20/04/2018

   
Marcelo Alves



Os glosadores (I)

O direito romano dito “clássico” conheceu o seu apogeu entre os séculos I a.C. e III d.C. Todavia, apesar de ter sido essa a época de seu maior refinamento, é certo que não tem origem nesse período clássico a influência que o direito romano, via seu redescobrimento na Europa, exerce até hoje sobre nós.

De fato, é o “Corpus Iuris Civilis” – do Imperador romano bizantino Justiniano (483-565) e do seu jurista Triboniano (500-547) – que vai, como explica António Manuel Hespanha em “Panorama histórico da cultura jurídica europeia” (Publicações Europa-América, 1998), formar a “memória medieval e moderna do direito romano, pois a generalidade das obras dos jurisconsultos clássicos, que continuava a existir nas grandes bibliotecas do Próximo Oriente (Beirute, Alexandria, Constantinopla), perdeu-se, posteriormente, nomeadamente com a conquista árabe desse centros”. E a “tal ponto que, até aos inícios do século XIX – data em que se descobre um manuscrito das Institutiones de Gaio, um jurista dálmata do século III –, não se conhecia nenhuma obra completa, das milhares das provavelmente escritas por juristas romanos”.

O “renascimento” do direito romano é cercado de lendas, conforme lembra Jean-Marie Carbasse em “Manuel d'introduction historique au droit” (Presses Universitaire de France – Puf, 2017). De toda sorte, a partir da redescoberta de manuscritos e fragmentos outrora relegados ao esquecimento, ele se dá, de modo seguro e definitivo, abruptamente, no fim do século XI, no norte da Itália. O que é considerado por Stefan Zweig (1881-1942) como um dos “momentos estrelares da história” (li isso, tenho certeza, mas já não me recordo onde).

Essa redescoberta do direito romano (leia-se: o “Corpus Iuris Civilis” do Imperador Justiniano), para fins de estudo e futura aplicação como direito comum à Europa, é atribuída à “Escola dos Glosadores”, também apelidada de “Escola de Bolonha”, em homenagem àquela que é convencionalmente considerada a mais antiga universidade do Ocidente, a Universidade de Bolonha, especialmente no que toca ao ensino jurídico (sobre essa antiquíssima instituição de ensino, aliás, pretendo um dia dedicar um artigo inteirinho). Durante os séculos XII e XIII, sobretudo, essa escola de direito dedicou-se à aventura de “reconstruir” o direito romano, estudando-o com propósitos – e isso é muito importante frisar – essencialmente teóricos.

Pondo de lado as figuras lendárias – como um certo Pepo, mestre e gramático que, pelas bandas de Bolonha, entre os anos de 1070 e 1080, teria buscado explicar as palavras do texto de Justiniano –, foi mesmo o monge Irnério (circa 1050-1125), lá pelos últimos anos do século XI, o fundador e primeiro mestre glosador, no senso pleno da palavra, a quem se pode seguramente atribuir docência e produção escrita dentro dos cânones dessa nova escola. Irnério nasceu e deu aulas em Bolonha. Consoante Paulo Jorge de Lima em “Dicionário de filosofia do direito” (Sugestões Literárias S.A., 1968), “de seus escritos conservaram-se várias glosas sobre textos do direito romano. Atribuem-se-lhe, porém, outras obras, como um Formularium Tabellionum e Quaestiones de Juris Subtilitatibus”. Irnério foi mesmo, nesse princípio de tudo, “o cara”.

O fundador Irnério deixou como sucessores os seus discípulos Búlgaro, Martinho, Jacobo e Hugo, que, formando a segunda geração dos civilistas glosadores, restaram conhecidos como os quatro grandes doutores de Bolonha. A escola contou com outros grandes glosadores, agora já também para além de Bolonha (em Montpellier, na França, especialmente), tais como Rogério, Pillio da Medicina, o Piacentino e João Bassiano. Um destaque deve ser dado a Azzone (circa 1050-1230), jurista nascido em Bolonha, que ensinou por mais de quarenta anos na prestigiosa Universidade, e cuja obra principal foi a “Summa Codicis” sobre o “Código” e as “Institutas” de Justiniano, postumamente publicada em 1482. E, por fim, tem-se o grande Acurssio (circa 1182-1260), nascido em Florença, aluno de Azzone e, posteriormente, por grande parte da sua vida, professor na Universidade de Bolonha. Em torno de 1240, Acurssio definitivamente compila o conhecimento doutrinal da Escola dos Glosadores na chamada “Magna Glosa”, também conhecida como “Glosa Ordinária” ou, tão somente, “Glosa”, que, segundo a lenda, gozou de tanto prestígio que os tribunais acolhiam suas prescrições como se leis fossem. “Apelidado pelos contemporâneos Ídolo dos Jurisconsultos”, Acurssio foi, como anota Paulo Jorge de Lima, “o representante máximo da escola jurídica medieval dos glosadores”.

Mas como de fato trabalhavam os tais glosadores, em termos de forma, conteúdo e resultado? É isso que nós veremos no artigo/continuação da semana que vem.

Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP

19/04/2018


OBRIGADO, IDENILDE –
Nos anos de 1950, surgiu, na cidade do Rio de Janeiro, uma voz feminina que chamou a atenção do cantor Nelson Gonçalves (1919-1998). De pronto, o ainda não famoso intérprete apresentou a jovem e iniciante cantora ao seu parceiro maior, o compositor romântico Adelino Moreira (1918-2002).
Na época, pouco se valorizava a voz feminina. Ao ouvi-la, Adelino ficou surpreendido e encantado com a voz da jovem morena jambo, oriunda do Nordeste. Seu nome: Idenilde Araújo Alves da Costa.
Idenilde Araújo Alves da Costa nasceu no município de Açu/RN, em 21 de janeiro de 1937. Ainda pequena com a idade de 3 anos, foi morar na cidade do Rio de Janeiro com a sua mãe Maria Luíza. Desde criança já gostava de se exibir  como cantora, fazendo do cabo de vassoura um microfone, imitando a voz dos seus ídolos da época: Vicente Celestino e Dalva de Oliveira.  Aos 8 anos, participou do programa Clube do Guri” da Rádio Tupi/Rio.
Em 1958, trabalhando como vendedora das Lojas Pernambucanas foi incentivada, por um amigo de nome Samuel Rosemberg, a  participar do concurso de calouros A voz de Ouro ABC, na TV Tupi, com o nome de Nilde de Araújo. Um dos jurados, Jordão Magalhães, proprietário da boate Clave, impressionado com a bela voz da jovem, convidou-a para ser crooner da sua casa noturna.
Em 1959, com o nome de Nilde de Araújo, gravou por incentivo do cantor e compositor Joel de Almeida o seu primeiro disco, um 78 rpm pela gravadora Polydor, com as músicas: Sou eu,de Valdir e Rubens Machado, e “Vai de vez”, de Ricardo Galeno e Paulo Tito.
Em suas apresentações na boate Clave, conheceu o compositor Adelino Moreira por intermédio do seu amigo e admirador, o cantor Nelson Gonçalves, momento que passou a usar o nome artístico Núbia Lafayette, sugerido por Adelino, por achar que o nome dava mais sonoridade e energia a  bela voz da jovem cantora.
No ano de 1960, já com o seu nome artístico, gravou,  pelo selo RCA Camden, o seu primeiro disco, um 78 rpm com 2 músicas de Adelino Moreira:  “Devolvi” e “ Nosso amargou”. Daí para frente só deu Núbia gravando Adelino, a ponto de causar  uma ciumeira danada nas outras intérpretes, entre elas a mais queixosa de todas: Ângela Maria.
Em 1970, grava um novo disco pela CBS, com destaque para Casa e comida”, de Rossini Pinto; Aliança com filete de prata”, de Glória Silva; “Mata-me depressa”, de Rossini Pinto; Quem eu quero não me quer, de Raul Sampaio e Benil Santos; “Lama”, de Aylce Chaves e Paulo Marques; e o grande sucesso de Mário Lago: Fracasso”.
Apesar dos modismos, Núbia sempre se manteve  ligada às canções sobre dor de cotovelo, amores acabados, fossas, mágoas, traição, desconsolo; gravou também outros grandes nomes como: Lupicínio Rodrigues, Herivelto Martins, Raul Sampaio, Jair Amorim, Evaldo Gouveia, Ataulfo Alves, Carlos Gardel, entre outros.
Recebeu na sua carreira artística muitos troféus: Roquete Pinto, Revista do Rádio, Airton Perlingeiro, Buzina de Ouro do Chacrinha, O Velho  Capitão, estatueta em bronze do busto do homem da comunicação do Brasil, Assis Chateaubriand.
Em 1976, foi classificada em segundo lugar no Festival da Canção na Colômbia, interpretando a música A vida tem dessas coisas”, de César Sampaio. Gravou a canção “Uno”, de Carlos Gardel e Espinita, lançado em compacto.
A partir do ano 1990, passou a morar em Maricá, litoral norte fluminense, com um rítmico de trabalho bem mais lento. Ano em que se  apresentou em Natal, no Recanto do Garcia, no Jiqui Country Clube, no América Futebol Clube; participou ainda do projeto Natal em Canto, em companhia do Trio Irakitan.
bia faleceu em Maricá, no dia 18 de junho do ano de 2007, numa segunda-feira, às 13h15, no Hospital de Clínica de Niterói, aos 70 anos. Acometida por um segundo episódio de acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH).
Os norte-rio-grandenses, em especial a  comunidade açuense, se sentem ricamente orgulhosos pela sua  inserção  na história da música popular brasileira, como uma das melhores intérpretes de samba-canções e boleros, com sua inigualável e inimitável voz jamais esquecida e vivamente escutada.
Um legado inapagável.
Obrigado, Idenilde!
Berilo de CastroEscritor

18/04/2018


Manias de Corbiniana



Por Gustavo Sobral


Cheia de fricotes. Se se dissesse assim, passe ai o arroz e se passasse o prato de arroz por cima do prato de macarrão, ela não comeria o macarrão porque o prato tinha passado por cima. Quando ia cortar uma costura, a toalha para forrar a mesa precisava ser lavada e esterilizada, era todo um processo. Ai, as enteadas, que não suportavam tanto capricho e mania, troçavam. Iaiá dizia deixe que eu corto isso, ai quando ia cortando a fazenda cortava o forro debaixo todinho, mas menina, quem mandou você cortar o forro também.

As meninas só comiam carne de segunda, camarão e estas coisas era para ela e o marido. Um dia Iaiá disse às irmãs, esperem que hoje a gente vai comer camarão adoidado. Maria disse, Iaiá o que é que você vai fazer. Pode deixar Maria, você vai ver o que eu vou fazer. Começou a gritar, ai, ai, ai. Um escândalo e sapateando e gritando. Um rato, um rato, um rato bem em cima dos camarões. Como é que pode, um rato, ai meu deus. Corbiniana ouviu calada e o resultado foi que a semana passou toda para as meninas no almoço a base dos camarões.


Quem servia o açúcar na mesa era ela Corbiniana, saia colocando açúcar na xícara de cada uma delas, não havia o próprio direito de se servir. Maria com raiva deste absurdo, que não aceitava, se acostumou a tomar café amargo. Quando comprava um chapéu novo, para evitar que, vindo sei lá de onde, e sabe-se lá como guardado, e se estava asséptico, forrava com um lenço, dava quatro nozinhos na ponta e cobria a cabeça antes de colocar o chapéu. Era assim Corbiniana.

17/04/2018

SABEDORIA




A CEGUEIRA DO ÓDIO 
PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO 

Consoante a teologia cristã, o ódio é um dos sete pecados capitais. É também um dos pilares de desajuste do ser humano, levando-o à cegueira espiritual. Do ponto de vista simbólico e segundo a narração dos evangelistas, Cristo curou vários cegos, os que nasceram deficientes e aqueles com a limitação adquirida. Talvez se possa constatar o fenômeno da cegueira oriunda do ódio na sociedade brasileira atual. Isso faz-nos recordar o romance de José Saramago “Ensaio sobre a cegueira”, onde ele descreve a epidemia que assolou uma cidade. Expressiva é igualmente a obra do pintor holandês Pieter Bruegel “De parabel der blinden” (A parábola dos cegos), conservada no Museu de Capodimonte, em Nápoles (Itália). O autor retrata na tela a história contada por Jesus, na qual Ele afirmara: “Se um cego conduz outro, ambos cairão no precipício”. A passagem bíblica é narrada por Mateus (cap. 15, v. 14) e Lucas (cap. 6, v. 39). Ali, o Mestre aponta os fariseus, ícones de muitos pseudolíderes de hoje. 
Diz-se que o amor é cego. Mas, os psicólogos explicam que o amor romântico é o causador dessa limitação. O ódio em todas as suas faces e nuances (cólera, ira, raiva, fúria, rancor etc.) leva à ausência de visão interior. Curar-se dele é fazer com que as escamas caiam dos olhos, recobrando a luz. Vivem-se tempos de cegueira coletiva em nosso país, conduzindo inúmeros à barbárie. Atravessam-se dias de trevas e desencontros. Faz-se abertamente apologia à violência, à intransigência e ao radicalismo, filhos da ira. Caminha-se a passos largos para a insanidade social. É preciso correr o risco de chamar à lucidez aqueles que mergulharam nas águas turvas do rancor. 
Cristo exorta os discípulos a reconhecer a dignidade de seu semelhante. Essa é a origem do amor cristão, não necessariamente obrigado ao afeto, e sim ao respeito pelo outro. O avesso disso induz ao ódio. Se, do ponto de vista médico, o cólera é uma doença, de modo análogo, a cólera é uma patologia mental, que está se tornando uma epidemia no Brasil. Aqueles que odeiam, não conseguem vislumbrar no próximo a sua dignidade. Concebem um mundo totalmente desigual, onde o “Eu” (ou o partido político) serve de parâmetro de valor ou desvalor que se dá aos seres humanos. Isto desumaniza a pessoa. Atrofia-se a personalidade e atribui-se ilícita e iniquamente o direito de praticar injustiça e violência. Aqueles que destroem alguém física ou mentalmente, perderam o sentido de Deus, da vida e da dimensão social. A ira massifica os cidadãos e cria abismos profundos. 
Quem curará a nossa sociedade, privada de lucidez, coerência e respeito? No romance de José Saramago, restava uma mulher (esposa de um médico) que enxergava e orientava os deficientes visuais. Nela poder-se-ia entrever uma metáfora da fé cristã. De acordo com os evangelhos, o Filho de Deus libertou da escuridão muitos cegos. É verdade que Ele não está mais presente fisicamente entre nós. Mas, permanece a sua Palavra, que cura, converte e transforma. O Brasil contemporâneo carece da escuta atenta e vivência autêntica da Palavra divina. Infelizmente, Ela é usada inescrupulosamente ou de forma bastante distorcida, numa flagrante afronta à semântica bíblica e à hermenêutica sagrada. “Tende confiança, eu venci o mundo” (Jo 16, 33), assegurou aos apóstolos o Senhor Jesus. Os cristãos acreditam que virá a hora em que a cegueira generalizada passará. Surgirão os escombros dos valores éticos de nossa sociedade. Mas, será preciso – como recorda o poema “Fim e começo”, de Wislawa Szymborska – que alguém faça a faxina, tire os entulhos das ruas e abra caminho para que as caçambas passem com o lixo moral. Enquanto isto, faz-se necessário anestesiar o ódio. Este é satânico. Os que têm algum discernimento deverão se empenhar para que, ao ressurgir dessa triste crise social, haja os que se dediquem à tarefa do recomeço e da reconstrução. Eduquem-se os brasileiros para o amor, que abre horizontes! E não se esqueçam de que “Deus é Amor” (1Jo 4, jamais o ódio!

14/04/2018







Cesário colecionava
tudo no mundo







Por Gustavo Sobral

Quando Cesário morreu a casa foi vendida e o marido de Tereza doou as coisas para o museu. Cesário morava na avenida Visconde Suassuna, bairro de Bela Vista, numa casa grande, no meio de um terreno muito grande. Na casa havia móveis antigos e cristais, um verdadeiro antiquário. Cesário colecionava de tudo no mundo até jornais velhos, vencidos, lidos, tinha para dar, vender e emprestar. Quando o aborrecia a bisbilhotice alheia, fechava a janela e colocava os jornais. Empilha-os, tapando a vista. No diário que tinha, tomava nota em pormenores de tudo o que acontecia na sua vida e na dos seus. Caminhava e andava sempre bem vestido. Alto, corado, esguio, era Nobre de Almeida e Castro e faleceu de velhice. Trabalhou numa firma e foi por desentendimento que acabou deixando. Depois disso, dedicou-se inteiramente às antiguidades, comprava e vendia. Aos domingos ia à missa e levava a tiracolo a mulher, Sinhazinha e as meninas suas filhas. Nísia ensinava música, Candinha era casada e Tereza era a mais moça. Os filhos, Marciano morreu menino e Antônio fugiu para o Rio de Janeiro.

13/04/2018



SESSÃO ESPECIAL COMEMORATIVA DOS 116 ANOS DO
DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE – IHGRN
DIA 12 de abril de 2018 - HORÁRIO: 19,00 horas.


       O INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE viveu na noite de ontem um dos seus dias gloriosos.
        Comemorou-se os 116 anos da fundação da Casa da Memória e realizaram-se o compromisso de novos sócios e entrega de Certificados e Diplomas a pessoas que muito contribuíram com a Instituição, conforme o chamamento do Secretário Geral Odúlio Botelho:


I – SOCIOS EFETIVOS:
DIVA MARIA CUNHA PEREIRA DE MACEDORA
FRANCISCO ALVES GALVÃO NETO
FRANCISCO JOSÉ COSTA DOS SANTOS
JOSÉ GAUDENCIO DIÓGENES TORQUATO

II - SÓCIOS BENEMÉRITOS
ARTHURO SILVEIRA DIAS DE ARRUDA CÃMARA
CARLOS EDUARDO NUNES ALVES
ELEIKA DE SÁ BEZERRA GUERREIRO
FRANCISCO EDUARDO GUIMARÃES FARIAS
HERMANO DA COSTA MORAIS
NINA SOUZA
JOSÉ DIAS DE SOUZA MARTINS
JÚLIA DE PAIVA ARRUDA CÂMARA

III - SÓCIO MANTENEDOR
EINAR CAVALCANTI DE SOUZA

IV -  AMIGOS DO IHGRN
CRISTIANE FRANÇA BEZERRA DE MELO
IGOR OLIVEIRA DA SILVA
MARIA LOPES RICARDO SIMÕES
MARIA LÚCIA DA SILVA
PEDRO SIMÕES NETO SEGUNDO
IURI TASSO DUARTE QUEIROS PINTO
VALMIR BEZERRA DE ARAÚJO

Sob o comando do Presidente Ormuz Barbalho Simonetti, foi dado o início da solenidade, com a execução do Hino Nacional  pela Gloriosa Polícia Militar do Estado.

O Cerimonial foi feito pelo Assessor da Presidência, escritor Carlos Roberto de Miranda Gomes.

Momentos importantes - Discurso do Presidente Ormuz, que fez também a apresentação, em forma de banner, do escudo d'armas do Estado do Rio Grande do Norte, encontrado no acervo do IHGRN, leitura do currículo dos novos sócios e dos agraciados, pelo Cerimonialista, saudação do orador oficial, escritor Lívio Oliveira e palavras finais de encerramento.
Foi feita, também a apresentação dos novos lançamentos do Instituto - a sua Revista nº 96 e do Catálogo do acervo.
Após os agradecimentos de praxe, especialmente ao Padre Francisco Herculano, pela cessão do belo auditório do Centro Pastoral Dom Heitor de Araújo Sales, à Polícia Militar do Estado e da equipe do Instituto que deram suporte logístico para solenidade. os presentes foram convidados para um coquetel de confraternização nos jardins do Largo Vicente de Lemos. 


O Presidente Ormuz Barbalho Simonetti abre a solenidade.
Na Mesa: Jurandyr Navarro da Costa (Presidente Honorário), Odúlio Botelho Medeiros (Secretário Geral), Ormuz Simonetti (Presidente do IHGRN), Betânia Ramalho (Vice-Presidente) e Valério Alfredo Mesquita (Presidente Honorário).


 O Assessor da Presidência, Carlos Roberto de Miranda Gomes, 
que atuou como cerimonialista


Discurso do orador do IHGRN, escritor Lívio Oliveira. 


 Momento do discurso de Lívio Oliveira.


 Equipe da Diretoria.

 O Presidente Ormuz e a equipe feminina da Diretoria do IHGRN.


Ormuz e Diva Cunha, nossa nova sócia efetiva.


O Prefeito de São Miguel - Gaudêncio Torquato, sócio benemérito,
 assina o termo protocolar





O Prefeito de São Miguel com Rostand Medeiros.



Dr. Einar Cavalcanti de Souza recebe o DIPLOMA de
 primeiro Sócio Mantenedor do IHGRN.




Dr. Einar Cavalcanti de Souza assina o compromisso de 
Sócio Mantenedor do IHGRN.


Vista parcial dos membros da Diretoria do IHGRN.


Ormuz lê o seu discurso.


 Parte da Diretoria do IHGRN.


A Assessora Joventina Simões com o novo sócio 
Francisco Galvão, de Canguaretama.


 Odúlio, o Juiz Federal Francisco Eduardo Guimarães Farias e o 
Diretor Orador Lívio Oliveira.


O Presidente Ormuz e a Vereadora Eleika Bezerra.


Homenageados Nina Souza, Eleika Bezerra e Hermano Morais 
com membros da equipe do Instituto.


Homenageados com o Presidente Ormuz e a Vice-Presidente Betânia.


O Presidente Ormuz e a agraciada Maria Simões.


 Algumas autoridades presentes: A Reitora Ângela Cruz, Alcyr Veras, da UNI-RN, Leide Câmara, da ANRL, Ivan Lira de Carvalho, da Justiça Federal e o escritor Assis Barros, representante da Academia Patuense de Letras e Artes.



Ormuz e Maria Simões diante da Coluna Capitolina


 Confraternização nos jardins do Largo Vicente de Lemos - 
Gustavo, Múcio, Joventina, Ormuz, Abdré Furtado e Pedro Simões Neto Segundo.

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FOTOS de Ivan Lira de Carvalho, Lívio Oliveira, Maria Simões, Múcio Vicente e Dunga
A RUA DOS SINISTROS E A INTENTONA
Valério Mesquita

Tudo começou, contou-me José Inácio Neto, macaibense da gema, já falecido, com a ida a Recife dos comerciantes Neco Alves e Joca Leiros, em 1947. Lá se entrevistaram com uma vidente, de nome Baiana, que previu inúmeras tragédias para a estreita e pequena rua do Cajueiro, na cidade de Macaíba. Registre-se que a médium não conhecia a cidade. A primeira sucedeu com o fabricante de fogos de artifício Seu Galdino, em 18 de junho de 1921, e avô paterno de minha mãe Nair de Andrade Mesquita. Consta que a sua fabriqueta explodiu com tanta intensidade que o projetou na rua. Veio a falecer dois dias depois, após receber a extrema unção do sacerdote com a confissão curiosa: “Padre, fiz tudo, só não fiz roubar”. Na mesma rua do Cajueiro, que hoje se denomina Baltazar Marinho, outra desgraça aconteceu quando Pedro Cancão matou a mulher com várias cutiladas de faca peixeira. Esse crime também abalou a cidade.
Pouco tempo depois, uma cunhada de João do Mercado suicidou-se ateando fogo às vestes. João era conhecido comerciante que negociava no primeiro mercado público da cidade, construído em 1920. O quarto episódio fatal da rua ocorreu com a sobrinha de Severino Aleixo, de nome Helena, que igualmente morreu queimada, atingindo também o primo Milton Pereira dos Santos, que ficou bastante ferido. O quinto funesto acontecimento sucedeu com um garoto de 13 anos chamado Gonçalo, filho de D. Adélia, pessoa bastante estimada em Macaíba. A causa da morte foi suicídio e o comentário de José Inácio de Souza Neto, Zezinho, nosso historiador local, é de que o menino sofria das faculdades mentais.

Mais um desastre, e o sexto, para confirmar o vaticínio da pitonisa pernambucana, atingiu a mulher de vida livre, mas difícil, apelidada de Milu. Potentes razões passionais fizeram a inditosa amante da vida suicidar-se com álcool e fósforo. Evidentemente outros registros de mortes violentas devem ter ocorrido depois, na rua do Cajueiro, que desemboca nas Cinco Bocas, ponto nervoso da cidade onde se localiza a central de boatos políticos e da vida alheia. Mas, naqueles idos de quarenta e cinquenta nem só de “sinistroses” viveu a ruazinha. Ela teve seus momentos alegres na época junina com lapinhas, pastoris, fandangos capitaneados por Chico Benedito, dono de um carrossel, além de Luís Cocó, emérito chamador de pedras de jogos de víspora, que gostava de gargalhar a cada número anunciado. Haja fôlego! 

Na rua Dr. Francisco da Cruz, a Macaíba dos velhos tempos se enfeitava, no carnaval das Cinco Bocas, até a casa de Alfredo Mesquita, entapetada de serpentina, obra de José Inácio e Oto Feitosa. O lírico e o romântico davam o toque provinciano à cidade. Os antigos namorados viviam os alumbramentos do namoro e das paixões adormecidas. Narra Zezinho que nunca esqueceu a imagem do tabelião Cornélio Leite adornando a sua paquera Adelina com serpentinas e confetes. Um universo perdido, mas de comovente ressurreição.
Transcorria o mês de maio na pacata e provinciana Macaíba de 1935, contou-me o saudoso memorialista José Inácio Neto (Zezinho). Ele foi testemunha ocular daqueles dias onde na rua João Pessoa, no centro, instalava-se a Alfaiataria Estética, do alfaiate e pastor evangélico Pedro Dantas, que tinha dois filhos: Silas e Esdras. Administrava o município pela primeira vez, o prefeito Alfredo Mesquita Filho. Aqui e acolá os convescotes da cidade se sucediam. No Café Gato Preto, o vento leste do rio Jundiaí trazia rumores de tiroteios em Natal. Paulo Teixeira, eterno apaixonado de D. Belinha, Santos Lima e outros atribuíam os disparos aos folguedos da celebração da festa de Santa Luzia, logo contestado por católicos de plantão com relação à data festiva da santa.
Escoadas as inquietantes 48 horas do movimento, na terça-feira, Macaíba voltou paulatinamente à normalidade. Os moradores retornaram do “exílio” dos sítios e lugarejos. Apenas, alguns comentários perduraram nas rodas da cidade. Primeiro, o célebre buraco de Tutu foi fechado por Paulo Bulhões, de ordem do prefeito, que lamentou, depois, o fato de nenhum comunista nele não haver desabado; na cadeia pública, onde os movimentos de 35 instalaram o seu “quartel general”, foi achado dinheiro escondido até nas privadas. O próprio Zezinho, movido pela curiosidade, fez uma fezinha e prospecção nas escavações das trincheiras comunistas; e, por fim, o prefeito que não foi, o alfaiate Pedro Dantas passou a ser conhecido mais como comunista do que alfaiate e evangélico. Sem falar no hilário caso de sua cunhada que namorava José Chinês, tipo popular e irmão do soldado Joaquim de Juvêncio, que se despiu na rua debatendo-se com uma pulga comunista e radical que lhe penetrou no saco escrotal, picando-o por várias horas. Segundo Zezinho, esse foi o saldo da intentona em Macaíba.
(*) Escritor