Para descansar das labutas diárias do IHGRN, Dona Joventina Simões brindou os colegas com um cozido especial em sua casa. Papo solto, mas também discussão de projetos, pois o cachimbo deixa jeito na boca.
20/08/2018
19/08/2018
QUINTA CULTURAL
A QUINTA CULTURAL DO IHGRN - SUCESSO TOTAL.
No último dia 16, o INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE viveu um dos seus grandes momentos de cultura histórica, com a excelente exposição do Arquiteto, artista plástico, escultor em madeira e escritor JOÃO MAURÍCIO, da tradicional família MIRANDA HENRIQUES, que encantou aos que compareceram ao evento, lotando o salão nobre da Instituição.
O tema desenvolvido foi por demais sugestivo: "FELIZ É A CIDADE DE ROMA", justificado pela exibição de fotos dos prédios mais importantes da cidade e que sofreram intervenções inadequadas, ou estão sem conservação, em contraste com a cidade de Roma, que preserva o seu patrimônio arquitetônico e dele faz o uso adequado.
Em seguida, apresentamos flagrantes da ilustrativa palestra:
Em seguida, o Diretor Orador LÍVIO OLIVEIRA faz a apresentação do palestrante, com a leitura de um texto preparado pelo Assessor da Presidência, primo do palestrante, que por motivo de enfermidade súbita não pôde comparecer, assim deduzido:
QUINTA CULTURAL – IHGRN
– NATAL 16/8/2018
APRESENTAÇÃO DO
PALESTRANTE JOÃO MAURÍCIO
JOÃO MAURÍCIO já seria
suficiente para apresentar um profissional consagrado nas plagas potiguares.
Contudo, a obrigação protocolar exige dizer sobre JOÃO MAURÍCIO FERNANDES DE
MIRANDA, por sinal meu primo, é natalense de quase 85 anos, a completar na próxima
semana (dia 24), posto que nascido em 1933.
Veio ao mundo pelas mãos
da parteira Dona Adelaide Cavalcanti, a mesma que muitas vezes foi requisitada
pela família MIRANDA HENRIQUES, gente de sangue quente e fazedor de gente (até
rimou).
Menino irrequieto,
herdou os predicados da competência, dedicação e honestidade dos seus pais
(meus padrinhos) João Virgílio de Miranda e Dona Lili (Olívia Fernandes de
Miranda), e os conserva até os dias presentes, ainda que relutante combatendo
os moinhos de vento trazidos pela modernidade que se espelha em valores
diferentes – oportunismo, ganância e falta de ética.
João Maurício, por
muitos anos, fez parte da geografia sentimental da Avenida Deodoro, 480, que
recentemente começou a ser demolida, apagando o exercício da minha memória
quando por ali sempre passo.
Começou a ser
alfabetizado no tempo da palmatória, quando eu era preparado para nascer,
depois foi fazer parte da linhagem dos meninos do Marista.
Viveu o clima da 2ª
Grande Guerra, praticou remo no Centro Náutico Potengi (eu também o fiz), viveu
a Natal do após guerra, ressurgindo como a era de ouro e em 1950 entrou na vida
(profissional é claro), quando galgou seu primeiro emprego na Prefeitura de
Natal, ganhando a afortunada remuneração de Cr$ 40,00. Foi para o Rio morar (de
avião e não num Ita, como meu irmão Moacyr) e em lá chegando foi recepcionado
em 14 de abril de 1953, exatamente por aquele primo que já se encontrava na
Cidade Maravilhosa.
Hospedou-se, inicialmente, na pensão de Dona Antonieta, na
Rua Conde de Baependi, quase num porão, pois da janela tinha acesso, apenas, às
belas pernas das cariocas. Ali terminou o científico e o preparatório que o
levou à Escola Nacional de Engenharia.
Chegou a se perder no emaranhado da cidade grande e encontrou
o caminho de volta através da polícia, que deixou o pau de arara no Catete ao
vislumbrar o prédio de sua morada.
Por ironia e sorte encontrou dois natalenses – Debussy e
Ebenezer que lhe ofereceram trabalho como marceneiro, onde começou a aprender a
arte do entalhe com a madeira, que lhe fez artista posteriormente, responsável
por miniaturas de embarcações históricas. Seus ganhos passaram para o patamar
de Cr$ 4.000,00, o bastante para pensar em deixar a Prefeitura, de onde estava
licenciado.
Reminiscências de lado, formou-se em 1961, já casado e pai de
Ana Maria e João Luiz. Regressa a Natal a convite de Aluizio Alves e em 1962
nasce João Henrique. Um pouco antes o mesmo acontecera com o primo Moacyr,
convocado por Dinarte Mariz – que eram políticos em colisão, mas que não
influíram na união dos dois e mais Daniel Holanda para aqui fundarem a PLANARQ.
Muito trabalho, muitos projetos, inúmeras realizações, mesmo
com o entrave de 1964. Em 1965 a empresa perde Moacyr que foi cumprir a sua
sina na construção do Castelão, mas continua firme com Daniel. Acontece o seu
ingresso na UFRN, onde fez uma rica trajetória, sendo autor do Marco e da
Capela do Campus e daí em diante, no dizer de Camões: ...Se mais mundo houvera,
lá chegara...
Sua casa e atelier é na Rua Princesa Isabel, 438, nas
cercanias de sua infância, onde pratica sua arte na construção de embarcações,
em desenhos, pinturas, lendo e escrevendo livros, além da sua missão natural de
projetos arquitetônicos, recebendo ali os seus parentes, amigos, clientes, curtindo
sua esposa e seus netinhos.
Aposentadoria? O que? Arquiteto não se aposenta!
E já falei demais e João Maurício deve estar impaciente. “Ora
direis ouvir a palavra do Grande arquiteto”.
É só, obrigado.
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
Honras ao palestrante
Assistência atenta aos detalhes
João Maurício apresenta o cenário do que será abordado
A velha construção da esquina da Rio Branco com a João Pessoa
Primeiro Plano Diretor
O Machadão (demolido)
A M I G O S
Naquele tempo os brios não comportavam descompostura, e o noivado foi por água abaixo.
Papai Luís! Papai Luís! A cena foi em pleno passeio público, a moça
bateu pé, as meninas entenderam nada e Luís ficou contrariado. Luís
tentou explicar, Belina, Lourdes e Abigail eram suas irmãs. Não eram
suas filhas, e “Papai Luís” um chamamento carinhoso. O senhor não tem
acanhamento não, um homem com um rancho de filhas enganando a filha dos
outros.
Era pretendente nova, orgulhosa, cheia de brios, levada pelos olhos e
elegância de Luís. No dia seguinte, a par da verdade, lá foi ela
desculpar-se pelo chilique, ao que Luís retrucou, não caso com quem
desconfia de mim. Por muito menos Luís desmanchou noivado. A moça era
desleixada, aparecia a alça da combinação!
Falta de elegância total, comentaram as mulheres da casa, onde já se
viu andar toda mal amanhada assim, e Luís tão elegante, caprichoso,
bonito, com uma moça daquelas. Também o povo já falava. Luís tentou
resolver com um presente, duas alças de prata. Ela nem usou e Luís foi
noivar com a sobrinha do padre.
17/08/2018
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16/08/2018
H O J E
O INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE viverá na data de hoje, à partir das 18 horas, mais uma palestra dentro do seu Projeto QUINTA CULTURAL, nesta oportunidade com a exposição do renomado Arquiteto JOÃO MAURÍCIO DE MIRANDA, que abordará tema de grande importância para nossa cidade, cujo título sugestivo é "FELIZ É A CIDADE DE ROMA", ocasião em que projetará fotografias históricas de NATAL.
Aguarda-se que o evento deste começo de noite tenha comparecimento dos nossos pesquisadores e interessados nas coistas da nossa Capital.
13/08/2018
JOÃO NA LAMBRETA
Berilo de Castro
No ano de 1965, estudante de medicina, quando trafegava com minha lambreta — LI de cor azul, passando em frente ao Estádio Juvenal Lamartine, com destino ao Hospital das Clínicas, sou parado por um pedido de “carona”. O pedinte: o meu caro e admirável amigo, pessoa super querida na cidade: o presidente da Federação Norte Rio-grandense de Futebol, João Cláudio de Vasconcelos Machado —João Machado ( 1914—1976).
— Berilo, me dê uma carona até próxima à Maternidade Januário Cicco!
— Pois não, amigo!
De imediato me veio à reflexão: como é que João vai se acomodar em um pequeno e estreio espaço na garupa da lambreta, sabendo e já conhecendo da existência da sua inseparável, estimada e volumosa companheira hérnia escrotal.
Percebendo a minha preocupação e a minha curiosidade, falou: não esquente, deixe comigo! Como num passe de mágica, levantou o volumoso e pesado “saco” e sentou tranquilamente na garupa da lambreta e disse: acelera, vamos embora!
Não ficou nada confortável sentindo aquele volumoso e quente encosto fazendo pressão o tempo todo no meu costado. Ainda bem que o percurso foi curto e percorrido em alta velocidade.
Grande João, estamos sentindo a sua falta.
Berilo de Castro – Escritor
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
HOMENAGEM DE AMIGO
Valério Mesquita*
www.valeriomesquita.ubbi.com.br
Natal perdeu o brilho da inteligência do poeta e escritor Franco Maria Jasiello, quando ele faleceu. Italiano, naturalizado brasileiro em 1977, mas natalense e norte-riograndense por lei e reconhecimento coletivo pelos serviços prestados a cultura. Nascido em Roma, residia em Natal desde 1974. Ocupou inúmeros cargos e funções desde a Presidência da Fundação José Augusto - FJA, Diretor da Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte, membro do Conselho Estadual de Cultura do Estado, passando pela Assessoria Cultural da Capitania das Artes, da FIERN, da UFRN, além de crítico de arte nacional e internacional até a Secretário Substituto da Agricultura, a todos eles emprestou o seu talento inconfundível de humanista e artesão do verso e da palavra.
Publicou nove livros, sendo seis de poesia e por quatro vezes ganhou o Prêmio Otoniel Menezes em 1981 com “Itinerário do Imprevisto” e em 1984 com “Anatomia da Ausência”. Ainda no mesmo ano escreveu “Correspondência Atrasada” que lhe valeu o Prêmio Nacional Guararapes da União Brasileira de Escritores. Pesquisador permanente demonstrou mais uma vez a sua versatilidade intelectual ao editar o ensaio “Mamulengo – O Teatro Mais Antigo do Mundo” fazendo jus ao Prêmio Câmara Cascudo. Trabalhou em jornais e publicou centenas de trabalhos sobre diferentes assuntos literários e artísticos estimulando os novos pintores do Estado e abrindo horizontes a classe acadêmica da UFRN.
Franco foi objeto de minhas indagações, quando passei pela FJA, que não encontravam respostas no fato de não ter ocupado uma cadeira na Academia Norte-Riograndense de Letras. Tinha mérito, livros e notável saber. A força de sua cultura era tão forte que a mídia natalense, após sua morte aos setenta e um anos, divulgou que era membro da nossa ANL. O fato é que a sua presença, conduta e o labor haviam se agregado aos templos maiores da sabedoria. Franco só fez cultura por onde passou e a levava a todos os lugares. A sua voz forte com sotaque italiano jamais se perderá nos vãos e desvãos do prédio da rua Mipibu. De raciocínio rápido, memória privilegiada e humor fino, quase cortante, Franco também não será esquecido como adorável conversador.
Convivi com ele tanto na FJA como no Conselho Estadual de Cultura por vários anos. Deixou-me inúmeras lições de vida nos exemplos e nas conversas amenas. Quando exerci a política sempre recebi dele e da esposa Conceição, voto de qualidade, do qual muito me ufanava. Ele concluiu em Macaíba como Presidente da FJA a luta que eu iniciara como prefeito pela restauração do Solar do Ferreiro Torto. Jamais esquecerei aquela tarde solene em que destacou o meu trabalho ao lado dos Governadores Tarcísio Maia (RN), com quem eu estava estremecido, e Aloísio Chaves (Pará). Franco Maria Jasiello foi mais uma humana coluna do Capitólio que Roma enviou para lembrar a região do Lácio onde nasceu entre as sete colinas.
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