de Janeiro; desafio aceito e rigorosamente cumprido; com uma curiosidade: passou seis dias trancado num apartamento e só saiu quando os hinos estavam prontos (Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo, América – seu time de coração, sua grande paixão – e Bangu), depois concluiu com o do Olaria, Madureira, São Cristóvão, Bonsucesso e Canto do Rio.
Em 1951, com 47 anos, Lamartine conheceu Maria José, com quem casou numa cerimônia fechada, e  com a qual permaneceu até o fim de sua vida.
Um fato histórico e hilário merece destaque na vida desse expressivo compositor, referente à sua mais bela canção, “Serra da Boa Esperança”(1937). Existem algumas versões do ocorrido, porém passo a relatar aquela que mais se aproxima da verdade:
Em 1935, na pequena e humilde cidade interiorana de Minas Gerais, conhecida por Dores da Boa Esperança, vivia um dentista/músico que tinha a mania de colecionar fotografias autografadas de cantores e compositores famosos (os seus verdadeiros ídolos). Lamartine fazia  parte da sua galeria de famosos. Através  de cartas e mais cartas, o fã não conseguiu o seu objetivo (a fotografia autografada). Assim sendo, criou  uma artimanha para alcançar a sua difícil missão: fraudar a correspondência, mudando o nome e o sexo do remetente, usando sua sobrinha de apenas 10 anos, Nair Pimenta. A inusitada ideia funcionou; carta  vai, carta vem, fluindo em versos, prosas, sonetos e romance. A falsa verdade encantou  Lamartine, que, no entanto, enviou  poucas fotos, em 3×4, não satisfazendo por completo o exigente fã , que, percebendo a dificuldade de conseguir por completo o seu objetivo, resolveu, em nome de Nair, acabar o “romance postal”, alegando que vai se casar e residir na cidade de São Paulo/SP.
Um ano depois (1936), o músico, não mais usando o nome da sobrinha, mas a sua própria identidade, resolveu convidar Lamartine para o baile de estreia  da orquestra criada por ele próprio (músico/fã).
Não houve dúvida, Lamartine se animou e aceitou  o convite, esperando encontrar a tão misteriosa e amável Nair. Chegou um mês depois à cidade e se hospedou no Hotel da família do músico (por sinal o mesmo endereço das correspondências amorosas). Logo percebeu Lalá que a única Nair encontrada no local era uma criança. A trama do músico/dentista só viria a ser descoberta após uma inconfidência (mineira) de um dos moradores, que passou a história a limpo.
Apesar do constrangimento e da decepção, tudo foi esclarecido e a  agradável e solidária companhia de um grupo de vinte jovens, rapazes, moças e músicos (que depois Lalá chamaria de “Minhas 20 saudades dorenses”), aliviaram e abrilhantaram o encontro.
Em agosto de 1937, na despedida da cidade que tão bem lhe acolheu, e olhando para a Serra da Boa Esperança que emoldurava a paisagem, começou a solfejar as notas que o amigo músico/fã ia anotando na pauta improvisada num pedaço de papel de jornal, originando a letra de uma das mais  belas canções da música brasileira: “Serra da Boa Esperança”: “Parto levando saudades,/ Saudades deixando,/ Murchas, caídas na serra,/ Bem perto de Deus/ Oh, minha serra,/ Eis a hora do adeus/ Vou-me embora/ Deixo a luz do olhar/ No teu luar/ Adeus!…”.
Em 16 de junho de 1963, aos 59 anos, Lamartine faleceu na cidade do Rio de Janeiro, vítima de um enfarte do miocárdio.
Berilo de CastroMédico e Escritor –  berilodecastro@hotmail.com.br
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

30/09/2018

UM MOMENTO DE IMENSA SAUDADE

"A MINHA SAUDADE É TRANSCENDENTAL, NÃO TENHO CAPACIDADE DE SER ORIGINAL NA DESPEDIDA DE ANGELA MARIA, PREFIRO O REGISTRO, POR ENQUANTO."


Brasil

Rainha do rádio: cantora Angela Maria morre aos 89 anos

Artista estava internada há 34 dias em um hospital particular de São Paulo

Agência O Globo
A cantora Angela Maria, de 89 anos, morreu, na noite deste sábado, após 34 dias internada num hospital particular de São Paulo. A causa da morte ainda não foi divulgada. O velório está marcado para este domingo, a partir das 10h, no Cemitério Congonhas, em Vila Sofia, São Paulo.

Angela foi uma das cantoras mais famosas do Brasil nos anos 1950 e 1960. Ela tinha 70 anos de carreira. O empresário da artista, Thiago Marques Luiz, postou, em sua página do Facebook, uma foto ao lado dela e escreveu sobre sua importância no mundo da música:

Foto: reprodução

"Com o maior pesar do mundo informo a todos vocês que a maior cantora do Brasil, a nossa Rainha Angela Maria, não está mais entre nós. Foram 89 anos de vida e quase 70 de sucesso, reconhecimento, carinho e respeito de todo povo brasileiro. Não houve (e por certo não haverá) nenhuma cantora na nossa música com história semelhante em termos de produtividade, importância e longevidade. Tenho muito orgulho de ter Angela Maria na minha história e, principalmente, de ter dado a ela todas as flores em vida. Pra sempre te amarei, “Estrela da nossa canção popular”., escreveu.

Em um vídeo publicado no site oficial da cantora, o companheiro da artista anunciou a morte da mulher e disse que ela "estava sofrendo muito" nos dias em que passou internada. A informação sobre o falecimento também foi confirmada ao EXTRA, por telefone, pela cunhada de Angela, Rosana D'Angelo.

Os 70 anos de carreira da artista foi celebrado com o musical “Angela Maria — Lady Crooner”, apresentado, em junho, no palco do Teatro Carlos Gomes. A peça contou a trajetória pessoal e profissional da “Rainha do Rádio” — Angela foi uma das maiores estrelas da era de ouro da Rádio Nacional.

Em abril, a cantora apresentou a turnê “Angela Maria e as canções de Roberto e Erasmo”, quando levou aos palcos, além de suas canções, sucessos como “Sentado à beira do caminho”, “Você em minha vida”, “Sua estupidez”, “Eu disse adeus", “O show já terminou” e “Como é grande o meu amor por você".

Rainha do rádio

No ano de 1929, nascia em Macaé a dona da voz que viria a ser uma das mais famosas do país. Angela Maria — nome artístico de Abelim Maria da Cunha — gravou seu primeiro disco aos 23 anos, a contragosto dos pais, que eram extremamente conservadores e não apoiavam a escolha profissional da filha. Mas a oposição não foi suficiente. Este ano, a Rainha do Rádio ou Sapoti, como era conhecida, completou 70 anos de carreira, ao longo dos quais lançou mais de 114 discos e superou a marca de 60 milhões de trabalhos vendidos.

A paixão pela música começou na infância, quando cantava no coral da igreja evangélica, onde seu pai era pastor. Conhecida no Brasil e no mundo, são dela sucessos como “Gente humilde”, “Babalu”, “Lábios de mel", “Tango para Tereza” e “Falhaste coração”.

Antonio Nobre, o velho, caiu doente, teve que tomar até extrato de mulungu.




Quando caiu doente o doutor Sobral Pinto receitou limonada e ácido sulfúrico para tomar aos goles, também doses de clisteres de macela e óleo de rícino, era o começo. No terceiro dia passou para o purgante. A febre tratada com raiz de fedegoso cozida com açúcar. Nada de melhorar. Aplicaram-lhe cataplasmas de jurubeba, o que não funcionou, um ano depois estava nas inevitáveis sanguessugas.

Doutor Sobral ainda prescreveu bicarbonato de ferro e gengibre e pílulas Vallet Bland. O doutor Jonathas Abbott da Bahia também consultado, acrescentou óleo de jiboia e extrato de mulungu. O sofrimento não teve fim, passou para homeopatia e uso de mercúrio. Nenhum resultado. Fez promessa e da bem feita para Nossa Senhora Virgem do Amparo, prometendo missa e sacrifício.

Para Nossa Senhora dos Prazeres, missa e um quadro na igreja com dizeres anunciando a graça alcançada. Melhorou. E estava na promessa soltar os foguetes que saltaram no adro da igreja. Acontece que de tanto estar doente disso ficou doente, doente de ser doente, padeceu de fraqueza, desanimo, e foi para Paris continuar o tratamento.

Para ler esse e outros escritos acesse:


29/09/2018



Osvaldo Carneiro(Piaba)


Piaba, o 4º em pé, da esquerda para a direita




BERILO DE CASTRO

         Convalescente após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), faleceu, na manhã da segunda-feira (24), Osvaldo Carneiro (Piaba-Mossoró, 1938 – Natal, 2018), vigoroso zagueiro central do ABC Futebol Clube da década de 1960.
       Seguirá o caminho misterioso dos mortos e ocupará no campo espiritual a titularidade do time do Senhor. 
Piaba, como outros bons valores do futebol potiguar, teve no Bairro das Rocas o sua pia batismal. Foi cria e tornou-se ídolo do famoso e inesquecível time do Palmeiras na década de 1950.
      A sua chegada ao Estádio Juvenal Lamartine se fez por meio do time do América Futebol Clube, na posição de centroavante. 
   No início da década de 1960, foi contatado pelo ABC Futebol Clube, quando passou a atuar na sua real posição como zagueiro central. 
    No ano de 1961, o conheci quando de uma excursão do ABC FC para disputar alguns jogos em Parnaíba, Teresina/PI, e na cidade do São Luís do Maranhão, emprestado que fui pelo Alecrim Futebol Clube. 
     Depois voltamos a nos encontrar formando o miolo de zaga da seleção do Rio Grande do Norte, no Campeonato Brasileiro, no ano de 1962.  
      Colecionou títulos como jogador, teve ligeira participação como treinador. Ao deixar o campo de jogo, sempre se fez presente como um imbatível e incansável batalhador dos interesses do clube nos momentos difíceis da sua história centenária. Amou  como ninguém o time do seu coração. 
    O futebol potiguar e, em especial, o ABC Futebol Clube, perdem o homem, perdem o jogador altamente dedicado, viril, líder e que não aceitava a derrota, nem mesmo nos momentos recreativos de treinos. 
       Morre Piaba, o futebol potiguar fica órfão do seu viril zagueiro. O vazio se faz e é sentido no miolo da zaga. Não mais escutaremos a seu grito de liderança e não mais vibraremos com suas defensivas arrojadas. 
Adeus, meu bom companheiro de zaga.
Vai, segue. Como escreveu o imortal compositor Lamartine Babo na sua bela canção Serra da Boa Esperança: “Parte levando saudades, saudades deixando”.