11/09/2018

POSSE NO IHGRN


Instituto Histórico e Geográfico do RN <ihgrn.diretoria@uol.com.br>

Caro confrade,
Amanhã, dia 12/09, quarta-feira, com início previsto para as 9 horas, no salão nobre do nosso IHGRN, haverá a posse de 7 (sete) sócios Efetivos (Humberto Hermenegildo de Araújo, João Correia Saraiva Júnior, Jorge Eduardo Lins Oliveira, Lúcio Teixeira dos Santos, Maria Vilmaci Viana dos Santos, Marlúcia Menezes de Paiva e Raimundo Muniz de Oliveira), 8 (oito) sócios, alçados de efetivos à honorários (Iaperi Soares de Araújo, Jeanne Fonseca Leite Nesi, João Maurício F de Miranda, João Medeiros Filho (Pe), Lenine Barros Pinto, Luiz Gonzaga Meira Bezerra (Honoris Causa), Manoel de Medeiros Brito e Marlene da Silva Mariz) e 5 (cinco) sócios mantenedores (Francisco Marcos de Araujo, José Wellington Barreto, Ludmilla Carvalho Serafim de Oliveira, Welma Maria Ferreira de Menezes  e Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia Sobrinho).
Convocamos toda a diretoria para estar presente à cerimônia de posse que, mesmo não sendo festiva, tem a formalidade que o evento requer e, nesse sentido, os diretores deverão recepcionar os novos sócios.
Nós, os diretores devemos usar a Capa Acadêmica no evento.
Ormuz Barbalho Simonetti
Presidente

UM BELO ESPETÁCULO


A Casa de Badia



Por Gustavo Sobral

Estive na Casa de Badia. Como em um conto das 1001 noites, a milésima segunda estaria para ser contada: a história de Badia Massabni e de suas dançarinas, e nos palcos.  Duas sessões, casa lotada, o Teatro de Cultura Popular em palmas ao ritmo da música Árabe, em uma viagem ao Oriente perdido, à origem da dança do ventre e a biografia de Badia.

Badia Massabni reinventou a dança na sua movimentada casa de espetáculos no Cairo, Egito. Nascida na Síria, sua vida foi uma conturbada aventura em que a dança não foi apenas um negócio, mas a razão de sua vida. Inventiva, ousada, mostrou que a dança é o caminho da liberdade, da beleza dos movimentos, sonho e encantamento. 

O show vai começar
Um cenário de Casablanca, três homens, uma mesa, o ambiente festivo da casa e todo o poder transformador da dança. O palco vibrava. A plateia, aplaudia. Alvoroço nos camarins, é que por trás dos palcos, há uma outra cena.  Cada entrada, uma surpresa, figurino impecável, passos perfeitos, sorrisos, a luz do teatro. Coragem!, tudo vai dar certo, é o que se sussurra nas coxias. Teatro é solidariedade. 

Produção e apoio são vitais, não há espetáculo sem a soma de suas partes: roteiro, direção, coreografia, figurino, cenografia, som, música, luz, bilheteria, fotografia, e tudo pode acontecer: um grampo que se precisa, um botão que cai. Na plateia, o público sonha, longe no tempo. No escurinho do teatro, sai de si, viaja no encanto e na beleza. Tudo é mágico e quando se vê já são os aplausos, os agradecimentos, os abraços e as flores. Tudo saiu perfeito. Sonho de mil e uma noites. Dança é celebração.

Créditos
Agradeço a Cia Nawar pelo convite para participar do espetáculo, ser figurante foi um presente, experiência indescritível, obrigado!, parabenizo a todas as bailarinas no nome de Lígia Moura e recomendo a leitura da entrevista com a diretora e bailarina da companhia, Joelma Azevedo que você pode ler aqui.

Para ler esse e outros escritos acesse www.gustavosobral.com.br


09/09/2018


COQUEIRO, O TREINADOR – Berilo de Castro

COQUEIRO, O TREINADOR –
 Em épocas passadas, o nosso futebol contava com times que, apesar de simples, pequenos, até hoje são lembrados com muita saudade e boas recordações. Um deles é o Clube Atlético Potiguar (CAP), rubro negro, uma homenagem às  belas cores da agremiação náutica — o Sport.
O Clube pertencia ao admirado e inesquecível  João Cláudio de Vasconcelos Machado ( João Machado, 1914—1976).
Dos seus muitos treinadores, um ficou  e marcou história no time de João: a figura folclórica do ex-jogador da equipe do Riachuelo Atlético Clube (RAC), de codinome Coqueiro, ex-marinheiro, tatuado e cheio de gírias (raridade na época).
Marcou época na cidade quando o seu time ficou conhecido como o “Moleque Travesso”, devido aos bons resultados obtidos contra os grandes e poderosos esquadrões do campeonato da cidade.
Não era um grande estrategista de futebol, porém, usava muito da sua “psicologia de ex-marinheiro” e, um exímio retranqueiro.
De muitas de suas tiradas, lembro bem de duas: a presença sempre frequente de uma  pequena bolsa preta debaixo do braço. Dizia ele que era para guardar  “o mio” — alimento essencial para alimentar  os meninos antes do jogo; como dava resultado, haja correria! A segunda era quando tinha de substituir, por contusão, um dos seus bons atletas por um meia boca: olhava com desdém para o banco de reserva e fixava o olhar no jogador suplente  e dizia: vai tu, só tem tu mesmo!
Grande Coqueiro!
Berilo de Castro – Médico e Escritor –  berilodecastro@hotmail.com.br
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

08/09/2018

O PIANISTA IMORTAL



ORIANO: ÚLTIMA ESTROFE

Valério Mesquita*

Direi pouco sobre Oriano de Almeida. Outros falarão melhor porque conviveram de perto com o seu talento e a sua vida. Cláudio Galvão, Diógenes da Cunha Lima, por exemplo, Maria Luiza Dantas, Sanderson Negreiros, Enélio Lima Petrovich (que inaugurou o Memorial Oriano Almeida no anexo do IHGRN em 2001), já dissertaram, com brilho e propriedade. Resolvi pronunciar-me porque gosto de pontuar atitudes e assumir gestos quando vejo algo que me desagrada. Fui à Academia de Letras me despedir do seu corpo, na sua tarde derradeira e melancólica. Não apenas movido pelo dever de colega acadêmico ou por solidariedade cristã, mas porque efetivamente ele foi um compositor e intérprete maravilhoso para a honra e orgulho do Rio Grande do Norte, cujo povo não “está nem aí”. No recinto, durante os discursos de despedida, pouquíssimos presentes.
Aí começou a nascer em mim a necessidade de protestar, de me indignar, de não me calar. Comentei com Genibaldo Barros, Armando Negreiros e o saudoso Ernani Rosado que ali estavam: é o menor público da vida de Oriano, quando deveria ser o maior. Ele que havia conquistado as platéias milionárias, exigentes e refinadas do mundo inteiro não conseguia reunir para o último adeus a intelectualidade de sua terra. Quanta ironia, quanto paradoxo a vida nos ensina. O maior intérprete do mundo da obra de Chopin, que encantou os palcos da arte musical, gênio da música, compositor, foi ocupante da cadeira nº 13 que pertenceu a Câmara Cascudo, estava ali totalmente esquecido. Havia atingido a “verdadeira imortalidade”. Já escrevi que Natal sofre de ataraxia, indiferença. É pobre de sentimentos.
Chegou um momento, no velório, que Diógenes preocupou-se com os circunstantes para conduzir o esquife do salão ao veículo funerário. A maioria era mulheres entre reduzido grupo de sexagenários em débito com o teste ergométrico. Afirmo, sem qualquer preconceito, que talvez tenha faltado a Oriano a passagem por uma banda de forró.
Resta a esperança de que o nome, a importância do que fez como musicista, intérprete, compositor e escritor não desapareça. Não tenho dúvidas de que Oriano Almeida é maior do que os ausentes. A sua obra tem abrangência nacional e internacional. Simples, não buscava os refletores da fama. Ela vinha até ele. Nem o elogio fácil.
Já disse que na vida quando se passa dos 60 ou 70 anos, torna-se estatística. Diferente dos países mais civilizados. E Oriano se foi com 83. Fica para os pesquisadores, memorialistas e estudiosos da música e da obra que ele nos legou, a tarefa permanente de afirmar que Oriano Almeida vive. Na frase, que não é minha e nem sei de quem, mas que eu gosto de lembrar: “Não se acaba o homem. Constrói-se a cada dia sua performance”.

(*) Escritor.











07/09/2018

7 DE SETEMBRO - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL


Independência do Brasil


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Disambig grey.svg Nota: Este artigo é sobre sobre a independência do Brasil. Para feriado nacional, veja Dia da Independência (Brasil).
Independência do Brasil
Independence of Brazil 1888.jpg
Independência ou Morte, do pintor paraibano Pedro Américo (óleo sobre tela, 1888).
Outros nomes Proclamação da Independência
Participantes Pedro de Alcântara
José Bonifácio de Andrada e Silva
Maria Leopoldina de Áustria
Joaquim Gonçalves Ledo
Localização Riacho do Ipiranga, São Paulo, SP
 Brasil
Data 7 de setembro de 1822 (195 anos)
Resultado Separação política do Reino do Brasil do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e instituição do Império do Brasil.
Independência do Brasil é um processo que se estende de 1821 a 1825 e coloca em violenta oposição o Reino do Brasil e o Reino de Portugal, dentro do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. As Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa, instaladas em 1820, como uma consequência da Revolução Liberal do Porto, tomam decisões, a partir de 1821, que tinham como objetivo reduzir novamente o Brasil ao seu antigo estatuto colonial.
Antecedendo o processo de independência do Brasil, mas com fortes influências sobre o mesmo, ocorre a transferência da corte portuguesa para o Brasil. Em 1807, o exército francês invadiu o Reino de Portugal, que se recusava a se juntar ao bloqueio continental contra o Reino Unido. Incapaz de resistir ao ataque, a família real e o governo português fugiram para o Brasil, que era então a mais rica e desenvolvida das colônias lusitanas.[1][2] A instalação do Tribunal de Justiça no Rio de Janeiro traz uma série de transformações políticas, econômicas e sociais que levam à decisão do Príncipe Regente D. João, consumada em 16 de dezembro de 1815, de elevar o Brasil à condição de reino, unido com sua ex-metrópole.
Porém, em 1820, uma revolução liberal eclodiu em Portugal e a família real foi forçada a retornar para Lisboa. Antes de sair, no entanto, D. João nomeia o seu filho mais velho, D. Pedro de Alcântara de Bragança, como Príncipe Regente do Brasil (1821). Fiel ao seu pai, o príncipe-regente vê sua condição complicada pela vontade política das cortes portuguesas em repatriá-lo e de retornar o Brasil ao seu antigo estatuto colonial. Oficialmente, a data comemorada para independência do Brasil é a de 7 de setembro de 1822, em que ocorreu o chamado "Grito do Ipiranga", às margens do riacho Ipiranga (atual cidade de São Paulo). Em 12 de outubro de 1822, o príncipe foi proclamado imperador pelo nome de Pedro I e o país leva o nome de Império do Brasil.
Na guerra de independência — iniciada ainda com a expulsão dos exércitos portugueses de Pernambuco em 1821 — passa a atuar o Exército Brasileiro, formado a partir da contratação de mercenários, do alistamento de civis e de tropas coloniais portuguesas, contra aqueles que permaneceram fiéis ao Reino de Portugal em algumas partes do país.[3][4] Em meio ao conflito, há em Pernambuco o levantamento da Confederação do Equador, que pretendia formar seu próprio governo, republicano, mas foi duramente reprimido. Depois de três anos de conflito armado, Portugal finalmente reconheceu a independência do Brasil, e em 29 de agosto de 1825 foi assinado o Tratado de Amizade e Aliança firmado entre Brasil e Portugal. Em troca, o Brasil se comprometeu a pagar ao Reino de Portugal uma indenização substancial e assinar um tratado de comércio com o Reino Unido, para indenizá-lo por sua mediação.

06/09/2018


  
Marcelo Alves


As regras do policial

A questão do gênero ou da tipologia da literatura é bastante controversa. Grandes obras normalmente não se conformam às regras do gênero; e muitos críticos literários sequer reconhecem a existência desse conceito (de gênero da literatura). Sobre essa polêmica, aliás, eu escreverei aqui qualquer dia desses. Prometo. 

O fato é que a literatura policial ou detetivesca, como literatura de massa, não tem nada a ver com isso. Ela é um gênero bem definido. Como anota Tzvetan Todorov (1939-2017), em “Poética da Prosa” (Editora Martins Fontes, 2003): “Geralmente, a obra-prima literária não se encaixa em nenhum gênero literário, a não ser em seu próprio [Todorov dá como exemplo disso a ‘Cartuxa de Parma’, cujo gênero, se é que ele pode ser enquadrado em algum, não será outro senão o do ‘romance stendhaliano’]; mas a obra-prima da literatura de massa é precisamente o livro que melhor se inscreve em seu gênero. O romance policial tem suas normas; fazer ‘melhor’ do que elas exigem é o mesmo que fazer pior: quem quiser ‘embelezar’ o romance policial, faz ‘literatura’ e não romance policial. O romance policial por excelência não é aquele que transgride as regras do gênero, mas aquele que a elas se conforma: No Orchids for Miss Blandish é uma encarnação do gênero, não uma superação”. 

Isso mesmo: o romance policial ou detetivesco tem suas regras. Para quem não sabe, essas regras foram propostas por um tal Willard Huntington Wright (1888-1939), que, na história da ficção policial, restou conhecido pelo pseudônimo de S. S. Van Dine. Como autor de romances do gênero, Van Dine, com o seu detetive Pilho Vance, foi muito popular nas décadas de 1920 e 1930. E essas regras, ele as publicou faz muito tempo, precisamente em setembro de 1928, na revista “The American Magazine”. 

Diz-se comumente que um romance policial pressupõe um crime, uma vítima, um culpado e, claro, um detetive (seja ele profissional, como de regra, ou amador). Medo, inquietação, mistério, uma boa dose de curiosidade e, claro, uma investigação – esses são elementos recorrentes em quase todos os romances policiais. Mas S. S. Van Dine relacionou pelo menos vinte regras às quais um autor deve se conformar, se quer fazer parte do “clube” dos romancistas policiais. Entre outras coisas: o detetive nunca é o culpado (ou, pelo menos, nunca deve ser); ele e o leitor devem ter a mesma chance de descobrir o criminoso; evitando trapaças, o mistério deve ser explicado de uma maneira plausível; a intriga amorosa ou discussões filosóficas mais profundas não compõem o centro da trama; este é ocupado pelo crime e o seu entorno; e por aí vai. 

As regras de Van Dine foram repetidas e debatidas pela posteridade; contestadas muitas vezes. Tzvetan Todorov, referido mais acima, as acha, pelo menos, redundantes. De fato, a lista de regras de Van Dine é enorme e, confesso, tive preguiça de reproduzi-las aqui. E Todorov nos poupa o trabalho, sintetizando elas em oito assertivas: “1. O romance deve ter no máximo um detetive e um culpado, e no mínimo uma vítima (um cadáver). 2. O culpado não deve ser um criminoso profissional; não deve ser o detetive; deve matar por motivos pessoais. 3. O amor não tem lugar no romance policial. 4. O culpado deve gozar de certa importância – a) na vida: não ser um criado ou uma camareira; b) no livro: ser um dos personagens principais. 5. Tudo deve explicar-se de modo racional; o fantástico não é admitido. 6. Não há lugar para descrições nem para análises psicológicas. 7. É preciso conformar-se à seguinte homologia quanto às informações sobre a história: ‘autor : leitor = culpado : detetive’. 8. É preciso evitar as situações e as soluções banais (Van Dine enumera dez delas)”. 

No mais, algumas dessas regras se aplicam a todos os romances policiais; outras, não. E aqui refiro-me àquela clássica divisão desses romances em policiais de enigma e policiais noir (vide meus artigos “Enigma ou noir?” e “Um terceiro tipo?”). Como explica o mesmo Todorov: “Se compararmos esse inventário com a descrição do romance noir, descobriremos um fato interessante. Uma parte das regras de Van Dine aparentemente relaciona-se com qualquer romance policial, outra, com o romance de enigma. Essa divisão coincide, curiosamente, com o campo de aplicação das regras: as que concernem aos temas, à vida representada (a ‘primeira história’) limitam-se ao romance de enigma (regras 1-4a); as que se relacionam com o discurso, com o livro (com a ‘segunda história’), são igualmente válidas para o romance noir (regras 4b-7; a regra 8 é de uma generalidade bem maior). Com efeito, no romance noir muitas vezes há mais de um detetive (A Rage in Harlem [La reine des pommes] de Chester Hymes) e mais de um criminoso (The Fast Buck [Du gâteau!] de J. H. Chase). O criminoso é quase obrigatoriamente um profissional e não mata por motivos pessoais (‘o matador de aluguel’); ademais, ele muitas vezes é um policial. O amor – ‘de preferência bestial’ – também tem seu lugar. Em contrapartida, as explicações fantásticas, as descrições e análises psicológicas estão banidas; o criminoso sempre tem de ser um dos personagens principais. Quanto à regra 7, ela perdeu sua pertinência com o desaparecimento da dupla história. Isso nos prova que a evolução afetou principalmente a parte temática, e não a estrutura do próprio discurso (Van Dine não percebeu a necessidade do mistério e, por conseguinte, da dupla história, provavelmente por considerá-la óbvia)”. 

De minha parte – na vida e, sobretudo, no direito – procuro sempre cumprir as regras. Acho que todos deveriam agir assim. Estou certo de que viveríamos bem melhor. 

Mas na literatura devemos ser tão rígidos assim? No dia em que eu escrever um romance – um policial, quem sabe –, me lembrarei das regrinhas de Van Dine, embora acredite que elas podem ser suavizadas em prol de uma boa estória. Sim, podem! 

Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP