OS
PECADOS DO MUNDO E DAS IGREJAS
Valério
Mesquita*
Nenhum livro, desde a descoberta do papiro até hoje, possui
tanta profundidade e abrangência quanto a Bíblia cristã. Essa conclusão vem a
propósito do escândalo de pedofilia e homossexualismo na comunidade católica
mundial salpicando as mais elevadas figuras do clero. São transgressões
sacerdotais seculares porque toda igreja é feita de homens, mulheres, enfim, seres
humanos sujeitos às tentações da carne e do dinheiro. Quando ocorrem os
deslizes, o praticante não imagina ou não leu o evangelho de Jesus afirmar “Que
até mesmos os cabelos da nossa cabeça estão todos contados” (Mateus 10.30). A
sociedade nas naves dos templos, nas ruas da cidade, pode não tomar conhecimento
do vício escondido dos subterrâneos eclesiásticos.
Mas, se o religioso atentasse para as Sagradas
Escrituras, veria ainda em Mateus 10.26, o seguinte: “Porquanto, não os temais,
porque nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de
se saber”. Frise-se que Jesus Cristo proclamou tal ensinamento quando
estabelecia os postulados básicos da missão aos doze apóstolos. Leia-se, hoje,
as suas igrejas.
Na mesma linha, na parábola do semeador, Lucas, capítulo
oito, versículo dezessete repete que “Não há coisa oculta que não haja de
manifestar-se, nem escondida que não venha à luz”. Quem sabe se a provação
porque passa a igreja nas próprias entranhas não se reveste num desígnio
superior para cessação dessa conduta libidinosa e criminosa interna de
hodiernos discípulos desviados? O Vaticano ao se retratar não esconde que cada
obreiro que escolher o mundo deve levar consigo a sua cruz, assim na terra,
como no céu. Entendo que a instituição não deve ser atingida, a menos que não
transfira ao “poder de César” aquilo que lhe pertence: punir exemplarmente o
transgressor pelo crime comum. O homem pode envilecer mas a instituição nunca,
porque ela é legado de Deus vivo. As igrejas devem olhar para o futuro porque é
para lá que caminha a humanidade. É para lá que vamos passar o resto de nossas
vidas. Por isso, elas devem se restaurar, se revitalizar, se purificar e expor
os falsos profetas. Nenhuma igreja é infalível. Só Deus. E Jesus Cristo é cem
por cento homem, cem por cento Deus, e, como tal foi o único sem pecado. O homossexualismo,
ou outros desvios da conduta sexual, tidos como, normais, já não é tratado hoje
como doença. A lei pune a discriminação. Mas, nenhuma igreja, seja católica,
evangélica, islâmica, etc., vai merecer o respeito dos seus adeptos se acolher entre
seus ordenados, homens dessa natureza, porque os seus livros básicos ou
fundamentais consideram-nos impuros. Alguns segmentos podem recebê-los como
seguidores mas não como celebrantes do rito antigo e aceito. Deduzo que, onde
estiver o homem, estará com ele o pecado. Fazer o que?
O que escrevo não representa um julgamento. Jamais ousaria
fazê-lo. Exercito um comentário sobre a fragilidade e a vulnerabilidade humana.
Chamar, sim, a atenção dos desavisados para as lições de Jesus através de Lucas
e Mateus: nada na face da terra deve ficar omitido. Há mais de dois mil anos
isso foi dito. Daí, citar o ditado popular que nem todo mal é mal, nem todo bem
é bem. Não há mal, que não traga um bem. Aos cristãos - para o tema o que
abordo - recomendo a leitura dos livros do Eclesiastes e dos Provérbios. Certa
está a estrofe do hino sacro: “Senhor, eu sei que tu me sondas”. Se os
pedófilos ou desviados de todo gênero e de todo credo refletirem melhor, o correto
é não ingressar no serviço religioso porque aí não é o seu lugar. Igreja é
congregação dos justos e não refúgio de degenerados.
(*) Escritor